REGISTRO DOI: 10.5281/zenodo.7810378
CANTANHEDE, Nicole1
ARAGÃO, Danielle2
GAMARANO, Lívia³
OLIVEIRA, Letícia⁴
Resumo: A obesidade é uma doença crônica complexa e multifatorial. Sua prevalência tem aumentado de forma alarmante, principalmente devido aos maus hábitos alimentares e ao sedentarismo. Assim, para uma melhor compreensão da enfermidade, têm sido feitos estudos de indução à doença em roedores. Algumas pesquisas afirmam que a dieta de cafeteria é um modelo obesogênico eficaz por incluir alimentos ultraprocessados presentes na dieta humana e gerar hiperfagia. Neste contexto, o presente artigo teve como objetivo avaliar a efetividade de uma dieta de cafeteria na indução à obesidade em ratos machos Wistar através dos parâmetros antropométricos: peso, Índice de massa Corporal (IMC), circunferência abdominal, Índice de Lee e Índice de adiposidade. Para isso, foram adquiridos 20 animais, sendo metade de 8 e a outra de 16 semanas de idade. Os animais foram randomizados em 4 grupos, controles de 8 (n=4) e 16 semanas (n=4) e indução de 8 (n=6) e 16 semanas (n=6). Os grupos controles foram alimentados com ração padrão e água, enquanto os grupos de indução receberam uma dieta de cafeteria, ração padrão, água e solução de sacarose à 12%. De acordo com os resultados, após 120 dias de indução, a dieta de cafeteria foi capaz de modificar os parâmetros antropométricos avaliados (p<0,05), concluindo se tratar eficaz modelo obesogênico.
Palavras-chave: Obesidade; Dieta de cafeteria; Adiposidade.
Abstract: Obesity is a complex and multifactorial chronic disease. Its prevalence has increased alarmingly, mainly due to poor eating habits and a sedentary lifestyle. Thus, for a better understanding of the disease, studies have been carried out on the induction of the disease in rodents. Some research claims that the cafeteria diet is an effective obesogenic model because it includes ultra-processed foods present in the human diet and generates hyperphagia. In this context, this article aimed to evaluate the effectiveness of a cafeteria diet in inducing obesity in male Wistar rats through anthropometric parameters: weight, Body Mass Index (BMI), waist circumference, Lee index, and adiposity index. For this, 20 animals were acquired, half of which were 8 and the other 16 weeks old. The animals was randomized into 4 groups, controls at 8 (n=4) and 16 weeks (n=4) and induction at 8 (n=6) and 16 weeks (n=6). Control groups were fed standard chow and water, while induction groups received a cafeteria diet, standard chow, water, and 12% sucrose solution. According to the results, after 120 days of induction, the cafeteria diet was able to modify the anthropometric parameters evaluated (p<0.05), concluding that it is an effective obesogenic model.
Keywords: Obesity; Cafeteria diet; Adiposity.
1 INTRODUÇÃO
A obesidade, segundo a Classificação Internacional de Doenças 11 (CID-11), é definida como uma doença crônica complexa, caracterizada por adiposidade excessiva. Na maioria dos casos, é uma condição multifatorial a qual envolve fatores psicossociais, variantes genéticas e ambientes obesogênicos (WHO, 2021).
Além do mais, a obesidade é considerada um potencial fator de risco para o desenvolvimento de outras enfermidades crônicas como diabetes, hipertensão, doenças cardiovasculares, doenças gastrointestinais, câncer, entre outras (BANIK e RAHMAN, 2018) (BORTOLIN et al., 2018).
A prevalência desta doença aumentou de forma alarmante a nível global, principalmente devido à ocidentalização de hábitos alimentares e à redução da atividade física. Deste modo, esta condição se tornou um grande problema para a saúde pública em países de baixa, média e alta renda (BANIK e RAHMAN, 2018) (BORTOLIN et al., 2018).
Atualmente, com o intuito de permitir o desenvolvimento de novas formas eficazes de tratamento para prevenir ou reverter a obesidade na população humana, têm sido utilizados modelos animais válidos para abordar e simular este distúrbio (LALANZA e SNOEREN, 2021).
Dessa forma, a indução à obesidade por dieta em roedores têm sido amplamente utilizada nas pesquisas, sendo a dieta de cafeteria a mais adequada para tal objetivo. Diversos estudos afirmam que esta acelera o ganho de peso em ratos de forma mais eficaz comparadas às dietas puras com alto teor de carboidrato e gordura, além de promover hiperfagia (LEIGH et al., 2019).
Ademais, a dieta de lanchonete é a que mais mimetiza a dieta obesogênica humana, pois engloba alimentos industrializados variados, com alta palatabilidade e densidade energética, garantindo que o modelo de indução seja semelhante ao da gênese da obesidade em humanos (GOMEZ-SMITH et al., 2016) (ROSINI et al., 2012).
Poucos estudos realmente verificam a indução à obesidade através dos parâmetros antropométricos, peso corporal, circunferência abdominal e índice de massa corporal (IMC), Índice de Lee e Índice de adiposidade. Esses índices são equivalentes aos índices antropométricos na população humana necessários ao diagnóstico da doença (DO BONFIM et al., 2021).
Assim, o presente estudo tem como objetivo avaliar o efeito da dieta de cafeteria na indução à obesidade em ratos machos Wistar, considerando alterações nos parâmetros antropométricos: peso corporal, circunferência abdominal, Índice de massa corporal (IMC), Índice de Lee e Índice de adiposidade.
2 OBJETIVO GERAL
Avaliar a efetividade de uma dieta de cafeteria na indução à obesidade em ratos machos Wistar.
2.1 OBJETIVOS ESPECÍFICOS
● Avaliar o efeito da dieta de cafeteria no peso corporal em ratos machos Wistar com idades de 60 e 120 dias.
● Avaliar o efeito da dieta de cafeteria no índice de massa corporal (IMC) em ratos machos Wistar com idades de 60 e 120 dias.
● Avaliar o efeito da dieta de cafeteria na circunferência abdominal em ratos machos Wistar com idades de 60 e 120 dias.
● Avaliar o efeito da dieta de cafeteria nos índices de Lee e de adiposidade em ratos machos Wistar com idades de 60 e 120 dias.
3 MÉTODOS
3.1 Animais e dieta
Os experimentos animais foram revisados e aprovados pela Comissão de Ética no Uso de Animais (CEUA, protocolo 016/2018). Foram adquiridos 20 ratos machos Wistar no Biotério de produção do Centro de Biologia da Reprodução da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF), sendo metade deles com 8 e a outra metade com 16 semanas de idade. Os animais foram randomizados em 4 grupos: controles de 8 (n=4) e 16 semanas (n=4) e indução de 8 (n=6) e 16 semanas (n=6). Porém, no decorrer da pesquisa, um dos roedores do grupo controle sofreu uma lesão que inviabilizou sua permanência no experimento e, por isso, foi eutanasiado.
Os ratos foram alojados por duplas em caixas de polipropileno sob temperatura controlada de 22 ± 2ºC e fotoperíodo de 12/12 horas no biotério do Laboratório de Produtos Naturais Bioativos, localizado no Departamento de Bioquímica do Instituto de Ciências Biológicas da UFJF.
Os grupos controle foram alimentados, diariamente, com 200g de ração comercial (NuvitalTM , Colombo, PR, BR) e água, enquanto os grupos de indução receberam a dieta de cafeteria de 75 kcal/dia por animal, 100g da mesma ração comercial do grupo controle, água e uma solução de sacarose a 12%. Os animais foram tratados por 120 dias e monitorados diariamente quanto à ingestão de comida, água e solução de sacarose, sendo os restos quantificados.
Os alimentos escolhidos para o grupo indução foram biscoitos recheados, margarina, biscoito de maisena, salgadinhos, bacon, mortadela, creme de avelã, chocolate, leite condensado, pé de moleque, paçoca, rosquinha e bolinhos industrializados. Eram ofertadas sempre 3 opções diferentes para manter a característica da variedade da dieta, até completar as calorias diárias necessárias. Os cálculos energéticos eram feitos através das informações dos macronutrientes nos rótulos dos alimentos.
3.2 Eutanásia
Após 120 dias de experimento, os animais foram eutanasiados por aprofundamento anestésico seguido de punção cardíaca. As amostras de sangue foram recolhidas, centrifugadas e armazenadas a -80ºC para futuras análises bioquímicas.
Após a coleta do sangue por punção cardíaca, os órgãos vitais dos roedores foram coletados e pesados, incluindo: coração, fígado, rim, cérebro, intestino delgado e uma porção da artéria aorta. Ademais, o tecido adiposo total dos animais também foi coletado e pesado em balança digital. Partes desses órgãos foram mantidos em solução tamponada de formol 10% para análises histológicas. A outra parte, será submetida à avaliação do estresse oxidativo tecidual por meio da dosagem de enzimas antioxidantes, incluindo catalase e superóxido dismutase, além da dosagem de substâncias reativas ao ácido tiobarbitúrico.
3.3 Parâmetros antropométricos
O peso corporal dos animais foi aferido três vezes por semana em balança digital até o final do experimento. O comprimento do corpo e a circunferência abdominal foram medidos no início e no meio do experimento, após aplicação de anestesia leve, e ao final, após a eutanásia. Para a avaliação do comprimento corporal, foi feita a medição do eixo longitudinal da região nasoanal, por fita antropométrica (MACÊDO et al., 2021). Já a circunferência abdominal, foi aferida no ponto de maior circunferência, também com o auxílio de fita antropométrica (GOMEZ-SMITH et al.,2016). O IMC final de cada animal foi calculado com o peso corporal final (em2 gramas)/[comprimento final do corpo (em centímetros)] (WONG et al., 2018). Os Índices de Lee e de Adiposidade foram calculados, respectivamente, através das fórmulas raiz cúbica do peso corporal (em gramas)/comprimento nasoanal (em centímetros) e gordura corporal total/peso corporal x 100 (NOVELLI et al., 2007) (NASCIMENTO et al., 2011).
3.4 Análise estatística
Os dados foram analisados no software estatístico GraphPad Prism® versão 9.2 e os resultados apresentados em média ± erro padrão da média. A comparação estatística entre os grupos foi avaliada por teste t. Foi adotado p<0,05 para significância estatística.
4 RESULTADOS
4.1 Peso corporal e IMC
O peso inicial e final dos ratos de 8 e 16 semanas estão representados, respectivamente, nas Tabelas 1 e 2.
Tabela 1 – Peso inicial e peso final dos ratos machos Wistar de 8 semanas.
*representa diferença significativa em relação ao grupo controle (p<0,05). Análise estatística: teste t.
Tabela 2 – Peso inicial e peso final dos ratos machos Wistar de 16 semanas.
*representa diferença significativa em relação ao grupo controle (p<0,05). Análise estatística: teste t.
Os pesos iniciais dos animais de 8 e 16 semanas não apresentaram diferença entre os grupos controle e indução. Por outro lado, houve diferença significativa (p<0,05) entre os pesos finais dos animais induzidos e controles de ambas as idades.
O IMC final dos ratos de 8 e 16 semanas estão representados, respectivamente, nas Tabelas 3 e 4.
Tabela 3 – IMC final dos ratos machos Wistar de 8 semanas.
Parâmetro Média (g/cm2) Erro padrão da média
*representa diferença significativa em relação ao grupo controle (p<0,05). Análise estatística: teste t.
Tabela 4 – IMC final dos ratos machos Wistar de 16 semanas.
*representa diferença significativa em relação ao grupo controle (p<0,05). Análise estatística: teste t.
O IMC final dos ratos de ambas as idades apresentaram diferença significativa (p<0,05) em relação ao seu respectivo grupo controle.
4.2 Circunferência abdominal
A circunferência abdominal inicial e final dos ratos de 8 e 16 semanas estão representadas, respectivamente, nas Tabelas 5 e 6.
Tabela 5 – Circunferência abdominal inicial e final dos ratos machos Wistar de 8 semanas.
*representa diferença significativa em relação ao grupo controle (p<0,05). Análise estatística: teste t.
Tabela 6 – Circunferência abdominal inicial e final dos ratos machos Wistar de 16 semanas.
*representa diferença significativa em relação ao grupo controle (p<0,05). Análise estatística: teste t.
Os valores iniciais da circunferência abdominal dos ratos de ambas as idades não apresentaram diferença estatística em relação aos controles. Já os valores da circunferência abdominal final foram significativamente diferentes (p<0,05) quando comparados aos grupos controle.
4.3 Índice de Lee e Índice de Adiposidade
Os índices de Lee e de adiposidade dos ratos de 8 e 16 semanas estão representados, respectivamente, nas Tabelas 7 e 8.
Tabela 7 – Índice de de Lee e Índice de Adiposidade dos ratos machos Wistar de 8 semanas.
*representa diferença significativa em relação ao controle (p<0,05). Análise estatística: teste t.
Tabela 8 – Índice de de Lee e Índice de Adiposidade dos ratos machos Wistar de 16 semanas.
*representa diferença significativa em relação ao grupo controle (p<0,05). Análise estatística: teste t.
O Índice de Lee dos animais induzidos de 8 semanas não apresentou diferença estatística em relação ao respectivo grupo controle. Já o índice de adiposidade manifestou-se significativamente diferente (p<0,05). Nos animais de 16 semanas, ambos os índices foram significativos (p<0,05).
5 DISCUSSÃO
Vários modelos animais foram desenvolvidos para estudar a obesidade humana. Alguns através de mutações genéticas ou espontâneas e outros através de dietas específicas. Deste modo, a dieta de cafeteria é um modelo eficaz de indução à doença. Isto porque expõe os roedores a alimentos que fazem parte da dieta humana, altamente palatáveis e hipercalóricos, os quais geram hiperfagia e ganho de peso rápido (SUBIAS-GUSILS et al., 2021). Assim, a efetividade da dieta de refeitório na indução à obesidade, neste estudo, foi avaliada e confirmada através de seu efeito positivo nos parâmetros antropométricos: peso corporal, IMC, circunferência abdominal, Índice de Lee e Índice de adiposidade.
O fato dos pesos iniciais dos animais de 8 e 16 semanas de idade não apresentarem diferença significativa (p<0,05) (Tabelas 1 e 2) indica que os ratos, no início do experimento, possuíam as mesmas condições basais. Lalanza e Snoeren (2021), realizaram uma revisão bibliográfica na qual avaliaram o modelo animal obesogênico da dieta de cafeteria, comparando com a indução à obesidade por dietas tradicionais. Além disso, analisaram os efeitos desta dieta em parâmetros antropométricos e no comportamento dos animais. Segundo esses autores, apenas 58% dos estudos incluídos em sua revisão aferiram o peso inicial dos roedores, sendo que este pode indicar o estado de saúde dos mesmos antes do experimento. Dessa forma, pode ter a mesma importância do peso final ou ganho de peso.
Os resultados do presente estudo demonstraram que a dieta de cafeteria utilizada foi capaz de aumentar o peso corporal de ratos machos Wistar de 8 e 16 semanas (Tabelas 1 e 2). Esses resultados foram semelhantes aos de Lewis et al. (2019), no qual houve indução à obesidade em ratos machos Sprague Dawley de 6 à 8 semanas durante 20 semanas, através de uma dieta de cafeteria. Ao final do experimento, os animais induzidos ganharam aproximadamente o dobro de peso quando comparados aos controles. Segundo Do Bonfim et al. (2021), esse efeito pode ser explicado pela hiperfagia causada pela dieta de cafeteria, a qual apresenta hiper palatabilidade. Nesse sentido, é capaz de aumentar a concentração de neurotransmissores responsáveis pela resposta hedônica, proporcionando sensação de bem-estar e dependência do consumo desses alimentos, aumentando a ingestão dos mesmos e facilitando, assim, o ganho de peso. Ademais, no artigo de revisão de Lalanza e Snoeren (2021), a maioria dos estudos incluídos mostrou que a dieta de lanchonete aumentou significativamente o peso em roedores, concluindo que a mesma é um modelo obesogênico.
Além do efeito positivo no peso corporal dos animais, os resultados da pesquisa indicaram que a dieta de cafeteria, consequentemente, aumentou o Índice de Massa Corporal de ratos machos Wistar de 8 e 16 semanas (Tabelas 3 e 4), afirmando o resultado do estudo de Gomez-Smith et al. (2016). No artigo desse autor, ratos Sprague Dawley de 3 semanas de idade foram induzidos com uma dieta de cafeteria e obtiveram aumento significativo de peso e IMC quando comparados aos animais que receberam dieta padrão, indicando que, o último parâmetro, refletiu também o aumento da circunferência abdominal, já que o comprimento inicial dos roedores era o mesmo. Além disso, nesse mesmo estudo, os animais induzidos tiveram sua ingestão calórica aumentada em 25% em relação aos alimentados com a dieta comum, confirmando a hiperfagia gerada pela dieta de cafeteria, a qual facilita a modificação positiva dos parâmetros antropométricos relacionados à obesidade.
Além dos parâmetros mais comuns, como o aumento do peso ou IMC, outra medida que pode indicar obesidade é a circunferência abdominal (LALANZA e SNOEREN, 2021). A inicial não obteve diferença significativa entre os grupos indução e controle dos animais de 8 e 16 semanas (Tabelas 5 e 6). Esse resultado confirma, mais uma vez, que os ratos apresentavam o mesmo estado basal no início da pesquisa. Já a circunferência final dos roedores induzidos, demonstrou-se diferente (p<0,05) quando comparada a dos controles, confirmando a eficácia da dieta de cafeteria na modificação deste parâmetro (Tabelas 5 e 6). O mesmo resultado foi afirmado na revisão bibliográfica de Lalanza e Snoeren (2021). De acordo com esses autores, a dieta de refeitório aumenta a circunferência abdominal e os níveis de tecido adiposo retroperitoneal de roedores. Para mais, o artigo de Doghri et al. (2021) também confirmou os resultados desta pesquisa. Em seu estudo, ratos foram induzidos à síndrome metabólica por dieta de cafeteria, e foi demonstrado que esta aumentou a circunferência abdominal dos animais, apresentando correlação com o aumento do peso corporal dos mesmos.
Ademais, a dieta de cafeteria também interferiu positivamente (p<0,05) nos Índices de Lee e de Adiposidade (Tabelas 7 e 8). O índice de Lee foi desenvolvido especificamente para ratos (MACÊDO et al., 2021). De acordo com Bernardis (1970), o status de obesidade de um rato pode ser avaliado pelo Índice de Lee, se apresentar um valor acima de 0,3 g/cm³ (NOVELLI et al., 2007). No presente estudo, os Índices de Lee dos animais induzidos e controles de 8 e 16 semanas demonstraram valores acima de 0,3 g/cm³, sendo que, o valor do índice do grupo indução de 8 semanas, não apresentou diferença significativa em relação aos de seu grupo controle. Segundo Rothwell & Stock (1981 apud Novelli et al., 2007), não há definição de obesidade em ratos de laboratório, pois faltam informações sobre os parâmetros antropométricos dos mesmos, sendo necessário compará-los com um grupo controle (não induzido). Dessa forma, o resultado não significativo para o grupo indução de 8 semanas pode ser explicado, em parte, pela interferência no tamanho da amostra do grupo controle, visto que 1 animal foi perdido no decorrer do experimento.
Já o Índice de Lee nos animais induzidos de 16 semanas apresentou-se maior (p<0,05). Este mesmo efeito ocorreu no estudo de Do Bonfim et al. (2021), o qual obteve sucesso na indução à obesidade por dieta de cafeteria em ratos machos Wistar, confirmada por alterações significativas (p<0,05) no IMC, Índice de Lee e Índice de adiposidade. Este último índice, neste estudo, apresentou diferença (p<0,05) nos ratos de 8 e 16 semanas.
No relevante estudo de Nascimento (2011), conseguiu-se induzir à obesidade em ratos machos Wistar por dieta rica em gordura e o critério utilizado foi o aumento do Índice de Adiposidade associado a um maior peso corporal, corroborando o que foi observado em nossos estudos. No artigo de Buyukdere et al. (2019), a indução à obesidade em ratos machos Wistar de 5 semanas por dieta de refeitório foi mais eficaz quando comparada à indução por uma dieta rica em gordura. Essa condição foi refletida no aumento de peso, Índice de Lee, gordura corporal total e depósito de gordura, confirmando, assim, o desencadeamento de hiperfagia persistente e aumento da ingestão de energia devido à diversidade e palatabilidade dos alimentos da dieta de cafeteria.
6 CONCLUSÃO
Os resultados deste estudo sugerem que a dieta de cafeteria é capaz de induzir à obesidade em ratos machos Wistar de 8 e 16 semanas, uma vez que aumentaram significativamente o peso corporal, IMC, circunferência abdominal e Índices de Lee e de Adiposidade dos animais de ambas as idades. Dessa forma, esta pesquisa é de grande utilidade para direcionar estudos futuros em relação à utilização de um potencial modelo de indução à obesidade em roedores, além de possibilitar um maior entendimento da prevalente doença e novas pesquisas sobre formas de prevenção e tratamento.
REFERÊNCIAS
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2Danielle Maria de Oliveira Aragão, professora do Departamento de Bioquímica UFJF, Juiz de Fora – MG, E-mail: danielle.aragao@ufjf.br
¹Nicole Rocha de Cantanhede, Nutricionista pela UFJF, Juiz de Fora – MG, E-mail: cantanhedenicole@gmail.com
³Lívia Rodrigues Gamarano, estudante de nutrição UFJF, Juiz de Fora – MG, E-mail: liviagamarano2@gmail.com
⁴Letícia Gomes de Oliveira, Nutricionista pela UFJF, Juiz de Fora – MG, E-mail:
leticiagomesufjf@gmail.com