EFEITOS NOCIVOS DO TABAGISMO NA GESTAÇÃO

REGISTRO DOI: 10.5281/zenodo.7947146


Rosane Cristina Freitag
Orientadora: Sirlei Ramos


RESUMO

O uso do tabaco está presente nos dias atuais, mas sua descoberta e seu uso se dá pelo menos há seis séculos, tendo sido ao longo desse tempo consumido de diferentes formas, e por todos os públicos. Seu uso e sua exposição culminam em diversos problemas de saúde. Na gestação a problemática se agravar, pois além de afetar e causar danos a saúde da mulher o feto também pode ser prejudicado já que os componentes da fumaça cruzam a placenta causando alterações na oxigenação e no metabolismo placentário, podendo desencadear intercorrências como: rupturas prematura da membrana, descolamento da placenta, hemorragia no pré- parto, parto prematuro, baixo peso ao nascer, morte súbita do recém-nascido, comprometimento do desenvolvimento físico da criança, além do abortamento.

Dado o exposto objetivamos contribuir para a redução do tabagismo, reduzindo assim o nascimento de bebês com baixo peso, e outros agravantes citados, beneficiando o desenvolvimento fetal, lhes oportunizando uma vida mais saudável. Para este estudo, foram utilizados sites, livros virtuais e artigos, com a finalidade de trazer informações do quão prejudicial o ato de fumar pode ser, com isso nos possibilitou na identificação dos riscos e danos causados visto que o tabagismo é considerado uma doença epidémica evitável. Contudo, podemos concluir que há a necessidade de um olhar mais empático para um desenvolvimento fetal adequado, visando qualidade de vida para uma sociedade mais saudável, objetivando diminuir a mortandade, haja vista que o tabagismo é responsável direto e/ou indireto por milhões de mortes todos os anos.

Palavra-chave: tabagismo na gestação, tabaco, complicações pelo tabaco.

ABSTRACT

Tobacco use is present today, but its discovery and use took place at least six centuries ago, having been consumed in different ways, and by all audiences. Its use and exposure culminate in several health problems. During pregnancy, the problem gets worse, because in addition to affecting and causing damage to the woman’s health, the fetus can also be harmed, since the components of smoke cross the placenta, causing changes in oxygenation and placental metabolism, which can trigger complications such as: premature rupture of the membrane, placental detachment, hemorrhage in pre-delivery, premature birth, low birth weight, sudden death of the newborn, impaired physical development of the child, in addition to abortion.

Given the above, we aim to contribute to the reduction of smoking, thus reducing the birth of low birth weight babies, and other cited aggravating factors, benefiting fetal development, giving them the opportunity to lead a healthier life.

For this study, websites, virtual books and articles were used, in order to bring information on how harmful the act of smoking can be, thus enabling us to identify the risks and damage caused, since smoking is considered a preventable epidemic disease.

However, we can conclude that there is a need for a more empathetic look at proper fetal development, aiming at quality of life for a healthier society, aiming to reduce mortality, given that smoking is directly and/or indirectly responsible for millions of deaths every year.

Keywords: smoking during pregnancy, tobacco, tobacco complications.

PROBLEMA

Qual a dificuldade encontrada pela gestante, para largar o vício e motivos pelos quais, o tabaco é tão prejudicial ao feto? Estamos diante de uma problemática recorrente e que dado a tantos fatores negativos, viemos através deste, fazer essa pesquisa para nortearmos respostas e assim podermos contribuir com informações para uma melhor qualidade de vida da gestante e seu bebê.

HIPÓTESES

A falta de orientação mais humanizada, adjunto de palestras e terapias comportamentais, dificultam o cessar do vício, contribuindo assim, para números expressivos de partos prematuros, nascimento com baixo peso e óbitos fetais. O uso continuo e a exposição ao tabaco, Tem causado uma epidemia de morbidade e mortalidade prematuras, através do seu efeito sobre doenças respiratórias, cardiovasculares e as neoplasias (BORHANI,1977; GIMENEZ, 1990; FUCHS, 1992).

JUSTIFICATIVA

Estamos diante de um problema mundial recorrente e que, dado a tantos problemas envolvidos e identificados em tabagistas, se torna relevante o estudo. Lembrando que esse vício atinge e prejudica a todos os integrantes de uma família, inclusive pessoas do ciclo diário da fumante, e os malefícios são inevitáveis na gestação, pois expõe o feto o feto a 4.700 substâncias tóxicas, e uma dessas substâncias que compõem o cigarro é a nicotina, que contem efeitos antidepressivos, pois passa uma sensação de bem estar, relaxamento, adjunto vem a autoestima retraída, ansiedade, podemos observar então que o vício está ligado a depressão e ansiedade, dificultando o cessar do vício. De acordo com a Organização Mundial da Saúde, estima-se que 250 milhões de mulheres são tabagistas em todo o mundo, e em sociedades as quais o índice de indivíduos fumantes demonstra-se retraído, essa redução decorre com menor ênfase entre as mulheres, quando comparada ao sexo masculino (LOMBARDI; PRADO; SANTOS; FERNANDES, 2011).

Os efeitos do tabagismo durante a gravidez são universalmente conhecidos, e sua ação sobre o desenvolvimento fetal vastamente comprovada na literatura mundial. Discutem-se ainda os verdadeiros mecanismos através dos quais o tabagismo causa essas alterações; acreditase que os efeitos sobre o crescimento fetal sejam mediados por uma restrição do fluxo sanguíneo no leito placentário.( Aagaard-Tillery KM; Porter TF; Lane RH,2008).

As alterações que o tabagismo materno causa no feto abrem um capítulo à parte nas conseqüências sobre a saúde. O feto não é simplesmente um fumante passivo que inala Fumaça de cigarro involuntariamente em um ambiente aéreo: ele é um ser altamente vulnerável, numa fase de risco para o comprometimento do seu desenvolvimento. A mulher, quando fuma durante a gestação, expõe seu feto não apenas aos componentes da fumaça do cigarro que cruzam a placenta, mas também às alterações na oxigenação e metabolismo placentário, e às mudanças no seu próprio metabolismo, secundárias ao fumo.(Viggiano MG, Caixeta AM, Barbacena ML, 1990)

METODOLOGIA

Neste trabalho foi utilizado o método qualitativo explicativo, com a finalidade de analisar resultados e respostas da problematização apresentada neste estudo, analisando revisões bibliográficas e literárias, visto que “é de conhecimento geral que o ato de fumar seja prejudicial à saúde em qualquer âmbito e qualquer período da vida, mas quando se trata de gestante, o vício acaba afetando não somente a própria mulher, mas em conjunto seu bebê. As substâncias contidas no cigarro, expõem o feto a riscos, riscos esses que está diretamente ligado a falta de oxigênio necessários pelo feto, isso dado a redução do fluxo sanguíneo na placenta podendo ocorrer o aumento da freqüência cardíaca fetal, nascimento com baixo peso, deslocamento prematuro da placenta dentre outros vários problemas. Contudo podemos observar o quão prejudicial esse vício se torna ainda mais agregado a gravidez. Apartir deste estudo, fica mais evidente a necessidade de uma interação e intervenção já que se trata de um problema classificado como evitável.

CRONOGRAMA

Cronograma seguido na execução do estudo.

• ANO DE REFERÊNCIA 2022/2023

Mês/EtapasMar.Abri.Maio.Jun.Jul.Ago.Set.Out.Maio.Maio.
Título/temax
Obj.Geral e Específicox
Problema Hipótese e Justificativax
Metodologiax
Cronograma / Orçamentox
Resultados Esperadosx
Introduçãox
Revisão Bibliográficax
Resumo/ Bibliografiax
Projeto todo entreguex

ORÇAMENTO

Não se aplica, já que o estudo foi originário de estudos virtuais.

RESULTADOS ESPERADOS

A partir desta pesquisa, espera-se contribuir para que consigamos diminuir o número de gestantes tabagistas, reduzindo assim a quantidade de bebês nascidos com baixo peso, beneficiandoos com uma melhoria do desenvolvimento fetal, salientando e reforçando a necessidade de se abandonar o vício. Objetivamos ainda, que os profissionais de enfermagem se capacitem e se aprofundam nesta questão, afim de contribuir e se fazendo entender o máximo, para que possamos atingir o propósito de ofertarmos uma qualidade de vida a gestante e seu bebê.

É notório que o ato de fumar causa muitos malefícios à saúde, visando a problemática venho através deste, desenvolver esse trabalho afim de trazer informação e esclarecimentos a cerca dos dados, com o objetivo de alertar as gestantes a esses malefícios, e afirmando os benefícios do cessar desse vício.

Na queima de um cigarro há produção de 4.720 substâncias, em 15 funções químicas, das quais 60 apresentam atividade cancerígena, e outras são reconhecidamente tóxicas. Além da nicotina, monóxido de carbono e hidrocarbonetos aromáticos, cita-se amidas, imidas, ácidos carboxílicos, lactonas, ésteres, aldeídos, cetonas, alcoóis, fenóis, aminas, nitritos, carboidratos, anidritos, metais pesados e substâncias radioativas com origem nos fertilizantes fosfatados (Polônio 210, Carbono 14, Rádio 226). (RODRIGUES et al.,2010)

Pode-se afirmar que, em razão do tabaco, as doenças pulmonares vem sendo um problema recorrente, tendo em vista que são mais de 50 doenças relacionadas ao consumo de cigarro, dificultando assim o desenvolvimento do bebê.

Durante o fumo, a mulher expõe seu feto tanto aos componentes contidos no cigarro, muitos capazes de difundirem-se pela placenta quanto as alterações metabólicas desencadeadas pelo tabagismo (NAKAMURA et al., 2008).

O uso do cigarro durante a gestação está associado ao aumento no risco de diversas intercorrências. São elas: placenta prévia, ruptura prematura das membranas, descolamento prematuro da placenta, hemorragia no pré-parto, parto prematuro, aborto espontâneo, crescimento intra-uterino restrito, baixo peso ao nascer, morte súbita do recém-nascido e comprometimento do desenvolvimento físico da criança. Além disso, pode causar má-formação fetal, abortamentos, mortalidade materna, natimortalidade e mortalidade neonatal (Yamaguchi, 2008).

Observando tantos malefícios, advindos do vício, devemos enfatizar a importância do parar com o uso do tabaco, levando em consideração que a figura feminina, tem um papel fundamental na proteção familiar.

REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

1.1 O QUE É CIGARRO?

Cigarro, é uma droga lícita no formato de cilindro, feito de folhas de tabaco, papel, filtro e mais de 4.700 substâncias tóxicas, dentre essas, existem diversas substâncias cancerígenas.

Pode produzir 5000 constituintes quando queimado, dependendo da região de cultivo, do solo, secagem e armazenamento. Nela, 4.720 (quatro mil setecentos e vinte) componentes já foram isolados. Para melhorar as características do cigarro são adicionadas substâncias como agentes umectantes, flavorizantes e aglutinantes (OGA, 2003).

O tabaco tem origem americana. As espécies do gênero Nicotiana são nativas de “regiões intertropicais e subtropicais do Novo Mundo”, embora os europeus já fumassem outros tipos de ervas. Por outro lado, sabe-se que há 3.000 anos a.C. alguns “arqueólogos encontraram cachimbos da Idade do Bronze” (SILVA e MOLINARI, 2003, p. 72).

1.2 A FUMAÇA DO TABACO

“A fumaça do cigarro consiste de substâncias químicas voláteis (92%) e material particulado (8%) resultantes da combustão do tabaco. A nicotina, uma amina terciária volátil, é o componente ativo mais importante do tabaco” (BALBANI e MANTOVANI, 2005, p. 821).

Goodman; Limbird e Hardman (2005) complementam que, a fumaça do cigarro é composta por uma fase gasosa e por partículas que dependem da composição do tabaco, da densidade que é embalado, do filtro, do papel e da temperatura em que é queimado. Ainda, segundo os autores, os componentes do tabaco que mais contribuem para os riscos à saúde são o monóxido de carbono, elemento da fase gasosa, a nicotina e o alcatrão, substâncias das partículas da fumaça.

A fumaça ambiental dos cigarros também é responsável por causar danos à saúde, principalmente em asmáticos, crianças e adultos com tendência às doenças cardíacas (SEELIG; CAMPOS e CARVALHO, 2005). A poluição da fumaça contribui para a concentração e exposição de partículas cujos componentes químicos são tóxicos ou cancerígenos, comprometendo significativamente a qualidade do ar.

É importante relembrar que atualmente, a partir de pesquisas etiológicas sobre os malefícios da fumaça originada da combustão do tabaco, o conceito de tabagismo passivo passou a ser estudado. Este, se trata da inalação de indivíduos não fumantes, a fumaça do tabaco consumido por outros indivíduos que estão no mesmo ambiente fechado (Pressman & Gigliotti, 2019).

1.3 SOBRE O TABAGISMO

O tabaco é uma droga, e drogas, em geral, fazem parte da maioria das civilizações e são apontadas como fator integrante de valores e comportamentos da humanidade. Quando o tabaco é fumado, a nicotina leva aproximadamente sete segundos para alcançar os pulmões, entrar na corrente sanguínea e atingir o cérebro. Portanto, o usuário do tabaco rapidamente sente o prazer provocado pelo fumo, diminuindo sua ansiedade, aumentando sua capacidade mental e melhorando sua atenção (MARQUES et al., 2001).

A nicotina, substância presente em todos os derivados do tabaco (cigarros, charutos, rapé, fumo de rolo, narguilé), induz a dependência por estimular a liberação de outras substâncias como a dopamina, acetilcolina, noradrenalina, serotonina e betaendorfinas, que proporcionam a sensação de prazer e relaxamento, aumento da concentração e da memória e diminuição da tensão e da ansiedade (SANTOS & OLIVEIRA, 2012).

A nicotina contida é a droga psicoativa que mais causa dependência (ROSEMBERG, 2004). Eleva o ritmo cardíaco e a pressão arterial. O hábito de fumar é responsável por mais mortes do que todas as outras drogas psicoativas juntas (INCA, 2008).

1.4 EFEITOS NOCIVOS À SAÚDE

Os efeitos nocivos do fumo são causados pelas substâncias nocivas como o alcatrão e a nicotina. Esta última é absorvida pelo organismo, chegando rapidamente ao sistema nervoso central, agindo como estimulante. Nesse sentido, a nicotina pode facilitar a atenção e a memória, causando um padrão de alerta no eletroencefalograma (CARLINI et al, 2001).

O consumo do tabaco é um fator de risco para seis das oito causas principais de morte no mundo: doenças cardíacas isquêmicas, acidentes vasculares cerebrais, infecções das vias aéreas inferiores, Doença Pulmonar Obstrutiva Crônica (DPOC), tuberculose e cânceres de pulmão, traqueia e brônquio (OLIVEIRA; VALENTE e LEITE, 2008).

De acordo com Silva et al. (2016), foi divulgado pela Sociedade Americana de Câncer um relatório sobre tabagistas que estão morrendo por doenças que antes não eram relacionadas ao tabaco, sendo incluídas mais 14 doenças, dentre elas, câncer de próstata, insuficiência renal, isquemia intestinal, hipertensão arterial e infecções, assim como várias outras doenças respiratórias além da DPOC. Com a inclusão dessas doenças, constatou-se um aumento de 17% na mortalidade.

Além disso, foi relatado por Silva et al. (2016), que recentemente, evidenciou- se que os efeitos nocivos do tabaco ultrapassam gerações, aumentando o risco de asma de modo intergeracional, ou seja, de mãe para filho, e transgeracional, isto é, de avós para os netos, mesmo que a mãe não tenha asma e não fume. Existem evidências de que o tabagismo da avó materna durante a gestação da mãe da criança aumenta o risco dessa criança desenvolver asma de duas a três vezes, mesmo que a própria mãe não tenha fumado durante sua gestação e não tenha asma.

1.5 TABAGISMO E GESTAÇÃO

O tabagismo caminha para se tornar uma doença com maior prevalência no sexo feminino. o gênero feminino é o alvo principal da propaganda, tanto por explorar os espaços nos quais a mulher se insere e exerce seus múltiplos papéis sociais, quanto pelas características da dependência da mulher, associando-se aos comportamentos e a um padrão próprio de respostas às situações de enfrentamento de crises e pelas demandas sociais e biológicas. (ARAÚJo, 2006).

A prevalência do tabagismo nas mulheres, no período anterior à gravidez, foi elevada, cerca de 30%, sendo que a percentagem de mulheres que mudaram o hábito tabágico durante a gravidez foi de 35%. Mas, apesar dos danos à saúde materna e fetal, a percentagem de mulheres fumantes durante a gravidez manteve- se ainda elevada, cerca de 19%. os profissionais da saúde devem desenvolver habilidades de intervenção comportamental por meio de um aconselhamento pré-natal, por ser uma boa ferramenta na diminuição do índice de tabagismo em gestantes. (CoRREiA et al., 2007).

O cigarro é capaz de provocar alterações importantes no bebê e na gestante. Dentre elas, o cigarro pode fazer com que: O bebê nasça com baixo peso (2500g ou menos),o bebê pese 150 a 325g a menos que o bebê de mulheres que não fumam, retarde o crescimento do bebê dentro do útero,a gestação dure menos que o esperado,o bebê nasça morto (chamado de bebê natimorto),o bebê morra pouco depois de nascer,o bebê morra ainda dentro do útero (chamado de aborto espontâneo),ocorra ruptura da bolsa amniótica antes do esperado,ocorra parto prematuro,ocorra complicações na placenta (órgão que é responsável por nutrir o bebê durante a gestação),ocorra sangramentos durante a gestação,a mãe fique anêmica,a mãe ganhe menos peso na gravidez o bebê desenvolva malformações (FONTES, 2014).

Os danos à saúde materna e fetal causados pelo tabagismo durante a gestação são o crescimento intrauterino reduzido e maior risco de trabalho de parto prematuro, entre outras alterações. A gestação torna-se um momento propício para a interrupção dessa dependência. A consulta prénatal pode ser a forma mais eficiente de prestação de esclarecimentos sobre os riscos do tabagismo, somando- se ao fato de que as gestantes podem ainda aproveitá-la para expor dúvidas, medos e angústias decorrentes da gestação. Esses sentimentos podem levá-las a quadros de ansiedade e depressão, situações que podem levar ao início do tabagismo, uma vez que o cigarro costuma estar associado a propriedades relaxantes. (MACHADo; LoPES, 2009).

A exposição do feto ao fumo materno é o exemplo mais grave de tabagismo passivo. Cerca de 60 estudos envolvendo 500 mil mulheres grávidas mostraram com fortes evidências que os neonatos de gestantes fumantes têm peso inferior ao das gestantes que não fumam (redução média de 200g) e a chance dobrada de prematuridade. Existem evidências de que a exposição de gestantes não fumantes à poluição tabagística ambiental (PTA) também pode reduzir o peso do neonato (média de 33g). Dentre outros desfechos indesejáveis da gestação em fumantes, estão o risco aumentado de placenta prévia, gravidez tubária, aborto espontâneo e síndrome da morte súbita na infância. (REiCHERT et al., 2008).

A Organização Mundial de Saúde (OMS) estima, por projeção, que as mortes relacionadas ao tabaco aumentarão para cerca de 8 milhões em 2030, ou 10% das mortes globais, caso não sejam adotadas medidas para seu controle (PIASSI et al., 2017).

Cabe ressaltar que a disseminação da nicotina se dá para todos os tecidos do corpo, tais como pulmão, cérebro e outros. Ela também é encontrada na saliva, no suco gástrico, leite materno, músculo esquelético e no líquido amniótico (MARTINS, 2022).

1.6 FATORES RELACIONADOS AO USO DO TABACO NO CENARIO ATUAL

Os estímulos sociais e culturais, agindo como coadjuvantes para uma dependência psicológica, além da dependência física, são fatores a se considerar para um melhor entendimento do hábito de fumar. Dessa forma, associam-se estímulos ambientais ao hábito de fumar, como os rituais diários para acender o cigarro e guardar o pacote no bolso, ou mesmo ambientes, como bares, festas, encontros com amigos, entre outros. Nesse sentido, tanto existe o componente físico como também o psicológico que mantêm o hábito de fumar (BALBANI e MONTOVANI, 2005).

O hábito de fumar e o etilismo na gestação podem ser subdiagnosticados devido ao “sentimento de culpa” das gestantes, que, contornando possível repreensão e desaprovação pelo profissional de Saúde, podem vir a relatar um consumo menor da substância ou negálo(ROBYN et al.,2009).

Outra questão que deve ser considerada é a constante divulgação pela mídia dos efeitos benéficos à saúde atribuídos ao consumo regular de pequenas doses de vinho, que, por conta dos flavonoides e de outras substâncias fenólicas presentes no vinho tinto, são apresentados como antioxidantes que diminuiriam o risco de doenças cardiovasculares e alguns tipos de câncer(SELLES et al.,2005)

A dependência da nicotina, de acordo com Planeta e Cruz (2005), apresenta um processo farmacológico e de conduta semelhante a substâncias psicoativas como a cocaína, os opioides e o etanol. O sistema de recompensa (dopaminérgico) tem participação fundamental na busca de estímulos causadores de prazer, tais como alimentos, sexo, relaxamento. A nicotina aumenta as concentrações de dopamina1 , principalmente no nucleus accumbens e na área tegmental ventral, efeito comum das drogas que causam dependência.

Segundo Goldfarb (2004), do uso do cigarro por jovens é provocado pela aceitação social, legalização comercial e antecipação no início do hábito de fumar, culminando com o incremento de doenças tabaco-relacionado entre pessoas jovens.

Segundo Kuhnen (2009), outro aspecto considerável é a pressão social que a sociedade moderna exerce sobre o indivíduo. Questões como consumismo exacerbado, violência, desemprego, entre outros, geram, cada vez mais, angústia, estresse e depressão. Esses fatores são apontados pelos pesquisadores como motivadores para o início e manutenção do hábito de fumar, uma vez que existe um antigo conceito, manipulado pela indústria e pela mídia, de que o cigarro é um lenitivo para esses males.

1.7 PROBLEMAS ADVINDOS DO USO DESSA DROGA

Atualmente mais de um bilhão de pessoas são fumantes no mundo e na década de 2030 estima se que esse total poderá chegar a dois bilhões. A maioria destes fumantes estará nos países em desenvolvimento. O impacto sobre a saúde decorrente do uso do tabaco é bem conhecido: responsável por 90% dos tumores pulmonares, 75% das bronquites crônicas, 25% das doenças isquêmicas do coração (WUNSCH FILHO et al., 2010).

A doença cardiovascular é a primeira causa de morbidade e mortalidade, em ambos os sexos no Brasil e o fator etiológico básico é a lesão aterosclerótica. Nos últimos 50 anos, têm-se empregado vultuosos recursos humanos e materiais num esforço incessante para se descobrir porque e como as artérias coronárias são afetadas pela aterosclerose, devido à impossibilidade de indicar, com certeza, quem desenvolverá uma síndrome isquêmica conseqüente à lesão aterosclerótica (CASTRO, 1999)

Os efeitos da poluição tabagistica ambiental a curto prazo são: irritação nos olhos, manifestações nasais tosse, cefaleia, aumento dos problemas alérgicos e cardíacos. Efeitos a médio e longo prazo: redução da capacidade respiratória, risco aumentado em até 50% para infecções respiratórias em crianças, aumento do risco de aterosclerose, risco aumentado em 24% para infarto do miocárdio que os não fumantes não expostos a PTA, risco aumentado em 30% para câncer de pulmão que os não fumantes não expostos a PTA. È observado na Síndrome de abstinência com os sinais e sintomas: Psicológicos: humor disfórico, irritabilidade, frustração ou raiva, ansiedade, dificuldade para concentrar-se e inquietação; Físicos: frequência cardíaca diminuída, sudorese, sede cefaleia, tontura, vertigem constipação e aumento do apetite. Quadro Clínico Crônico a Doenças associadas ao Tabaco: pneumonia, câncer (pulmão, laringe, esôfago, etc.,) infarto do miocárdio enfisema pulmonar, Acidente Vascular Cerebral (AVC), ulcera digestiva, disfunção erétil (MINISTÉRIO, 2005)

1.8 MEDIDAS ADOTADAS PARA COM A SOCIEDADE PERANTE A PROBLEMATICA

O tabagismo é considerado pela Organização Mundial de Saúde (OMS) a maior causa de morte evitável no mundo. Na Classificação Internacional de Doenças (CID 10), pertence ao grupo dos transtornos mentais e de comportamento decorrentes do uso de substância psicoativa (OMS, 1997).

Para reverter essa situação, o Brasil assumiu em 1989, através do Instituto Nacional do Câncer (INCA), o papel de organizar o Programa Nacional de Controle do Tabagismo (PNCT). Esse programa tem o objetivo de reduzir o tabagismo e por sua vez, a morbimortalidade por doenças relacionadas ao seu consumo. As estratégias utilizadas neste programa variam desde ações educacionais para prevenção da iniciação ao fumo, promoção e apoio para a cessação do tabagismo, regulamentação de locais proibidos para consumo do cigarro, até mobilização política para o controle da produção e comercialização de produtos de tabaco (BRASIL, 2011).

Em 2005, o Brasil e mais 192 países, membros da Assembleia Mundial de Saúde, negociam e adotam o primeiro tratado internacional de saúde pública sob coordenação da OMS: a Convenção Quadro para Controle do Tabaco (CQCT). Em 2008, a Convenção lança o MPOWER, um plano de políticas para tentar superar os desafios frente á epidemia mundial. O plano apresenta seis intervenções, são elas: (Monitor) Monitorar o tabagismo, (Protect) Proteger a população contra a fumaça do tabaco, (Offer) Oferecer ajuda para cessação do fumo, (Warn) Advertir sobre os perigos do tabaco, (Enforce) Fazer cumprir as proibições sobre publicidade, promoção e patrocínio, (Raise) Aumentar os impostos sobre o tabaco (BRASIL, 2011).

Sabe-se que o aconselhamento para a cessação do tabagismo pode ser realizado individualmente ou em grupo e deve ser conduzido por profissional treinado (Fiore et al., 2000). O tratamento em grupo emprega essencialmente as mesmas técnicas que o individual, mas há hipótese de que seja mais vantajoso quando se observa, por exemplo, o maior suporte social que se pode oferecer bem como maior facilidade de se discutir situações de risco e meios de lidar com as mesmas. É discutido se essa facilidade propiciada pelo grupo contribuiria de modo específico para a efetividade dos tratamentos (MAY & WEST, 2000).

Considerando que o tratamento do fumante é uma prática recente em todo mundo, o Consenso sobre a Abordagem e Tratamento do Fumante, parte das ações do PNCT, estabelece a abordagem cognitivocomportamental e as terapias medicamentosas indicadas para o tratamento do tabagismo no Brasil (BRASIL, 2001).

RESUMO

Em suma, e diante da problemática podemos observar a relevância de uma atenção voltada aos tabagistas, levando em consideração que o uso dessa substancia atinge não somente ao usuário, mas reflete diretamente na saúde publica e nos governantes, situação essa que se da por doenças, partos fora da normalidade, problemas psicológicos e psíquicos, gastos com medicação, intervenções de enfermagem e médica mencionando ainda fatores econômicos.

Este estudo teve por finalidade trazer informações acerca de fatores do nosso cotidiano, onde podemos observar a naturalidade dos tabagistas com o uso, sem se atentarem a grande exposição de componentes existentes no cigarro, ou ate mesmo a uma gestante que faz o uso do mesmo expondo seu bebe a tanta química e a possíveis problemas futuros.

Foram utilizados para esse estudo, sites, livros virtuais e artigos que nos possibilitaram e somaram a ponto de podermos identificar mais a fundo os problemas relacionados ao uso do tabaco, nos possibilitando ainda identificar a necessidade de um olhar mais humanizado, levando em consideração que uma das composições do tabaco causa uma certa dependência e que aos olhos de uma parte da população, só não para quem não quer, mas podemos concluir que vai muito alem do querer, pois o uso na maioria das vezes esta associado a algum problema.

Contudo podemos concluir que o uso farmacológico, terapêutico se fazem necessários adjunto aos profissionais da saúde que podem identificar esse problema em uma anamnese profissional se atentando a todos os quesitos somando a paltar os problemas identificados na mesma.

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