EFEITOS DA REALIDADE VIRTUAL NA PREVENÇÃO DE QUEDAS EM SÉRIE DE CASOS DE IDOSOS ATIVOS

REGISTRO DOI: 10.5281/zenodo.7447043


Eloiza Bragança de Oliveira Martins1
Maurícia Cristina de Lima2
Isabel Fernandes3


RESUMO

Introdução: Quedas em idosos são eventos comuns e que causam grande preocupação, pois esses episódios diminuem a autonomia e impactam diretamente na qualidade de vida dessa população. Contudo, sabe-se que a prática regular de exercícios físicos pode minimizar as alterações decorrentes do envelhecimento. Assim, a realidade virtual pode ser uma alternativa de exercícios atrativa para reabilitação física, pois dispõe de jogos que empregam o movimento corporal no controle dos desafios encontrados. Objetivo: Avaliar os efeitos da realidade virtual na prevenção de quedas em idosos participantes da Turma da Coluna de Foz do Iguaçu (Paraná). Metodologia: Tratou-se de um estudo exploratório, descritivo-transversal em série de casos. Teve como finalidade analisar idosos com risco de queda iminente. A coleta de dados foi realizada por meio de uma entrevista, classificando a funcionalidade, equilíbrio e mobilidade de idosos, por meio dos testes timed and up go test (TUG), ficha de avaliação geriátrica ampla (AGA) e o teste de Romberg. Posteriormente, foi aplicado um protocolo de realidade virtual, utilizando o XBOX 360 kinect®, com o jogo Just Dance 2015®, durante cinco semanas, com dois atendimentos semanais (com duração total de 60 minutos cada). Por fim, realizou-se os testes de equilíbrio novamente, para a comparação. Resultados: Quanto aos dados sociodemográficos, a série de casos foi composta por mulheres (90%; n=7) e homens (10%; n=1); na faixa etária de 60 a 76 anos (100%; n=8), ativos (75%; n=6) praticantes de alguma atividade física por até três vezes na semana. Quanto aos medicamentos, 100% (n=8) relataram fazer uso de alguma medicação. O número de quedas anual entre os indivíduos foi de 50% (n=4), para até duas quedas no ano e de 50% (n=4) para até cinco quedas.  Houve melhoria na marcha dos idosos. Pôde-se observar, no teste de TUG, realizado na pré-intervenção com 75% (p=6) dos idosos em risco grave para quedas, reduzindo no pós-intervenção para 50% (p=4). Houve também redução no nível de positivos para o teste de Romberg. No início do experimento, 100% dos participantes testaram positivo e, ao final do estudo, este número caiu para 37,5%.  Conclusão: O protocolo de treino executado exerceu influências positivas sobre a funcionalidade, equilíbrio e autonomia. Com isso os idosos da turma da coluna de Foz do Iguaçu/PR que compuserem a série de casos apresentaram uma diminuição de risco de queda de forma acentuada. Deste modo, é possível afirmar que para os casos desta pesquisa a realidade virtual melhorou o equilíbrio implicando em menor risco de queda.

PALAVRAS-CHAVE:  Fisioterapia. Envelhecimento. Risco de Queda. Protocolo de Atendimento. Realidade Virtual.

1 INTRODUÇÃO

O processo de envelhecimento inicia quando a criança nasce, ocorrendo alterações físicas, cognitivas, sociais etc., que percorrem toda a vida do indivíduo. Essas mudanças podem sofrer variações, conforme a transição demográfica e epidemiológica, tornando o envelhecimento populacional um grande desafio no mundo todo. A população torna-se idosa quando ocorre queda nas taxas de fecundidade e da mortalidade, aumentando o índice de indivíduos com idade acima de 60 anos nos países subdesenvolvidos, como é o caso do Brasil.(SANTANA et al., 2020)

A população brasileira vem envelhecendo em um ritmo acelerado. Na década de 1960, o Brasil ocupou 16º lugar em população mais idosa, mas provavelmente ocupará o sexto lugar até 2025, com faixa etária de oitenta anos. Aproximadamente 15% dos brasileiros contribuíram para o aumento no índice de envelhecimento no Brasil. Além de uma redução nas taxas de fecundidade, houve um aumento da expectativa de vida, o que, por sua vez, gerou uma maior demanda de serviços de saúde por essa população. Claramente, o envelhecimento varia de indivíduo para indivíduo: para alguns, ocorre mais rapidamente, dependendo de fatores como o estilo de vida, condições socioeconômicas e doenças crônicas.(SANTOS et al., 2021)

O envelhecimento pode ser considerado um processo dinâmico e progressivo. Nele ocorrem alterações funcionais, bioquímicas e morfológicas. Como consequência, há uma diminuição da capacidade de adaptação, sobrecarregando a parte funcional – diretamente ligada às alterações profundas na composição corporal.(BERNARDELLI et al., 2021; CRISTINA et al., 2019)

Nesse processo, ocorrem alterações em alguns sistemas, como o sensório-motor, o que afeta o controle postural, equilíbrio e força muscular – como consequência, dificulta-se a marcha, aumentando o risco de quedas. A queda está relacionada à funcionalidade dos idosos, sendo assim, a fisioterapia visa realizar intervenções compostas por exercícios de equilíbrio, força muscular e marcha, que, por sua vez, podem melhorar a capacidade funcional e prevenir o seu agravamento.(LIMA et al., 2019)

Portanto, é de suma importância avaliar o idoso como um todo, seu sistema musculoesquelético, neurológico, urológico, cardiovascular e respiratório. Além disso, sugere-se incluir na anamnese questões sobre o meio em que vive, identificar as pessoas que o acompanham, bem como suas relações sociais. (6,7)

Uma possibilidade que vem crescendo e sendo estudada é o uso da realidade virtual (RV) nos tratamentos e treinamentos junto ao idoso como estratégia para a prevenção de quedas. Geralmente, a técnica vem associada a exercícios para o equilíbrio corporal e funciona como uma intervenção alternativa.(JUNIOR et al., 2012)

A realidade virtual é como uma simulação computacional, que permite recriar ambientes reais, nos quais o idoso pode interagir com o jogo, por meio de movimentos corporais, de forma lúdica e motivadora, combinada à reabilitação do equilíbrio. (9)(10)

Assim, observa-se a relevância social de estudos que avaliem os efeitos da RV em um programa fisioterapêutico. Desse modo, a pesquisa em questão objetivou avaliar os efeitos da realidade virtual na prevenção de quedas em idosos ativos, visando a melhoria da funcionalidade desses indivíduos.

2 METODOLOGIA

Tratou-se de um estudo exploratório, descritivo-transversal em série de casos. Teve como finalidade analisar idosos com risco de queda iminente.

Os participantes foram recrutados em um grupo denominado “Turma da coluna”, de uma Unidade de Saúde da Família (UBS) de Foz do Iguaçu (Paraná). A Turma da Coluna é um projeto iniciado pelo Núcleo de Apoio à Saúde da Família (NASF), no ano de 2009, cujo objetivo é promover a saúde e a qualidade de vida a todos aqueles que procuram o local (MOREIRA,2021).

Quanto à abordagem ao campo de estudo, a pesquisa utilizou de instrumentos quantitativos, possibilitando a avaliação descritiva da funcionalidade dos idosos que se encontram com equilíbrio afetado devido ao envelhecimento e perda da força muscular. Para isso, esses procedimentos dividiram-se em quatro fases, sendo elas: pesquisa e aprofundamento teórico sobre o tema sugerido; coleta de dados dos idosos; aplicação do plano fisioterapêutico associado à realidade virtual; comparação dos dados iniciais e finais.

Os idosos foram abordados para a realização do estudo por meio de uma ficha de anamnese através da qual foram coletadas informações sobre o estado geral de saúde e dados sociodemográficos.

Em seguida, foram submetidos à ficha AGA (Avaliação Geriátrica Ampla), que foi utilizada para avaliação do estado de saúde e das necessidades dos pacientes idosos (LIMA, et al, 2019).

Para avaliar o risco de quedas foi utilizado o Timed Up and Go Test (TUG – cujo objetivo é avaliar a velocidade e a precisão da marcha), com o indivíduo primeiramente sentado em uma cadeira. Após o comando verbal, este deveria realizar um percurso de 3 metros (caminhando, fazendo a volta, retornando em direção à cadeira e sentando-se novamente) (ANDRADE et al., 2021)

Também foi utilizado o teste de Romberg, que identifica alterações no equilíbrio do paciente (realizado de olhos fechados), podendo dar positivo ou negativo para risco de queda.(MARANHÃO-FILHO; MARANHÃO, 2013)

Todos os testes realizados são confiáveis e validados para estudo na população idosa.O protocolo teve duração de cinco semanas, com dois atendimentos por semana, totalizando   dez atendimentos (com duração total de 60 minutos cada). Durante todos os atendimentos, os participantes foram supervisionados pela pesquisadora. Foi utilizado um jogo de realidade virtual no videogame XBOX 360 kinect®. Esse equipamento possui o software que captura, por meio de uma câmera especial, informações de profundidade e cor, calcula a posição dos segmentos corporais, criando um ambiente tridimensional (3D). Assim, permite-se o rastreamento dos movimentos realizados pelo idoso durante a prática do jogo, sem a necessidade de sensores acoplados ao usuário (MAGALHÃES, 2020).

O jogo utilizado para avaliação foi o Just Dance 2015®. Esse jogo consiste em movimentos de dança conduzidos por um bailarino na tela. O jogador, por sua vez, precisa imitar os movimentos da forma mais fidedigna e compassada possível. Quanto mais seus movimentos e o tempo de execução assemelharem-se aos do dançarino, maior será sua nota no jogo (LIN, 2015). Com essa prática de dança, os sujeitos da série realizaram um treinamento sensório-motor, promovendo um estímulo na concentração, ritmo, lateralidade, coordenação motora, movimentos de aberturas de base de apoio e agilidade do movimento.

Este estudo foi aprovado pelo Comitê de Ética e Pesquisa da Universidade Estadual do Oeste do Paraná (Unioeste), sob o Parecer número 5.432.099.

3 RESULTADOS

Quanto aos dados sociodemográficos, 90% eram mulheres (n=7) e os outros dez por cento eram homens (n=1); quanto à faixa etária, eles possuíam idades entre 60 a 76 anos (n=8). Em relação a atividades físicas realizadas durante a semana, 75% (n=6) dos participantes afirmaram praticar até três vezes na semana alguma atividade física, sendo 25% (n=2) até seis vezes na semana. Quanto aos medicamentos, 100% (n=8) dos participantes relataram fazer uso de alguma medicação. O número de quedas anual entre os indivíduos foi de 50% (n=4), para até duas quedas no ano e de 50% (n=4) para até cinco quedas (Tabela 1).

Tabela 1: Consolidação dos dados sociodemográficos, idade, sexo, medicamentos, atv. física (1), ocupação, escolaridade e n° de quedas (2) expressos em frequência absoluta (fi) e seus percentuais equivalentes (%), coletados na turma da coluna obtidos em avaliações dos idosos da turma da coluna, Foz Do Iguaçu, 2022.

Quanto ao risco de queda e AGA, foram quantificados os indivíduos da série de casos que mudaram de categoria na avaliação pré e pós intervenção. Foram observadas na pré-intervenção 12,5% (n=1) dos participantes com risco grave de quedas e 75% apresentaram risco moderado (n=6). Após a intervenção, 50% (n=4) tiverem risco leve e 50% (n=4) moderado. Em AGA, obteve-se resultado representativo no pós-intervenção. Antes da pesquisa, 87,5% (n=7) tinham risco grave de quedas e pós-aplicação esse índice caiu para 0%, ou seja, todos os pacientes deste nível melhoraram (Tabela 2).

Tabela 2: Consolidação das escalas AGA(1), Risco de queda, realizados pré e pós tratamento, expressos em escalas e quantificados por frequência absoluta(fi) e percentual(%), obtidos em avaliações dos idosos da turma da coluna, Foz Do Iguaçu, 2022.

No pré e pós-intervenção para os testes de TUG e Romberg houve redução do primeiro de 75% (n=6) para 50% (n=4). No teste de Romberg,houve resultado expressivo nos casos da série. Na avaliação pré-intervenção, 100% (n=8) dos participantes obtiveram resultado positivo. Após a RV, apenas 37,5% (p=3) mostraram resultados positivos (Tabela 3).

Tabela 3: Consolidação dos testes TUG (1), Romberg(2),realizados nos momentos pré-tratamento e pós-tratamento, expressos em escalas e quantificados por frequência absoluta(fi) e percentual(%), obtidos em avaliações dos idosos da turma da coluna, Foz Do Iguaçu, 2022.

4 DISCUSSÃO

É comum que ocorra desatenção e desmotivação dos idosos durante atendimentos fisioterapêuticos; por isso, esta pesquisa em série de casos propôs intervenções da fisioterapia associadas à realidade virtual. Para o recrutamento à participação no estudo, foram considerados para essa pesquisa pessoas com idade acima de 60 anos e até 75 anos.

Segundo Guimarães (2013) o envelhecimento populacional é definido como a mudança na estrutura etária da população. Essa mudança ocorre quando a taxa de natalidade diminui juntamente com o aumento da expectativa de vida. Isso produz um aumento do quantitativo das pessoas acima de determinada idade, sendo esta idade considerada como definidora do início da velhice. No Brasil, o idoso é o indivíduo que tem 60 anos ou mais. Na presente pesquisa podemos observar que o maior número de idosos se deu a partir dos 66 anos.

Neto (2015) explica que o sexagenário recebe prioridade especial por parte do Estatuto do Idoso, por apresentarem um maior número de comorbidades que se fazem presentes nesse período do envelhecimento. Em média 70% dos idosos brasileiros apresentam uma ou mais doenças crônicas.  Neste conjunto, 50% são mulheres, uma vez que elas frequentam mais os serviços de saúde, mantendo assim as doenças sob controle (CAMARANO et al., 1999).

O envelhecimento também é uma questão de gênero, Camarano et al. (1999) afirmam que 55% da população idosa é formado por mulheres. Na presente pesquisa, a proporção do sexo feminino na série de casos correspondeu quase que a totalidade da amostra.

Observou-se do presente estudo que 100% dos idosos avaliados usavam medicamentos. Flores (2005) nos apresenta que a polimedicação aumenta com a progressão da idade. Esse aumento pode ser explicado por uma série de fatores, um dos mais relevantes é o aumento da morbidade. Nesta fase da vida há o aumento do risco de desenvolver doenças crônicas como cardiopatias, diabetes e doenças infecciosas. Assim, o consumo de medicamentos acompanha o ritmo do envelhecimento populacional, tornando a polifarmácia uma situação rotineira entre os idosos.

A queda em pessoas idosas é causa crescente de lesões. Intervenções mais eficazes baseiam-se na identificação precoce desse risco, introduzindo a prática regular de atividade física. Todos os idosos da série de casos do presente estudo realizavam a prática de exercícios inserida nas atividades do grupo “Turma da coluna” de Foz do Iguaçu/PR.

Mazo (2007) relata que os exercícios que se destacam são os que atuam na melhoria da capacidade funcional, do equilíbrio, da força, da coordenação e da velocidade de movimento. Contribuem para uma maior segurança no equilíbrio, diminuindo o risco de queda.

Os indivíduos da série investigada nesta pesquisa, relataram ter sofrido pelo menos uma queda durante o ano.

Siqueira (2007) afirma que as quedas em idosos ocorrem devido à perda de equilíbrio, alterações na massa muscular e alterações ósseas.

Segundo Meireles et al. (2010), o envelhecimento causa déficits em todos os sistemas atuantes no equilíbrio postural. Isso acarreta um prejuízo na vida do idoso, aumentando o risco de quedas e diminuindo a autonomia.

Rodrigues et al. (2016) pontuam que a população mundial está envelhecendo e que, no Brasil, a expectativa de vida aumentou consideravelmente nos últimos anos. Por conta desse fator, tem aumentado a preocupação com a qualidade de vida dos idosos.

Estudos apontam alternativas para a velhice saudável, o objetivo é evitar o sofrimento causado pelas mudanças fisiológicas que ocorrem no organismo com a passagem do tempo. Esses cuidados diminuem o risco de surgimento de novas doenças e, principalmente, o de sofrer quedas constantes (MEIRELES et al., 2010; RODRIGUES et al., 2016).

A série de casos estudada na presente pesquisa, indicou que a RV associada ao treinamento fisioterapêutico, traz motivação e comprometimento com a prática terapêutica.

Lima et al (2017) destacam a RV como uma ferramenta atual e complementar ao tratamento de idosos, uma vez que promove a interação e é capaz de responder às ações do usuário, possibilitando que este indivíduo faça uma imersão no universo tecnológico – geralmente com a aplicação jogos com a finalidade terapêutica.

Na RV, o idoso faz imersão no ambiente tridimensional da tecnologia. Com isso, observa-se o envolvimento do geronte na prática terapêutica e aumento da motivação para realizar a atividade (LIMA et al, 2017).

Estudos de Borges e Mendes (2017), que realizaram a aplicação de protocolos com o uso de jogos do Xbox 360 Kinect®, observaram a melhoria no equilíbrio postural dos idosos nos testes aplicados no pré e pós-intervenção.

Dores (2012) complementa Borges e Mendes (2017) afirmando a RV como uma possibilidade para a superação das limitações das intervenções tradicionais. A interação com o ambiente virtual melhora a consciência corporal e, consequentemente, ajuda a desenvolver a segurança em todo o equilíbrio (GUSMÃO; REIS, 2017).

Foi possível notar que, após a adaptação ao uso da RV, o protocolo terapêutico obteve um avanço por parte dos participantes da série de casos da presente pesquisa. Destacou-se a motivação observada na mudança de humor. A melhora gradual da concentração durante o jogo também foi observada. Isso se fazia necessário para que os idosos pudessem reproduzir os movimentos da dança de forma mais similar possível ao bailarino na tela.

Silva et al. (2020) afirma que, ao incluir a realidade virtual, na prática terapêutica, é possível atingir resultados expressivos nos tratamentos, destacando-se melhoria no equilíbrio. Essa implica em prevenção no risco de queda. A pessoa idosa necessita do auxílio da fisioterapia devido a não possuir o mesmo equilíbrio motor – um efeito natural da degeneração do avanço da idade.

Na presente pesquisa, a série de casos, ao executar o teste de TUG que avalia velocidade e precisão da marcha, evidenciou um progresso, apresentando uma redução no tempo utilizado para realizar o percurso determinado no teste. Os indivíduos saíram de um risco moderado de queda para um baixo ou nenhum risco. Pereira et al. (2018) apontam que ao realizar o teste pós-intervenção houve uma diferença dos resultados, mostrando assim a melhora desses idosos no trajeto, pressupondo que haja uma redução no risco de quedas.

No teste de Romberg, todos os indivíduos da série do presente estudo apresentaram resultado positivo na avaliação pré-intervenção. No pós-tratamento, dois terços do público apresentaram resultado negativo indicando efetividade da RV na melhoria do equilíbrio estático e dinâmico.

Doná (2014) explica que isso ocorre devido ao fato de a RV restabelecer o equilíbrio corporal através da ativação dos mecanismos de neuroplasticidade, corrigindo, assim, as informações sensoriais alteradas. Os estímulos da RV que promovem o deslocamento de tronco são conquistados por meio dos jogos, viabilizando a autocorreção postural.

Ainda no que se refere aos testes de TUG e Romberg, pré e pós intervenção, os pacientes desta série estudada obtiveram reações mais rápidas, ou seja, uma melhoria do reflexo e menor oscilação corporal. O protocolo de treino executado exerceu influências positivas sobre a funcionalidade, equilíbrio e autonomia. Com isso esses idosos da turma da coluna de Foz do Iguaçu/PR apresentaram uma diminuição de risco de queda de forma acentuada.

Galán-Mercant (2014) em estudo com protocolo similar à presente pesquisa, observou diferenças estatisticamente significativas nos resultados do teste de Romberg, que foram aplicados no início da pesquisa e no final. O estudo do autor comprovou que ao melhorar o equilíbrio, dinâmico e estático, o indivíduo idoso consequentemente tem menos chance de queda.

5 CONCLUSÃO

A realidade virtual melhorou o equilíbrio dos idosos participantes da série de casos. A evolução motora do grupo analisado deu-se na junção do trabalho da fisioterapia somado a uma interface lúdica de jogos de realidade virtual. Essa ferramenta RV permite o registro dos movimentos dos usuários. Esse registro, na série investigada, ampliou as opções de avaliação funcional e, como consequência, contribuiu positivamente para o tratamento. Assim, quando comparadas a primeira e a última intervenção, observou-se a melhoria do equilíbrio e a redução do risco de quedas.

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¹Acadêmica concluinte do curso de Bacharelado em Fisioterapia do Centro Universitário União das Américas, Descomplica.
²Fisioterapeuta. Doutora em Ciências da Saúde pela Universidade de São Paulo (USP) Mestre em reabilitação e inclusão pelo instituto de Porto Alegre (IPA); Docente do bacharelado em Fisioterapia do Centro Universitário União das Américas, Descomplica e orientadora do presente trabalho.
³Computação. Mestre em Engenharia de Software. Doutora em Engenharia da Produção. Professora da Disciplina de Trabalho de Conclusão de Curso do Centro Universitário União das Américas, Descomplica