EFEITOS DA FISIOTERAPIA COM BASE EM REALIDADE VIRTUAL NA FUNCIONALIDADE E QUALIDADE DE VIDA DE IDOSOS COM DISTÚRBIOS NEUROFUNCIONAIS: UMA REVISÃO DE LITERATURA

REGISTRO DOI: 10.69849/revistaft/ra10202411092338


Carla Beatriz Sena Lima Cardoso
Katia Rejane Oliveira Mota
Laíssa Elisete Cardoso
Lyriel Alves de Sousa
Ludmilla Carneiro de Souza
Maria Domingas Ramos dos Santos
Prof. Orientadora Laura de Moura Rodrigues
Prof. Coordenador Fabrício Vieira Cavalcante


RESUMO 

Idosos com distúrbios neurofuncionais enfrentam uma série de desafios que afetam tanto a sua autonomia quanto a qualidade de vida. Esses distúrbios podem incluir doenças como Alzheimer, Parkinson, acidente vascular cerebral (AVC) entre outras condições que afetam o cérebro e o sistema nervoso. Dentre as abordagens fisioterapêuticas, a fisioterapia com base em realidade virtual (RV) surge como uma abordagem terapêutica inovadora para aprimorar a funcionalidade e qualidade de vida de idosos com distúrbios neurofuncionais. Com base nisso, este estudo pretende investigar o efeito da fisioterapia com base em realidade virtual na funcionalidade e qualidade de vida de idosos com distúrbios neurofuncionais por meio de uma revisão de literatura. Para isso, foi realizada uma busca nas plataformas PubMed e Scopus, por trabalhos publicados nos últimos cinco anos. Nisso, foram encontrados 147 trabalhos, sendo: PubMed 72 trabalhos, ao fazer o critério do ano ficaram 44. Após os demais critérios de inclusão, 10 estiveram aptos. No Scopus foram 75, ao fazer o critério do ano ficaram 43. Após retirar revisão, adicionar só os de acesso aberto ficaram 17, após os demais critérios de inclusão, 13 estiveram aptos para esta revisão. Contudo, com base na revisão bibliográfica realizada, constata-se que a fisioterapia com base em realidade virtual oferece um potencial significativo para melhorar a funcionalidade e a qualidade de vida de idosos com distúrbios neurofuncionais.

Palavras-chave: Distúrbios neurofuncionais; Idosos; Qualidade de vida

Abstract

Elderly individuals with neurofunctional disorders face a series of challenges that affect both their autonomy and quality of life. These disorders may include diseases such as Alzheimer’s, Parkinson’s, stroke (CVA), among other conditions that affect the brain and nervous system. Among the physiotherapeutic approaches, virtual reality (VR)-based physiotherapy emerges as an innovative therapeutic approach to enhance the functionality and quality of life of elderly individuals with neurofunctional disorders. Based on this, this study aims to investigate the effect of VR-based physiotherapy on the functionality and quality of life of elderly individuals with neurofunctional disorders through a literature review. To do so, a search was conducted on the PubMed and Scopus platforms for papers published in the last five years. A total of 147 papers were found: 72 from PubMed, after applying the yearly criterion, 44 remained. After the other inclusion criteria, 10 were eligible. In Scopus, there were 75 papers, after applying the yearly criterion, 43 remained. After removing reviews and adding only open access papers, 17 remained, and after the other inclusion criteria, 13 were eligible for this review. However, based on the conducted literature review, it is evident that VR-based physiotherapy offers significant potential to improve the functionality and quality of life of elderly individuals with neurofunctional disorders.

Keywords: Neurofunctional disorders; Elderly; Quality of life

1. INTRODUÇÃO

Idosos com distúrbios neurofuncionais enfrentam uma série de desafios que afetam tanto a sua autonomia quanto a qualidade de vida. Esses distúrbios podem incluir doenças como Alzheimer, Parkinson, acidente vascular cerebral (AVC) entre outras condições que afetam o cérebro e o sistema nervoso (Da Silva Santos; De Lima Ferrero, 2022). Portanto, é essencial realizar avaliações médicas frequentes para que os tratamentos e medicações possam ser adaptados conforme necessário. Isso ajuda a gerenciar os sintomas eficazmente e a preservar a máxima funcionalidade (Da Silva et al., 2020). 

Além disso, a contribuição dos fisioterapeutas é fundamental, não só na aplicação de terapias específicas, mas também no aconselhamento sobre adaptações necessárias no lar (Yuaso; Sguizzatto, 2002). Dentre as abordagens fisioterapêuticas, a fisioterapia com base em realidade virtual (RV) surge como uma abordagem terapêutica inovadora para aprimorar a funcionalidade e qualidade de vida de idosos com distúrbios neurofuncionais. Esta tecnologia possibilita a criação de ambientes simulados personalizados às necessidades individuais de cada paciente, oferecendo um método seguro e controlado para a reabilitação (Puga; Loureiro, 2020). 

Estudos recentes evidenciam que a RV proporciona estímulos visuais, auditivos e táteis que contribuem para a melhoria da coordenação motora, equilíbrio e força, aspectos essenciais para a autonomia dos idosos. Os programas de fisioterapia com base em RV apresentam vantagens significativas ao transformar exercícios terapêuticos, muitas vezes monótonos, em atividades envolventes e motivadoras (De Carvalho et al., 2020; De Souza Mota, 2020). Esta abordagem é particularmente benéfica para idosos, pois a gamificação dos exercícios pode aumentar a adesão ao tratamento e a frequência com que são realizados, fatores cruciais para o sucesso da reabilitação. Além disso, a RV oferece a oportunidade de simular situações da vida real que podem ser desafiadoras ou impraticáveis de reproduzir em um ambiente clínico convencional, como atravessar uma rua movimentada ou navegar por um supermercado, o que é essencial para o treinamento de habilidades necessárias para o cotidiano (Ferreira et al., 2023).

Ademais, a fisioterapia com RV pode promover melhorias significativas na qualidade de vida, ao diminuir o risco de quedas e aumentar a confiança nas habilidades motoras individuais, resultando em uma maior independência. A capacidade de ajustar a dificuldade e o ambiente dos exercícios possibilita aos fisioterapeutas monitorar o progresso de forma mais precisa e adaptar o tratamento conforme necessário para otimizar os benefícios. Com sua abordagem interativa e flexível, a fisioterapia baseada em realidade virtual emerge como uma ferramenta valiosa no gerenciamento de distúrbios neurofuncionais em idosos, contribuindo não apenas para a melhoria da função física, mas também para o bem-estar geral (De Souza Mota, 2020; De Lima; Hayashi-Xavier; Rodrigues, 2021).

A relevância da fisioterapia baseada em realidade virtual (RV) para a prática fisioterapêutica é indiscutível, pois oferece uma abordagem inovadora e eficaz para o tratamento de idosos com distúrbios neurofuncionais. Essa modalidade terapêutica possibilita a realização de exercícios personalizados em um ambiente seguro, simulando desafios do cotidiano e contribuindo para a melhoria da funcionalidade e qualidade de vida dos idosos (Tadaiesky et al., 2019). Com o envelhecimento da população e o aumento dos distúrbios neurofuncionais, a fisioterapia com RV atende às crescentes demandas sociais e econômicas, proporcionando benefícios individuais e reduzindo o ônus associado ao cuidado de idosos com condições neurodegenerativas (De Liz Sofiatti et al., 2021). Para os fisioterapeutas, a incorporação da RV representa uma oportunidade emocionante de adaptação e domínio de tecnologias emergentes, essencial para a evolução da prática clínica e a expansão do conhecimento na área da saúde (Souto; Stocco, 2023).

Justificativa

A crescente incidência de distúrbios neurofuncionais em idosos representa um desafio significativo para os sistemas de saúde em todo o mundo, impactando não apenas a funcionalidade física, mas também a qualidade de vida desses indivíduos. Nesse contexto, a fisioterapia com base em realidade virtual (RV) surge como uma abordagem terapêutica inovadora e promissora. No entanto, é fundamental compreender em profundidade o verdadeiro impacto dessa intervenção para orientar práticas clínicas eficazes. Portanto, a realização de uma revisão de literatura sobre o efeito da fisioterapia com base em realidade virtual na funcionalidade e qualidade de vida de idosos com distúrbios neurofuncionais se mostra crucial.

Esta revisão de literatura busca consolidar o conhecimento existente sobre os benefícios da fisioterapia baseada em RV para essa população específica. Ao examinar estudos prévios, será possível avaliar de forma abrangente os resultados alcançados por essa abordagem, bem como identificar lacunas de conhecimento que merecem investigação adicional. Além disso, uma revisão sistemática permitirá a análise crítica da qualidade metodológica dos estudos incluídos, garantindo a robustez e confiabilidade das conclusões obtidas.

Ao entender melhor os efeitos da fisioterapia com base em realidade virtual na funcionalidade e qualidade de vida de idosos com distúrbios neurofuncionais, poderemos fornecer subsídios importantes para orientar a prática clínica e promover intervenções mais eficazes e personalizadas. Além disso, essa revisão pode contribuir para o desenvolvimento de diretrizes e políticas de saúde voltadas para o manejo dessas condições, visando melhorar o bem-estar e a independência desses indivíduos em suas atividades diárias. Portanto, este trabalho se justifica pela sua relevância para a saúde e qualidade de vida da crescente população idosa afetada por distúrbios neurofuncionais, bem como pelo potencial impacto na prática clínica e políticas de saúde.

2. OBJETIVOS

2.1 OBJETIVO GERAL

Investigar, por meio de uma revisão de literatura, os efeitos da fisioterapia baseada em realidade virtual na funcionalidade e qualidade de vida de idosos com distúrbios neurofuncionais.

2.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS

I- Conduzir uma busca sistemática na literatura científica para identificar estudos que abordem a fisioterapia baseada em realidade virtual aplicada a idosos com distúrbios neurofuncionais. 

II- Avaliar criticamente os estudos selecionados, examinando os efeitos da fisioterapia baseada em realidade virtual nas funções física, cognitiva e emocional dos idosos.

 III- Identificar lacunas de conhecimento nos estudos existentes e sugerir direções para futuras pesquisas, visando aprofundar a compreensão dos benefícios e limitações dessa modalidade terapêutica.

3. METODOLOGIA

Os estudos bibliográficos desempenham um papel fundamental na síntese e análise crítica da literatura científica existente, fornecendo insights valiosos para a prática clínica, pesquisa e políticas de saúde. No contexto dos distúrbios neurofuncionais em idosos, a realização de uma revisão de literatura se mostra particularmente relevante, pois permite a compilação e avaliação dos estudos mais recentes sobre o uso da fisioterapia com base em realidade virtual (RV) na melhoria da funcionalidade e qualidade de vida dessa população. Essa abordagem oferece uma visão abrangente e atualizada dos avanços nesta área de pesquisa, identificando lacunas de conhecimento e fornecendo subsídios para futuras investigações e práticas clínicas.

Para conduzir esta revisão de literatura, foram utilizadas as plataformas de busca PubMed e Scopus devido à sua abrangência e reputação na área da saúde. Os descritores utilizados na busca foram “Elderly”, “Physiotherapy” e “Virtual Reality”. A busca foi restrita ao período dos últimos 5 anos (2019-2024) para garantir a inclusão de estudos recentes e relevantes sobre o tema. Após a aplicação dos critérios de inclusão e exclusão, os estudos selecionados foram submetidos a uma análise crítica para avaliar sua relevância e qualidade metodológica. Os dados relevantes foram extraídos e sintetizados para apresentação e discussão dos resultados nesta revisão de literatura.

Optou-se por incluir nesta revisão: estudos que investigaram o uso da fisioterapia com base em realidade virtual em idosos com distúrbios neurofuncionais; Estudos disponíveis em texto completo e de acesso livre; Estudos escritos em inglês, português. Os critérios de exclusão considerados foram: estudos que não abordaram especificamente o uso da fisioterapia com base em realidade virtual; estudos que não envolveram idosos como população-alvo; estudos que não se relacionaram diretamente com distúrbios neurofuncionais; estudos que não estavam disponíveis em texto completo, estudos duplicados e literatura cinza. 

4. RESULTADOS E DISCUSSÃO

Foram encontrados 147 trabalhos, sendo: PubMed 72 trabalhos, ao fazer o critério do ano ficaram 44. Após os demais critérios de inclusão, 10 estiveram aptos. No Scopus foram 75, ao fazer o critério do ano ficaram 43. Após retirar revisão, adicionar só os de acesso aberto ficaram 17, após os demais critérios de inclusão, 13 estiveram aptos para esta revisão (quadro 1).

Quadro 1: Informações dos estudos selecionados para análise.

Autor, anoObjetivoPrincipais resultadosConsiderações finais
Feng et al., 2019Investigar o efeito da tecnologia de realidade virtual (VR) no equilíbrio e na marcha de pacientes com doença de Parkinson (DP).Após o tratamento, observou-se uma melhoria significativa nos escores BBS, TUGT e FGA em ambos os grupos (P<0,05). No entanto, não houve diferença significativa na UPDRS3 entre os dados pré e pós-reabilitação no grupo controle (P>0,05). O treinamento em Realidade Virtual demonstrou um desempenho significativamente superior em comparação com o grupo que recebeu fisioterapia convencional (P<0,05).Um programa de reabilitação com RV ao longo de 12 semanas conduziu a melhorias significativas no equilíbrio e na marcha de pacientes com Doença de Parkinson, em comparação com a abordagem de fisioterapia convencional.
Liao et al., 2020Investigar os efeitos de 12 semanas de treinamento físico e cognitivo baseado em RV na função cognitiva, ativação cerebral e na atividade instrumental da vida diária e comparar a intervenção de RV com treinamento físico e cognitivo combinado.Ambos os grupos melhoraram a função executiva e a memória verbal (recordação imediata), mas apenas o grupo de Realidade Virtual (VR) teve melhorias significativas na cognição global, memória verbal (recordação atrasada) e nas Atividades Instrumentais da Vida Diária (AIVD) após a intervenção. A interação grupo x tempo mostrou que as AIVD melhoraram mais com o treinamento em RV do que com a fisioterapia convencional. Além disso, houve uma diminuição da ativação nas áreas pré-frontais após o treinamento em RV, indicando aumento da eficiência neural.Treinamento físico e cognitivo baseado em RV melhora a função cognitiva, as AIVD e a eficiência neural em idosos com DCL.
Sadeghi et al., 2021Determinar se o treinamento de equilíbrio tradicional (BT), treinamento de equilíbrio em realidade virtual (VR) ou exercício combinado (MIX) em relação a um grupo de controle em lista de espera (CON) provocaria maiores melhorias na força, equilíbrio e funcionalidade. mobilidade como proxy dos fatores de risco de quedas em homens idosos.O exercício combinado (MIX) provocou maiores melhorias na força, equilíbrio e mobilidade funcional em relação ao treinamento de equilíbrio tradicional (BT), treinamento de equilíbrio em realidade virtual (VR) e grupo controle (CON); VR apresentou melhor equilíbrio e mobilidade funcional em relação a BT e CON; e BT demonstrou melhor equilíbrio e mobilidade funcional em relação ao CON.Os tamanhos de efeito moderados a grandes na força e os tamanhos de efeito grandes no equilíbrio e na mobilidade funcional sublinham que o MIX é um método eficaz para melhorar o risco de quedas entre adultos mais velhos.
Kim; Cho, 2022Examinar o efeito de manutenção do equilíbrio de um programa de realidade virtual (RV) e treinamento de imagética motora (MIT) e propor treinamentos que pudessem melhorar a atividade física entre idosos.Nas análises de interação entre grupo e tempo, foram encontradas diferenças significativas na área de movimento do centro corporal, nos escores de equilíbrio com os olhos abertos e fechados, e na eficácia contra quedas (p < 0,05). Enquanto o grupo de Realidade Virtual (VR) mostrou diferenças significativas nos escores de equilíbrio com os olhos abertos e fechados ao longo do tempo, o grupo de Intervenção Multimodal Integrada (MIT) não apresentou variações significativas. No pós-teste, foi observada uma diferença significativa entre o grupo MIT e o Grupo Controle (GC) nos escores de equilíbrio com os olhos abertos (d = 1,13, intervalo de confiança de 95%, 0,40‐12,33).Os autores sugerem que a RV e a MIT sejam consideradas como métodos de treinamento para prevenir a fraqueza física em idosos isolados.
Campo-Prieto; Cancela-Carral; Rodríguez-Fuentes, 2022Realizar um ensaio clínico randomizado para analisar os efeitos de um programa de exergame de realidade vitrual imersiva (IVR) na função física, qualidade de vida e parâmetros relacionados ao treinamento de exposição IVR em uma amostra de institucionalizados adultos mais velhos.O grupo experimental (GE) demonstrou melhorias significativas em várias áreas: os escores de Tinetti para equilíbrio (1,84 ± 1,06; p < 0,001), marcha (1,00 ± 1,08; p < 0,001), o escore total (2,84 ± 1,67; p < 0,001) e a preensão manual (4,96 ± 4,22; p < 0,001) melhoraram consideravelmente na avaliação pré‐pós. Em contraste, o grupo controle (GC) apresentou uma significativa deterioração em comparação com o GE: houve uma queda significativa observada em cinco vezes no teste de sentar e levantar, nos escores de Tinetti para equilíbrio, marcha e no escore total, além do escore total no teste Timed Up and Go na pós-avaliação.A intervenção IVR é um método viável para abordar um programa de exercícios personalizado e uma forma eficaz de melhorar a função física na população-alvo.
Drazich et al., 2023Determinar a viabilidade de uma intervenção de atividade física de realidade virtual entre adultos mais velhos; testar a eficácia preliminar da intervenção no aumento da atividade física e na diminuição dos sintomas depressivos.Os participantes do grupo intervenção compareceram em média a 15 das 16 sessões. Um total de 90% dos participantes do grupo de intervenção MOTIVE “concordaram completamente” que a intervenção era aceitável (em comparação com 30% dos participantes do grupo de controle educacional).Este estudo apoia o teste da eficácia da intervenção na melhoria da atividade física e dos sintomas depressivos numa amostra maior de idosos.
Richards et al., 2019Investigar a propensão para o ajuste dependente do tempo no controle do equilíbrio da caminhada e a presença de efeitos colaterais de curto prazo.As perturbações causaram alterações nos passos, com aumento na largura e redução no comprimento, além de maior variabilidade. Após exposição prolongada, a maioria dos resultados retornou aos valores normais. Após breve treinamento de perturbação e sua interrupção, os idosos apresentaram passos mais longos e estreitos, com pequenos aumentos na variabilidade do posicionamento dos pés e redução da variabilidade do MoS e coativação do músculo antagonista da perna.Adultos mais velhos usam controle antecipatório em resposta inicial às perturbações, reduzindo-o após exposição prolongada. Após remoção das perturbações, mostram efeitos de curto prazo indicando diminuição do controle antecipatório e possivelmente aumento da confiança no equilíbrio. Exposição prolongada a perturbações visuais pode ser uma ferramenta promissora para treinar ajustes motores corretivos e melhorar o equilíbrio em idosos.
Choi; Lee, 2019Determinar se um exercício de remo de caiaque virtual (VKP) poderia melhorar o equilíbrio postural, o desempenho muscular e a função cognitiva em idosos com comprometimento cognitivo leve.O equilíbrio postural ( p < 0,05), o desempenho muscular ( p < 0,05) e a função cognitiva ( p < 0,05) melhoraram significativamente no grupo VKP e foram superiores aos do grupo controle ( p < 0,05)O exercício VKP melhora o equilíbrio postural, o desempenho muscular e a função cognitiva em idosos com comprometimento cognitivo leve.
Hassett et al., 2020Avaliar uma prescrição personalizada de dispositivos digitais acessíveis, além dos cuidados habituais, para pessoas com limitações de mobilidade internadas em cuidados de idosos e reabilitação neurológica.O grupo de intervenção mostrou melhores melhorias na mobilidade, mas não houve diferença significativa no tempo em pé entre os grupos aos 6 meses. Embora o grupo de intervenção tenha pontuado melhor em medidas secundárias de mobilidade, não houve diferença em outros aspectos como confiança no equilíbrio e qualidade de vida. Não foram relatados eventos adversos no grupo de intervenção, mas houve uma taxa de mortalidade ligeiramente maior, sem relação com o estudo. As limitações incluem perda de acompanhamento, número de medidas secundárias e baixo poder estatístico para algumas diferenças entre grupos.Foi observada a melhora na mobilidade em pessoas com diversas condições de saúde que fazem uso de reabilitação habilitada digitalmente, enquanto o tempo gasto na posição vertical não foi afetado.
Yogev-Seligmann et al., 2023Descrever o primeiro passo para o desenvolvimento de uma tecnologia doméstica que forneça sinais externos, testar seu efeito na marcha e avaliar a experiência do usuário.A análise de variância de medidas repetidas da avaliação da marcha em pessoas com Parkinson revelou que as faixas claras resultaram em melhorias significativas no comprimento do passo (p=0,009) e no tempo do passo (p=0,019). Não foram observadas mudanças significativas na condição do metrônomo. As pessoas com Parkinson relataram que ambas as modalidades de auxílio melhoraram sua marcha, confiança e estabilidade. A maioria não sentiu desconforto com nenhuma das modalidades e expressou interesse em ter essa tecnologia em suas residências. O metrônomo foi a opção preferida pela maioria dos participantes.O estudo de viabilidade evidenciou a usabilidade e o potencial efeito de uma nova tecnologia de dicas na marcha, representando um passo inicial significativo para o desenvolvimento de uma tecnologia voltada para prevenir o Freezing of Gait (FOG), oferecendo dicas individualizadas automaticamente. No entanto, é necessária uma investigação mais abrangente.
Maranesi et al., 2022Avaliar um tratamento inovador para pacientes idosos com DP, baseado em exergames de realidade virtual não imersivos, melhorando a marcha e o equilíbrio e reduzindo o risco de quedas.Ao final dos tratamentos, houve melhora estatisticamente significativa no equilíbrio em ambos os grupos (GC: 12,4 ± 0,7 para 13,5 ± 0,8, p = 0,017; GT: 13,8 ± 0,5 para 14,7 ± 0,4, p = 0,004). No entanto, a redução significativa do risco global de queda foi observada apenas no GT (POMA Total: 24,6 ± 0,9 para 25,9 ± 0,7, p = 0,010). No GT, todos os escores do POMA diferiram significativamente, destacando melhorias tanto no equilíbrio quanto nas características da marcha (9,7 ± 0,8 para 11,4 ± 0,2, p = 0,003). Além disso, o GT apresentou melhora na esfera psicológica, medida pelo MSC (17,1 ± 0,4 para 16,5 ± 0,4, p = 0,034). Embora tenha sido observada uma melhoria na FES-I e na Velocidade da Marcha, essa diferença não foi significativa.A tecnologia de exergames de realidade virtual não imersiva oferece uma oportunidade eficaz para treinar simultaneamente os domínios cognitivo e físico. Isso sugere um potencial significativo para o uso desses sistemas como uma abordagem integrada no treinamento cognitivo e físico.
Zak et al., 2022Fornecer insights sobre um programa de fisioterapia inovador, projetado pelos autores e auxiliado por soluções tecnológicas de realidade virtual (VR), comparando-o com outras opções de reabilitação para adultos idosos com deficiências funcionais. O programa de fisioterapia inovador introduziu um procedimento estruturado destinado a manter ou melhorar o equilíbrio e as habilidades cognitivas em um ambiente de RV totalmente imersivo, especialmente em indivíduos com mais de 75 anos de idade.No primeiro ponto de medição, os grupos de estudo diferiram significativamente em desempenho funcional, especialmente em termos de marcha (POMA G) e equilíbrio estático. A análise post hoc revelou que o grupo do programa clássico apresentou pontuações significativamente mais altas no POMA G em comparação com os grupos de VR e CVR. Por outro lado, o grupo OCULUS demonstrou pontuações significativamente maiores em equilíbrio individual e no teste de Timed Up and Go (TUG) em comparação com os outros grupos (p < 0,001). O manejo fisioterapêutico de idosos na comunidade resultou em melhorias significativas no desempenho funcional individual, especialmente no equilíbrio estático.O manejo fisioterapêutico, com o auxílio de soluções de tecnologia VR, apresenta uma alternativa promissora aos regimes tradicionais de fisioterapia, como o programa OTAGO, para melhorar o desempenho funcional individual. A solução inovadora e autoprojetada chamada VIRTUAL REALITY COMPREHENSIVE REHABILITATION ROOMS (VRCRR) pode facilitar a implementação de um programa abrangente de fisioterapia individualizado no conforto do lar.
Stamm; Dahms; Muller-Werdan, 2020Realizar uma análise de requisitos para o grupo de usuários de pacientes geriátricos com DBC para um exergame de RV.Os resultados da análise de requisitos revelam elementos essenciais para o sistema geral, hardware, software e aspectos de gamificação. Os principais requisitos incluíam aplicações específicas de exergames de RV para grupos-alvo, como orientação individualizada, usabilidade simplificada, consideração de limitações de movimento, integração de cenários do cotidiano com biofeedback, feedback adequado à idade por meio de incentivos e recompensas, além de uma duração máxima de exercício de 30 minutos, seguida por 15 minutos de relaxamento.Deveria ser possível usar os requisitos determinados de forma produtiva para criar exergames de RV fáceis de usar que motivassem pacientes idosos com dor crônica nas costas a realizar exercícios regularmente.

A análise abrangente dos resultados desses estudos revela insights valiosos sobre a eficácia de diferentes abordagens fisioterapêuticas no tratamento de distúrbios neurofuncionais em idosos. A observação de melhorias significativas em diversas medidas de funcionalidade, equilíbrio, mobilidade e função cognitiva após intervenções como o treinamento em Realidade Virtual (RV), exercício combinado e outras modalidades de fisioterapia ressalta a importância de explorar novas tecnologias e abordagens na reabilitação geriátrica. Esses resultados sugerem que a fisioterapia baseada em evidências, adaptada às necessidades individuais dos pacientes, pode desempenhar um papel fundamental na melhoria da qualidade de vida e independência funcional em idosos com distúrbios neurológicos (Choi; Lee, 2019; Sadeghi et al., 2021).

A comparação entre diferentes intervenções fisioterapêuticas oferece uma visão abrangente das vantagens e desvantagens de cada abordagem no contexto do tratamento de distúrbios neurofuncionais em idosos. Por exemplo, a fisioterapia convencional, embora seja amplamente utilizada e tenha demonstrado eficácia em melhorar a funcionalidade em idosos, pode apresentar algumas limitações, como a falta de estímulo sensorial e a motivação reduzida do paciente devido à monotonia das atividades (Kim; Cho, 2022; Drazich et al., 2023). Por outro lado, o treinamento de equilíbrio em Realidade Virtual (RV) oferece um ambiente imersivo e estimulante, que pode aumentar a motivação do paciente e proporcionar feedback visual e auditivo em tempo real, contribuindo para uma reabilitação mais envolvente e eficaz (Liao et al., 2020; Hassett et al., 2020). No entanto, apesar das vantagens da RV, essa abordagem também pode apresentar desafios, como a necessidade de equipamentos específicos e a disponibilidade de tecnologia adequada. Além disso, alguns pacientes podem enfrentar dificuldades de adaptação ao ambiente virtual ou experimentar desconforto durante o uso dos dispositivos de RV. Por outro lado, o exercício combinado, que integra diferentes modalidades de intervenção, como exercícios de resistência, equilíbrio e coordenação, pode oferecer uma abordagem mais abrangente e holística para a reabilitação, visando múltiplos aspectos da funcionalidade física e cognitiva dos idosos (Zak et al., 2022). Portanto, a análise das vantagens e desvantagens de cada abordagem permite uma avaliação mais criteriosa das opções de tratamento disponíveis, levando em consideração não apenas a eficácia clínica, mas também a viabilidade prática, a aceitação do paciente e a sustentabilidade a longo prazo do programa de reabilitação. Essa análise individualizada é essencial na fisioterapia geriátrica, onde a heterogeneidade das condições de saúde e a diversidade das necessidades dos pacientes exigem uma abordagem adaptativa e personalizada para otimizar os resultados terapêuticos. 

Nesse contexto, o papel do fisioterapeuta emerge como fundamental. O fisioterapeuta não apenas implementa as intervenções propostas, mas também desempenha um papel essencial na avaliação inicial, no acompanhamento do progresso do paciente e na adaptação do tratamento conforme necessário. Sua expertise clínica e habilidades de tomada de decisão são fundamentais para garantir uma abordagem terapêutica personalizada e eficaz, considerando as necessidades e limitações individuais de cada paciente. Além disso, o fisioterapeuta desempenha um papel crucial na educação e motivação dos pacientes, incentivando uma adesão adequada ao tratamento e promovendo a autonomia e o bem-estar do paciente ao longo do processo de reabilitação. Portanto, esses estudos destacam a importância do fisioterapeuta como um profissional de saúde altamente capacitado e indispensável na equipe multidisciplinar de cuidados geriátricos (Tadaiesky et al., 2019). 

5. CONCLUSÃO

Com base na revisão bibliográfica realizada, constata-se que a fisioterapia com base em realidade virtual oferece um potencial significativo para melhorar a funcionalidade e a qualidade de vida de idosos com distúrbios neurofuncionais. Os estudos examinados destacam os benefícios dessa abordagem, evidenciando melhorias no equilíbrio, na marcha e em outras habilidades motoras, além de ganhos cognitivos. A tecnologia de realidade virtual proporciona um ambiente estimulante e desafiador, que pode ser motivador para os pacientes, oferecendo uma alternativa promissora aos métodos tradicionais de reabilitação. No entanto, para uma implementação eficaz, é essencial considerar requisitos específicos, como adaptação individualizada, usabilidade simplificada e a integração de elementos de gamificação, garantindo uma experiência terapêutica eficiente e aprimorando os resultados clínicos.

No entanto, são necessários estudos mais robustos e ensaios clínicos randomizados para uma avaliação mais precisa do impacto da fisioterapia baseada em realidade virtual. A fim de maximizar os benefícios terapêuticos e a adesão dos pacientes, é fundamental que os profissionais de saúde estejam atentos a esses aspectos ao integrar essa modalidade de tratamento em suas práticas clínicas. Ao fazê-lo, poderão explorar todo o potencial da realidade virtual como uma ferramenta eficaz para melhorar a funcionalidade e a qualidade de vida dos idosos com distúrbios neurofuncionais, contribuindo assim para uma abordagem mais abrangente e integrada na reabilitação desses indivíduos.

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