REGISTRO DOI: 10.69849/revistaft/pa10202411120006
David Victor Silva Sombra
Jheyzykelly Sinimbú De Souza
Rayele Leite Da Costa
Orientador(a): Alenildo Pereira Da Silva
Co-orientador(a): Tiago Silva Da Fonseca
RESUMO
A reabilitação com implantes dentários é uma abordagem eficaz para a reposição de dentes perdidos, mas seu sucesso depende da osseointegração. Tradicionalmente, utilizava-se o protocolo de carga tardia, porém, com os avanços nas técnicas e materiais, a carga imediata foi implementada, oferecendo benefícios adicionais. Entretanto, a aplicação precoce da carga pode comprometer o processo de osseointegração. O objetivo deste trabalho é buscar e revisar a literatura atual sobre os efeitos da carga imediata em implantes, abordando os benefícios e principais fatores que influenciam o sucesso dessa abordagem. Foi realizada uma revisão narrativa, através das bases de dados PubMED, Google Acadêmico e Science Direct, utilizados os seguintes descritores: “carga imediata”, “implantes dentários”, “osseointegração”, e “reabilitação oral”. Os critérios de inclusão abrangeram artigos completos, como revisões, estudos clínicos, dissertações e teses dos últimos cinco anos, em inglês, português e espanhol, sobre os efeitos da carga imediata na reabilitação oral. A pesquisa inicial encontrou 832 artigos sobre carga imediata em implantes dentários e osseointegração, dos quais, 14 estudos foram selecionados para esta revisão de literatura. Conclui-se que o sucesso da instalação de implantes seguido de carga imediata depende da avaliação rigorosa da estabilidade primária do implante, das condições sistêmicas do paciente e do planejamento cirúrgico. Quando bem aplicada, a carga imediata pode reduzir o tempo de tratamento e proporcionar benefícios funcionais e psicológicos. Em síntese, é uma abordagem eficiente que gera resultados mais rápidos, mas exige um planejamento detalhado e execução adequada.
Palavras-chave: Carga imediata; Implantes dentários; Osseointegração; Reabilitação oral.
INTRODUÇÃO
A reabilitação com implantes dentários tornou-se uma abordagem adotada para a reposição de dentes perdidos, proporcionando uma alternativa fixa e duradoura em comparação às próteses convencionais. Essa abordagem permite a restauração da função mastigatória, estética e fonética de maneira eficaz. No entanto, o sucesso da reabilitação com implantes está diretamente relacionado à capacidade de promover uma união estável entre o implante e o osso circundante, por meio do processo de osseointegração, que é fundamental para a longevidade e estabilidade dos implantes (SILVA E MARCHON, 2023; ARAÚJO et al., 2024).
A osseointegração é caracterizada pela formação de uma conexão estrutural e funcional direta entre o osso e a superfície do implante, sem a interposição de tecido fibroso. Tradicionalmente, o protocolo de reabilitação com implantes envolvia a carga tardia, em que o implante permanecia sem receber carga durante o período de cicatrização óssea. Esse tempo era considerado necessário para permitir a formação de uma interface óssea estável e madura antes da instalação da prótese definitiva (SILVA, CARVALHO E JUNIOR, 2023; LACORT et al., 2023).
No entanto, apesar da taxa de sucesso, a carga tardia apresenta a desvantagem de um longo tempo de espera. Assim, devido à demanda por tratamentos mais rápidos e aos avanços nas técnicas de reabilitação oral, houve a implementação do protocolo de carga imediata. Esta abordagem consiste em aplicar forças mastigatórias sobre o implante logo após sua inserção, sem o período de espera necessário para a cicatrização óssea completa, o que aumenta a aceitação por parte dos pacientes (SILVA E MARCHON, 2023; LACERDA et al., 2023).
Entretanto, a aplicação precoce da carga pode comprometer o processo de osseointegração, especialmente quando a estabilidade primária do implante não é alcançada. A sobrecarga mecânica antecipada pode interferir na formação adequada do tecido ósseo ao redor do implante, comprometendo tanto a estabilidade primária quanto a secundária, o que aumenta o risco de falha do implante (CUNHA E DIAS, 2022).
Portanto, este trabalho buscou revisar a literatura atual sobre os efeitos da carga imediata em implantes, abordando os benefícios e principais fatores que influenciam o sucesso dessa abordagem.
METODOLOGIA
Este trabalho trata-se de uma revisão narrativa, onde foi realizado uma busca de dados nas plataformas PubMED, Google Acadêmico e Science Direct. Foram utilizados os seguintes descritores, combinados por meio de operadores booleanos: “carga imediata”, “implantes dentários”, “osseointegração”, e “reabilitação oral”.
Os critérios de inclusão foram artigos completos, como revisões de literatura, estudos clínicos, dissertações e teses, disponíveis na íntegra, publicados nos últimos 05 anos, em inglês, português e espanhol, que abordavam a temática dos efeitos da carga imediata sobre a osseointegração. Foram excluídos trabalhos que se apresentavam apenas como resumos, relatos de casos e que não estavam diretamente relacionados ao tema proposto.
RESULTADOS
A pesquisa inicial nas bases de dados resultou em 832 artigos sobre a relação entre carga imediata em implantes dentários e osseointegração. Para reduzir os artigos foi realizada uma seleção preliminar, focada na relevância dos títulos e resumos, para identificar os estudos relacionados ao tema proposto.
Figura 1. Identificação dos artigos para revisão
Fonte: Autoria própria.
Em seguida, foi realizada a triagem e os trabalhos que não preenchiam os critérios estabelecidos foram desconsiderados. Por fim, após análise detalhada dos artigos restantes, 14 estudos foram selecionados e revisados na íntegra para compor a base desta revisão de literatura.
DISCUSSÃO
A carga imediata em implantes dentários representa uma inovação na reabilitação oral com benefícios consideráveis para os pacientes, especialmente quando comparada aos protocolos convencionais de carga tardia. Porém, esse protocolo exige uma avaliação rigorosa, pois o sucesso depende de diversos fatores relacionados à estabilidade primária do implante, ao planejamento cirúrgico e às condições sistêmicas do paciente (FILHO, 2022; LACORT et al., 2023).
A estabilidade primária, que se refere à fixação inicial do implante no osso, é alcançada no momento da instalação do implante, e sua importância se torna ainda maior nos casos de carga imediata, pois é sobre ela que as forças mastigatórias iniciais são aplicadas. Uma estabilidade primária insuficiente pode gerar micro movimentos indesejados que inibem a fixação óssea, prejudicando a estabilidade secundária, uma vez que o osso circundante é reorganizado durante a cicatrização, resultando em uma osseointegração incompleta ou inadequada (CHENG et al., 2020; SILVA, CARVALHO E JUNIOR, 2023).
Da mesma forma, a qualidade e a quantidade do osso circundante refletem no sucesso da carga imediata. A densidade óssea varia de acordo com a região da maxila e mandíbula, e, geralmente, regiões com osso mais denso, como a mandíbula anterior, são mais favoráveis à carga imediata. O osso esponjoso, por outro lado, encontrado em áreas como a maxila posterior, oferece menos resistência e requer maior cautela, pois a presença de um osso de baixa densidade pode afetar tanto a estabilidade primária quanto a osseointegração em longo prazo (CORREIA et al., 2023; HUANG, HUANG E DING, 2023).
Por outro lado, as superfícies dos implantes evoluíram para ajudar a osseointegração, permitindo uma ligação mais rápida e estável com o osso. Implantes com superfícies tratadas, como aquelas rugosas ou revestidas com bioativos, beneficiam a carga imediata. Essas superfícies aumentam a estabilidade secundária, que é obtida com o remodelamento ósseo durante a cicatrização, favorecendo a integração do implante e garantindo a longevidade do tratamento (CUNHA E DIAS, 2022; SILVA, CARVALHO E JUNIOR, 2023).
Outro aspecto relevante é a técnica cirúrgica utilizada, que deve ser minuciosamente planejada para maximizar a estabilidade inicial. Procedimentos minimamente invasivos, que preservam ao máximo a estrutura óssea e reduzem o trauma cirúrgico, podem contribuir para melhores resultados na carga imediata. A escolha do tipo de implante e do seu posicionamento também influenciam o resultado, uma vez que implantes com diâmetros e comprimentos adequados, ajustados à qualidade óssea da região, promovem maior retenção e resistência às cargas aplicadas (KITTUR et al., 2020; SILVA E MARCHON, 2023).
Contudo, a carga imediata não é indicada para todos os pacientes e deve ser usada com cautela, pacientes com condições sistêmicas, como diabetes descompensada, tabagismo ou doenças ósseas, enfrentam um risco maior de complicações durante o processo de osseointegração. Essas condições impactam a cicatrização óssea, dificultando a formação de osso ao redor do implante. Dessa forma, a indicação de carga imediata deve considerar a necessidade de um suporte ósseo adequado para garantir a estabilidade do implante e avaliação da saúde do paciente (MARTINS, PEDRAÇA E FILHO, 2020; LACERDA et al., 2023).
Por fim, os benefícios da carga imediata, quando realizada com sucesso, reduzem o tempo total de tratamento, melhorando a estética e função de forma mais rápida, o que gera maior satisfação para o paciente. Sendo vantajosa não só do ponto de vista funcional, mas também psicológico, proporcionando ao paciente uma recuperação mais confortável e menos desgastante (RODRIGUES, COSTA E DIETRICH, 2021; JÚNIOR E PAIM, 2022).
CONCLUSÃO
Em síntese, a carga imediata em implantes dentários representa uma abordagem eficiente com resultados mais rápidos. No entanto, exige um planejamento detalhado e uma execução adequada. A consideração dos fatores envolvidos, como estabilidade inicial, densidade óssea, tipo de superfície do implante e técnica cirúrgica, é essencial para o sucesso da osseointegração e a longevidade do implante. Quando esses aspectos são devidamente manejados, a carga imediata pode oferecer resultados duradouros e altamente satisfatórios para o paciente.
AGRADECIMENTOS
Agradecemos a Deus, que nos proporcionou saúde e força para concluir esta longa jornada. Expressamos nossa gratidão ao nosso orientador, Alenildo Pereira da Silva, e ao co-orientador, Tiago Silva da Fonseca, por todos os conselhos, ajuda e paciência com a qual guiaram o nosso aprendizado. Agradecemos também aos nossos familiares e amigos, cujo apoio e incentivo constante, nos motivou a perseverar mesmo nas dificuldades. Este trabalho não seria possível sem a colaboração de todos que estiveram ao nosso lado, contribuindo para o nosso crescimento acadêmico e pessoal.
REFERÊNCIAS
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