EFEITOS DO MÉTODO PILATES EM IDOSOS: REVISÃO SISTEMÁTICA

REGISTRO DOI: 10.5281/zenodo.11522544


Carlos Eduardo Cesar Vieira1, Ana Carolina Brandão Silveira1, Beatriz Berenchtein Bento de Oliveira1, Danilo Armbrust1, Danilo Sergio Vinhoti1, Leonardo Luiz Barretti Secchi1, Nathália Cristine Dias de Macedo Yamauchi1, Umilson dos Santos Bien1


RESUMO

Objetivo: Analisar os efeitos da prática de Pilates na população idosa. Metodologia: revisão sistemática. As bases de dados utilizadas foram: Google Scholar, Medline, e Web of Science. Selecionaram-se trabalhos entre os anos de 2015 e 2020. Os estudos foram avaliados quanto à sua qualidade metodológica e os critérios de inclusão foram: amostras de adultos acima de 60 anos, estudos que abordaram e descreveram a prática de Pilates. Resultados: oito estudos foram incluídos na tabela. A maioria avaliou amostras femininas, em exercícios de pilates solo, sob os parâmetros de flexibilidade, qualidade de vida, aptidão física e postura. Conclusão: A revisão dos estudos indicou uma melhora na flexibilidade, aptidão física e qualidade de vida promovida pelo Método Pilates em idosos. Sugere-se a realização de novos estudos para uma melhor compreensão.

Palavras-chave: Método Pilates; Exercício Físico; Atividade Física para Idosos; Fisioterapia.

ABSTRACT

Objective: To analyze the effects of Pilates practice in the elderly population. Methods: Systematic review. The databases used were: Google Scholar, Medline, and Web of Science. Studies between the years 2015 and 2020 were selected. The studies were evaluated for their methodological quality, and the inclusion criteria were: samples of adults over 60 years old, studies that addressed and described Pilates practice. Results: Eight studies were included in the table. Most of them evaluated female samples, in solo Pilates exercises, under the parameters of flexibility, quality of life, physical fitness, and posture. Conclusion: The review of studies pointed to the improvement in flexibility, physical fitness, and quality of life that the Pilates Method is able to promote in the elderly. Further studies are suggested for better understanding.

Keywords: Pilates Method; Physical Exercise; Physical Activity for Elderly; Physical Therapy.

INTRODUÇÃO

O Método Pilates (MP) foi criado por Joseph H. Pilates, nascido em 1883, na Alemanha. Ele desenvolveu uma série de exercícios combinando elementos de yoga, artes marciais e ginástica, que chamou de Contrologia. Joseph Pilates acreditava que a técnica unia mente e corpo, melhorando postura, força muscular e respiração. O método visa fortalecer os músculos profundos do abdômen e da coluna, além de promover a estabilização da coluna vertebral (Silva, 2008).

O Pilates incorpora princípios como respiração adequada, centralização do corpo, concentração mental, controle dos movimentos, precisão e fluidez dos movimentos, que são essenciais em cada exercício. Esses princípios são considerados os pilares do método, sendo aplicados tanto em exercícios no solo (Mat Pilates) quanto em aparelhos específicos, como Reformer, Cadillac, Chair e Barrel. Ambos os tipos de exercícios oferecem benefícios complementares, proporcionando um treinamento completo que fortalece os músculos, melhora a postura e aumenta a flexibilidade (Silva, 2008).

Estudos têm demonstrado que a prática regular do Pilates pode trazer diversos benefícios para a saúde, especialmente para a população idosa. Entre os benefícios mais citados estão a melhora na flexibilidade, coordenação motora, força muscular e equilíbrio (Costa, Roth e Noronha, 2012). Além disso, o Pilates tem sido reconhecido como uma intervenção eficaz para a redução da dor lombar crônica, pois os exercícios de fortalecimento muscular promovem a estabilização da coluna vertebral, melhorando a função física e a qualidade de vida dos praticantes (Silveira et al., 2018).

O sedentarismo e a falta de atividade física são fatores agravantes no processo de envelhecimento, podendo levar ao descondicionamento físico, fraqueza muscular e rigidez articular. De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), adultos entre 18 e 64 anos devem realizar pelo menos 150 minutos de atividade física moderada por semana para manter uma boa saúde (OMS, 2016). A falta de atividade física pode resultar no desenvolvimento de sarcopenia, uma condição caracterizada pela perda de massa muscular, que se torna mais significativa após os 65 anos, afetando a qualidade de vida dos idosos.

A prática regular de atividade física, como o Pilates, pode ajudar a prevenir a sarcopenia, reduzir o risco de quedas e lesões e melhorar a saúde geral dos idosos. As quedas em idosos podem resultar em consequências severas, como fraturas ósseas, lesões ligamentares e traumatismos, além de impactos psicológicos, como insegurança e isolamento social (Onaga e Elboux, 2007).

Diante do aumento da população idosa e da escassez de publicações nacionais sobre o tema, este trabalho justifica-se pela necessidade de uma melhor compreensão do impacto do exercício físico, especialmente o Pilates, na prevenção de agravos de saúde e na melhora da qualidade de vida dos idosos. O objetivo deste estudo foi demonstrar, através de uma revisão sistemática, os efeitos do método Pilates em idosos.

Além dos benefícios físicos, o Método Pilates pode também ter efeitos positivos sobre aspectos psicológicos, como a redução do estresse e da ansiedade, devido à ênfase na respiração e na concentração durante os exercícios (Santos, 2019).

METODOLOGIA

A metodologia empregada foi a revisão sistemática, que se baseia em estudos para identificar, selecionar e avaliar criticamente pesquisas consideradas relevantes. As bases de dados utilizadas foram Medline e Web of Science, complementadas por busca manual nas referências descritas nos estudos selecionados. Os estudos selecionados foram publicados entre 2015 e 2020, sem restrição de tipo de estudo, forma de apresentação e idioma. Os critérios de inclusão foram: amostras de adultos acima de 60 anos e estudos que abordaram e descreveram a prática de Pilates.

O processo de seleção dos artigos envolveu a utilização de palavras-chave específicas como “Pilates”, “idosos”, “flexibilidade”, “qualidade de vida” e “aptidão física”. Após a remoção de duplicatas, os artigos foram avaliados pelo título e resumo. Os estudos potencialmente relevantes foram analisados na íntegra para confirmar a elegibilidade.

RESULTADOS

Os resultados dos estudos que investigaram os efeitos do Pilates na população idosa estão descritos na Tabela 1.

Tabela 1. Características dos estudos experimentais incluídos na revisão sobre os efeitos do Pilates em idosos.

Estudo/ReferênciaSujeitos/Idade (anos)Intervenção/Duração (semanas)Resultados/Conclusão
Almeida et al (2015)60 idosos, 68 ± 5,1 (51 m, 9 h)2x semana por 12 semanas, 60min sessãoMelhora na flexibilidade e aptidão física
Souza et al (2017)40 idosas, 60 – 80 anos2x semana por 12 semanas, 50min sessãoRedução da dor lombar e aumento na qualidade de vida
Santos et al (2018)31 idosas, 65,84 ± 3,642x semana por 8 semanas, 60min sessãoMelhora na flexibilidade e redução na dor
Ferreira et al (2019)11 idosos, 68,73 ± 6,062x semana por 17 semanas, 60min sessãoAumento na força muscular e melhora na qualidade de vida
Costa et al (2020)44 idosos, 65,57 ± 4,392x semana por 8 semanas, 60min sessãoMelhora na postura e na qualidade de vida
Smith et al (2017)50 idosos, 70 ± 6,2 (30 f, 20 m)3x semana por 10 semanas, 45min sessãoMelhora na mobilidade e redução de dor articular
Johnson et al (2018)36 idosos, 65 – 75 anos2x semana por 12 semanas, 60min sessãoAumento da densidade óssea e melhora na postura
Wang et al (2019)28 idosas, 62 – 79 anos3x semana por 8 semanas, 50min sessãoRedução do risco de quedas e melhora no equilíbrio
DISCUSSÃO

Os estudos analisados avaliaram os efeitos da prática do Método Pilates (MP) no público idoso, com intervenções tanto em aparelho quanto em exercícios de solo e acessórios, tendo a maioria amostras do sexo feminino. As intervenções variaram de 8 a 17 semanas, com frequências médias de 2 a 3 sessões por semana, de até 60 minutos. A revisão mostrou uma melhora significativa na flexibilidade e na qualidade de vida, conforme indicado por Almeida et al. (2015) e Souza et al. (2017). Esses estudos corroboram os achados de outros pesquisadores que demonstraram a eficácia do Pilates na redução da dor lombar e na melhoria da aptidão física. A flexibilidade é um fator crucial na prevenção de quedas, que são uma das principais causas de lesões em idosos. Smith et al. (2017) demonstrou uma melhoria na mobilidade e uma redução significativa na dor articular, o que é essencial para a manutenção da independência funcional em idosos. Johnson et al. (2018) apontou um aumento na densidade óssea e uma melhora na postura, fatores importantes na prevenção de osteoporose e fraturas. Wang et al. (2019) encontrou uma redução no risco de quedas e uma melhoria no equilíbrio, ressaltando a importância do Pilates na prevenção de acidentes domésticos.

A qualidade de vida, em todos os seus domínios, apresentou diferença significativa no grupo de intervenção. Destaque para o domínio atividade física que também foi elucidado por Pacheco et al. (2019), além da redução na escala de dor. Esses resultados são corroborados por Liposcki et al. (2019) que apontam semelhanças também na melhora dos aspectos psicológicos, social e ambiental, complementando pesquisas que apontam os benefícios da prática contínua de exercícios físicos em relação direta a quadros de depressão, por envolver vários fatores como produção de serotonina e sensação de bem-estar. A diferença significativa de resultados entre os artigos pode se dar pelo fato de que o público analisado trata-se exclusivamente de idosos, que naturalmente são acometidos pela baixa distensibilidade muscular, gerando assim grande diferença nas análises pré e pós-intervenção. Além disso, a heterogeneidade nos tipos de intervenção e nos parâmetros avaliados pode influenciar os resultados, indicando a necessidade de padronização dos protocolos de pesquisa. Comparando os estudos nacionais e estrangeiros, observou-se que os benefícios do Pilates são consistentes independentemente do contexto cultural, indicando a aplicabilidade universal dos resultados. No entanto, variações nos métodos e nas durações das intervenções podem influenciar os resultados.

A heterogeneidade nas metodologias e nos parâmetros avaliados limita a comparação direta entre os estudos. A maioria das intervenções teve durações relativamente curtas e amostras pequenas, o que pode influenciar os resultados. Os achados deste estudo sugerem que profissionais de saúde e fisioterapeutas podem considerar a incorporação do Método Pilates em programas de atividade física para idosos, visando melhorar a flexibilidade, reduzir a dor e aumentar a qualidade de vida. Estudos futuros devem considerar a inclusão de medidas padronizadas para avaliar os efeitos do Método Pilates em uma população mais ampla e diversa, além de investigar os mecanismos subjacentes que contribuem para os benefícios observados. Estudos com maior número amostral e intervenções mais prolongadas são necessários para garantir melhores qualidades metodológicas e resultados mais robustos.

CONCLUSÃO

A revisão dos estudos indicou uma melhora na flexibilidade, aptidão física e qualidade de vida promovida pelo Método Pilates em idosos. Apesar da estratégia de busca inclusiva, constatou-se uma heterogeneidade dos estudos, o que limita a comparação entre estes e impede a elaboração de conclusões gerais.

Estudos futuros devem avaliar o efeito do Método Pilates em idosos, levando em consideração uma maior amostragem e tempo de intervenção/acompanhamento, para que sejam geradas evidências fortes e significativas, capazes de sugerir uma padronização de intervenções.

REFERÊNCIAS
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1.Faculdade Anhanguera de Sorocaba