EFEITOS DA FISIOTERAPIA AQUÁTICA NA QUALIDADE DE VIDA DE PACIENTES IDOSOS COM DOENÇA DE PARKINSON

REGISTRO DOI: 10.5281/zenodo.11371934


Cristina dos Santos Rodrigues da Mota; Deise Adriana de Sousa Leite; Umbelina Cristina de Sousa; Orientadora: Prof. Laura de Moura Rodrigues.


RESUMO

A Fisioterapia Aquática, um recurso terapêutico que envolve a imersão do corpo em piscina aquecida e atividades físicas adaptadas, oferece benefícios físicos, fisiológicos e cinésicos. Este estudo investiga seu potencial como coadjuvante na reabilitação de pacientes com Doença de Parkinson, destacando seus efeitos positivos no metabolismo, redução da tensão muscular e promoção de um ambiente confortável e relaxante. A pesquisa busca entender como a fisioterapia aquática pode preservar a mobilidade e retardar a progressão dos sintomas da doença, oferecendo intervenções assertivas para melhorar a qualidade de vida dos pacientes. Objetivo: Investigar os impactos da hidroterapia na melhoria da marcha em idosos afetados pela doença de Parkinson. Método: O estudo realizou uma revisão qualitativa da literatura para investigar os benefícios da reabilitação aquática em idosos com Doença de Parkinson. Resultados: Observou-se que a hidroterapia contribui para a manifestação ou restauração de uma melhor qualidade de vida em indivíduos com DP. Conclusão: Quando combinada com tratamentos fisioterapêuticos voltados para a recuperação da funcionalidade, a hidroterapia tende a minimizar a perda motora em comparação com aqueles que não recebem tratamento, reduzindo assim a progressão degenerativa muscular associada à DP.

Palavras-Chave: Hidroterapia; Fisioterapia aquática; Idosos; Hidroterapia; Tratamentos para Doença de Parkinson.

ABSTRACT

Aquatic Physiotherapy, a therapeutic resource that involves immersing the body in a heated pool and adapted physical activities, offers physical, physiological and kinesthetic benefits. This study investigates its potential as an adjunct in the rehabilitation of patients with Parkinson’s disease, highlighting its positive effects on metabolism, reduction of muscle tension and promotion of a comfortable and relaxing environment. The research seeks to understand how aquatic physiotherapy can preserve mobility and slow down the progression of the disease’s symptoms, offering assertive interventions to improve patients’ quality of life. Objective: To investigate the impact of hydrotherapy on improving gait in elderly people affected by Parkinson’s disease. Method: The study carried out a qualitative literature review to investigate the benefits of aquatic rehabilitation in elderly people with Parkinson’s disease. Results: It was observed that hydrotherapy contributes to the manifestation or restoration of a better quality of life in individuals with PD. Conclusion: When combined with physiotherapeutic treatments aimed at restoring functionality, hydrotherapy tends to minimize motor loss compared to those who do not receive treatment, thus reducing the muscular degenerative progression associated with PD.

Keywords: Hydrotherapy; Aquatic physiotherapy; Elderly; Treatments for Parkinson’s Disease.

1. INTRODUÇÃO

De acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o Brasil está vivenciando um processo de envelhecimento populacional, caracterizado pelo aumento contínuo do número de indivíduos com mais de 60 anos, resultado da queda nas taxas de mortalidade e do crescimento na expectativa de vida (REBELLATO et al., 2008, p. 69-75). Em função disso, a saúde dos idosos se torna um ponto central de preocupação, pois o envelhecimento é um fenômeno dinâmico, progressivo e inevitável (BARCALA et al., 2011, p. 337-343). Com o aumento da longevidade global, projeta-se que em 2020 mais de 40 milhões de pessoas sofrerão de desordens motoras relacionadas ao envelhecimento (SILVA et al., 2013, p. 17-23). 

O envelhecimento resulta em uma perda gradual da capacidade de adaptação do indivíduo, diminuindo a funcionalidade necessária para realizar as atividades diárias (SILVA; BERBEL, 2015, p. 16-21; ALBINO et al., 2012, p. 17-25). Essas atividades são ainda mais afetadas em idosos que sofrem de doenças neurológicas, como a doença de Parkinson.

Neste sentido, o IBGE aduz que são diagnosticados aproximadamente 36 mil novos casos de Parkinson a cada ano no Brasil. Estima-se que haja uma população de cerca de 200 mil pessoas vivendo com a doença. A incidência é de aproximadamente 700 casos por 100.000 pessoas entre aqueles com idade entre 60 e 69 anos, e de 1500 casos por 100.000 pessoas na faixa etária de 70 a 79 anos.

Segundo a portaria n° 228, de 10 de maio de 2010 do Ministério da Saúde, a doença de Parkinson (DP), antes descrita por James Parkinson em 1817, é uma das doenças neurológicas mais comuns e intrigantes da atualidade. É uma doença que perpetua todo o mundo, e atinge todos os grupos étnicos e classes sócio-econômicas. A doença de Parkinson é uma condição neurodegenerativa e progressiva do Sistema Nervoso Central (SNC), caracterizada pela perda de neurônios dopaminérgicos na porção compacta da substância negra do mesencéfalo (SILVA et al., 2013, p. 17-23). Essa perda provoca nos pacientes sensações de fadiga, tremores progressivos que evoluem para graus variados de rigidez e bradicinesia, além de alterações posturais, instabilidade no equilíbrio e na marcha (SILVA et al., 2010, p. 463-468).

Além disso, ocorrem alterações musculoesqueléticas, neurocomportamentais e comprometimento cardiorrespiratório, o que interfere diretamente na capacidade funcional (COELHO et al., 2012, n. 87; SANT et al., 2008, p. 80-89). 

Portanto, a fisioterapia emerge como uma importante abordagem complementar no manejo da DP, especialmente a fisioterapia aquática. Portanto, é crucial que os profissionais de saúde estejam cientes não apenas dos sintomas motores, mas também dos sintomas não motores da DP, a fim de fornecer um cuidado abrangente e eficaz aos pacientes. O reconhecimento precoce e o tratamento desses sintomas podem ajudar a melhorar a qualidade de vida e retardar a progressão da doença, proporcionando uma abordagem holística no manejo da DP (da, SILVA et al., 2018).

Atualmente, a fisioterapia aquática é utilizada como tratamento complementar na reabilitação dessas alterações devido aos efeitos físicos, fisiológicos e cinesiológicos da imersão do corpo em piscina aquecida, promovendo o aumento dos níveis de dopamina no SNC por algumas horas (SILVA e BERBEL, 2015, p. 16-21) e melhorando a mobilidade funcional através da atividade muscular (SILVA et al., 2013, p. 17-23; SILVA et al., 2010, p. 463-468; LOBATO e DIAS, 2015, p. 117-124).

A água aquecida proporciona um ambiente terapêutico ideal, permitindo exercícios que visam melhorar o equilíbrio, a marcha, a força muscular e a flexibilidade, ao mesmo tempo que reduzem o impacto nas articulações e proporcionam alívio da rigidez muscular e dor (CAMARGO; BOHRER; TANAKA, 2021; BORGES l.; KICH; BORGES M., 2019).

A hidroterapia visa proporcionar atividades específicas para melhorar a capacidade e reabilitação dos pacientes em ambientes aquáticos, como piscinas cobertas ou aquecidas. Seus protocolos são destinados à reabilitação de uma variedade de condições, como problemas neuromusculares, respiratórios, ortopédicos, reumatológicos, estabilidade muscular e recuperação muscular, entre outros (CAMARGO; BOHRER; TANAKA, 2021; BORGES l.; KICH; BORGES M., 2019).

Uma revisão bibliográfica foi realizada utilizando diversas bases de dados acadêmicas, incluindo PubMed, Lilacs, SciELO, Medline e Google Acadêmico, com foco nos benefícios e métodos da fisioterapia aquática no tratamento da DP. Palavras-chave como “Fisioterapia”, “hidroterapia”, “piscina terapêutica” e “Parkinson” foram utilizadas para identificar estudos relevantes.

Os resultados dessa revisão destacam os benefícios significativos da fisioterapia aquática, incluindo melhora na função motora, redução da rigidez muscular, aumento da mobilidade e da qualidade de vida. Além disso, evidencia-se que a fisioterapia aquática pode desempenhar um papel importante na prevenção de complicações secundárias, como quedas e lesões.

Em suma, a fisioterapia aquática surge como uma abordagem terapêutica eficaz e segura para indivíduos com DP, proporcionando uma série de benefícios físicos e psicológicos. Esta revisão destaca a importância de integrar a fisioterapia aquática como parte integrante do plano de tratamento multidisciplinar para a DP, visando melhorar a qualidade de vida e a independência funcional dos pacientes afetados por esta condição neurodegenerativa.

2. JUSTIFICATIVA

A hidroterapia é uma modalidade terapêutica amplamente reconhecida e utilizada por profissionais de saúde, como fisioterapeutas, para tratar diversas condições médicas e melhorar a saúde e o bem-estar dos pacientes. Utilizando a água como meio, a hidroterapia proporciona benefícios terapêuticos significativos devido às propriedades físicas únicas da água, como flutuabilidade, resistência e temperatura. 

Durante as sessões de hidroterapia, os pacientes realizam exercícios e técnicas terapêuticas em um ambiente aquático controlado, o que reduz o impacto nas articulações, alivia a pressão sobre o corpo e facilita movimentos mais suaves.

Essa abordagem é particularmente benéfica para pessoas com condições musculoesqueléticas, como artrite, lesões, limitações de mobilidade ou dor crônica, como os portadores de Parkinson.

Portanto, uma revisão de literatura sobre hidroterapia se justifica pela necessidade de compreender melhor seus efeitos terapêuticos, sua eficácia em diferentes condições médicas e seu potencial para promover a reabilitação e o bemestar dos pacientes.

3. OBJETIVOS

O nosso objetivo foi avaliar a viabilidade de um tratamento de hidroterapia em pacientes idosos com doença de Parkinson e a eficácia deste tratamento.

3.1 GERAL

  • Avaliar a eficácia da hidroterapia como tratamento complementar para pacientes idosos com doença de Parkinson, visando melhorar a qualidade de vida e reduzir os sintomas motores e não motores.

3.2 ESPECÍFICOS

  • Investigar os efeitos da hidroterapia na redução dos sintomas motores, como tremores, rigidez muscular e bradicinesia, em pacientes com doença de Parkinson;
  • Avaliar o impacto da hidroterapia na melhoria da funcionalidade e independência nas atividades diárias dos pacientes parkinsonianos;
  • Analisar os efeitos da hidroterapia na redução de sintomas não motores, como distúrbios do sono, depressão e prejuízos cognitivos, em pacientes com doença de Parkinson.

4. MÉTODO

Esta pesquisa consistiu em uma revisão da literatura com abordagem qualitativa, visando analisar os benefícios da reabilitação aquática para idosos com Doença de Parkinson. A coleta de artigos ocorreu entre fevereiro a maio de 2024, utilizando as bases de dados MEDLINE e BVS. Os descritores utilizados em português e inglês foram: “hidroterapia”, “fisioterapia aquática”, “idosos”, “parkinson”, “hydrotherapy”, “aquatic physiotherapy”, “elderly” e “parkinson’s”.

Foram selecionados artigos científicos publicados nos últimos 10 anos (2013 a 2023), e que se adequavam ao tema, focando em estudos clínicos. Foram excluídas revisões de literatura e textos que não estavam disponíveis integralmente e de forma gratuita.

5. RESULTADOS E DISCUSSÃO

Na Doença de Parkinson (DP), a fisioterapia é essencial para uma reabilitação eficaz, focando em melhorar ou manter a função motora e, assim, a independência nas atividades diárias, influenciando positivamente a qualidade de vida. A atividade física regular oferece efeito neuroprotetor, retardando sintomas que afetam a qualidade de vida, além de benefícios cognitivos e no humor. Nesse cenário, a reabilitação aquática se destaca com ganhos clinicamente e estatisticamente relevantes (BARBOSA et al., 2023). 

Quadro 1: Demonstração dos resultados dos artigos analisados

AUTORES E ANOTipo de estudoPRINCIPAIS RESULTADOS E CONCLUSÕES
Carroll et al. (2017)Programa de terapia aquática de 6 semanas em comparação com os cuidados habituais na marcha, incapacidade motora, congelamento e qualidade de vida em pacientes com Doença de Parkinson leve a moderadamente graveEmbora a variabilidade da marcha não tenha melhorado significativamente, houve melhorias estatisticamente significativas na deficiência motora. Os participantes desfrutaram do ambiente aquático e sentiram-se desafiados, percebendo uma progressão em suas habilidades. Muitos relataram que caminhar com nadadeiras foi especialmente desafiador, mas ainda benéfico.
Carroll et al. (2021)Investigar as percepções e crenças de indivíduos que convivem com a Doença de Parkinson, especialmente no que diz respeito aos fatores que influenciam o acesso, a participação e a adesão a longo prazo à terapia aquática comunitária. Uma abordagem comparativa foi adotada, examinando as experiências e pontos de vista de pessoas em diferentes regiões do mundo.Entre os relatos coletados, destacou-se o medo de quedas como uma preocupação comum entre os participantes. No entanto, uma tendência igualmente prevalente foi a expressão do desejo de manter-se ativo e em movimento. Esse desejo foi identificado como um fator significativo na aceitação e comprometimento com a terapia aquática. A percepção de que a atividade física contínua poderia contribuir para a qualidade de vida e retardar a progressão da doença foi amplamente compartilhada. Além disso, os participantes relataram diversos benefícios decorrentes da participação na terapia aquática. Um aspecto notável foi a melhoria do bem-estar geral. Muitos descreveram uma sensação de liberdade e relaxamento durante as sessões aquáticas, associada a uma redução da rigidez muscular e uma sensação de maior soltura nos movimentos. Esses benefícios físicos foram complementados por um impacto positivo na saúde mental, com relatos de uma melhora no humor e na sensação de autoeficácia. Outro aspecto relevante destacado pelo estudo foi a importância da terapia aquática na comunidade. A oportunidade de participar de atividades em um ambiente socialmente integrado foi valorizada pelos participantes. A interação com outros indivíduos que compartilham experiências semelhantes proporcionou apoio emocional e um senso de pertencimento, contribuindo para uma maior motivação e adesão à terapia. Em suma, os resultados do estudo de Carroll et al. (2021) destacam a importância da terapia aquática na gestão da Doença de Parkinson, não apenas como uma intervenção física, mas também como um meio de promover o bem estar emocional e social dos indivíduos afetados pela doença. 
Fleur et al. (2020)Viabilidade do método Halliwick na reabilitação aquática para indivíduos com DP comparando-o com a terapia em terra firme em relação à gravidade da doença, equilíbrio e medo de quedas.Houve uma melhoria significativa no equilíbrio entre os participantes que receberam a terapia aquática, com uma adesão satisfatória ao programa. Os participantes que receberam terapia em terra relataram maior fadiga, sugerindo que as propriedades hidrostáticas e hidrodinâmicas da água podem fornecer suporte para as articulações e promover relaxamento muscular. Esses achados destacam a eficácia potencial da reabilitação aquática, especialmente para melhorar o equilíbrio e reduzir o medo de quedas em pacientes com DP.
Lobato et al., (2015)Experimento em que a paciente, uma mulher de 69 anos com doença de Parkinson, após completar 10 sessões de terapia.O protocolo de tratamento, estruturado em quatro etapas distintas, proporcionou um aumento notável na amplitude de movimento geral e na força muscular global, conforme evidenciado pela análise estatística dos dados utilizando o teste “t” de Student (p<0,05). Esses resultados sugerem a eficácia do programa de terapia, destacando sua capacidade de promover ganhos tangíveis na função física da paciente, o que pode ter importantes implicações na gestão e na qualidade de vida de indivíduos com doença de Parkinson.
Palamara et al. (2017)Eficácia da intervenção aquática combinada com a terrestre em comparação com a terrestre isolada no equilíbrio de pacientes com DPOs resultados mostraram que ambos os grupos apresentaram melhorias similares. No entanto, o grupo aquático manteve os benefícios no equilíbrio a longo prazo, sugerindo que a combinação de exercícios aquáticos e terrestres pode ser uma abordagem fisioterapêutica válida na Doença de Parkinson.
Pochmann et al. (2018)Análise de níveis plasmáticos de marcadores inflamatórios em pacientes com DP idiopática em comparação com indivíduos saudáveis, e os efeitos agudos e crônicos da terapia aquática sobre ebiomarcadores em pacientes com DPOs resultados revelaram que a terapia aquática foi capaz de modular os marcadores inflamatórios tanto a curto quanto a longo prazo. Esse efeito pode ser atribuído ao exercício moderado, que tem sido associado a efeitos anti-inflamatórios, incluindo um aumento nas citocinas anti-inflamatórias IL-1ra e IL-10, enquanto os mediadores pró-inflamatórios permanecem estáveis.  Essas descobertas fornecem insights importantes sobre os benefícios da terapia aquática na modulação da resposta inflamatória em pacientes com DP. Ao promover um ambiente anti-inflamatório no organismo, a terapia aquática pode ajudar a atenuar os sintomas inflamatórios associados à DP e potencialmente retardar a progressão da doença. 
Silva et al., (2013)Estudo com protocolo de 16 sessões de uma hora, com cinco minutos de aquecimento na piscina, seguido por alongamentos passivos e ativos nos membros.A análise dos resultados revela um impacto positivo significativo do programa de exercícios em fisioterapia aquática na percepção da qualidade de vida dos pacientes. A participação nesse programa demonstrou melhorias notáveis em diversas áreas-chave, incluindo estigma, desconforto físico, mobilidade, equilíbrio e comunicação. Esses achados sugerem que a abordagem terapêutica aquática não apenas beneficia os aspectos físicos da saúde dos pacientes, mas também tem um impacto positivo em sua saúde mental e emocional, promovendo uma experiência global de bem-estar e qualidade de vida.
Volpe et al. (2017)Programa de fisioterapia aquática com análise em 3Dobservaram uma melhoria na marcha de pacientes com estágio 3 de Hoehn e Yahr da Doença de Parkinson. Houve melhorias significativas nos parâmetros de marcha e cinemática dos membros inferiores. A análise em 3D destacou melhorias em todos os planos de movimento. O estudo sugere que o benefício poderia ser ainda maior a longo prazo, indicando que o ambiente aquático pode melhorar o alinhamento postural e, consequentemente, a marcha.
Volpe et al. (2017)Viabilidade e os efeitos da fisioterapia intensiva em meio aquático na melhoria da postura em pacientes com DP que apresentavam deformidades posturaisOs resultados revelaram uma melhora significativa na postura do tronco nos planos sagital e coronal entre os participantes submetidos à terapia aquática. Além disso, tanto o grupo aquático quanto o grupo controle demonstraram melhorias significativas em medidas secundárias, como o Tempo Up and Go (TUG), bem como em avaliações da qualidade de vida. Esses achados sugerem que a reabilitação aquática pode ser uma opção eficaz para melhorar a postura e outros aspectos funcionais em indivíduos com DP. A abordagem terapêutica intensiva em meio aquático oferece vantagens distintas, especialmente para pacientes com DP. A resistência proporcionada pela água pode auxiliar no fortalecimento muscular e na melhoria do equilíbrio, enquanto o ambiente aquático oferece suporte para articulações sobrecarregadas, facilitando movimentos mais fluidos. Além disso, a terapia aquática é frequentemente descrita como agradável e relaxante, o que pode promover uma maior adesão ao tratamento. Esses resultados destacam a importância de considerar a reabilitação aquática como parte integrante do plano de tratamento para pacientes com DP. Ao oferecer uma abordagem terapêutica abrangente que aborda não apenas os sintomas motores, mas também a qualidade de vida geral, a fisioterapia aquática pode desempenhar um papel significativo na gestão da DP.
Volpe et al. (2020)Estudo com pacientes com DP e controles para investigar a melhoria na ativação muscular nos membros inferiores.O estudo analisou as alterações nos padrões musculares ao longo dos ciclos da marcha, bem como a interação entre os músculos coativadores, avaliando a quantidade de ativação mútua. Após o tratamento, os músculos demonstraram maior capacidade de aumentar a ativação e produzir uma resposta muscular mais focalizada, especialmente nos estágios de impulso e balanço do ciclo da marcha. Esses achados indicam uma possível melhoria na eficiência dos padrões de ativação muscular após a intervenção terapêutica. Essa análise detalhada dos padrões de ativação muscular durante a marcha oferece insights valiosos sobre os efeitos da terapia na função muscular em pacientes com DP. Ao compreender como a terapia influencia a coordenação e a força muscular durante o movimento, os profissionais de saúde podem adaptar e otimizar os protocolos de tratamento para maximizar os benefícios para os pacientes. Esses resultados corroboram a crescente evidência de que a reabilitação aquática pode desempenhar um papel significativo na melhoria da função muscular e na mobilidade em pacientes com DP. 

A doença de Parkinson é uma condição progressiva que se manifesta através de sintomas motores e sensoriais, como tremor em repouso, lentidão nos movimentos, rigidez muscular, problemas de postura, alterações no olfato, distúrbios do sono, entre outros. 

A fisioterapia aquática é utilizada como parte do tratamento complementar para reabilitar os sintomas da doença de Parkinson. Seu objetivo é gerar efeitos físicos, fisiológicos e cinéticos através da imersão em água aquecida. Busca-se prevenir contraturas, deformidades e atrofias, mantendo ou melhorando a amplitude de movimento, a coordenação motora, o padrão de marcha e a função respiratória.

Métodos de reabilitação têm sido integrados como complemento aos tratamentos medicamentosos para pacientes com DP. A terapia aquática, uma das técnicas mais antigas da fisioterapia, envolve o uso terapêutico da água externa. As forças físicas exercidas pela água durante a imersão resultam em extensas alterações fisiológicas, afetando praticamente todos os sistemas do corpo. Essa modalidade terapêutica é bem recebida devido às suas adaptações fisiológicas e à redução do estresse nas articulações, principalmente devido à pressão hidrostática, uma das características físicas distintivas da água (CAROMANO; NOWOTNY, 2002).

6. CONSIDERAÇÕES FINAIS

A fisioterapia desempenha um papel crucial no tratamento da doença de Parkinson, oferecendo uma abordagem terapêutica essencial para melhorar o estado físico e mental dos pacientes. 

A hidroterapia, em particular, demonstra ser eficaz na recuperação e na qualidade de vida, ajudando a estabilizar o declínio cognitivo. A prática de atividade física direcionada é essencial para reduzir os riscos associados à progressão da doença, especialmente em idosos. 

A terapia aquática para idosos com DP oferece benefícios significativos na melhoria dos distúrbios motores e na saúde geral, desde estágios iniciais até moderadamente graves da doença. Essa abordagem terapêutica demonstra eficácia em retardar a progressão da condição, oferecendo uma alternativa viável para lidar com os desafios associados à doença. 

O protocolo hidrofisioterapêutico mostra-se benéfico para estimular a função motora e retardar a degeneração mental, promovendo equilíbrio estático e dinâmico. Além disso, a revisão bibliográfica destaca a importância da fisioterapia aquática na recuperação dos pacientes, enfatizando a necessidade de continuar pesquisando para aprofundar o entendimento sobre os benefícios dessa abordagem terapêutica.

Este estudo sugere que a fisioterapia aquática (FA) é uma opção viável para melhorar o equilíbrio e reduzir o risco de quedas em pacientes idosos com doença de Parkinson (DP), resultando em uma melhoria na qualidade de vida. Recomendase mais pesquisas para esclarecer o papel da FA no equilíbrio de pacientes com DP.

A revisão da literatura ressalta os impactos positivos da reabilitação aquática nos sintomas motores e não motores da DP. No entanto, são necessárias mais investigações e ensaios clínicos para aprofundar nosso entendimento sobre os efeitos de longo prazo dessa modalidade terapêutica. Em resumo, a terapia aquática representa uma ferramenta valiosa no arsenal terapêutico, proporcionando melhorias significativas na qualidade de vida e no bem-estar dos idosos afetados pela DP.

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