EFFECTS OF THERAPEUTIC BODYBUILDING IN THE ELDERLY IN THE PREVENTION OF FALLS
REGISTRO DOI: 10.5281/zenodo.7977418
Lívia Willemann Peres
Bruno Yoshinaga Marques
Tiago Rubem Schossler
RESUMO
O processo de envelhecimento é caracterizado por uma série de modificações morfológicas, fisiológicas, bioquímicas e psicológicas que culminam em uma perda progressiva de adaptação ao meio ambiente, desenvolvimento de doenças ou exacerbação pelo declínio nas habilidades motoras e cognitivas. Dentre as diversas práticas que favoreçam o envelhecimento mais saudável pode se destacar a musculação terapêutica. O objetivo desta pesquisa é analisar os efeitos da musculação terapêutica em idosos submetidos a um programa cinesioterapêutico com enfoque no fortalecimento dos membros inferiores e com ênfase na redução e prevenção de quedas. A metodologia incluiu uma criteriosa avaliação e anamnese com o emprego de uma ficha de avaliação antes e após a aplicação do protocolo de atendimento. O protocolo de exercícios baseou-se na utilização de atividades de alongamento e fortalecimento de membros inferiores com base na musculação terapêutica. Os resultados encontrados sobre os efeitos da musculação terapêutica em membros inferiores de indivíduos idosos foram retirados a partir de uma amostra de 4 indivíduos, dois do sexo feminino e dois do sexo masculino. Houve melhora da amplitude de movimento e da força muscular dos participantes. Conclui-se que a musculação terapêutica pode ser uma técnica eficaz a ser adotada pelo público idoso com o intuito de prevenir o enfraquecimento da musculatura e perda de mobilidade pois isso fornece ao idoso melhora da qualidade de vida.
Palavras-chave: Exercício físico. Envelhecimento. Sarcopenia. Idosos.
ABSTRACT
The aging process is characterized by a series of morphological, regulatory, biochemical and psychological changes that culminate in a progressive loss of adaptation to the environment, disease development or exacerbation by the decline in motor and cognitive skills. Among the various practices that favor healthier aging, therapeutic musculature can be highlighted. The objective of this research is to analyze the effects of therapeutic musculature in the elderly in a kinesiotherapeutic program with an approach to strengthening the lower limbs and with an emphasis on the reduction and prevention of falls. The methodology included a careful evaluation and anamnesis with the use of an evaluation form before and after the application of the care protocol. The exercise protocol was based on the use of activities for strengthening and strengthening the lower limbs based on therapeutic bodybuilding. The results found on the effects of therapeutic weight training on the lower limbs of elderly individuals were taken from a sample of 4 individuals, two females and two males. There was an improvement in the range of motion and muscle strength of the participants. It is concluded that therapeutic bodybuilding can be an effective technique to be adopted by the elderly public with the intention of preventing muscle weakening and loss of mobility as this provides the elderly with an improved quality of life.
Keywords: Physical exercise. Aging. Sarcopenia. Ederly.
INTRODUÇÃO.
Envelhecer é uma fase do processo contínuo da vida em que o indivíduo sofre alterações como diminuição da força e degeneração do próprio corpo, como consequência deste processo surgem complicações que na maioria das vezes dificultam o equilíbrio e a marcha, entre as mais comuns está a queda (CORREA, SOUZA, VILELA, 2020).
Os acometimentos fisiológicos relacionados ao envelhecimento são sutis e não acometem incapacidades nos estágios iniciais, embora com o passar dos anos evoluam em limitações crescentes no desempenho das atividades diárias básicas (COSTA, SILVEIRA, MUDIM, 2021). Com as quedas aumentam os riscos de ocorrer fraturas e de desenvolver consequências graves, que resultam em lesões permanentes, mobilidade delimitada e restrições funcionais (MADEIRAS, 2019).
A redução da flexibilidade e a perda de força muscular de membros inferiores pode determinar risco de quedas, a diminuição da amplitude de movimento e força muscular nos movimentos poderá ocorrer de forma global, principalmente em membros inferiores, que gera alterações nos padrões de marcha e dificuldades no desempenho de atividades do cotidiano (COUTINHO, 2019).
No decorrer do processo de envelhecimento a suscetibilidade aos riscos de acidentes aumentam, como demonstra os dados da Organização Mundial da Saúde (OMS) que já registra um milhão de fraturas ósseas na população idosa no mundo devido a episódios de quedas, cerca de 600 mil só no Brasil (CEJAM, 2022).
Quedas podem ser definidas como o deslocamento não intencional do corpo para um nível abaixo da posição inicial, sem correção oportuna, devido a circunstâncias multifatoriais externas ou internas que comprometem a estabilidade (DE FREITAS LOPES, 2019). Pode resultar em comprometimento físico, funcional e psicossocial, bem como na redução da qualidade de vida e capacidade de realizar as tarefas da vida diária devido ao medo da exposição ao risco (PENA, 2019).
As quedas representam um grave problema de saúde pública devido aos riscos de incapacidade e mortalidade, está entre a sexta causa de óbitos em idosos, representa umas das principais condicionantes da hospitalização, o que majora ainda mais os custos para os serviços de saúde e para os familiares (ABREU et al, 2018). A atividade física no indivíduo idoso tem demonstrado ser de grande importância para a melhora na qualidade de vida (MENEZES, 2020). O que traz benefícios como a prevenção de quedas, oferta maior segurança nas atividades diárias e que beneficia o convívio social e minimiza os riscos de doenças crônicas, contribui com a saúde física e mental e, sobretudo, seu desempenho funcional (GARCIA, 2020)
A fisioterapia desempenha um papel respeitável na prevenção de quedas, tem como objetivo o alongamento, fortalecimento muscular, treino de marcha e equilíbrio para manter e melhorar a capacidade funcional do indivíduo, reduz as incapacidades e limitações e direciona à independência (IKEGAMI, 2020).
A inclusão de uma rotina de exercícios físicos semanais na vida do idoso é relevante, uma vez que proporciona mais segurança nas atividades, aprimoramento do equilíbrio e velocidade de caminhada, além de reduzir o risco de quedas, beneficia as condições de saúde e, consequentemente, a qualidade de vida (OJIMA, 2018; LEOPOLDINO et al., 2020)
A musculação terapêutica pode ser uma ferramenta útil na vida dos idosos, pois pode contribuir com o fortalecimento muscular, autonomia da marcha, que é imprescindível para a prevenção das disfunções musculoesqueléticas, redução de quedas e outras intercorrências que possam ocorrer em seu domicilio (DE OLIVEIRA, et al., 2020).
A musculação terapêutica possibilita um conjunto de benefícios para os idosos, tais como seu fortalecimento muscular que o permite uma melhor autonomia da marcha, o que é imprescindível para a prevenção das disfunções musculoesqueléticas, em especial a sarcopenia, redução de quedas e/ou outras intercorrências que possam ocorrer em seu domicilio (ALVES, 2019).
Nesse contexto, a elaboração dessa pesquisa se faz necessária para analisar os eventos incapacitantes que desencadeiam a redução da capacidade funcional dessa população, bem como, as contribuições da musculação terapêutica em meio a esse processo. Reitera-se também que, quando o idoso realiza o exercício físico regular melhora o equilíbrio corporal, marcha, qualidade de vida, e restabelece medidas que retardam o processo de senilidade ou até mesmo consequências de doenças crônico-degenerativas provenientes do envelhecimento (DO NASCIMENTO, et al ,2019).
Diante desta analise questiona-se: qual o efeito da musculação terapêutica na redução da sarcopenia, aumento da força muscular e melhora da qualidade de vida do idoso?
DESENVOLVIMENTO
METODOLOGIA
A presente pesquisa se caracteriza como quanti-qualitativa de natureza exploratória em campo. A pesquisa foi realizada no Centro Universitário Dinâmica das Cataratas – UDC, no setor de ortotraumatologia mediante o parecer de aprovação do CEP de número CAAE 5.779.649.
Participaram da pesquisa quatro indivíduos, dois do sexo masculino e dois do sexo feminino. Os participantes foram selecionados de acordo com os seguintes critérios de inclusão: maiores de 60 anos, sedentários, fraqueza muscular, déficit de mobilidade de MMII, dispostos a mudança de hábitos de vida e assinar o TCLE. Foram excluídos da pesquisa os participantes que apresentaram os seguintes critérios de exclusão: idade maior que 70 anos, processos cirúrgicos recentes, idosos funcionais, hipermobilidade, carcinoma ou doenças cardíacas descompensadas.
Os participantes foram submetidos a uma criteriosa anamnese e avaliação física no primeiro atendimento. Para tal, foi realizado uma ficha de avaliação com dados pessoais, dados sociodemográficos, controle de sinais vitais como pressão arterial e saturação de oxigênio.
Os seguintes procedimentos foram utilizados para garantir o controle de qualidade da pesquisa: utilização de instrumentos disponíveis na clínica escola, tais como caneleira, cadeira, theraband, dinamômetro, goniômetro, estetoscópio, esfigmomanômetro, oxímetro, maca e cones. Os participantes receberam previamente instruções detalhadas do andamento da pesquisa. Foi realizado uma revisão instantânea dos questionários como garantia de confidencialidade e profissionalismo durante os atendimentos em toda pesquisa, bem como foi realizado o treinamento prévio dos pesquisadores para aplicação e manuseio das técnicas elencadas para esta pesquisa.
As intervenções ocorreram cinco vezes na semana com duração de quarenta minutos cada atendimento, no decorrer de um período de seis semanas que totalizou doze sessões, cada participante foi atendido duas vezes na semana. No primeiro atendimento cada participante recebeu orientações a respeito dos procedimentos que serão utilizados no decorrer do tratamento, em seguida, foi realizado a avaliação inicial pelos pesquisadores por meio da ficha de avaliação com inspeção, anamnese, sinais vitais, dinamometria e goniometria.
A inspeção é um método de avaliação visual em que o terapeuta observa o paciente no intuito de detectar possíveis alteração posturais ou tegumentares (SUÁRES RODRIGUES, 2019). A dinamometria é um teste em que consiste no emprego de um equipamento denominado dinamômetro e tem o intuito de avaliar o nível de força muscular de uma determinada cadeia muscular ou um músculo isolado (MULLER, TAVARES, GOTTLIEB, 2019). A goniometria trata-se de uma técnica de avaliação que utiliza um instrumento chamado goniômetro que realiza a mensuração dos ângulos articulares que em graus e determina a amplitude de movimento de cada articulação consegue desenvolver (BOBSIN et al., 2019).
No segundo atendimento será iniciado os exercícios de mobilidade seguido por exercícios de fortalecimento. No último atendimento será realizado a reavaliação dos participantes.
O protocolo de exercício se baseou na musculação terapêutica e foram utilizados os exercícios com tornozeleira de 2 kg, exercício de caminhada, subir e descer degraus, treino de levantar e sentar, exercício de bomba plantar, abdução de quadril com o participante em decúbito lateral com caneleira e exercício de ponte.
O protocolo de intervenção foi composto por exercícios de mobilidade e fortalecimento de membros inferiores que serão descritos a seguir.
– Com o paciente na posição semiajoelhado, um dos membros inferiores a frente em flexão de joelho e quadril e com o pé apoiado ao solo, já o membro contralateral posicionado atrás com o joelho apoiado ao solo. O participante foi solicitado a realizar movimentos de hiperextensão de tal forma que provocasse a hiperextensão de quadril ao membro posicionado a trás e a flexão de joelho e quadril ao membro a frente. Foi realizado dez movimentos de cada lado do paciente.
– Participante e decúbito dorsal com um dos joelhos em flexão e com um dos pés apoiado ao chão. O participante realizou o movimento de ponte unilateral e manteve a posição durante 30 segundos com controle do ciclo respiratório. Após isso, repetiu o exercício com o membro contralateral, na mesma posição pelo mesmo tempo.
– Participante em ortostatismo com a ponta do pé em uma superfície em com relevo e com os membros superiores devidamente apoiados. Foi realizado o exercício de bomba plantar com uma tornozeleira de 2 quilogramas além do próprio peso do participante da pesquisa. Foi 3 séries de 12 repetições e intervalo de 2 minutos
– Com o participante de decúbito lateral em um colchonete e com uma caneleira de 2 quilogramas na região distal da perna foi realizado o exercício de abdução de quadril de forma unilateral. Foi realizado três séries de 10 repetições com intervalo de 2 minutos entre as séries.
– Com o participante em sedestação em uma cadeira foi instruído a realizar o movimento de sentar e levantar sem apoio e com o mínimo de compensação com o tronco. Foi realizado três séries de 10 repetições com intervalo de 2 minutos entre as séries.
– Com o participante sentado em uma maca e com uma tornozeleira de 2 quilos na região distal da perna foi realizado extensão de joelho de forma unilateral. Foi realizado três séries de 10 repetições com intervalo de 2 minutos entre as séries.
O exercício de sentar e levantar foi realizado com a assistência dos terapeutas devido ao alto índice de fadiga muscular. O restante dos exercícios foi realizado sem intercorrência. Todos os dados coletados na avaliação pré e pós intervenção foram revisados com dupla digitação. Os questionários foram codificados, analisados e tabulados no programa Microsoft Excel (2021) e elucidados em formas de tabelas e gráficos para interpretação dos achados.
RESULTADOS.
Os achados sobre os efeitos da musculação terapêutica em membros inferiores de indivíduos idosos foram retirados a partir de uma amostra de 4 indivíduos, dois do sexo feminino e dois do sexo masculino. Os resultados sobre amplitude de movimento serão expressos na tabela a seguir.
P: participantes
Fonte: Autores da pesquisa, 2023.
O gráfico acima demostra os resultados da goniometria de quadril expressa em graus. A cor azul representa os valores obtidos no momento da avaliação e a cor vermelha representa os valores obtidos no momento da reavaliação. Foi constatado, através dos resultados obtidos, que todos os participantes apresentaram aumento da amplitude de movimento de flexão de quadril.
P: participantes
Fonte: Autores da pesquisa, 2023.
Pode ser observado, por meio do gráfico acima, que todos os participantes apresentam um aumento importante de flexão de joelho quando comparado os resultados da avaliação e reavaliação.
P: participantes
Fonte: Autores da pesquisa, 2023.
O gráfico acima representa os resultados da dinamometria de quadril expressos em quilogramas. Pode ser observado que todos os participantes obtiveram melhoras importantes no aumento de força de flexão de quadril.
P: participantes
Fonte: Autores da pesquisa, 2023.
O gráfico acima demonstra os resultados obtidos da dinamometria de flexão de joelho. Pode ser observado que P3 apresentou os melhores resultados ao comparar com os demais participantes.
4 DISCUSSÃO.
O resultado da presente pesquisa demonstrou que o protocolo de musculação terapêutica utilizada foi apropriado para o ganho de força muscular e amplitude de movimento em todos os participantes da pesquisa na comparação dos valores da avaliação e reavaliação. Estes achados podem ser explicados em razão dos estímulos provocado devido ao treinamento de força e exercícios resistido que proporciona o aumento da força muscular pelo resultado das adaptações neuromusculares e aumento do tamanho das fibras musculares (KISNER E KOLBY, 2013).
Indivíduos idoso tendem a diminuir a prática de exercício físico e como consequência acelera o progresso da sarcopenia e enfraquecimento da musculatura do idoso deixando-o mais frágil. Frente a isso, o treinamento resistido em idosos é capaz de prevenir a sarcopenia além de estimular a força muscular (OLIVEIRA, NASCIMENTO, ALMEIDA, 2020). Nesse sentido, o presente estudo.
No presente estudo, foi possível observar que a musculação terapêutica, que tem como base o treinamento resistido, foi capaz de aumentar a força muscular de membro inferiores dos participantes da pesquisa. Em um estudo realizado em 2013 observou-se que a força muscular do quadríceps de idosos do sexo feminino aumentou após a intervenção que utilizou treinamento com cargas entre 60% e 80% de uma repetição máxima (MARIANO et al., 2013).
O exercício resistido é a prática mais eficaz para prevenir e, até mesmo, reverter os efeitos do processo de envelhecimento. A prática de treino resistido melhora a função e força muscular, previne e reverte a sarcopenia inclusive em indivíduos com idade avançada (VIEIRA et al., 2015).
A musculação terapêutica baseada em um programa de exercícios resistidos é benéfico ao indivíduo idoso pois repercute diretamente na qualidade de vida que aumenta a independência funcional do idoso. Além disso, o treinamento resistido pode ser utilizado para reabilitação e prevenção de quedas pois contribui no aumento da massa muscular e óssea, aumento da flexibilidade e coordenação motora (MORAES, 2021).
O envelhecimento é uma fase da vida em que ocorre danos no aparelho locomotor como perdas gradativas de força muscular, densidade óssea, diminuição de flexibilidade. A musculação terapêutica é uma modalidade eficiente na melhora da flexibilidade e força muscular (MEDEIROS, 2019). Frente a isso, o presente estudo demonstrou resultados favoráveis ao ganho de força muscular e aumento da flexibilidade dos membros inferiores.
CONCLUSÃO.
O enfraquecimento da musculatura dos membros inferiores e o comprometimento de mobilidade foi observada em todos os participantes idosos. Portanto, as seis semanas de intervenção com um protocolo de musculação terapêutica mostrou-se eficiente no ganho de força e mobilidade dos participantes. Os resultados encontrados sugerem que a musculação terapêutica pode ser uma técnica a ser adotada pelo público idoso com o intuito de prevenir o enfraquecimento da musculatura e perda de mobilidade pois isso fornece ao idoso melhora da qualidade de vida.
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