EFEITOS DA FISIOTERAPIA AQUÁTICA EM CRIANÇAS COM PARALISIA CEREBRAL

REGISTRO DOI: 10.69849/revistaft/ra10202411241336


Débora Silva Bonifacio Lima
Kauane Sandy de Oliveira Lima
Sadiny Sibele Paiva de Oliveira
Profa: Laura de Moura Rodrigues
Prof: Fabrício Vieira Cavalcante


RESUMO

A paralisia cerebral (PC) é uma das condições mais comuns que afeta o desenvolvimento motor em crianças, frequentemente associada a distúrbios da postura e movimento. A fisioterapia aquática tem sido proposta como uma abordagem terapêutica eficaz para melhorar o controle motor e a funcionalidade em crianças com paralisia cerebral. Este estudo visa revisar a literatura sobre os efeitos da fisioterapia aquática em crianças com paralisia cerebral. Foram analisados diferentes ensaios clínicos, focando na comparação entre grupos controle e intervenção, com especial atenção para melhorias em parâmetros como função motora grossa, equilíbrio e espasticidade.

ABSTRACT

Cerebral palsy (CP) is one of the most common conditions that affects motor development in children, often associated with posture and movement disorders. Aquatic physical therapy has been proposed as an effective therapeutic approach to improve motor control and functionality in children with Cerebral palsy. This study aims to review the literature on the effects of aquatic physical therapy on children with cerebral palsy. Different clinical trials were analyzed, focusing on the comparison between control and intervention groups, with special attention to improvements in parameters such as gross motor function, balance and spasticity.

Palavras-chave: Paralisia Cerebral; Encefalopatia Crônica; Fisioterapia Aquática; Hidroterapia; Função Motora Grossa.

1 INTRODUÇÃO

A Paralisia Cerebral (PC), que também conhecida como Encefalopatia Crônica não progressiva, é causada por uma lesão cerebral não progressiva fixa, a qual afeta os movimentos e a postura. Pode ocorrer antes e durante o nascimento, podendo também ocorrer após (GERSH et al, 2007). É uma das causas mais frequentes de incapacidade motora em crianças, originando limitações das atividades. O principal sintoma é o distúrbio da função motora, mas frequentemente ocorrem outras disfunções associadas, incluindo condições cognitivas, de comunicação, de sensação e comportamentais, bem como epilepsia (Sadowska et al., 2020). 

 A prevalência de Paralisia Cerebral para todos os nascidos vivos varia de 1,5 a 3 por 1.000 nascidos vivos. Como em muitos bebês e crianças os achados neuromotores anormais tendem a resolver-se nos primeiros anos, especialmente durante os primeiros 2 a 5 anos de vida, a prevalência relatada de Paralisia Cerebral tende a ser maior durante a infância (Patel et al., 2020).

A Paralisia Cerebral caracteriza-se como: Atáxica, onde ocorre hipotonia e incapacidade motora; Atetóide, na qual é a discinesia caracterizada por incapacidade em manter em posição estável os dedos, artelhos, língua e outras partes do corpo, resultando em movimentos lentos e contínuos, senoidais e involuntários suaves; Espástica, em que ocorre hipertonicidade, hiperreflexia e persistência anormal de reflexos neonatais, joelho valgo ou pernas em tesoura, posturas anormais dos membros e contraturas, dificuldade de deglutição e salivação excessiva e Mista, que seriam dois dos tipos acima que se combinam como no Espastico e Atetóide. (CARMO, 2005).

Por muitos anos o uso da água era relacionada com a cultura da religião. A hidroterapia como forma terapêutica por volta de 2400 a.C. pela cultura proto-indiana que fazia instalações higiênicas. Era entendido que anteriormente, egípcios, assírios e muçulmanos usavam a água com propostas curativas. Há também documentação de que os hindus em 1500 a.C. usavam a água para combater a febre. Já foram encontrados arquivos históricos  que constam civilizações japonesas e chinesas antigas faziam menções de culto (adoração) para a água corrente e faziam banhos de imersão por grandes períodos. Homero mencionou que o uso da água servia como alívio de fadiga, cura de doenças e combate à melancolia. Na Inglaterra, as águas de Bath foram usadas anteriormente a 800 a.C. como propostas curas.

A hidroterapia tem origem derivada da grécia hydro (de hydor, hydatos =água) e therapeia (tratamento) que apresentou grandes evidências como forma alternativa de tratamento para pacientes portadores de deficiência física. Entretanto, este não é um método atual e sim já passa por uma análise histórica, sendo verificada que o tratamento por meio da água passou por várias fases, alternando entre o modismo e o esquecimento.

1.1 APRESENTAÇÃO DO TEMA

O exercício como forma de terapia e reabilitação é essencial para crianças com Paralisia Cerebral, pois é utilizado para melhorar a força muscular, flexibilidade, função respiratória e função motora grossa das crianças (Keyes & Lockette 1994). Crianças e adolescentes com Paralisia Cerebral apresentam fraqueza muscular; portanto, é razoável supor que esses músculos fracos possam ser fortalecidos por meio de um protocolo de treinamento de resistência.

Para a sociedade este artigo é de grande valia, pois, há um certo receio para a inclusão destes pacientes no meio aquático, devido às suas limitações. Pois, para um atendimento de qualidade requer um certo nível de conhecimento científico. Trazendo assim benefícios para as Atividades de Vida Diária de pacientes e seus cuidadores.

A fisioterapia aquática é uma especialização que foi criada em 1980 quando o autor, Harold Dull, começou a flutuar pessoas numa piscina de água quente, aplicando alongamentos e movimentos. Com isso, surgiu mais um recurso para tratamento de pacientes com disfunções diversas, incluindo as neurológicas.

1.2 JUSTIFICATIVA

Sabe-se que a motivação e o prazer são facilitadores para o envolvimento e adesão à atividade física com crianças. Recentemente a OMS recomenda que programas de atividade física e exercícios para jovens com Paralisia Cerebral sejam agradáveis, dentro das capacidades e limitações de cada criança, e incluam apenas atividades com risco mínimo de queda ou lesão. A Hidroterapia é um tipo de terapia que se acredita ser divertido e lúdico, não aumenta a dor durante o exercício e não aumenta o risco de lesões.

As propriedades de suporte, assistência e resistência da água favorecem tanto os fisioterapeutas como os pacientes. A hidroterapia tem se mostrado um tratamento eficaz, em relação a Encefalopatia crônica, por ser métodos antigos no tratamento de disfunções sensório-motoras e físicas. É um método que favorece a execução de movimentos para melhora da amplitude de movimento, facilita a deambulação, equilíbrio e auxilia nos exercícios de resistência do paciente (ORSINI, 2008)

Com isso, o tratamento aquático além de atuar nos sistemas circulatório e nervoso, também auxiliam na regularização da temperatura do corpo. Assim o tratamento hidroterápico possibilita uma significância maior na melhora das Atividades de Vida Diária.

1.3 OBJETIVOS

Esse artigo tem como objetivo, portanto, evidenciar a importância da hidroterapia Este como uma terapêutica crucial no tratamento de pessoas com paralisia cerebral. Trata-se de uma revisão bibliográfica. 

               1.3.1 OBJETIVOS ESPECÍFICOS

Os artigos achados nas plataformas de dados foram lidos e selecionados a fim de concluir o presente trabalho com o objetivo de expor o uso da hidroterapia na melhora das disfunções advindas da Paralisia Cerebral.

2 METODOLOGIA

Para a construção deste trabalho utilizou-se o método de revisão sistemática da literatura.

As revisões sistemáticas devem ser abrangentes e não tendenciosas na sua execução. Os critérios adotados são divulgados de modo com que outros pesquisadores possam repetir o mesmo procedimento. Revisões sistemáticas de boa qualidade são consideradas o melhor nível de evidência para tomadas de decisão. Por seguir um método científico explícito e apresentar resultado novo, a revisão sistemática é classificada como contribuição original na maioria das revistas de pesquisa clínica.

As buscas científicas foram realizadas entre março e abril de 2024, abarcando os critérios de inclusão e exclusão, a fim de explorar de disposição significativa o conteúdo temático presente nas bases de dados deste trabalho.

As buscas se concentraram nas bases de dados: PEDro (Physiotherapy Evidence Database), SciElo (Scientific Eletronic Library Online) e Google Acadêmico (Google Scholar), onde foram utilizados os idiomas: inglês e português, pois ambos são de domínios dos autores do artigo. O recorte de busca literária se deu nos últimos dez anos (2014-2024). A estratégia de busca foi dada pela combinação das seguintes palavras-chaves: “Cerebral Palsy”, “Paralisia Cerebral”, “Encefalopatia Crônica”, “Hydrotherapy”, “Fisioterapia Aquática” e “Hidroterapia” associada ao operador AND. Para tal hipótese, foi embasada pela pergunta norteadora “Quais os benefícios da hidroterapia em pacientes com Paralisia Cerebral?”.

Para construção desse trabalho, inicialmente foi estabelecido com que os artigos selecionados fossem encontrados nas plataformas citadas acima de forma gratuita. Nos idiomas de domínio, abordando enfaticamente no tratamento fisioterapêutico em pacientes com disfunções neurológicas ,como a Paralisia Cerebral. Os principais trabalhos selecionados foram incluídos em arquivo digital com compartilhamento entre o grupo envolvido, a fim de facilitar a seleção dos artigos, onde foram inseridas informações: nome dos autores e ano de publicação, título e objetivo central da obra. 

Os autores em conjunto realizaram a busca inicial, sendo adequado posteriormente cada etapa da metodologia estabelecida por meios da inserção dos critérios de inclusão e exclusão. Foram encontrados 27 artigos e selecionamos 7 que continham informações sobre Paralisia Cerebral e Hidroterapia, os que foram excluídos: 2 por serem de revisões bibliográficas, 4 precisam pagar para acessa-lós, 3 com erro de link e não abriram, 11 eram sobre outras patologias e foram utilizados 7.

2.1 CRITÉRIOS E CARACTERIZAÇÃO DA BUSCA

Foi decidido incluir neste trabalho de revisão apenas os artigos que trazem como base os assuntos de interesse do mesmo. Entre e nesses assuntos está incluso a paralisia cerebral, hidroterapia, atuação do fisioterapeuta na hidroterapia, benefícios da terapia aquática em pacientes com paralisia cerebral. E decidimos também adicionar artigos com período de 10 anos, já que na pesquisa por um período menor não nos rendeu material necessário.

2.2 CRITÉRIOS DE EXCLUSÃO 

Como critério de exclusão para este trabalho foram deixados de fora aqueles que trazem uma abordagem de temática diferente do tema deste artigo, outras patologias, terapia alternativas diferentes, necessário o pagamento para acesso e com erro na execução.

3 RESULTADOS E DISCUSSÃO 

TABELA 1

Autores, Ano, TítuloCaracterísticas da AmostraProtocolo de IntervençãoParâmetros e Instrumentos de AvaliaçãoResultados
Kakihata, Ramalho,  Kanashiro, Cardoso Oliveira, L, Rodrigues Branco, F, Braga, D. (2019). Protocolo de Controle de tronco em Ambiente Aquático para Criançascom Paralisia Cerebral: Ensaio Clínico Randomizado24 crianças foram incluídas e 22 finalizaram o estudo. Pacientes com diagnóstico clínico de PC do tipodiparesia espástica, classificados nos níveis IV do GMFCS, com idade entre 4 a 10 anos e 11 meses. Os pacientes foram distribuídos em grupo controle (GC=13) egrupo intervenção (GI=11).As crianças do GI foram submetidas ao protocolo de 16 sessões individuais de fisioterapia aquática, cada uma com duraçãode 35 minutos, realizadas duas vezes por semana (com intervalo de pelo menos um dia entre as sessões), durante oito semanas consecutivas.As sessões foram realizadas em uma piscina com temperatura de 33ºC. As crianças do GC realizaram fisioterapia aquática convencional com amesma quantidade de terapias, mesma duração, mesmo local.Trunk Control Measurement Scale (TCMS)9 – escala de avaliação do tronco, validada para PC, composta por três dimensões, equilíbrio estático sentado, equilíbrio dinâmico sentado e reações de equilíbrio. Medida da Função Motora Grossa (GMFM). Eletromiografia. Pediatric Reach Test (PRT).No equilíbrio de tronco (TCMS), na análise intragrupo constatou-se melhora nos domíniosde equilíbrio estático sentado e reações de equilíbrio para ambos os grupos, porém ao analisar os dados separados observou-se que na reação de equilíbrio o GI (α=0,019) atingiu a mediana de 10 pontos na avaliação final e o GC (α=0,004) atingiu a mediana de 06 pontos na avaliação final.O mesmo fato é notado na pontuação total onde o GI (α=0,034) atingiu mediana de 21 pontos naavaliação final e o GC (α=0,006) atingiu a mediana de 14 pontos na avaliação final. Na análise intergrupo não observamos alterações relevantes.O protocolo de controle de tronco aplicado nesta pesquisa, por meio de exercícios realizados em ambiente aquático, demonstrou ser efetivo para ganhos motores relacionados ao controle de tronco, alcance e funcionalidade para crianças PC diparéticas espásticas GMFCS nível IV.
Santos (2018) Eficácia daFisioterapiaAquática noequilíbrio decrianças comparalisiacerebral.
Ensaio clinicocontrolado, descritivoanalítico equantitativo.Participaram 15crianças. Idade de 5 a 8 anos.
Divididas de formanão aleatória emgrupo experimental(GE) e grupo controle(GC). O GE foisubmetido a umprotocolo defisioterapia aquáticacom exercícios dehidro-cinesioterapiade 16 sessões, com35minutos de duração, 2vezes por semana. Eo GC manteve asatividades habituaisAs criançasselecionadas foramavaliados nosmomentos pré e pós,utilizando a EscalaFuncional de Berg(BERG), Time Up andGo (TUG) eEletromiografia deSuperfície (EMG) dosmusculos tibialanterior egastrocnêmios.Apenas o GEapresentou melhoraestatisticamentesignificante comrelação aos valoresobtidos na BERG, eTUG. Na EMG houveaumento da ativaçãomuscular nastransferências desentado para em pé. A TA promovendomaior ativaçãomuscular do tibialanterior egastrocnêmios nastransferências desentado para de pé ede pé para sentado. Emelhora davelocidade emodificação naexecução da marcha.O GC não obtevemelhora nas escalase teve ativaçãomuscular diminuída.
Adar S, Dündar Ü, Demirdal ÜS, Ulaşlı AM, Toktaş H, Solak Ö (2017) O efeito do exercício aquático na espasticidade, qualidadede vida e função motora na paralisia cerebral.32 crianças: 17 meninos, 15 meninas; idade média 9,7±2,7 anos; faixa de 4 a 17 anos)
PC tipo espástica com diagnóstico de diplegia ou hemiplegia

Grupo 1 n=17Níveis do GMFCS:Nível I: 6 criançasNível II: 6 criançasNível III: 3 criançasNível IV:2 crianças

Grupo 2 n=15Níveis do GMFCS:Nível I: 6 criançasNível II: 2 criançasNível III: 4 criançasNível IV:3 crianças
O programa de exercícios aquáticos consistiu de 30 sessões (cinco vezes por semana durante seis semanas) em natação piscina a 33°C. Cada sessão durou 60 min. Cada um dos 17 pacientes realizou os mesmos exercícios; entretanto, os exercícios foram individualizados para cada participante com base no número de repetições e no nível de intensidade que os pacientes eram capazes.A sessão na piscina consistiu em 25 minutos de exercícios aeróbicos (como caminhar para frente e para trás, nadar na piscina), 20 minutos de ADM ativa, exercícios de alongamento e fortalecimento (fortalecimento dos extensores do joelho, flexores do quadril e dorsiflexores do tornozelo) e 5 minutos de desaquecimento (como caminhada lenta e natação em velocidade lenta). No Grupo 2, o programa de exercícios físicos consistiu em 30 sessões (cinco vezes por semana durante seis semanas). Cada sessão durou 60min. O programa de exercícios no solo começou com 10 minutos de exercícios de ROM ativa e exercícios de alongamento, seguidos de 30 minutos de exercícios aeróbicos (cicloergômetro para membros inferiores,etc.) e exercícios de fortalecimento (fortalecimento dos extensores dojoelho, flexores do quadril ou dorsiflexores do tornozelo). músculos). Oprograma de exercícios continuou com 20 minutos de treinamento sentado,em pé e de marcha. Exercícios terrestres foram aplicados a cada pacienteindividualmente por um fisioterapeuta.Ultrassonografia (USG): A avaliação ultrassonográfica foi realizada antes do tratamento (Semana0) e após o tratamento (Semana 6).
Escala de Ashworth modificada
Função motora grossa: GMFCS TUG MAS
Os autores encontraram uma melhora significativa na funçãomotora grossa e na resistência à caminhada, e concluíram quecrianças ambulatoriais com PC podem melhorar suas habilidadesmotoras grossas e resistência à caminhada após um programa deexercícios aquáticos realizado duas vezes por semana durante 14semanas, utilizando exercícios moderados a vigorosos. intensidadedo exercício e consistindo em atividades funcionais. No entanto, não foram encontradas diferenças significativas nas medidas de resultados funcionais entre os grupos. Houve maiores melhorias nos resultados pós-tratamento nas pontuações para a maioria das subpartes do auto-relato da criança – PedsQL e do relatório proxy dos pais – PedsQL no grupo de exercícios aquáticos do que no grupo de exercícios em terra.
Gorter JW, Currie SJ (2011) Programas de exercícios aquáticos para crianças e adolescentes comparalisia cerebral: o que sabemos e para onde vamos?PC espástica, especificamente diplegiaespástica (n = 6), hemiplegia (n = 5) e quadriplegia (n = 2); Idade dos participantes 2 a21 anos de idade; de 1 a 16 participantes; GMFCS nível 1 (n = 5),nível II (n = 4), nível III (n = 4) e nível IV (n = 1).Aeróbico o treinamento incluiu atividades como natação longa, águacaminhar/correr, chutar, atividades de movimento em águas rasasfinal, pisar na água, corridas de revezamento e aeróbica em águas rasas.As atividades anaeróbicas eram muito limitadas e incluíam atividadescomo saltos, polichinelos e saltos dobrados. Força ouo treinamento de resistência incluiu o uso de halteres e a participaçãoem vários exercícios resistidos de membros inferiores para quadril, joelho,e musculatura do tornozelo, como flexões do grande dorsal eagachamento na parede. As intervenções variaram de 30 a 60 minutose aconteciam principalmente 2 a 3 vezes por semana durante 10 a 14 semana.Função motora grossa: GMFCS; Medida de Desempenho Ocupacional (COPM)As evidências mostram que treinar umavez por semana pode ser insuficiente para aumentar a força muscularnos jovens. No entanto, este nível de exercício pode ser eficaz namanutenção do ganho de força após o treinamento de resistência.Em resumo, uma combinação de exercícios aeróbicos e de força podeser mais benéfica para esta população, melhorando a resistência e aforça muscular.
Ballington SJ, Naidoo R. 2018 O efeito de transferência de uma intervenção aquática em crianças com
PC
Crianças de 8 a 12anos (n = 10) foram divididas em grupos intervenção (n = 5) e controle (n = 5). ter diagnóstico médico de PC; ter pontuação GMFCSentre I e III; e não teria outras condições médicas,O grupo intervenção participou deduas sessões de 30 minutos por 8 semanas, totalizando 16 sessões, enquanto o grupo controle continuou com as atividades normais. Foi utilizado o programa de 10 pontos do Conceito Halliwick. incluiu habilidades de ajuste de água, rotações longitudinais, rotaçõessagitais e habilidades de natação. Cada sessão consistiu em uma sessãoindividual com um biocineticista qualificado A sessão de 30 minutos compreendeu um aquecimentode 5 minutos, seguido por uma sessão de 20 minutos baseada no ConceitoHalliwick e terminou com um desaquecimento de 5 minutos.As crianças foram divididas aleatoriamente em grupo intervenção (n = 5) egrupo controle (n = 5). O teste de função motora grossa pré e pós-intervençãofoi realizado individualmente na escola durante o horário escolar em todas ascrianças. Foi utilizado o protocolo de teste de medição da função motoragrossa (GMFM).Os resultados demonstraram que a terapia aquática teve um efeito significativo nos escores de funçãomotora grossa. O grupo baseado no programa aquático apresentou aumento da função motora após a intervenção,em comparação com o grupo controle (z = -2,803, p = 0,005). Além disso, a terapia aquática melhorou a pontuaçãomédia para medição da função motora grossa, pós-intervenção. Durante os pré-testes utilizando o GMFM, as crianças realizaram diversas tarefas, por exemplo, subir e descer quatro degraus com e sem segurar o corrimão. As crianças selecionadas, com base nas suas experiências passadas, foram incapazes de realizar uma tarefa ou tarefas selecionadas e, portanto, recusaram-se verbalmente a tentar a tarefa.
Declerck, Marlies PT; Verheul, Martine; Daly, Daniel ;Sanders, Ross 2016 Benefícios e prazer de umIntervenção de Natação para Jovens com PCJovens com diagnóstico de PC, com idades entre 7e 17 anos, nos níveis I a III do GMFCSO programa de natação na comunidade, com duração de 10semanas, foi oferecido sem custo financeiro aos participantes do grupointervenção e consistiu de 2 sessões semanais (variação de 40 a 50minutos) em piscina de 25 por 13 m. Seguiu-se um período de acompanhamento de 5 semanas semprograma de natação programado para nenhum dos grupos. Todos osparticipantes foram avaliados 3 vezes: antes (T1) e depois (T2) doperíodo de intervenção/controle, e após o período de acompanhamentode 5 semanas (T3). O grupo natação foi avaliado novamente, 20semanas após o término do programa de natação.teste de caminhada rápida de 1 minuto As percepções de fadiga foram medidas usando a versão holandesa da escalamultidimensional de fadiga de autorrelato PedsQL . O Teste de Orientação na Água Alyn 2.Dos 40 indivíduos que responderam aos esforços derecrutamento, 15 foram randomizados e completaram os testesiniciais, e 14 (7 controles e 7 intervenções) completaram o estudo eforam incluídos na análise de dados. Um participante do grupo controle desistiu devido a uma infecçãoviral persistente. A maioria dos participantes foi classificada no nívelII do GMFCS (n = 10) e na categoria de 7 a 12,5 anos (n = 10).Os 2 grupos não foram significativamente diferentes no início doestudo em termos demográficos, características e capacidade física(Tabela 1); no entanto, os participantes do grupo de controle eramligeiramente mais velhos, mais pesados e mais altos do que osparticipantes do grupo de intervenção. Ambos os grupos foramcomparáveis no início do estudo para as medições dos resultados. Os níveis de prazer foram altos. As habilidades de caminhada e natação melhoraram significativamente mais no grupo de natação do que no grupo controle enquanto a fadiga e a dor não aumentaram. Após 20 semanas, os ganhos nashabilidades de caminhada e natação foram mantidos.
Akinola BI, Gbiri CA, Odebiyi DO. 2019Um total de 30 crianças com menos de 12 anos de idade que foramdiagnosticadas com PC espástica participaram deste estudo.Todos os participantes de ambos os grupos participaram de um total de20 sessões de tratamento durante 10 semanas consecutivas, com 2sessões por semana.receberam treinamento físico na água, 2vezes por semana durante 10 semanas com as partes exercitadastotalmente imersas na água. A temperatura da água esteve entre 28°C e32°C durante todo o período da intervenção.Exercício 1 (alongamento passivo manual)musculares. Esteprocedimento foi repetido 5 vezes para cada parte, perfazendo umaduração total de 5 minutos..Exercício 2 (treinamento funcional).Esses 4 níveis foram os seguintes:Nível 1: treinamento físico de ajoelhamento de 2 pontos Nível 2: Educação/treinamento sentado Nível 3: Educação/formação permanente Nível 4: Educação/treinamento de caminhadaOs participantes foram reavaliados ao final da quarta semana, oitavasemana e 10a semana de intervenção para alterações na função motoragrossa usando o GMFM-88.O resultado deste estudo demonstrou que 10 semanas deprograma de treinamento de exercícios aquáticos trouxerammelhora significativa na função motora grossa nas dimensões deitare rolar, sentar, engatinhar e ajoelhar e ficar em pé, bem como napontuação geral. Apenas o GE apresentou melhora significativa emtodas as dimensões da GMFM-88, exceto para caminhada, corrida e salto. OGC não foi encontrada diferença nas dimensões da função motora grossa após 10semanas de intervenção.

A análise das informações da tabela focada em ensaios clínicos de intervenções fisioterapêuticas em ambiente aquático para crianças com paralisia cerebral permite identificar padrões de eficácia nas terapias e melhorias em diversos parâmetros motores usando diferentes protocolos de intervenção e ferramentas de avaliação para medir os resultados.

A maioria desses estudos se concentrou em populações com crianças com Paralisia Cerebral espástica (diplegia e hemiplegia; GMFCS níveis I, II, III e IV). Apenas foi estudado um participante com GMFCS nível V.

Portanto, quaisquer intervenções utilizando terapia aquática não podem ser generalizadas para pessoas com envolvimento motor mais grave. Como resultado, pouco se sabe sobre a população que potencialmente pode se beneficiar mais com a terapia aquática. A água é um ambiente mais suave do que a terra e pode permitir que crianças com Níveis V do GMFCS especialmente para exercícios na água com mais liberdade do que em terra. A viabilidade de um programa de exercícios para crianças com níveis V de GMFCS, entretanto, é mais difícil do que um para níveis de funcionamento mais elevados de Paralisia Cerebral. Barreiras pessoais e ambientais, como medo, aceitação, transporte e acessibilidade, podem desempenhar um papel. Barreiras à atividade física aquática nesta população é um tema que não foi discutido nos artigos revisados. Assim, seria benéfico que estudos futuros relatassem barreiras e considerações de segurança.

Todos os estudos envolvem crianças com paralisia cerebral (PC), com amostras variando de 15 a 32 crianças com idade entre 4 a 17 anos. Os grupos controle e intervenção são comuns, com crianças divididas aleatoriamente ou não aleatoriamente em grupos experimentais. Os estudos demonstram coesão em relação à escolha de grupos de intervenção e controle para testar a eficácia dos protocolos aquáticos.

Os protocolos de intervenção são baseados em fisioterapia aquática com a frequência de 2 a 5 vezes por semana, com sessões de aproximadamente 30 a 60 minutos. A maioria dos estudos utilizou temperaturas de água controlada em torno de 33°C para proporcionar um ambiente terapêutico ideal. 

Os estudos utilizam parâmetros que avaliam a função motora grossa, como o GMFM (Gross Motor Function Measure), Escala de Ashworth e Eletromiografia (EMG) para avaliar o controle motor e a espasticidade muscular.O estudo de Kakihata et al. (2019) usou a Trunk Control Measurement Scale (TCMS), enquanto outros estudos, como o de Santos (2018), focaram na Escala Funcional de Berg (BERG) e Time Up and Go (TUG) para avaliar o equilíbrio.

Ainda há necessidade de estudos de intervenção bem desenhados com tamanhos de amostra adequados em uma população com uma gama mais ampla de níveis de gravidade, incluindo o nível V do GMFCS. Pode ser útil recrutar e estratificar os participantes por seu nível funcional ou atividade física basal nível em vez dos marcadores tradicionais, como diagnóstico, comprometimento motor e distribuição dos membros.

A maioria dos estudos incluídos neste artigo envolveu intervenções aeróbicas aquáticas, com diferentes distribuições de intervenções anaeróbicas, de força e outras nos demais estudos. Todos os estudos envolveram um componente aeróbico. A efetividade das atividades anaeróbicas para esta população não foi comentada nos estudos e necessita de maiores investigações. Coma PC causa um distúrbio permanente do movimento e da postura, é importante que o programas de treinamento tenham um componente significativo de força muscular para aumentar a estabilidade postural e prevenir deficiências músculo esqueléticas secundárias. Se a força muscular puder ser aumentada na água, espera-se que isso possa se traduzir em melhor movimento em terra e, por sua vez, aumentar a capacidade funcional. No entanto, há evidências limitadas em programas terrestres de que as melhorias na força se correlacionam com melhorias na atividade, uma vez que o efeito de transferência é geralmente baixo ou ausente. Assim, são necessárias mais pesquisas sobre o efeito de transferência do ambiente aquático para a atividade terrestre.

 A Associação Nacional de Força e Condicionamento (NSCA) fornece diretrizes gerais de treinamento de resistência para crianças que descrevem que o treinamento de resistência deve começar duas a três vezes por semana em dias não consecutivos. Um programa realizado duas a três vezes por semana permite uma recuperação adequada entre as sessões e é eficaz para aumentar a força e a potência em crianças e adolescentes. As evidências mostram que treinar uma vez por semana pode ser insuficiente para aumentar a força muscular. No entanto, este nível de exercício pode ser eficaz na manutenção do ganho de força após o treinamento de resistência.

Em resumo, uma combinação de exercícios aeróbicos e de força pode ser mais benéfica para esta população, melhorando a resistência e a força muscular. 

 Segundo o estudo de Ballington SJ (2018) e Akinola BI (2019), os resultados demonstraram que a terapia aquática teve um efeito significativo nos escores de função motora grossa, nas dimensões deitar e rolar, sentar, engatinhar e ajoelhar e ficar em pé, bem como na pontuação geral. Nos estudos dos autores Kakihata et al. (2019) e Santos (2018) que utilizaram Eletromiografia como um dos instrumentos de avaliação, foi constatado com o protocolo de controle de tronco, por meio de exercícios realizados em ambiente aquático, ser efetivo para ganhos motores relacionados ao controle de tronco, alcance e funcionalidade para crianças com Paralisia Cerebral diparéticas espásticas, segundo Santos (2018) promovendo maior ativação muscular do tibial anterior e gastrocnêmios nas transferências de sentado para de pé e de pé para sentado, sendo assim observaram melhorias significativas no equilíbrio estático e dinâmico e nas reações de equilíbrio, principalmente no grupo de intervenção submetido à fisioterapia aquática. No entanto, o grupo controle também apresentou melhoras, embora menos expressivas. E melhora da velocidade e modificação na execução da marcha.  Adar S.(2017) e Gorter JW (2011) concluíram que houve uma melhora significativa na função motora grossa e na resistência à caminhada após um programa de exercícios aquáticos em crianças com Paralisia Cerebral. Em resumo, uma combinação de exercícios aeróbicos e de força podem ser mais benéficas para essa população.

Como limitações do estudo, apontamos que alguns GC não obtiveram melhora nas escalas e teve ativação muscular diminuída, não foram encontradas diferenças significativas nas medidas de resultados funcionais entre alguns dos grupos. As crianças selecionadas, com base nas suas experiências passadas, foram incapazes de realizar uma tarefa ou tarefas selecionadas e, portanto, recusaram-se verbalmente a tentar a tarefa. Um participante do grupo controle desistiu devido a uma infecção viral persistente, 2 grupos não foram significativamente diferentes no início do estudo em termos demográficos, características e capacidade física, no entanto, os participantes do grupo de controle eram ligeiramente mais velhos, mais pesados e mais altos do que os participantes do grupo de intervenção.

4 CONSIDERAÇÕES FINAIS 

A fisioterapia aquática mostrou-se eficaz em melhorar parâmetros de controle motor, equilíbrio e espasticidade nas crianças com Paralisia Cerebral. Todos os estudos indicaram que as melhoras foram mais acentuadas no grupo de intervenção, sugerindo que a terapia em ambiente aquático pode acelerar a recuperação funcional em comparação com a fisioterapia convencional ou ausência de tratamento específico. O uso de protocolos aquáticos personalizados, associados a exercícios de fortalecimento e mobilidade, pode resultar em ganhos motores significativos (e.g., fisioterapia aquática com enfoque no controle de tronco, ou cinesioterapia aquática geral), a constância no tratamento e a individualização dos exercícios são fundamentais para alcançar resultados positivos na reabilitação motora de crianças com Paralisia Cerebral.

O desígnio deste Artigo baseia-se sobre a intervenção fisioterapêutica utilizando a hidroterapia como plano de tratamento e estímulo psicomotor em crianças com Paralisia Cerebral, utilizando as prioridades física da água como o empuxo, a pressão hidrostática, a turbulência e a densidade. Os resultados mostram que a hidroterapia, como tratamento, promove melhora funcional significativa pelo fato dos mesmos se tornarem mais hábeis nas atividades em meio líquido onde há facilitação dos movimentos, os quais são dificultados fora da água, obtendo o ganho e a melhora das habilidades funcionais e uma melhora de vida.

Em conclusão, a intervenção aquática com protocolos aplicados de 3 a 4x por semana em grupos de controle demonstrou ser efetivo para ganhos na função motora grossa, promovendo ainda experiências lúdicas e divertidas aos pacientes, causando assim maior motivação para as sessões. A Fisioterapia em ambiente aquático é um dos melhores recursos para tratamento e manutenção de pacientes com Paralisia Cerebral, promovendo resultados positivos.

5 REFERÊNCIAS 

1 – SANTOS, Francielly N.A. Hidroterapia: terapêutica aplicada a pacientes com paralisia cerebral. Anais I CONBRACIS.Campina Grande: Realize Editora, 2016.

2 – PELLEGRINO, David. Efeitos de um programa de hidroterapia em crianças e adolescentes com paralisia cerebral:revisão bibliográfica.2023.

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