EFEITOS DOS EXERCÍCIOS COMBINADOS EM PACIENTES COM INSUFICIÊNCIA CARDÍACA: REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

EFFECTS OF COMBINED EXERCISE IN PATIENTS WITH HEART FAILURE: A LITERATURE REVIEW

REGISTRO DOI: 10.5281/zenodo.10156880


Priscila Santos Pereira1
Priscila Santos Borges Aguiar2


RESUMO

Objetivo: Realizar uma revisão bibliográfica sobre os efeitos dos exercícios combinados em pacientes com insuficiência cardíaca. E justifica-se de acordo com a necessidade de averiguar os efeitos proporcionados pelos exercícios resistidos em pacientes cardiopatas verificando a relação à capacidade funcional, a qualidade de vida e a força. Resultados e Discussão: Foram selecionados 6 artigos relacionados ao assunto para fundamentação neste estudo. Os artigos revisados comprovam que o treinamento resistido e aeróbico são exercícios de grande importância para a população cardiopata. Conclusão: Conclui-se que o treinamento combinado é uma modalidade muito eficiente quando se fala sobre a melhoria da capacidade funcional, aumento da força muscular em membros inferiores e superiores e na qualidade de vida desses indivíduos cardiopatas.

Palavras-chave: Insuficiência Cardíaca, Exercício Resistido e aeróbico, Cardiopatia, Treinamento.

ABSTRACT

Introduction: Cardiovascular diseases are one of the main causes of morbidity and mortality in the world and their incidence is gradually increasing. Patients with heart disease need muscle strength and endurance mainly to carry out daily activities and also to prevent sarcopenia. Objective: To carry out a literature review on the effects of combined exercise in patients with heart failure. It is justified by the need to ascertain the effects of resistance exercise in patients with heart disease, verifying the relationship between functional capacity, quality of life and strength. Results and Discussion: 6 articles related to the subject were selected as the basis for this study. The articles reviewed show that resistance training and aerobic exercise are of great importance for people with heart disease. Conclusion: It can be concluded that combined training is a very efficient modality when it comes to improving functional capacity, increasing muscle strength in the lower and upper limbs and the quality of life of these individuals with heart disease.

Keywords: Heart Failure, Resistance and aerobic exercise, Cardiopathy, Training.

1. INTRODUÇÃO

Hodiernamente, as doenças cardiovasculares são uma das principais causas de morbimortalidade no mundo e sua incidência vem aumentando de forma gradativa.

Na adolescência alguns fatores de risco podem estar presentes até se tornarem adultos e por consequência aumentando a disposição do desenvolvimento das doenças cardiovasculares. As pessoas que lidam com a obesidade, Diabetes, fumo, hipertensão, alterações no colesterol e que não praticam atividade física tendem a aumentar o risco das doenças cardíacas (Franco e Matos, 2005; Stocker e Keaney, 2004: pág. 2).

Contudo, a atividade física é um elemento de grande importância para a prevenção e também tratamento das várias doenças cardiovasculares. Os cardiopatas necessitam de força muscular e resistência principalmente para realizações de atividades diárias e também na prevenção da sarcopenia. Esta representa uma alteração na musculatura definida pela falta de massa muscular e diminuição da força, que acomete mais os idosos cardiopatas.

Para prevenir ou tratar a sarcopenia, são indicados exercícios de força, também chamados de resistidos, que auxiliam no aumento de resistência e potência, melhora a capacidade funcional, prevenindo e controlando uma grande variedade de patologias crônicas. Em pacientes cardiopatas, os exercícios resistidos promovem o aumento de massa muscular, a fim de promover otimização da resposta do condicionamento aeróbico, aumento da densidade mineral óssea, melhora a qualidade do tecido conjuntivo, aumento ou manutenção do ganho de massa magra, redução do risco de osteoporose, diabetes e controle da hipertensão arterial (Almeida, Araújo, Nunes; 2022; pág. 3).

Os casos de pacientes com insuficiência cardíaca (IC) são de alta incidência na população, acometendo cerca de 23 milhões de pessoas no mundo, cerca de 1 a 2% são adultos e a predominância maior são nas mulheres com 80 anos ou mais. Por mais que a prevalência seja com as mulheres, elas permanecem na maioria por causa do índice de expectativa de vida no sexo feminino ser maior do que no sexo. A taxa de mortalidade chega aproximadamente 12% prevalecendo mais em homens negros (Freitas, Cirino; 2017; pág. 124)

Para a reabilitação cardiovascular geralmente são mais utilizado exercícios aeróbicos porque ajuda a fortalecer os músculos, incluindo o coração porque ele também é um musculo, além disso, segundo os autores (Fox,1991; Pollock,1993; Villiger et al (1995), Mcardle et al (1998), Powers & Howley (2000), Wilmore & Costill (2001), Robergs & Roberts (2001) e Houston (2001) afirmam que por causa da utilização dos exercícios aeróbicos, pode ocorrer uma diminuição da pressão arterial em repouso, também mostram reduções significativas tanto na pressão sistólica, quanto na diastólica, sendo mais evidente a diminuição da pressão arterial sistólica.

Com isso, melhorando contundentemente o fluxo sanguíneo nesses pacientes, porém os exercícios resistidos também podem ser de grande importância para aumentar a força e resistência muscular, do metabolismo, da função cardiovascular, aumento do consumo máximo de oxigênio e melhora do débito cardíaco. Além disso, contribui no controle de fatores de riscos como hipertensão arterial, dislipidemia, sensibilidade à insulina, melhor controle do peso, prevenção de deficiências e quedas e aumento da capacidade funcional (Gonçalves, Pastre, Camargo, Vanderlei; 2012, pág. 198).

Nos casos de insuficiência cardíaca congênita (ICC) pode ter efeitos deletérios na saúde em geral, incluindo a saúde muscular, podendo contribuir para a sarcopenia. E como já foi citado anteriormente, a sarcopenia é uma perda de massa muscular e força muscular que ocorre naturalmente com o envelhecimento, mas a insuficiência cardíaca congênita pode acelerar esse processo e agravar seus efeitos. Esses pacientes podem acabar desenvolvendo a caquexia cardíaca que é uma síndrome de desnutrição grave que ocorre em até 53% dos pacientes com ICC. Diversos mecanismos podem estar envolvidos na caquexia cardíaca, como a anorexia, as modificações na ingestão alimentar, as alterações na absorção dos nutrientes e o metabolismo anormal. Todos esses fatores parecem desempenhar papéis fundamentais para o desenvolvimento desta síndrome. (Andrade, Lameu, Braga; 2005, pág. 220)

Este estudo apontará a contribuição do exercício combinado nas respostas cardiovasculares e também os benefícios desses exercícios em pacientes com insuficiência cardíaca. O presente projeto tem como objetivo realizar uma revisão bibliográfica sobre os efeitos dos exercícios combinados. E justifica-se de acordo com a necessidade de averiguar os efeitos proporcionados pelos exercícios combinados em pacientes cardiopatas verificando a relação à capacidade funcional, a qualidade de vida, a força, visto que, a prática de exercícios pode contribuir com o controle de risco entre as doenças cardiovasculares acredita-se que o exercício regular tem um efeito favorável em muitos dos riscos dessas doenças cardiovasculares (Campos et al, 2018).

2. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA OU REVISÃO DA LITERATURA

REFERENCIAL TEÓRICO/INSUFICIÊNCIA CARDÍACA

A insuficiência cardíaca (IC) é decorrente de uma condição estrutural ou funcional em que o coração não consegue bombear o sangue suficiente para que atenda a demanda essencial que o corpo necessita, resultando em um débito cardíaco diminuído ou com elevadas pressões.

Essa anomalia é identificada pelos sintomas como a dispneia durante as atividades físicas ou até mesmo em repouso; fadiga e fraqueza; edema nos membros inferiores; ganho de peso repentino devido à retenção de líquidos; tosse persistente, especialmente à noite; dificuldade para dormir devido à falta de ar e aumento da frequência cardíaca ou palpitações. Entretanto, há pacientes que podem apresentar anormalidades funcionais ou estruturais assintomáticas.

O objetivo do tratamento para os pacientes portadores da IC inclui melhorar a capacidade funcional, reduzir a mortalidade, melhorar a qualidade de vida, aumento da proporção de fibras musculares do tipo I, melhora a relação ventilação-perfusão e a tolerância aos exercícios (Freitas, Cirino; 2017; pág. 124).

O exercício físico utilizado para tratamento deve ser prescrito somente se os pacientes estiverem estáveis no período mínimo de 30 dias e realizarem um teste ergométrico para verificar se o mesmo possui a capacidade física para realizar exercícios físicos. (Ferraz, Júnior; 2006; pág.4)

CARDIOPATIA

A Organização Mundial da Saúde (OMS) apresenta as doenças cardiovasculares como a principal causa de morte em todo o mundo, no Brasil essas mortes chegaram a crescer em até 132% entre março e maio do ano de 2019 e 2020 por causa do COVID, os cardiopatas estão no grupo de maior risco porque esses pacientes estão mais vulneráveis e o vírus pode comprometer ainda mais o sistema cardiovascular (Revista The Lance;2020).

Existem muitos tipos de doenças cardíacas que causam danos em diferentes partes do órgão e de formas diferentes. O conceito de cardiopatia grave integra doenças cardíacas crônicas e também agudas. Cardiopatias agudas normalmente são rápidas em sua evolução, tornando-se crônicas, caracterizadas por perda da capacidade física e funcional do coração. Já a cardiopatia crônica, quando ultrapassam os limites de eficiência dos mecanismos de compensação, não impede o tratamento clínico e/ou cirúrgico adequado. Também tem a cardiopatia terminal que é uma cardiopatia grave em que a expectativa de vida está reduzida, não responde à terapia farmacológica ou ao suporte hemodinâmico externo (Dutra, Oscar; 2006).

A arritmia cardíaca é um dos tipos de cardiopatia em que ocorre impulsos elétricos que que coordenam os batimentos cardíacos e não funcionam corretamente. Com isso faz o coração bater de uma maneira que não deveria, podendo ser muito rápido ou muito devagar. No entanto, quando mudam demais ou ocorrem por causa de um coração danificado ou fraco, precisam ser levados mais a sério e tratados. Também temos a doença arterial coronariana, que é quando as artérias coronárias ficam danificadas ou doentes, normalmente por causa dos depósitos de pacas que contém colesterol, essa obstrução nas artérias coronárias faz com que o coração não receba o oxigênio e nutrientes de forma adequada.

Tendo em vista também o IAM ou ataque cardíaco é quando o fluxo sanguíneo é interrompido danificando ou até mesmo destruindo uma parte do músculo cardíaco. Normalmente isso acontece por causa de um coágulo sanguíneo que se desenvolve em uma das artérias coronária. As cardiopatias além de gerar um desgaste físico e emocional, pode ainda trazer grandes limitações físicas, no desenvolvimento das suas funções do dia a dia e no trabalho, dependendo da gravidade da doença que esteja relacionada. Umas das sequelas associada aos quadros mais graves os pacientes sentem muita arritmia, extrassistoles e taquicardia sinusal que são batimentos que vai além do normal (Lima, Luiza; 2016).

EXERCÍCIOS AEROBICOS NA CARDIOPATIA

A prática diária de exercícios pode contribuir controlando a diabetes, níveis de colesterol e triglicérides e também para prevenir ou também controlar doenças cardíacas, porém os pacientes que já possuem determinadas cardiopatias devem ficar atentos. As prescrições de exercícios para esses pacientes devem ser individualizadas, de acordo com a necessidade de cada um porque alguns tipos de atividade física podem piorar a situação do paciente em vez de beneficiá-los.

Aqueles pacientes que já infartaram só podem realizar exercício físico após 60 dias, normalmente o correto antes de começar a realizar esses exercícios é fazer exames cardiológicos como um ecocardiograma e um teste ergométrico, com a finalidade de ver o condicionamento físico desse paciente e analisar o funcionamento do coração. Para iniciar, o ideal seria que pacientes que já sofreram infarto e também pacientes portadores de doença arterial coronariana realizassem exercícios aeróbicos, como andar de bicicleta ou até mesmo caminhar, o benefício desses exercícios é aumentar a capacidade cardiorrespiratória, elevando a oferta de oxigênio e diminuindo o consumo do gás pelo coração (Souza, Jomar; 2013).

Os pacientes que possuem cardiomiopatia hipertrófica necessitam ser mais cautelosos ao realizar determinadas atividades físicas visto que a doença exige mais restrições porque até para atividades como ioga e pilates pode haver alguma restrição, pois existem exercícios e posições podem gerar instabilidade elétrica do coração, arritmias graves podendo agravar a saúde desses pacientes (Hossri, Carlos; 2017).

Os exercícios aeróbicos são aqueles que envolvem grandes grupos de massa muscular, também é ótimo para pacientes cardiopatas porque esse tipo de exercício melhora o consumo de oxigênio, aumenta a capacidade funcional de forma mais eficaz e também altera os fatores de riscos associados à DAC. O costume de praticar exercícios é de grande importância para melhorar o condicionamento funcional, aumentar a capacidade física e cardiorrespiratória, diminuir a frequência cardíaca, da pressão arterial de repouso e sem falar do aumento nos níveis do bom colesterol (HDL) e diminuição de triglicerídeos (Silva, Paula; 2018).

EXERCÍCIO RESISTIDO

Na população cardíaca, a perda de massa muscular é bastante comum, por isso os exercícios resistidos (ER) são de grande relevância, pois promove o aumento da força e potência dos músculos, esses exercícios demonstram grande eficiência e é considerado bastante seguro dependendo da forma que o profissional prescreve para esse paciente.

Os pacientes cardiopatas demonstram alta prevalência de fatores de risco cardiovasculares, grandes índices de mortalidade, também apresentam baixo nível de capacidade funcional e por conta da falta de força muscular e resistência ocorre o aumento do risco de sofrerem lesões por causa das quedas (Revista Brasileira de Fisiologia do Exercício; 2018).

Grande parte das nossas atividades do dia a dia inclui atividades como levantar, sentar-se, descer escadas, carregar algum tipo de peso e essas atividades requerem força muscular, consequentemente acaba gerando um estresse na musculatura e somando a isso muitos pacientes cardiopatas dispõe de uma fraqueza muscular e uma redução na força necessária para conseguir realizar essas atividades. Sendo assim, recomenda-se por meio dos ER o ganho de massa muscular em cardiopatas a fim de melhorar a endurance muscular, melhora o metabolismo e função cardiovascular, também ocorre o aumento da densidade mineral óssea, redução do risco de osteoporose, diabetes, controle da hipertensão arterial e melhoria do bem-estar geral.

3. METODOLOGIA

Este estudo objetiva conhecer os efeitos do treino combinado em pacientes com insuficiência cardíaca, através de uma revisão integrativa da literatura. Será realizada uma busca entre os meses de setembro de 2023 a outubro de 2023, partir das bases de dados online, SciELO (Científico Eletronic Library Online), Biblioteca Virtual em Saúde (BVS) e PUBMED (National Library of Medicine). De acordo com os descritores em ciências da saúde (DeCS) e Medical Subject Headings (MeSH): ‘’exercício combinado para cardiopatas’’, ‘’exercício combinado para insuficiência cardíaca’’, ‘’efeitos do exercício combinado em cardiopatas’’, ‘’exercício resistido em cardiopatas’’, ‘’exercício aeróbico em cardiopatas’’, ‘’exercício para insuficiência cardíaca’’, e seus respectivos em inglês: ‘’combined exercise for heart disease’’, ‘’combined exercise for heart failure’’ ‘’effects of combined exercise for cardiac patients’’. ‘’resistance exercise for heart disease’’, ‘’aerobic exercise for cardiac patients’’, ‘’exercise for heart failure’’ conectados pelo operador booleano “AND” no intuito de encontrar a maior quantidade de estudos sobre o tema.

Foram incluídos artigos sobre o tema, com um recorte temporal de 10 anos, originais, disponibilizados na íntegra, publicados em língua portuguesa e inglesa, que abordem treinamento resistido associado ao treinamento aeróbico, em pacientes com insuficiência cardíaca. Entre os critérios de exclusão estão: artigos incompletos, trabalhos que estejam fora do tema supracitado. Para seleção dos estudos elegíveis inicialmente será realizada a leitura dos títulos e resumos, em sequência, a leitura dos artigos na íntegra, considerando os critérios propostos nas etapas da análise.

4. RESULTADOS E DISCUSSÕES OU ANÁLISE DOS DADOS

Depois da realização das pesquisas nos bancos de dados e a utilização dos critérios de exclusão temporal foram encontrados 1.053 artigos que foram divididos da seguinte maneira: 131 na Scielo, 499 na BVS, 423 na PubMed. Após a realização da leitura dos títulos, 269 tinha fuga total do tema e apenas 18 foram selecionados para a leitura do resumo. Por fim, 5 artigos foram considerados elegíveis para compor os resultados desse estudo pois atendiam os critérios definidos. Os descritores utilizados na busca foram descritos no quadro A. O processo de seleção dos resultados de busca nas bases de dados foi demostrado no fluxograma 1. As principais características dos estudos selecionados encontram-se no quadro B, os dados obtidos através da revisão bibliográfica foram organizados considerando o autor, tipo de estudo, objetivo, métodos e resultados. A partir disso, realizou-se a discussão dos resultados.

Após o processo de análise dos trabalhos, foram encontrados 6 estudos: (Silva et al.2018; Calegari et al. 2017; Gomes et al, 2016; Porto et al, 2007; Bachur et al, 2009), onde todos abordavam sobre os efeitos dos exercícios combinados em cardiopatas, voltado aos pacientes com insuficiência cardíaca, sendo que todos são estudos de casos que tem o objetivo de identificar os efeitos dos exercícios combinados.

De acordo com os estudos listados no quadro B, pode-se confirmar a eficácia dos efeitos resistidos e aeróbicos em pacientes cardiopatas portadores de IC. Todas as pesquisas foram realizadas com pacientes adultos que possuíam insuficiência cardíaca.

Quadro A – Fonte e descritores usados

FonteDescritores usados


PubMed
Combined exercise for heart disease Combined exercise for heart failure Effects of combined exercise for cardiac patients resistance exercise for heart disease aerobic exercise for cardiac patients exercise for heart failure


BVS
Combined exercise for heart disease Combined exercise for heart failure Effects of combined exercise for cardiac patients resistance exercise for heart disease aerobic exercise for cardiac patients exercise for heart failure


Scielo
Combined exercise for heart disease Combined exercise for heart failure Effects of combined exercise for cardiac patients resistance exercise for heart disease aerobic exercise for cardiac patients exercise for heart failure

Fonte: do autor (2023)

Fluxograma 1 – Resultados da busca nas bases de dados

Fonte: Do Autor (2023).

Quadro B – Principais características dos estudos incluídos

AUTORDESENHOOBJETIVOSMÉTODOSRESULTADOS
Silva et al.2018Estudo qualitativoO objetivo deste estudo foi verificar os efeitos proporcionados pelos exercícios aeróbico e resistido em pacientes cardiopatas com relação à capacidade funcional, força muscular e qualidade de vida.Foram analisados o TC6’, o teste de 10 repetições máximas e o questionário de qualidade de vida SF 36, em 25 cardiopatas de ambos os sexos, divididos em três grupos. Os programas foram realizados por um período de 8 semanas, com frequência de 3 vezes por semana e duração de 50 minutos cada sessão.Os resultados comprovaram que o treinamento combinado (aeróbico e resistido) proporciona melhora na aptidão cardiorrespiratória, sendo fundamental em um programa de reabilitação cardíaca.
Calegari et al. 2017Estudo randomizado aplicado.Avaliar os efeitos de um programa de exercícios aeróbicos e fortalecimento sobre a aptidão cardiorrespiratória, o pico de torque dos flexores e extensores de joelho e a qualidade de vida de pacientes com IC.Estudo prospectivo, com avaliação pré e pós-reabilitação cardiovascular (RCV) de sete pacientes, com idade de 61 ± 6 anos, classe funcional II e III e fração de ejeção do ventrículo esquerdo 45,4 ± 2,3%. O programa de RCV consistiu em 24 sessões de 60 minutos com treinamento aeróbico na intensidade do limiar de anaerobiose (LA) e fortalecimento dos membros inferiores usando caneleiras de 3 a 5 kg. No início e após RCV os pacientes realizaram prova de esforço, dinamometria isocinética do joelho dominante e responderam o questionário WHOQOL-bref.Após RCV, o tempo de exercício para atingir o LA foi atrasado (p= 0,04) e houve aumento significativo no consumo de oxigênio (VO2) (p < 0,01), da frequência cardíaca (FC) (p= 0,04), pulso de oxigênio (VO2/FC) (p = 0,02) e ventilação (VE) (p = 0,01) na intensidade do LA. Houve aumento do pico de torque dos músculos extensores de joelho (p = 0,02) e melhora significativa do domínio psicológico (p = 0,04) do questionário de qualidade de vida.
Gomes et al, 2016Estudo de casoAcompanhar os parâmetros cardiovasculares e funcionais de pacientes cardiopatas submetidos à reabilitação cardiovascular durante 3 anos.Trata-se de um estudo retrospectivo, no qual foram incluídos 11 pacientes submetidos a programa de reabilitação cardiovascular supervisionada por 3 anos. Os dados foram coletados de prontuários referentes às avaliações realizadas ao final do primeiro e do terceiro ano de reabilitação, realizada 2x/semana, sendo 60 minutos por sessão.Os pacientes apresentaram aumento na distância percorrida no teste de caminhada de 6 minuto. O treinamento resistido e aeróbico deve ser contínuo, para que seus benefícios sejam sustentados e potencializados. O treinamento físico contínuo melhorou a capacidade funcional dos pacientes. O acompanhamento a longo prazo de pacientes cardiopatas em reabilitação supervisionada é eficaz no controle de fatores de risco nessa população.
Porto et al, 2007Estudo de casoTem por objetivo identificar os efeitos do TR e a sua importância em pacientes com IC.Foram convidados para o estudo 28 indivíduos, dos quais apenas 21 estavam aptos a participar do protocolo. Esses indivíduos foram distribuídos em dois grupos: grupo I, composto por 13 indivíduos, todos com diagnóstico de insuficiência cardíaca em classe funcional III; e grupo II, formado por 8 indivíduos sedentários e sadios. Ambos os grupos fizeram reabilitação cardíaca, sendo no grupo I supervisionada e no grupo II, semi-supervisionada.Ambos os grupos apresentaram melhora do consumo máximo de oxigênio, sendo significante quando comparada pré e após 30 dias. Quanto ao tempo de teste máximo, os dois grupos apresentaram melhora semelhante, embora o grupo II não tenha apresentado melhora para essas variáveis após 60 dias. No grupo I, foi observada melhora significante da frequência cardíaca e da sensação de dispneia na isocarga (p > 0,01), e no pico do exercício (segundo a escala de Borg) também se manteve inferior (p > 0,05), tendo sido registrada redução do duplo produto, embora não-significante. A reabilitação cardíaca melhorou a capacidade funcional e reduziu a sensação de dispneia. A reabilitação cardíaca pelo método supervisionado mostrou-se mais eficaz e efetiva que a modalidade semi-supervisionada.
Bachur et al, 2009Estudo de casoComparar as respostas de frequência cardíaca (FC) e de pressão arterial (PA) em repouso, decorrentes do treinamento aeróbio e de resistência elástica realizados em diferentes momentos.Foram estudados 9 indivíduos do sexo masculino, cardiopatas, incluídos em programa de reabilitação cardiovascular, com idade média de 63±5,05 anos. Todos foram submetidos a um total de 12 sessões de exercícios aeróbios na bicicleta ergométrica, três vezes por semana, durante 50 minutos, intensidade 60% da frequência cardíaca máxima. Após as 12 sessões de treinamento aeróbio, os indivíduos foram submetidos à avaliação de força inicial para dar início ao treinamento de resistência elástica com Thera-band.Quando comparado o treinamento aeróbio com o de resistência elástica, analisados em repouso, não se observou diferença na FC (69±8bpm vs. 69±8,09bpm, p=0,87) e na PAS (121±8,92mmHg vs. 123±7,05mmHg, p=0,36), respectivamente; porém verificou-se aumento significativo na PAD (77±3,09mmHg vs. 79±3,46mmHg, p=0,02) pós exercício de resistência elástica. Tal informação pode ser útil quando se utiliza esse tipo de treinamento no programa de reabilitação cardiovascular.
Tavares et al, 2013Estudo de casoAplicar o exercício físico supervisionado (grupo ES), na fase de ambulatório precoce, realizado na comunidade, com vista a analisar e comparar os resultados desta aplicação com os dados obtidos pelos pacientes sujeitos apenas ao tratamento convencional (grupo TC).Optou-se por realizar um estudo, com uma duração superior a 3 meses, dividindo os doentes cardíacos em 2 grupos. Um dos grupos foi exposto a um programa de exercício físico supervisionado (grupo ES), enquanto o outro grupo foi submetido ao tratamento convencional com indicações para realizar exercício físico (grupo TC).Concluiu que houve uma melhora significativa na qualidade de vida de ambos os grupos, porém, foi constatado que houve uma melhora ainda maior no grupo que foi supervisionado.


No estudo de Silva et al (2018) foi observado que ambos os exercícios, aeróbico e de resistência promovem benefícios relacionados a aptidão física, o exercício aeróbico melhora o consumo de oxigênio (VO2max), eficácia da capacidade funcional modifica os fatores de riscos relacionados à doença. Já o treinamento resistido oferece maior desenvolvimento de força muscular, resistência e massa muscular, auxiliando na função cardíaca e na manutenção da taxa metabólica basal. Além de melhorar a qualidade de vida e do prognóstico.

Também foi analisada a eficácia de um programa de reabilitação cardíaca a curto prazo em pacientes cardiopatas em um estudo realizado na Faculdade de Educação Física e Fisioterapia da Universidade de Passo Fundo. Após 24 sessões de RC, compostas por exercícios aeróbicos e resistidos, realizadas 3x por semana, por 60 minutos, foi comprovado melhora da capacidade funcional do paciente com aumento da duração e velocidade do exercício, do VO2 máx, melhora na ventilação com aumento do volume minuto expirado, aumento da força dos músculos extensores de quadril (quadríceps femoral) e melhora da qualidade de vida.

Segundo o estudo de Gomes et al (2016) foi chegada a conclusão que o treinamento combinado promove diversos benefícios para os pacientes sendo que os participantes da pesquisa apresentaram uma melhora significante na sua capacidade funcional, com diminuição das variáveis pressão arterial sistólica (PAS), frequência cardíaca (FC), no duplo produto de repouso, duplo produto submáximo, consumo de oxigênio pelo miocárdio (MVO2) de repouso e MVO2 submáximo e aumento da capacidade aeróbica ( VO2 máximo) e na distância percorrida durante 6 minutos.

De acordo com o estudo de Porto et al (2007) foi realizado com a duração de sessenta dias, foi constatado a melhora da qualidade de vida, melhora da capacidade física dos pacientes, incluindo aumento do VO2 máx, diminuição do DP e diminuição dos sintomas decorrentes da cardiopatia e percepção do esforço, comprovando a eficácia dos exercícios combinados a curto prazo de forma supervisionada. Nos resultados encontrados por Barchur et al (2009) considerando o tipo de exercício utilizado, a associação de exercícios resistidos e aeróbicos promove muitos benefícios aos pacientes cardíacos. A introdução de exercícios resistidos melhora a endurance muscular, função cardiorrespiratória e metabolismo dos pacientes. Mas os exercícios resistidos podem acarretar em um aumento maior da PAD em comparação ao exercício aeróbico, trazendo benefícios somente a pacientes que já realizam um exercício aeróbico associando posteriormente ao treinamento resistido como forma de progressão.

Em um estudo realizado por Tavares et al (2013), constatou que a execução de exercícios supervisionados traz mais benefícios que a realização de exercícios semi-supervisionados, permanecendo com a mesma frequência de realização de exercícios 2x na semana por pelo menos 30 minutos durante 6 meses e o mesmo tipo de exercícios combinados, os 2 grupos apresentaram resultados positivos, porém diferentes, sendo que o grupo supervisionado apresentou uma melhor percepção da qualidade de vida comparada ao outro grupo, considerando os aspectos emocionais, sociais e físicos.

A realização de exercícios combinados pode estar limitada por conta da existência de sinais e sintomas e diminuição da capacidade funcional destes, mas, se realizado de forma adequada, em intensidades ajustadas às condições dos pacientes, a realização de exercícios resistidos associados a exercícios aeróbicos não demonstra riscos aos pacientes, mas promove benefícios, como ganho de força muscular e prevenção de atrofias e até mesmo da sarcopenia.

Entre as décadas de 70 e 80, os pacientes com IC eram recomendados a ficarem de repouso visto que os médicos tinham receio que com a atividade física o paciente pudesse sobrecarregar a função cardiovascular. Com o passar dos anos foi percebido que a maioria das nossas atividades do dia a dia exige força muscular podendo gerar um estresse sobre o sistema musculoesquelético e como muitos pacientes cardiopatas não possuem força para realizar essas atividades diárias.

Os artigos revisados comprovam que o treinamento aeróbico e resistido são exercícios de grande importância para a população cardiopata porque essas modalidades mostraram–se eficiente para aumentar a força muscular dos membros superiores e inferiores, o que facilitou a realização de atividades diárias. Além disso, houve um aumento na capacidade funcional, o que permitiu que os pacientes se engajassem em atividades mais vigorosas sem sentir falta de ar ou fadiga. A participação em programas de treinamento proporcionou uma sensação de autoeficácia e controle sobre a doença, além de melhorar o estado emocional e a autoestima. Os pacientes relataram uma melhora na qualidade de vida relacionada à saúde, incluindo a capacidade de realizar atividades cotidianas com mais facilidade e menos sintomas de insuficiência cardíaca.

Os benefícios desses exercícios além de controlar os fatores de risco das doenças cardiovasculares como hipertensão arterial, dislipidemia, sensibilidade à insulina, melhor controle do peso, prevenção de deficiências e quedas e aumento da capacidade funcional. O treinamento de força (TR) e aeróbico em programas de reabilitação cardíaca produz efeitos no bem-estar geral do paciente, porque auxilia na melhora do metabolismo, da função cardiovascular, evidenciada a partir de aumento do consumo máximo de oxigênio e melhora do débito cardíaco e significante redução da percepção do esforço para atividades submáximas. Os pacientes demostraram um grande aumento na capacidade em realizar as atividades diárias com mais facilidade, além da melhoria na qualidade de vida relacionada à saúde e a diminuição dos sintomas da insuficiência cardíaca.

Os exercícios combinados são de grande importância pois contribui a fim de evitar os efeitos maléficos da insuficiência cardíaca, além disso, o programa de reabilitação foi desenvolvido com o intuito de possibilitar que esses pacientes consigam realizar suas atividades diárias de forma independente, aumentar a resistência ao realizar alguma atividade que exija mais esforço, além de aumentar o ganho de massa o que é muito importante para prevenir a sarcopenia.

5. CONCLUSÃO/CONSIDERAÇÕES FINAIS

Através do levantamento bibliográfico foi possível concluir que o treinamento resistido associado ao aeróbico são modalidades muito eficientes quando se fala sobre a melhoria da capacidade funcional, aumento da força muscular em membros inferiores e superiores e na qualidade de vida desses indivíduos cardiopatas. A reabilitação cardiovascular supervisionada a longo prazo constatou mais eficaz para esses pacientes, trazendo efeitos mais significativos. Não podemos deixar de citar o fato de que essas modalidades são consideradas muito segura para esses pacientes uma vez que todos os artigos selecionados afirmam boa tolerância de seus voluntários ao longo do período de treinamento e ausência de eventos ou complicações cardiovasculares. Além disso, o TF deve ser realizado com base em avaliações prévias de cada paciente, de forma individualizada. E só deve ser prescrita por um profissional da área e com conhecimentos relacionado à condição do mesmo.

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1 Discente do Curso Superior de Fisioterapia do Instituto Faculdade de Ilhéus Campus CESUPI e-mail: priscilafisio1503@gmail.com

2 Docente do Curso Superior de Fisioterapia do Instituto Faculdade de Ilhéus Campus CESUPI Fisioterapeuta Intensivista Especialista (ASSOBRAFIR). e-mail: pborgesfisio@gmail.com