REGISTRO DOI: 10.5281/zenodo.10042512
Haryelle De Sousa Moura
Rebeca Da Silva Parente
Orientador: Prof.Ms. Jordano Leite Cavalcante de Macêdo
RESUMO
A Paralisia Cerebral é um distúrbio neurológico não progressivo que causa alterações no desenvolvimento motor e cognitivo. Essas alterações podem acontecer durante o desenvolvimento do feto ou no momento do parto. Pacientes com Paralisia Cerebral tendem a apresentar diversas disfunções, sendo algumas delas, a ausência ou diminuição do controle postural, equilíbrio e mobilidade, podendo trazer inúmeros comprometimentos motores na vida do paciente. Os métodos de tratamentos utilizados na Paralisia Cerebral estão se renovando cada vez mais e, com isso, trazendo espaço para novos tratamentos. A estimulação vibratória de corpo inteiro, por sua vez, tem sido cada vez mais explorada e utilizada como meio para redução de alguns sinais e sintomas que estão relacionados a Paralisia Cerebral. O objetivo desse estudo foi avaliar a eficácia da estimulação vibratória no equilíbrio e mobilidade de pacientes com paralisia cerebral espástica. Esse estudo trata-se de uma revisão sistemática de ensaios clínicos randomizados que foram analisados por dois revisores independentes. Foram utilizadas as plataformas PEDro, PUBMED e CENTRAL. Foram incluídos cinco artigos originais que abordavam o efeito da terapia vibratória no equilíbrio e mobilidade de pacientes com paralisia cerebral espástica. Conclui-se que a Terapia Vibratória possui efeitos positivos no equilíbrio e mobilidade, porém ainda há necessidades de novas pesquisas.
Palavras chaves: Paralisia Cerebral, estimulação vibratória, mobilidade e equilíbrio.
1 INTRODUÇÃO
A Paralisia Cerebral é um distúrbio neurológico não progressivo que pode lesionar várias áreas do cérebro, ocasionando alterações no desenvolvimento motor e cognitivo. A Paralisia cerebral pode ser acometida por diversos fatores, incluindo má formação cerebral durante o desenvolvimento do feto traumas crânioencefálicos, prematuridade, hipóxia, hemorragias, eclampsia e o uso de drogas e álcool durante a gestação. Algumas de suas características clínicas incluem problemas na marcha, hiperreflexia, distonia, alterações do tônus muscular, problemas com a fala e outros (Patel et al. 2020).
A Paralisia Cerebral (PC) é classificada em quatro tipos, sendo atáxica, discinética, espástica e mista. No entanto, elas possuem características diferentes, onde a espástica é a mais comum entre elas, atingindo mais de 70% dos casos (Bacarla et al. 2018). A PC espástica pode ser caracterizada como diplegia, hemiplegia e quadriplegia, dependendo de quais membros serão afetados, apresentando algumas disfunções, como anormalidades do desenvolvimento motor, aumento do tônus muscular, rigidez, problemas na postura e deformações musculoesqueléticas (Liu et al. 2022).
Alguns estudos consideram a PC uma das principais causas de deficiência na infância, afetando 2,1 casos para cada 1.000 nascidos vivos. Estes dados mantêm se contínuos em diversas pesquisas (Pereira, 2018). Nos países menos desenvolvidos, a prevalência chega a ser de 7 a 1.000 nascimentos de indivíduos com deficiência. Já no Brasil, os dados que estão relacionados a incidência, ainda são precários em todo o território (Binha; Maciel; Bezerra, 2018).
Um dos maiores desafios de pacientes com Paralisia Cerebral é o déficit de mobilidade, equilíbrio e controle postural, já que a falta dos mesmos traz consigo um grande impacto na vida desses pacientes, pois esse aglomerado de disfunções leva a diversos comprometimentos, como encurtamentos musculares, deformidades articulares, redução do nível de independência, dificuldade na realização da marcha e limitação de atividades básicas funcionais (Santos et al. 2019).
Os métodos ultimamente utilizados para tratar as incapacidades de pacientes com PC estão se renovando, fazendo com que haja novos espaços para outras modalidades terapêuticas, e a estimulação vibratória é uma dessas técnicas que tem sido bastante utilizada no tratamento para a redução dos sinais e sintomas relacionados a PC. Essas vibrações estão associadas a diversos aparelhos de vibração, sendo um deles, a plataforma vibratória, que utiliza estímulos que são passados via vibração estimulando os receptores sensoriais e mandando respostas para o corpo inteiro (Ahmed, 2015; Saquetto et al. 2018).
Diante disso, percebe-se a importância desse estudo e a necessidade de entender e buscar maiores números de evidências científicas que comprovem os efeitos da estimulação vibratória no equilíbrio e mobilidade desses indivíduos em questão. Esse estudo teve como objetivo avaliar a eficácia da estimulação vibratória no equilíbrio e mobilidade de pacientes com Paralisia Cerebral Espástica.
2 METODOLOGIA
O presente estudo trata-se de uma revisão sistemática, que foi submetida no Registro Prospectivo Internacional de Revisões Sistemáticas (PROSPERO) segundo os padrões exigidos. O registro foi realizado no dia 17 de junho de 2023 contendo o número CRD42023433263.
No estudo utilizou-se a Estratégia PICO composta por esses quatro itens: P= pacientes com paralisia cerebral; I= estimulação vibratória; C= não apresenta nenhuma comparação com outra intervenção; O= efeitos no equilíbrio e mobilidade.
O levantamento de dados foi realizado de fevereiro a setembro de 2023, por meio das bases de dados National Library of Medicine (PUBMED), Physiotherapy Evidence Database (PEDro) e Cochrane Central Registerof Controlled Trials (CENTRAL). Nas estratégias de buscas nas bases de dados PUBMED e CENTRAL foram utilizados os operadores booleanos AND/OR associados aos seguintes descritores em inglês (spastic cerebral palsy or chronic encephalopathy) and (vibratory stimulantion or vibration), já na PEDro foi utilizado os descritores (cerebral palsy and vibration)
Foram incluídos ensaios clínicos controlados randomizados (ECRs) que abordavam os efeitos da estimulação vibratória no equilíbrio e na mobilidade de indivíduos com PC espástica. Artigos que utilizaram animais como população foram excluídos desta pesquisa.
A seleção dos artigos aconteceu por dois revisores independentes por meio de leitura do título e artigos, e em seguida pela análise aos critérios de inclusão e exclusão foi utilizada a escala de qualidade metodológica PEDro para avaliação dos ECRs, onde a mesma apresenta 11 critérios de pontuação, sendo que apenas 10 dos critérios são utilizados para calcular a pontuação, o estudo pode resultarem até 10 pontos, sendo 10 considerado um estudo de boa qualidade metodológica. Após a seleção e análise dos artigos os dados alcançados foram expostos por meio de quadros que continham as principais características pertencentes a cada estudo para que fossem comparados e discutidos, restando aqueles que atendiam aos critérios de elegibilidade da escala PEDro.
3 RESULTADOS
Fluxograma 1 referente a triagem e pesquisas dos artigos encontrados nas bases de dados. Inicialmente, foram encontrados 216 artigos, sendo 149 na PUBMED, 35 na PEDro e 32 na CENTRAL. Após aplicação dos filtros, ficaram 200 artigos, que destes restaram 39 para leitura, sendo 161 excluídos por não preencherem os critérios estabelecidos. O fluxograma, a seguir, projeta os procedimentos usados nas buscas das pesquisas selecionadas para preparação desta revisão.
Fluxograma 1. Pesquisa e seleção dos estudos relacionados nos bancos de dados, conforme a plataforma PRISMA. Teresina-PI
Fonte: Autoria própria (2023)
O Quadro 1 referente à avaliação metodológica dos artigos selecionados por meio da escala de qualidade PEDro organizada em critérios de avaliação, autor e ano de publicação.
Quadro 1. Análise da qualidade metodológica dos estudos selecionados por meio da escala PEDro. Teresina-PI, 2023.
Critérios/ Artigos Tekin e
Kavilak, 2021Tupimai et al., 2016 Adaikina et al., 2023 Pino
et al., 2019Gusso et al., 2016 1. Os critérios de elegibilidade foram especificados NÃO SIM SIM SIM SIM 2. Os sujeitos foram aleatoriamente distribuídos por grupos (num estudo cruzado, os sujeitos foram colocados em grupos de forma aleatória de acordo com o tratamento recebido SIM SIM SIM NÃO NÃO 3. A alocação dos sujeitos foi secreta NÃO NÃO NÃO NÃO NÃO 4. Inicialmente, os grupos eram semelhantes no que diz respeito aos indicadores de prognóstico mais importantes SIM SIM SIM NÃO NÃO 5. Todos os sujeitos participaram de forma cega no estudo NÃO NÃO NÃO NÃO NÃO 6. Todos os terapeutas que
administraram a terapia fizeram-no de forma cegaNÃO NÃO NÃO NÃO NÃO 7. Todos os avaliadores que mediram pelo menos um resultado-chave, fizeram-no de
forma cegaNÃO NÃO NÃO NÃO NÃO 8. Mensurações de pelo menos um resultado-chave foram obtidas em mais de 85% dos sujeitos inicialmente distribuídos pelos grupos NÃO NÃO SIM SIM SIM 9. Todos os sujeitos a partir dos quais se apresentaram mensurações de resultados receberam o tratamento ou a condição de controle conforme a alocação ou, quando não foi esse o caso, fez-se a análise dos dados para pelo menos um dos resultados- chave por “intenção de tratamento” NÃO NÃO SIM SIM SIM 10. Os resultados das comparações estatísticas inter-grupos foram descritos para pelo menos um resultado chave SIM SIM SIM SIM SIM 11. O estudo apresenta tanto medidas de precisão como medidas de variabilidade para pelo menos um resultado-chave SIM SIM NÃO SIM SIM TOTAL 4/10 4/10 5/10 4/10 4/10
O Quadro 2 descreve as principais características relacionadas aos estudos, separadas por autor, amostra, objetivos, intervenção e resultados, para organizar e comparar as informações dos artigos.
Quadro 2. Dados gerais sobre os artigos selecionados para obtenção dos resultados. Teresina-PI, 2023.
Autor Amostra Objetivos Intervenção Resultados Tekin e Kavilak,
202122 Investigar os efeitos
de curto e longo
prazo da terapia de
vibração de corpo
inteiro (VCI) na
espasticidade e no
desempenho motor
em crianças com
paralisia cerebral
hemiparética.O grupo controle
recebeu apenas
Fisioterapia
convencional. Que foi fornecida em sessões únicas de 45 minutos, realizadas em dois dias por semana, durante oito semanas.
O grupo tratamento,
além da Fisioterapia
convencional, a VCI foi fornecida em sessões de 15 minutos cada,
que ocorreram três
dias por semana
durante oito semanas.
Cada sessão de VCI
consistiu em três
minutos de vibração + três minutos de
descanso até atingir os 15 minutos de
vibração. As sessões
de VCI foram
realizadas usando o
dispositivo Compex-
Winplatetm WBV. A
frequência da VCI foi de 15Hz e a amplitude foi de 3 mm.O estudo
demostrou
melhorias
significativas nas
funções motoras
grossas, nas
habilidades de
marcha e equilíbrio e na espasticidade
muscular dos
membros inferiores e superiores, em
relação às crianças que receberam
apenas Fisioterapia
convencional.
Essas melhorias
relativamente
maiores para a
combinação de
vibração de corpo
inteiro e tratamento
fisioterapêutico
convencional
ficaram evidentes
ao comparar
essas duas
intervenções
desde o pré-teste
até os resultados
dos testes pós-
tratamento e, em
seguida, no
acompanhamento
após 12 semanasTupimai et al.,
201612 Investigar o efeito da combinação do
alongamento
muscular passivo e
da vibração de corpo inteiro na
espasticidade, força
funcional e equilíbrio de crianças e adolescentes com
PC espástica.No grupo controle
(GC), foi realizado
alongamento muscular passivo enquanto os
sujeitos permaneciam
em uma mesa
inclinada de 70 a 80graus. Para o grupo experimental (GE), foi realizada uma combinação de alongamento muscular passivo e vibração de corpo inteiro (VCI). A
VCI foi aplicada a
20Hz na plataforma de oscilação (vibrador AIKO, ETF-001CG, Tailândia). Após alongamento muscular passivo por 30 minutos, foi realizado um total de 10 minutos de vibração de um
minuto com um minuto de descanso. Tanto as
intervenções do GC
quanto do GE foram
realizadas um total de 40 minutos de
tratamento 5 dias
semana durante 6
semanas.Após o tratamento
de 6 semanas,
todos os itens
avaliados
melhoraram
significativamente
no GE, e os
escores da Escala
de Ashworth
Modificada (EAM)
dos isquiotibiais e
sóleo do lado
mais forte e Teste
de sentar-levantar
(TSL) melhoraram
no GC. Na
comparação dos
grupos, os
escores EAM do
quadríceps e
isquiotibiais de
ambos os lados e
do sóleo do lado
mais forte
diminuíram mais
significativamente
no GE do que no
GC. Não foram
encontradas
diferenças
significativas entre
os grupos para
Teste de sentar-
levantar (TSL),
Escala de
equilíbrio pediátrico (EEP) e EAM dos adutores do quadril.Adaikina et al.,
202334 Comparar os efeitos
potenciais dos
protocolos da
terapia vibratória de
acordo com a
duração e
frequência na
mobilidade, função
motora, saúde
muscular e óssea e
qualidade de vida
em crianças
pequenas de idade
5–12 anos com
paralisia cerebral
nível I-III na Gross
Motor Function
Classifcation
System (GMFCS)Após a avaliação
inicial, os participantes
foram submetidos a
um “con período de
controle”, seguido de avaliação pré-
intervenção. Após a
avaliação, os
participantes iniciaram um período de
intervenção de 20
semanas terapia
vibratória (TV) 4 vezes por semana, durante 9 minutos a uma frequência alvo de 20Hz ou 25Hz e
amplitude de 2 a 4
mm. Após 12 semanas de TV, os participantes
passaram por uma
terceira avaliação,
seguida de mais 8
semanas de
intervenção e da
avaliação final.Não foram
observadas
diferenças entre
as duas frequências de terapia vibratória
20Hz vs 25Hz nos
resultados do
estudo, mas houve algumas diferenças
associadas à
duração da TV 12
vs 20 semanas.
Os resultados
demonstraram
que 20 semanas
de VT são mais
eficazes no impacto na mobilidade da
marcha, na função
motora grossa e
na função muscular.Pino
et al., 201914 Investigar se
alguma alteração
nas habilidades
funcionais e no
equilíbrio resultou
da posição estática
na plataforma
vibratória.As sessões de
intervenção da terapia vibratória de corpo inteiro consistiram em
três sessões de
vibração de 20Hz de 3 minutos e uma
amplitude pico a pico de 2 mm com um descanso de 3 minutos entre elas. Os parâmetros da
vibração foram
gradualmente
progredidos até o nível desejado nas primeiras sete sessões permitindo que os participantes do estudo se acostumassem à
intensa estimulação
sensorial da vibração.
A intervenção ocorreu 4 dias por semana durante 4 semanas.O estudou
mostrou que o
protocolo de
tratamento
proposto para
terapia vibratória
de corpo inteiro é
viável, seguro e
aceitável para
crianças,
adolescentes e
adultos com
gravidade
moderada de PC
e é prático em um
ambiente clínico
de rotina. Houve
pequenas
tendências de
melhoria nas
habilidades
funcionais e
equilíbrio com
este protocolo de
posição estática.Gusso et al.,
201640 Avaliar os efeitos do
treinamento
vibratório de corpo
inteiro na função
muscular e na saúde óssea de
adolescentes e
adultos jovens com
paralisia cerebral.O treinamento
vibratório de corpo
inteiro foi realizado na placa vibratória Galileo Basic (Novotec Medical, Pforzheim, Alemanha). Cada
sessão consistiu em
três sessões de
treinamento de 3
minutos, com intervalo de 3 minutos entre
elas. As sessões foram realizadas quatro vezes por semana, durante um período de
20 semanas. Foram
realizadas três
sessões de 1 minuto a 12Hz, e tanto a
intensidade quanto a duração foram
aumentadas
gradualmente de
acordo com a resposta individual dos participantes. Porém, ao final da semana 4, todos os participantes
estavam treinando no protocolo prescrito de 3 séries de 3 minutos a
20Hz e amplitude de 1mm, quatro vezes por semana. A maioria dos
participantes treinou por 2 minutos a 15Hz
no final da semana 1, por 3 minutos a 16Hz na semana 2, por 3 minutos a 18Hz na semana 3 e por 3 minutos a 20Hz no final da semana 4. A
intensidade do
treinamento foi
mantida em 20Hz nas semanas restantes da
intervenção.Pós-treinamento,
os participantes
apresentaram
aumento de
massa magra no
nível corporal total
no tronco e na
parte inferior
membros, sem
alterações na
massa gorda. O
aumento da
massa muscular
da perna foi
confirmado pelos
dados, com maior
área muscular da
perna observada
em 20% ao longo
da tíbia. Houve
também melhorias
consistentes na
massa óssea
medida por DXA,
com aumento do
conteúdo mineral
ósseo no corpo
total, coluna
lombar e membros
inferiores. Da
mesma forma, a
densidade mineral
óssea também
aumentou no
corpo total, coluna
lombar e membros
inferiores. Os
testes funcionais
na plataforma
Leonardo mostraram algumas
melhorias. Os
participantes
reduziram o tempo necessário para realizar o teste da cadeira em 1,5 segundos e tenderam a ter
aumento de potência.
4 DISCUSSÃO
Nesta revisão sistemática, foram utilizados cinco artigos encontrados nas bases de dados (PEDro, PUBMED e CENTRAL), que utilizaram a estimulação vibratória no tratamento de pacientes com paralisia cerebral. Com isso tendo como objetivo avaliar a eficácia da estimulação vibratória no equilíbrio e mobilidade de pacientes com paralisia cerebral espástica. Todos os artigos estudados utilizaram a terapia vibratória como intervenção de tratamento.
Na pesquisa de Tekin e Kavlak (2021), foi investigado os efeitos de curto e longo prazo da terapia de vibração de corpo inteiro (VCI) na espasticidade e no desempenho motor em crianças com PC hemiparética. O grupo estudado se dividiu em 26 participantes, que foram submetidos a Fisioterapia convencional e vibração de corpo inteiro, porém, apenas 22 participaram do estudo e foram divididos aleatoriamente em grupo tratamento e grupo controle de tamanho igual. No estudo, foram investigados os efeitos imediatos do tratamento de curto prazo, neste caso, em oito semanas de VCI para crianças com PC himeparética, enquanto os pacientes de um período mais longo de doze semanas, com o intuito de determinar se a VCI inibiria a espasticidade e se melhoraria o desempenho motor, além de que pudesse manter essa melhora durante doze semanas após o tratamento. Foi observado que logo em seguida da VCI, foram demonstrados efeitos positivos tanto nas funções motoras grossas como nas habilidades de marcha e equilíbrio. Enquanto isso, a espasticidade nos músculos das extremidades inferiores e superiores foi consideravelmente tímida, mas positivas.
Tupimai et al. (2016), avaliaram os efeitos imediatos de curto prazo de uma combinação de alongamento muscular passivo prolongado e terapia VCI na espasticidade, força e equilíbrio de crianças e adolescentes com PC.Nesse estudo foram utilizados 12 participantes que foram divididos aleatoriamente em dois grupos, o grupo controle (GC) e o grupo experimental (GE). Todos os participantes foram avaliados na Escala de Ashworth Modificada (EAM) utilizando seus escores. O grupo experimental recebeu alongamento muscular passivo por 30 minutos e vibração de corpo inteiro aplicada a 20Hz com um total de 10 minutos, enquanto o grupo controle recebeu apenas 40 minutos de alongamento muscular passivo. As intervenções em ambos os grupos foram realizadas durante 40 minutos e 5 dias por semana durante 6 semanas. No efeito imediato do GE os escores da EAM diminuíram significativamente em todos os músculos, no GC os escores diminuíram significativamente após o tratamento.
Tekin e Kavlak (2021), verificaram os efeitos da terapia de vibração de curto prazo administrando VCI em três sessões de 15 minutos por semana durante oito semanas, e para verificar o efeito de longo prazo foram reavaliados todos os participantes novamente 12 semanas após o tratamento, já no estudo de Tupimai et al. (2016) foi verificado os efeitos imediatos e de curto prazo durante 6 semanas. No estudo de curto e longo prazo houve pequenas tendências na melhoria das habilidades funcionais e equilíbrio. No estudo de 6 semanas de duração partindo do alongamento juntamente com a VCI aplicada a uma frequência e tempo definidos a espasticidade diminuiu e melhorou a força e equilíbrio de crianças com PC. Visto isso, intervenções de curto e longo prazo com a plataforma vibratória se mostraram eficazes na melhora do equilíbrio.
Na pesquisa feita por Adaikina et al. (2023), foram comparados os efeitos potenciais dos protocolos de terapia de vibração de acordo com a duração e frequência na mobilidade, função motora, saúde muscular, óssea e qualidade de vida em crianças com PC. Recrutaram um grupo de 34 participantes para avaliação do estudo que foi segmentado em crianças de 5 a 12 anos e 11 meses com diagnóstico de qualquer tipo de PC e nível I-III no GMFCS. A intervenção aconteceu 4 dias por semana, durante 9 minutos com uma frequência alvo de 20Hz ou 25Hz e amplitude de 2 a 4 mm, por um período de 12 semanas de controle inicial antes de 20 semanas de intervenção. Após o tratamento, foi avaliada a mobilidade que se demonstrou confiável e válida em crianças com PC, apresentando ainda, um método acessível e tranquilo de realizá-lo, onde a 20Hz de TV levou a melhorias consideráveis, ressaltando ainda um avanço na velocidade no TC10min.
Pino et al. (2019), examinaram a viabilidade e a tolerância da terapia VCI para crianças e adultos com gravidade moderada de PC, sendo classificados como níveis III ou IV na Escala de Classificação da Função Motora Grossa (GMFCS). Foram recrutaram 10 indivíduos e avaliados no início e conclusão da intervenção com um conjunto de itens de Medida da Função Motora Grossa – 66 (GMFM-66 IS), teste de caminhada de 2 minutos, Timed Upand Go teste (TUG) e Inventário de Avaliação Pediátrica de Incapacidade (PEDI). A intervenção consistiu em três sessões de 20Hz de 3 minutos e uma amplitude pico a pico de 2mm com descanso de 3 minutos entre elas, com duração de 4 dias por semana durante 4 semanas. O estudo mostrou que a terapia vibratória é viável e seguro, apresentando melhorias nas habilidades funcionais e equilíbrio de pacientes com PC.
No estudo de Gusso et al. (2016), foi investigado os efeitos do treinamento VCI na função muscular e na saúde óssea de adolescentes e adultos jovens com PC e utilizaram 40 participantes com paralisia cerebral leve a moderada. Os indivíduos foram avaliados pelo teste de caminhada de 6 minutos, avaliação da composição corporal (DXA) e tomografia computadorizada quantitativa periférica (pQCT). O treinamento vibratório consistiu em 3 sessões de 3 minutos com intervalos de 3 minutos entre elas durante 4 vezes por semana por um período de 20 semanas. A maioria dos participantes treinou por 2 minutos a 15Hz no final da semana 1, por 3 minutos a 16Hz na semana 2, por 3 minutos a 18Hz na semana 3 e por 3 minutos a 20Hz no final da semana 4. E após 4 semanas, a intensidade foi mantida em 20Hz. Após o treinamento, os participantes apresentaram aumento de massa magra no nível corporal total e na parte inferior dos membros, sem alterações na massa gorda. Houve também melhorias consistentes na massa óssea medida por DXA, com um aumento do conteúdo mineral ósseo no corpo total e membros inferiores. Assim, obteve-se uma melhora significativa comparando os resultados iniciais versus os resultados pós-tratamento.
Adaikina e colaboradores (2023), avaliaram a terapia de vibração alternada lateral de 20 semanas com frequência de 20Hz ou 25Hz obtendo melhora na mobilidade, função motora e função muscular, enquanto Pino et al. (2019) aplicou a intervenção de terapia vibratória com duração de somente 4 semanas com frequência de 20Hz e examinou a viabilidade e a tolerância da terapia VCI, o estudo demonstrou um resultado positivo, trazendo consigo um protocolo de tratamento viável e seguro para crianças, adolescentes e adultos com gravidade moderada de PC, além de pequenas tendências de melhoria nas habilidades funcionais e equilíbrio. Em contrapartida Gusso et al. (2016) utilizou o treinamento vibratório com frequências de 15Hz, 16Hz, 18Hz e 20Hz durante 20 semanas, e evidenciou o aumento da massa muscular, densidade óssea e melhora da mobilidade de adolescentes e adultos jovens com paralisia cerebral. Dessa forma, frequências de 15Hz a 25Hz obtiveram melhora da mobilidade e habilidades funcionais.
5 CONCLUSÃO
Com base na análise dos artigos apresentados neste estudo, foi constatado que a utilização do método de Terapia Vibratória obteve resultados positivos na melhora do equilíbrio e mobilidade em pacientes com paralisia cerebral. No entanto, devido o nível e baixa qualidade metodológica dos artigos, há necessidade ainda de novas pesquisas com mais evidências científicas sobre a temática.
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