EFEITOS DA QUERCETINA NO DESEMPENHO AO EXERCÍCIO E ATIVIDADE FÍSICA: UMA REVISÃO

REGISTRO DOI: 10.5281/zenodo.10602830


Rachel Melo Ribeiro1,2,3*; Denilson Silva Martins1; Luiz Filipe Costa Chaves1; Ronald Sousa Araújo1; Samir Seguins Sotão1; Thiago Matheus da Silva Sousa1; Nivaldo de Jesus Silva Soares Júnior1,2; Andressa Coelho Ferreira2; Carlos Alberto Alves Dias Filho1,2; Carlos José Moraes Dias1


RESUMO: Segundo dados recentes, a quercetina é um biocomposto de grande relevância para a saúde humana, possuindo propriedades anti-inflamatórias e antioxidantes, que refletem em benefícios para o sistema cardiovascular, prevenção do câncer e saúde hepática.  A Declaração do Comitê Olímpico Internacional (COI) lista a quercetina como suplemento para a saúde imunológica de atletas. Assim, o presente estudo propôs reunir estudos recentes que abordam os efeitos da quercetina na prática da atividade física. Metodologia: Trata-se de uma revisão integrativa, realizada em dezembro de 2023, utilizando a base de dados PubMed. Para refinar a busca, utilizou-se os Descritores em Ciência da Saúde (DeCS): “quercetin” e “exercise”, combinando-os com o operador booleano “AND”.  Dentre os 41 estudos encontrados inicialmente, apenas 07 artigos foram incluídos para a composição do presente trabalho com base nos seguintes critérios: tratar da temática abordada; estar em inglês; terem sido publicados entre 2021 e 2023, serem estudos originais. Resultados: Em estudos recentes, o tratamento com quercetina 30 mg/Kg demonstra ser relevante para preservação da reatividade vascular em aorta isolada de ratos diabéticos submetidos ao exercício de natação, além de exercer importante influência no relaxamento endotélio-dependente, sugerindo que esse composto possivelmente seja útil em prevenir complicações vasculares que ocorrem em pacientes diabéticos. Em continuidade, do exercício de alta intensidade, a quercetina contribui para o aumento de ciclagem até a exaustão, sendo útil na intensificação da potência física, do limite mecânico e, dessa forma, pode prevenir o início da fadiga entre adultos jovens. Considerações finais: A suplementação com quercetina promove efeitos positivos no desempenho ao exercício físico de diferentes intensidades, por diferentes mecanismos a nível muscular, sugerindo que a quercetina associada com exercícios, pode ser útil como uma alternativa para melhora do desempenho e recuperação muscular.

PALAVRAS-CHAVE: Exercício físico, Saúde, Terapia Complementar e Alternativa.

ABSTRACT: According to recent data, quercetin is a biocompound of great relevance to human health, having anti-inflammatory and antioxidant properties, which reflect benefits for the cardiovascular system, cancer prevention and liver health. The International Olympic Committee (IOC) Declaration lists quercetin as a supplement for the immune health of athletes. Thus, the present study proposed to bring together recent studies that address the effects of quercetin on the practice of physical activity. Methodology: This is an integrative review, carried out in December 2023, using the PubMed databases. To refine the search, the Health Science Descriptors (DeCS) were used: “quercetin” and “exercise”, combining them with the Boolean operator “AND”. Among the 41 studies initially found, only 07 articles were included for the composition of the present work based on the following criteria: dealing with the topic addressed; be in English; have been published between 2021 and 2023 and have been original studies. Results: In recent studies, treatment with quercetin 30 mg/Kg demonstrated to be relevant for preserving vascular reactivity in aorta isolated from diabetic rats subjected to swimming exercise, in addition to exerting an important influence on endothelium-dependent relaxation, suggesting that this compound possibly be useful in preventing vascular complications that occur in diabetic patients. In continuation of high-intensity exercise, quercetin contributes to increased cycling until exhaustion, being an ergogenic aid capable of enhancing performance among young adults. Final considerations: Quercetin supplementation promotes positive effects on physical exercise performance of different intensities, through different mechanisms at the muscular level, suggesting that quercetin associated with exercise can be useful as an alternative for improving performance and muscle.

KEYWORDS: Polyphenols, Physical exercise, Health, Complementary and Alternative Therapy.

1. INTRODUÇÃO

O uso de plantas medicinais é uma fonte expressiva no tratamento de inúmeras doenças humanas.  Devido à sua imensa diversidade química e biológica e à abundância de compostos com atividades biológicas, são amplamente testadas e utilizadas em diversos tratamentos (YANG et al., 2017). 

Os principais benefícios do uso de medicamentos fitoterápicos são seu menor custo, acessibilidade e, geralmente, menos efeitos colaterais gastrointestinais, quando comparados a outras drogas mais populares.  A necessidade urgente de novos agentes terapêuticos com maior eficácia e menos efeitos colaterais tem chamado a atenção para as plantas medicinais, principalmente para aquelas que possuem propriedades anti-inflamatórias (LOURENÇO et al., 2012).

Originária dos polifenóis, a quercetina tem sido apontada como uma substância promissora por suas propriedades anti-inflamatórias e antioxidantes, bem como por seus efeitos na saúde do coração, prevenção do câncer e saúde hepática.  Além disso, a declaração do Comitê Olímpico Internacional (COI) lista a quercetina como suplemento para a saúde imunológica de atletas (TANABE; FUJII; SUZUKI, 2022).

Ao longo dos anos, estudos evidenciam os benefícios do exercício em relação a aptidão física e qualidade de vida. Atividade física regular diminui o risco de morte prematura e mais de vinte e cinco condições médicas crônicas. Recomenda-se alcançar pelo menos 150 minutos de atividade física moderada a vigorosa por semana. A relação entre atividade física e saúde é evidente, pessoas que seguem ou excedem as recomendações internacionais atuais reduzem significativamente o risco de doenças cardiovasculares e mortalidade prematura (PRESTES et al., 2016; WARBURTON; BREDIN, 2017). 

Segundo Gama et al. (2010), a intervenção medicamentosa deve ser iniciada em indivíduos de risco cardiovascular baixo ou intermediário que não alcançaram os objetivos, após a mudança do estilo de vida. Nos sujeitos de alto risco cardiovascular, a intervenção medicamentosa e a mudança no estilo de vida devem ser iniciadas simultaneamente. Nesse contexto, o uso adequado dos medicamentos pode ser considerado como uma ferramenta custo-efetiva. Em contrapartida, eles podem aumentar as despesas da atenção à saúde, caso seja utilizado de maneira inapropriada e/ou ocasionar reações adversas. Além disso, o uso indevido dos fármacos pode interferir no controle da doença.

Estudos científicos são fundamentais para validar a segurança e a eficácia da utilização das plantas medicinais como medida terapêutica em diversos tratamentos e, também auxilia na identificação dos princípios ativos e nos mecanismos de ação envolvidos. As plantas medicinais apresentam um grande potencial de novos medicamentos ou terapias complementares por apresentarem alta eficácia e diminuição nos efeitos colaterais, quando comparado aos tratamentos convencionais com fármacos sintéticos.

Portanto, o objetivo do presente estudo foi investigar através de uma revisão integrativa os efeitos da quercetina em diferentes aspectos relacionados ao desempenho do exercício e atividade física.

2. METODOLOGIA

Trata-se de uma pesquisa qualitativa, descritiva, desenvolvida a partir de uma revisão integrativa de literatura, realizada em junho de 2023, por meio de levantamento bibliográfico, utilizando a base PubMed, por meio dos descritores “quercetin” e “exercise”, combinando-os com o operador booleano “AND”, de acordo com as diretrizes preconizadas do PRISMA.

 Ao todo, 41 estudos foram encontrados. Adotaram-se como critérios de inclusão: artigos disponíveis gratuitamente, em texto completo, em inglês, publicados recentemente (2021-2023), originais e que abordassem a temática. Foram excluídos os artigos escritos em outras línguas, que não inglês, além daqueles cujo título ou resumo/abstract não se adequaram ao tema proposto. Excluíram-se também comentários, livros e artigos indisponíveis ao acesso gratuito. Após extensivas análises, apenas 07 trabalhos preencheram todos os critérios de seleção e foram incluídos neste estudo, conforme mostrado na Figura 1.

Figura 1: Diagrama de recuperação e seleção de evidências de pesquisa bibliográfica de acordo com as diretrizes do PRISMA.

Diagrama

Descrição gerada automaticamente

Fonte: Elaboração própria.

3. RESULTADOS E DISCUSSÃO 

Um estudo conduzido por Sgrò et al., (2021), teve como objetivo investigar os efeitos da suplementação de quercetina na recuperação muscular após exercício excêntrico. Doze homens jovens foram randomizados em grupo quercetina (n=6) e grupo placebo (n=6). Após 2 semanas suplementando, os sujeitos foram submetidos a um protocolo de exercícios excêntrico. Os resultados mostraram que a suplementação de quercetina promoveu um aumento mais acentuado nos níveis de IGF-1, enquanto o pico de IGF-2 foi identificado mais cedo. Além disso, foi observado também redução significativa dos marcadores bioquímicos de dano muscular, como a creatina quinase (CK), lactato desidrogenase (LDH), mioglobina (Mb) e interleucina-6 (IL-6), quando comparado com o grupo placebo após o exercício excêntrico, sugerindo que a quercetina pode ter um efeito benéfico na recuperação muscular.  Em conclusão, este estudo demonstra que o uso da quercetina pode ser uma ferramenta eficaz para melhorar a recuperação muscular após exercício excêntrico.

Phie et al. (2021), publicaram um estudo que investigou os efeitos da quercetina na melhoria do desempenho físico e fluxo sanguíneo em um modelo de isquemia de membro posterior. A metodologia utilizada incluiu a administração de quercetina por via oral (aproximadamente 185 mg/kg) em camundongos machos com isquemia de membro posterior sustentada submetidos ao teste de esteira. Os resultados mostraram que a suplementação com quercetina não melhorou o desempenho físico (velocidade do movimento e distância percorrida) dos camundongos investigados, além de não apresentar resultados diferentes para o fluxo sanguíneo do membro posterior nos grupos quercetina e controle. Com os resultados encontrados nesta investigação, os autores sugerem que a quercetina não melhora o desempenho do exercício e fluxo sanguíneo em camundongos com isquemia sustentada do membro posterior.

Chen et al., (2021), avaliaram os efeitos preventivos de uma fórmula multi-ingredientes na fadiga induzida pelo exercício. Camundongos foram randomizados em dois grupos: um grupo placebo e o outro que recebeu de 3 a 7 dias uma fórmula multi-ingredientes a base de valina, isoleucina, leucina, y-alanina, creatina, L-carnitina, quercetina e betaína. A fórmula foi administrada antes de um teste exaustivo de esteira. Os resultados mostraram que os camundongos que ingeriram a fórmula aumentaram significativamente o tempo de duração da corrida em 14% e a distância percorrida em 20%, quando comparado com o grupo placebo, indicando que a fórmula multi-ingredientes pode atenuar os efeitos da fadiga e melhorar o desempenho do exercício. Concluiu-se que a fórmula utilizada neste estudo se mostrou efetiva na melhora da fadiga induzida pelo exercício.

Com o objetivo de avaliar a eficácia de suplementos dietéticos na redução do dano muscular induzido pelo exercício e da dor muscular de início tardio, Tanabe, Fujii e Suzuki (2022), realizaram uma revisão na literatura para apontar alguns achados publicados sobre essa temática. A metodologia utilizada envolveu a busca de artigos científicos relevantes, além da análise crítica dos estudos selecionados. A revisão resume estratégias de suplementação utilizadas para prevenir e atenuar o dano muscular induzido pelo exercício e a dor muscular de início tardio, com foco em suplementos dietéticos que fazem parte da declaração de consenso do COI e que possui efeitos anti-inflamatórios e/ou antioxidantes, sendo estes:  curcumina; suco de cereja ácida; suco de beterraba e quercetina. Dentre as substâncias investigadas neste estudo, destaca-se a quercetina, por possuir potente atividade antioxidante, conforme demonstrado em estudos com animais (MEYERS; RUDOLF; MITCHELL, 2008). Entretanto, em investigações realizadas em humanos os resultados são controversos, fato este que pode ser explicado devido a combinação com outros suplementos, dosagem e tempo de ingestão.

Em estudo piloto, Tsao et al. (2022) tiveram como objetivo investigar o efeito da suplementação oral de quercetina de curto prazo no metabolismo energético de corpo inteiro pós-exercício, além de determinar os efeitos da suplementação no estresse de oxigênio, inflamação, dano muscular e desempenho de exercícios de ciclismo de alta intensidade. Os resultados encontrados apontaram que a suplementação de quercetina por 7 dias reduziu significativamente a resposta à insulina induzida pela glicose pós-exercício, aumentou a capacidade antioxidante total (TAC) e as atividades da superoxidase dismutase (SOD) e suavizou os níveis de malondialdeído (MDA) durante o período de recuperação (p < 0,05). Os achados do estudo concluíram, portanto, que a quercetina pode ser considerada um auxílio ergogênico eficaz para melhorar o desempenho do ciclismo de alta intensidade entre adultos jovens.

Um estudo controlado e randomizado realizado em Otsuka et al. (2022), investigou os efeitos da suplementação de glicosídeo de quercetina combinada com treinamento de resistência de baixa intensidade na quantidade e rigidez muscular. O objetivo principal do estudo foi investigar suplementação com glicosídeos de quercetina (QGs), conhecidos flavonoides polifenólicos, combinados com exercícios resistidos na quantidade e rigidez muscular. Quarenta e oito indivíduos completaram a intervenção de 24 semanas. Não houve interação grupo x tempo significativas na AST da coxa para desfecho primário, assim como massa magra. Nenhuma correlação significativa foi observada entre as alterações do músculo VL CSA e rigidez durante a intervenção de 24 semanas. Os resultados indicaram que a suplementação de glicosídeo de quercetina combinada com exercícios de resistência de baixa intensidade melhorou a rigidez muscular passiva independentemente da quantidade de músculo.

Outro estudo, realizado por Chis et al. (2023) teve como objetivo verificar o efeito dos benefícios do treinamento de natação associado à administração de quercetina no relaxamento dependente de óxido nítrico endotelial na aorta de ratos com diabetes mellitus tipo 1 (DM1), induzido experimentalmente com estreptozotocina. Os ratos DM1 receberam 30 mg/kg de quercetina diariamente e seguiram o protocolo de 5 semanas de exercícios de natação (30 min/dia; 5 dias/semana). O relaxamento dependente do endotélio induzido por Ach diminuiu significativamente na aorta pré-contraída com fenilefrina (PE) de ratos diabéticos. O exercício de natação com administração de quercetina preservou a EDR induzida por Ach, mas não teve nenhum impacto no relaxamento independente do endotélio induzido por SNP na aorta diabética. Por outro lado, foi relevante no relaxamento endotélio dependente. Esses resultados sugerem que a administração de quercetina associada ao exercício moderado de natação poderia melhorar o relaxamento endotelial NO-dependente na aorta de ratos com DM1 induzido experimentalmente, mostrando que essa combinação terapêutica pode melhorar e até prevenir as complicações vasculares que ocorrem em pacientes diabéticos.

Tabela 1: Estudos pré-clínicos e clínicos reportados na literatura para o uso de quercetina associada ao exercício físico.

TÍTULOPAÍSPRINCIPAIS ACHADOSREFERÊNCIAS
Quercetin modulates IGF-I and IGF-II levels after eccentric exercise-induced muscle damage:  a placebo-controlled study.ItáliaApós a suplementação com queratina, houve um aumento mais acentuado nos níveis de IGF-I, assim como, o pico de IGF-II foi encontrado mais cedo, em relação ao placebo, ao mesmo tempo do IGF-I (72h). O uso da queratina reduziu significativamente os marcadores plasmáticos de dano celular [CK (p<0,05), LDH (p<0,01) e Mb (p<0,05), além do nível de interleucina-6 (p<0,05)] durante o período da recuperação após EIMD em relação ao placebo.   SGRÓ et al. (2021)
Effects of quercetin on exercise performance, physical activity and blood supply in a novel model of sustained hind-limb ischaemia.AustráliaHouve uma redução sustentada no suplemento sanguíneo dos membros posteriores (p<0,001) antes da alocação para dieta controle (n=24). A Queratina não melhorou [o desempenho do exercício (p=0,954), a atividade física (p<0,151) ou o suplemento sanguíneo relativo do membro (p=0,954)] em 4 semanas.PHIE et al. (2021)
A Multi-Ingredient Formula Ameliorates Exercise-Induced Fatigue by Changing Metabolic Pathways and Increasing Antioxidant Capacity in Mice.ChinaO suplemento com a fórmula multi-ingrediente, em 7 dias, aumentou significativamente [o tempo de duração de corrida dos camundongos (14%), a distância (20%)] indicando que a fórmula pode retardar o aparecimento de fadiga e melhorar o desempenho do exercício.   CHEN et al. (2021)
Dietary Supplementation for Attenuating Exercise-Induced Muscle Damage and Delayed-Onset Muscle Soreness in Humans.JapãoAlguns suplementos dietéticos como curcumina, suco de cereja ácida, suco de beterraba e quercetina, possuem efeitos anti-inflamatórios e antioxidantes, produzindo benefícios para Dor Muscular Induzida pelo Exercício (EIMD) e Dor Muscular de Início Tardio (DMIT). TANABE et al. (2022)
Short-term oral quercetin supplementation improves post-exercise insulin sensitivity, antioxidant capacity and enhances subsequent cycling time to exhaustion in healthy adults: a pilot study.TaiwanA suplementação de quercetina, por 7 dias, aumentou [a resposta à insulina induzida pela glicose pós-exercício, a capacidade antioxidante total (TAC) e as atividades da superoxidade dismutase (SOD)] e diminuiu os níveis de malondialdeído (MDA) durante o período de recuperação (p<0,05). Em 75% do VO2máx, o desempenho do ciclismo foi melhor após o tratamento com quercetina e acompanhado com respostas mais baixas de interleucina 6 e a creatina quinase em 24h.TSAO et al. (2022)
Effects of quercetin glycoside supplementation combined with low-intensity resistance training on muscle quantity and stiffnes: a randomized, controlled trial.JapãoNão houve interações significativas em relação grupo x tempo na área transversal do músculo (CSA) da coxa para o desfecho primário, assim como massa magra. A rigidez do músculo vasto lateral (VL) na posição alongada, foi significativamente menor nos grupos QG de 200 mg e 500 mg do que no grupo placebo após 4 semanas (p<005).OTSUKA et al. (2022)
The Beneficial Effect of Swimming Training Associated with Quercetin Administration on the Endothelial Nitric Oxide-Dependent Relaxation in the Aorta of Rats with Experimentally Induced Type 1 Diabetes Mellitus.RomêniaO relaxamento dependente do endotélio (EDR) induzido por Ach diminuiu significativamente na aorta pré-contraída com fenilefrina (PE), de ratos diabéticos. O exercício de natação com administração de quercetina preservou a EDR induzida por Ach, mas não apresentou impacto no relaxamento independente do endotélio induzido por SNP na aorta.  CHIS et al. (2023)

Fonte: Elaboração própria.

4. CONSIDERAÇÕES FINAIS

A suplementação com quercetina promove efeitos positivos na fadiga induzida pelo exercício, causando uma melhoria em seu desempenho. Alguns estudos apontaram que o uso desta substância além de atenuar no dano muscular em detrimento da fadiga, modula a eficiência cardiorrespiratória e neuromuscular. No exercício de alta intensidade, a quercetina contribui para o aumento de ciclagem até a exaustão, ou seja, pode ser considerada como um auxílio ergogênico capaz de potencializar o desempenho entre adultos jovens.

Também há evidências em que a suplementação de quercetina associado com exercícios resistidos de baixa intensidade, pode melhorar a rigidez muscular passiva independentemente da quantidade de músculos, o que pode servir como uma alternativa para tratamentos terapêuticos. Vale ressaltar que, a quercetina contribui para modular os níveis de IGF-I e IGF-II após dano muscular induzida por exercício excêntrico. 

Interessantemente, o treinamento físico moderado associado a administração de quercetina no manejo da diabetes mellitus tipo I, promove efeitos hipoglicemiantes e contribui para a recuperação da reatividade da aorta às substâncias vasoconstrictoras e vasodilatadoras induzidas por estreptozotocina em animais

Dessa forma, esta revisão contribui para respaldar o uso de quercetina em indivíduos submetidos à diferentes tipos de exercício físico, como alternativa terapêutica para modular o desequilíbrio redox nos pacientes, melhorar a performance cardiorrespiratória e reduzir os biomarcadores de dano muscular, auxiliando paralelamente na construção das fibras musculares.

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*Autor correspondente: Profa Dra. Rachel Melo Ribeiro – Formação: Doutor em Biotecnologia. ORCID: https://orcid.org/0000-0003-3864-3061 Instituição: Universidade Federal do Maranhão – UFMA / Campus: São Luís. Endereço: Av. dos Portugueses, 1966 – Vila Bacanga, São Luís – MA, 65080-805. E-mail: melo.rachel@ufma.br. Celular: (98) 99609-1695
1Programa de Pós-graduação em Educação Física – PPGEF, Universidade Federal do Maranhão (UFMA), 65080-805, São Luís, MA, Brasil.
2Programa de Pós-Graduação em Biotecnologia – RENORBIO, Universidade Federal do Maranhão (UFMA), 65080-805, São Luís, MA, Brasil.
3Programa de Pós-graduação em Ciências da Saúde, Universidade Federal do Maranhão (UFMA), 65080-805, São Luís, MA, Brasil.