EFFECTS OF COMBINED EXERCISE IN PATIENTS WITH HEART FAILURE: A LITERATURE REVIEW
REGISTRO DOI:10.5281/zenodo.10283362
Priscila Santos Pereira¹
Priscila Santos Borges Aguiar²
Resumo
As doenças cardiovasculares são uma das principais causas de morbimortalidade no mundo e sua incidência vem aumentando de forma gradativa. Os cardiopatas necessitam de força muscular e resistência principalmente para realizações de atividades diárias e também na prevenção da sarcopenia. Este estudo tem como objetivo realizar uma revisão bibliográfica sobre os efeitos dos exercícios combinados em pacientes com insuficiência cardíaca e verificar a relação com a capacidade funcional, a qualidade de vida e a força. Foi realizada uma pesquisa nas bases de dados: SciELO, PubMed, PEDro e BVS, utilizando os descritores: “insuficiência cardíaca”, “exercício resistido e aeróbico”, “cardiopatia”, “treinamento”, e seus correlatos na língua inglesa. Foram selecionados 6 artigos relacionados ao assunto para fundamentação neste estudo. Os artigos revisados comprovam que o treinamento resistido e aeróbico são exercícios de grande relevância para a população cardiopata, sendo uma modalidade muito eficiente quando se fala sobre a otimização da capacidade funcional, aumento da força muscular em membros inferiores e superiores e na qualidade de vida desses indivíduos.
Palavras-chave: Insuficiência Cardíaca, Exercício Resistido e aeróbico, Cardiopatia, Treinamento.
Abstract
Cardiovascular diseases are one of the main causes of morbidity and mortality in the world and their incidence is gradually increasing. Cardiac patients need muscular strength and resistance mainly to carry out daily activities and also to prevent sarcopenia. This study aims to carry out a literature review on the effects of combined exercises in patients with heart failure and verify the relationship with functional capacity, quality of life and strength. A search was carried out in the databases: SciELO, PubMed, PEDro and BVS, using the descriptors: “heart failure”, “resistance and aerobic exercise”, “cardiopathy”, “training”, and their correlates in the English language. 6 articles related to the subject were selected to support this study. The reviewed articles prove that resistance and aerobic training are exercises of great relevance for the heart disease population, being a very efficient modality when it comes to optimizing functional capacity, increasing muscular strength in the lower and upper limbs and quality of life for these individuals.
Keywords: Heart Failure, Resistance and aerobic exercise, Cardiopathy, Training.
1.INTRODUÇÃO
Hodiernamente, as doenças cardiovasculares são uma das principais causas de morbimortalidade no mundo e sua incidência vem aumentando de forma gradativa. Na adolescência alguns fatores de risco podem estar presentes até se tornarem adultos e por consequência aumentando a disposição do desenvolvimento das doenças cardiovasculares. As pessoas que lidam com a obesidade, diabetes, fumo, hipertensão, dislipidemias e que não praticam atividade física, tendem a aumentar o risco das doenças cardíacas. Contudo, a atividade física é um elemento de grande importância para a prevenção e também tratamento das várias doenças cardiovasculares. Os cardiopatas necessitam de força muscular e resistência principalmente para realizações de atividades diárias e também na prevenção da sarcopenia. Esta representa uma alteração na musculatura definida pela perda de massa muscular e diminuição da força, que acomete mais os idosos cardiopatas. (Franco; Matos, 2005; Stocker e Keaney, 2004).
Para prevenir ou tratar a sarcopenia, são indicados exercícios de força, também chamados de resistidos, que auxiliam no aumento de resistência e potência, melhoram a capacidade funcional, prevenindo e controlando uma grande variedade de patologias crônicas. Em pacientes cardiopatas, os exercícios resistidos promovem o aumento de massa muscular, a fim de otimizar a resposta do condicionamento aeróbico, aumento da densidade mineral óssea, favorecer a qualidade do tecido conjuntivo, aumento ou manutenção do ganho de massa magra, redução do risco de osteoporose, diabetes e controle da hipertensão arterial (Almeida; Araújo; Nunes, 2022, p. 3).
Os casos de pacientes com insuficiência cardíaca (IC) são de alta incidência na população, acometendo cerca de 23 milhões de pessoas no mundo, cerca de 1 a 2% são adultos e predominantemente, mulheres com 80 anos ou mais. A taxa de mortalidade chega aproximadamente a 12%, prevalecendo mais em homens negros (Freitas; Cirino, 2017, p.124).
,O quadro instalado de insuficiência cardíaca congestiva (ICC) pode ter efeitos deletérios na saúde em geral, capacidade física e funcional, incluindo a saúde muscular, proporcionando a instalação e progressão da sarcopenia. Esses pacientes podem acabar desenvolvendo a caquexia cardíaca que é uma síndrome de desnutrição grave associada à sarcopenia, que ocorre até 53% dos pacientes com ICC. Diversos mecanismos podem estar envolvidos, como a anorexia, as modificações na ingestão alimentar, as alterações na absorção dos nutrientes e o metabolismo anormal. Todos esses fatores parecem desempenhar papéis fundamentais para o desenvolvimento desta síndrome. (Andrade; Lameu; Braga, 2005, p. 220).
Em suma, os efeitos físicos relatados ocasionados pela ICC geram sintomas como: fadiga, dispneia aos esforços, fraqueza e limitações nas atividades da vida diária, sendo evidente que a redução do nível de atividade física na IC desencadeia um círculo vicioso, proporcionando aumento dos sintomas e da intolerância ao exercício. Neste sentido, os exercícios físicos são recomendados como estratégia terapêutica para atenuar os efeitos do descondicionamento físico e favorecer a qualidade de vida (Diretrizes de Reabilitação Cardiovascular, 2020).
Para a reabilitação cardiovascular, geralmente são mais utilizados exercícios aeróbicos que promovem melhora do condicionamento físico além de auxiliar no fortalecimento muscular, incluindo a musculatura do coração (miocárdio), garantido maior eficiência na função cardíaca. Além disso, segundo os autores Fox (1991); Pollock (1993); Villiger et al., (1995), Mcardle et al., (1998), Powers & Howley (2000), Wilmore & Costill (2001), Robergs & Roberts (2001) e Houston (2001), “por causa da utilização dos exercícios aeróbicos, pode ocorrer uma diminuição da pressão arterial em repouso, também mostram reduções significativas tanto na pressão sistólica, quanto na diastólica, sendo mais evidente a diminuição da pressão arterial sistólica”, favorecendo o controle pressórico e redução do duplo produto. Porém, os exercícios resistidos também podem ser de grande relevância, para aumentar a força e resistência muscular, o metabolismo, aumento do consumo máximo de oxigênio e melhora do débito cardíaco. Além disso, contribui no controle de fatores de riscos como hipertensão arterial, dislipidemia, sensibilidade à insulina, melhor controle do peso, prevenção de deficiências e quedas e aumento da capacidade funcional (Gonçalves; Pastre; Camargo; Vanderlei, 2012, p. 198).
2.INSUFICIÊNCIA CARDÍACA
A insuficiência cardíaca (IC) é decorrente de uma condição estrutural ou funcional em que o coração não consegue bombear o sangue suficiente para que atenda a demanda essencial que o corpo necessita, resultando em um débito cardíaco diminuído ou com elevadas pressões.
Essa anomalia é identificada pelos sintomas como a dispneia durante as atividades físicas ou até mesmo em repouso; fadiga e fraqueza; edema nos membros inferiores; ganho de peso repentino devido à retenção de líquidos; tosse persistente, especialmente à noite; dificuldade para dormir devido à falta de ar e aumento da frequência cardíaca ou palpitações, entretanto, há pacientes que podem apresentar anormalidades funcionais ou estruturais assintomáticas. (Dutra; Oscar, 2006).
O objetivo do tratamento para os pacientes portadores da IC inclui melhorar a capacidade funcional, reduzir a mortalidade, melhorar a qualidade de vida, aumento da proporção de fibras musculares do tipo I, melhora a relação ventilação-perfusão e a tolerância aos exercícios (Freitas; Cirino, 2017, p. 124).
Cardiopatia
A Organização Mundial da Saúde (OMS) apresenta as doenças cardiovasculares como a principal causa de morte em todo o mundo, no Brasil essas mortes chegaram a crescer em até 132% entre março e maio do ano de 2019 e 2020 por causa do COVID. Os cardiopatas estão no grupo de maior risco porque esses pacientes estão mais vulneráveis e o vírus pode comprometer ainda mais o sistema cardiovascular (Revista The Lance; 2020).
Existem muitos tipos de doenças cardíacas que causam danos em diferentes partes do órgão e de formas diferentes. O conceito de cardiopatia grave integra doenças cardíacas crônicas e também agudas. Cardiopatias agudas normalmente são rápidas em sua evolução, tornando-se crônicas, caracterizadas por perda da capacidade física e funcional do coração. Já a cardiopatia crônica, quando ultrapassa os limites de eficiência dos mecanismos de compensação, não impede o tratamento clínico e/ou cirúrgico adequado. Também tem a cardiopatia terminal que é uma cardiopatia grave em que a expectativa de vida está reduzida, não responde à terapia farmacológica ou ao suporte hemodinâmico externo (Dutra; Oscar, 2006).
A arritmia cardíaca é um dos tipos de cardiopatia em que ocorre impulsos elétricos que coordenam os batimentos cardíacos e não funcionam corretamente. Com isso faz o coração bater de uma maneira que não deveria, podendo ser muito rápido ou muito devagar. No entanto, quando mudam demais ou ocorrem por causa de um coração danificado ou fraco, precisam ser levados mais a sério e tratados. Também temos a doença arterial coronariana, que é quando as artérias coronárias ficam danificadas ou doentes, normalmente por causa dos depósitos de placas que contém colesterol. Essa obstrução nas artérias coronárias faz com que o coração não receba o oxigênio e nutrientes de forma adequada. (Dutra; Oscar, 2006).
Tendo em vista também o IAM, que é quando o fluxo sanguíneo é interrompido danificando ou até mesmo destruindo uma parte do músculo cardíaco. Normalmente isso acontece por causa de um coágulo sanguíneo que se desenvolve em uma das artérias coronárias. As cardiopatias além de gerar um desgaste físico e emocional, podem ainda trazer grandes limitações físicas, no desenvolvimento das suas funções do dia a dia e no trabalho, dependendo da gravidade da doença que esteja relacionada. Em quadros mais graves, os pacientes podem desenvolver muita arritmia, extrassistoles e taquicardia sinusal (Lima; Luiza, 2016).
Exercícios aeróbicos na cardiopatia
A prática diária de exercícios pode contribuir controlando a diabetes, níveis de colesterol e triglicérides e também para prevenir ou também controlar doenças cardíacas, porém os pacientes que já possuem determinadas cardiopatias devem ficar atentos. As prescrições de exercícios para esses pacientes devem ser individualizadas, de acordo com a necessidade de cada um porque alguns tipos de atividade física podem piorar a situação do paciente, em vez de beneficiá-los. (Hossri; Carlos, 2017).
Os pacientes que possuem cardiomiopatia hipertrófica necessitam ser mais cautelosos ao executar determinados exercícios físicos sendo que a doença requer mais restrições porque até para realizar atividades como ioga e pilates pode ter alguma restrição, porque existem exercícios e posições que podem gerar instabilidade elétrica do coração, arritmias graves o que podem agravar a saúde desses pacientes (Hossri; Carlos, 2017).
Os exercícios aeróbicos são aqueles que envolvem grandes grupos de massa muscular, sendo ideais para pacientes cardiopatas porque esse tipo de exercício melhora o consumo máximo de oxigênio, aumenta a capacidade funcional de forma mais eficaz e também altera os fatores de riscos associados à DAC. O costume de praticar exercícios é de grande importância para melhorar o condicionamento funcional, aumentar a capacidade física e cardiorrespiratória, diminuir a frequência cardíaca, a pressão arterial de repouso e sem falar do aumento nos níveis do HDL e diminuição de triglicerídeos (Silva, Paula; 2018).
Exercícios resistidos
Em cardiopatas, a perda de massa muscular é bastante comum, por isso os exercícios resistidos (ER) são de grande relevância, pois promovem o aumento da força e potência dos músculos. Esses exercícios demonstram grande eficiência e são considerados bastante seguros dependendo da forma que o profissional prescreve para o paciente. (Pastre et al; 2012).
Nesse grupo, há alta prevalência de fatores de risco cardiovasculares, grandes índices de mortalidade, baixo nível de capacidade funcional e por conta da falta de força muscular e resistência, ocorre o aumento do risco de sofrerem lesões por causa das quedas (Silva, Paula; 2018).
Grande parte das nossas atividades do dia a dia incluem atividades como levantar, sentar, descer escadas, carregar algum tipo de peso e essas atividades requerem força muscular, consequentemente acabam gerando um estresse na musculatura e somando a isso muitos pacientes cardiopatas dispõe de uma fraqueza muscular e uma redução na força necessária para conseguir realizar essas atividades. Sendo assim, recomenda-se por meio dos ER, o ganho de massa muscular, a fim de melhorar a endurance muscular, melhorar o metabolismo e função cardiovascular, aumento da densidade mineral óssea, redução do risco de osteoporose, diabetes, controle da hipertensão arterial e melhora do bem-estar geral. (Pastre et al; 2012).
3.METODOLOGIA
Este estudo objetivou conhecer os efeitos do treino combinado em pacientes com insuficiência cardíaca, através de uma revisão bibliográfica. Foi realizada uma busca entre os meses de setembro de 2023 a outubro de 2023, partir das bases de dados online, SciELO (Cientifico Eletronic Library Online), Biblioteca Virtual em Saúde (BVS) e PUBMED (National Library of Medicine). De acordo com os descritores em ciências da saúde (DeCS) e Medical Subject Headings (MeSH): ‘’exercício combinado para cardiopatas’’, ‘’exercício combinado para insuficiência cardíaca’’, ‘’efeitos do exercício combinado em cardiopatas’’, ‘’exercício resistido em cardiopatas’’, ‘’exercício aeróbico em cardiopatas’’, ‘’exercício para insuficiência cardíaca’’, e seus respectivos em inglês: ‘’combined exercise for heart disease’’, ‘’combined exercise for heart failure’’ ‘’effects of combined exercise for cardiac patients’’. ‘’resistance exercise for heart disease’’, ‘’aerobic exercise for cardiac patients’’, ‘’exercise for heart failure’’ conectados pelo operador booleano “AND” no intuito de encontrar a maior quantidade de estudos sobre o tema.
Foram incluídos artigos sobre o tema, com um recorte temporal de 10 anos, originais, disponibilizados na íntegra, publicados em língua portuguesa e inglesa, que abordam treinamento resistido associado ao treinamento aeróbico, em pacientes com insuficiência cardíaca. Entre os critérios de exclusão estão: artigos incompletos, trabalhos que estejam fora do tema supracitado. Para seleção dos estudos elegíveis foi realizada a leitura dos títulos e resumos, em sequência, a leitura dos artigos na íntegra, considerando os critérios propostos nas etapas da análise.
4.RESULTADOS E DISCUSSÕES OU ANÁLISE DOS DADOS
Depois da realização das pesquisas nos bancos de dados e a utilização dos critérios de exclusão temporal foram encontrados 1.053 artigos que foram divididos da seguinte maneira: 131 na SciELO, 499 na BVS, 423 na PubMed. Após a realização da leitura dos títulos, 269 tinha fuga total do tema e apenas 18 foram selecionados para a leitura do resumo. Por fim, 6 artigos foram considerados elegíveis para compor os resultados desse estudo pois atendiam os critérios definidos. Os descritores utilizados na busca foram descritos no quadro A. O processo de seleção dos resultados de busca nas bases de dados foi demostrado no fluxograma 1. As principais características dos estudos selecionados encontram-se no quadro B, os dados obtidos através da revisão bibliográfica foram organizados considerando o autor, tipo de estudo, objetivo, métodos e resultados. A partir disso, realizou-se a discussão dos resultados.
De acordo com os estudos listados no quadro B, pode-se confirmar a eficácia dos efeitos resistidos e aeróbicos em pacientes cardiopatas portadores de IC. Todas as pesquisas foram realizadas com pacientes adultos que possuíam insuficiência cardíaca.
Quadro A – Fonte e descritores usados
Fluxograma 1 – Resultados da busca nas bases de dados
No estudo de Silva et al., (2018) foi observado que ambos os exercícios, aeróbico e de resistência promovem benefícios relacionados a aptidão física, sendo que o exercício aeróbico melhora o consumo de oxigênio (VO2max), capacidade funcional, além de modificar os fatores de riscos relacionados à doença. Já o treinamento resistido oferece maior desenvolvimento de força muscular, resistência e massa muscular, auxiliando na função cardíaca e na manutenção da taxa metabólica basal. Além de melhorar a qualidade de vida e o prognóstico.
Também foi analisada a eficácia de um programa de reabilitação cardíaca a curto prazo em pacientes cardiopatas em um estudo realizado na Faculdade de Educação Física e Fisioterapia da Universidade de Passo Fundo. Após 24 sessões de RC, compostas por exercícios aeróbicos e resistidos, realizadas 3x por semana, por 60 minuto. Foi comprovado melhora da capacidade funcional do paciente com aumento da duração e velocidade do exercício, do VO2 máx, melhora na ventilação com aumento do volume minuto expirado, aumento da força dos músculos extensores de quadril (quadríceps femoral) e melhora da qualidade de vida.
Segundo o estudo de Gomes et al., (2016), o treinamento combinado promove diversos benefícios para os pacientes sendo que os participantes da pesquisa apresentaram uma melhora significante na sua capacidade funcional, com diminuição das variáveis pressão arterial sistólica (PAS), frequência cardíaca (FC), no duplo produto de repouso, duplo produto submáximo, consumo de oxigênio pelo miocárdio (MVO2) de repouso e MVO2 submáximo e aumento da capacidade aeróbica ( VO2 máximo) e na distância percorrida durante 6 minutos.
De acordo com o estudo de Porto et al., (2007) foi realizado com a duração de sessenta dias, foi constatado a melhora da qualidade de vida, melhora da capacidade física dos pacientes, incluindo aumento do VO2 máx, diminuição do DP e diminuição dos sintomas decorrentes da cardiopatia e percepção do esforço, comprovando a eficácia dos exercícios combinados a curto prazo de forma supervisionada.
Nos resultados encontrados por Barchur et al., (2009) considerando o tipo de exercício utilizado, a associação de exercícios resistidos e aeróbicos promove muitos benefícios aos pacientes cardíacos. A introdução de exercícios resistidos melhora a endurance muscular, função cardiorrespiratória e metabolismo dos pacientes. Mas os exercícios resistidos pode acarretar em um aumento maior da PAD em comparação ao exercício aeróbico, trazendo benefícios somente a pacientes que já realizam um exercício aeróbico associando posteriormente ao treinamento resistido como forma de progressão.
Um estudo realizado por Tavares et al., (2013), comprovou que os exercícios supervisionados trazem mais benefícios do que os exercícios semi-supervisionados, mantendo a mesma frequência, realizando os exercícios 2x na semana por pelo menos 30 minutos durante 6 meses e sendo o mesmo tipo de exercícios combinados, os 2 grupos apresentaram resultados positivos mas diferentes, sendo que o grupo supervisionado demonstrou uma melhor percepção da qualidade de vida comparada ao outro grupo, considerando os aspectos emocionais, sociais e físicos.
A realização de exercícios combinados pode estar limitada por conta da existência de sinais e sintomas e diminuição da capacidade funcional destes, mas, se realizado de forma adequada, em intensidades ajustadas às condições dos pacientes, a realização de exercícios resistidos associados a exercícios aeróbicos não demonstra riscos aos pacientes, mas promove benefícios, como ganho de força muscular e prevenção da sarcopenia.
Entre as décadas de 70 e 80, os pacientes com IC eram recomendados a ficarem de repouso visto que os médicos tinham receio que a atividade física pudesse sobrecarregar a função cardiovascular. Com o passar dos anos foi percebido que a maioria das nossas atividades do dia a dia exige força muscular, podendo gerar um estresse sobre o sistema musculoesquelético e muitos pacientes cardiopatas não possuem força para realizar essas atividades diárias.
Os artigos revisados comprovam que o treinamento aeróbico e resistido são exercícios de grande importância para a população cardiopata porque essas modalidades mostraram–se eficientes para aumentar a força muscular dos membros superiores e inferiores, o que facilitou a realização de atividades diárias. Além disso, houve um aumento na capacidade funcional, o que permitiu que os pacientes se engajassem em atividades mais vigorosas sem sentir falta de ar ou fadiga. A participação em programas de treinamento proporcionou uma sensação de autoeficácia e controle sobre a doença, além de melhorar o estado emocional e a autoestima. Os pacientes relataram uma melhora na qualidade de vida relacionada à saúde, incluindo a capacidade de realizar atividades cotidianas com mais facilidade e menos sintomas de insuficiência cardíaca.
Os benefícios desses exercícios além de controlar os fatores de risco das doenças cardiovasculares como hipertensão arterial, dislipidemia, sensibilidade à insulina, melhor controle do peso, prevenção de deficiências e quedas, gerou aumento da capacidade funcional. O treinamento de força (TR) e treino aeróbico em programas de reabilitação cardíaca produzem efeitos no bem-estar geral do paciente, porque auxiliam na melhora do metabolismo, da função cardiovascular, evidenciada a partir de aumento do consumo máximo de oxigênio e melhora do débito cardíaco e significante redução da percepção do esforço para atividades submáximas. Os pacientes demostraram um grande aumento na capacidade em realizar as atividades diárias com mais facilidade, além da melhora na qualidade de vida relacionada à saúde e a diminuição dos sintomas da insuficiência cardíaca.
Os exercícios combinados são de grande importância pois combatem os maléficos da insuficiência cardíaca, além disso, o programa de reabilitação foi desenvolvido com o intuito de possibilitar que esses pacientes consigam realizar suas atividades diárias de forma independente, aumentar a resistência ao realizar alguma atividade que exija mais esforço, além de aumentar o ganho de massa o que é muito importante para prevenir a sarcopenia.
5. CONCLUSÃO/CONSIDERAÇÕES FINAIS
Através do levantamento bibliográfico foi possível concluir que o treinamento resistido associado ao aeróbico são modalidades muito eficientes quando se fala sobre a melhora da capacidade funcional, aumento da força muscular em membros inferiores e superiores e na qualidade de vida desses indivíduos cardiopatas. A reabilitação cardiovascular supervisionada em longo prazo mostrou-se mais efetiva para esses pacientes, trazendo efeitos mais significativos. Não podemos deixar de citar o fato de que essas modalidades são consideradas muito seguras para esses pacientes, uma vez que todos os artigos selecionados afirmam boa tolerância de seus voluntários ao longo do período de treinamento e ausência de eventos ou complicações cardiovasculares. Além disso, o TF deve ser realizado com base em avaliações prévias de cada paciente, de forma individualizada e só deve ser prescrita por um profissional especializado na área e com conhecimentos relacionados à condição do mesmo.
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¹Discente do Curso Superior de Fisioterapia do Instituto Faculdade de Ilhéus Campus CESUPI e-mail: priscilafisio1503@gmail.com
²Docente do Curso Superior de Fisioterapia do Instituto Faculdade de Ilhéus/BA, Fisioterapeuta Intensivista Especialista (ASSOBRAFIR). e-mail: pborgesfisio@gmail.com