EFEITOS DA BANDAGEM ELÁSTICA ADESIVA COMO MÉTODO NO TRATAMENTO DA LIPODISTROFIA GINOIDE (CELULITE)

REGISTRO DOI:10.69849/revistaft/th10247022156


Dailys P. Bergesch¹
Charles Rech²
Lidiane I.Fillipin³


RESUMO

INTRODUÇÃO: A Lipodistrofia Ginóide (FEG) é um dos problemas estéticos que mais afeta as mulheres, podendo causar impacto psicossocial, originada pela cobrança dos padrões estéticos da contemporaneidade. Tal cobrança faz com que a mulher busque por diversos tratamentos para FEG. OBJETIVO: Verificar os efeitos da utilização da Bandagem Elástica Adesiva como um método de tratamento da FEG. METODOLOGIA: Trata-se de um estudo quase-experimental, com uma amostra de 24 mulheres com idade entre 26 a 44 anos, de fototipos I a VI, que apresentem a celulite de grau 2 ou 3. As bandagens foram aplicadas em apenas uma das regiões acometidas (glúteos ou posterior de coxa), com o corte em polvo com quatro patas, e substituídas a cada 4 dias, durante um período de seis semanas, totalizando, 12 aplicações continuas. A avaliação foi realizada através da escala de Costa (grau da FEG), a escala de gravidade da celulite (CSS) de Hexsel, medidas antropométricas da região e termografia (avaliação do fluxo sanguíneo). RESULTADOS: Verificou-se que houve redução no número de depressões tanto na região de glúteos quanto na região de posterior de coxa, também foi possível mensurar que a profundidade dos furos diminuiu e o trofismo cutâneo também apresentou melhora. CONCLUSÃO: A Bandagem Elástica Adesiva, reduz visualmente o aspecto celulítico, minimizando a aparência de enrugamento das áreas acometidas pela FEG. Entretanto, o mecanismo pelo qual isso acontece não está esclarecido, sendo necessário pesquisas que se explorem os mecanismos de ação.

PALAVRAS-CHAVE: Bandagem Elástica Adesiva, Lipodistrofia Ginóide, Kinesiotaping

INTRODUÇÃO

O conceito de beleza é bastante relativo e varia a cada sociedade. Com a massificação de um padrão estético, as mulheres, passaram a buscar incessantemente formas de alcançá-lo, mesmo tendo de submeter-se a dietas da “moda”, exercícios fatigantes e muitas vezes sem prescrição, tratamentos estético-médicos e cirúrgicos. Isso em decorrência das imperfeições e irregularidades da pele, do formato do corpo que não são bem aceitas pelas mulheres, que tentam por diferentes meios atingir um padrão de perfeição pela sua vaidade e impacto sobre a auto estima (MURAD et al, 2010; STREHLAU et al, 2015).

A lipodistrofia ginoide (FEG), comumente chamada de celulite, é o termo utilizado para caracterizar uma topografia alterada da pele (aspecto de covinhas ou casca de laranja) comumente localizada na região ginoide em mulheres pós-púberes (DAVID et al, 2011; LUEBBERDING et al, 2015; FRIEDMANN et al, 2017). Embora não seja uma condição patológica, pode causar alterações morfológicas com impacto psicossocial, originada pela cobrança dos padrões estéticos da contemporaneidade.

Existem algumas teorias que tentam explicam a etiologia da celulite, desde a década de 20. Nürnberger e Müller foram os primeiros a descrever a celulite como resultado de alterações topográficas da pele causadas pela herniação da gordura em uma derme enfraquecida (NUREMBERG, MÜLLER,1978). Curri et al sugerem que a celulite é o resultado de alterações vasculares e metabólicas dérmicas (CURRI et al, 1993). Portanto, alteração dos esfíncteres arteriolares pré-capilares, somados ao aumentando da permeabilidade capilar e a deposição de glicosaminoglicanos nas paredes capilares, atraindo água, induziria a edema dérmico, com congestão vascular, seguida de perda da rede capilar e hipóxia tecidual (OMI et al, 2013). Nos anos 2000, Piérard refuta proposições descritas por outros autores, pois não conseguiram encontrar correlação entre as protuberâncias de gordura e a aparência clínica da celulite. Esses autores propõem então, que a tensão contínua e progressiva sobre os septos fibrosos subcutâneos orientados verticalmente, ancorados na parte inferior da derme pelo acúmulo de gordura altera a interface dérmica-subcutânea, criando ondulações e depressões, dando origem à celulite. Recentemente, fatores inflamatórios têm sido relacionados à patogênese da celulite, a inflamação crônica parece desempenhar um papel no desenvolvimento dos septos fibrosos, redução expressiva da adiponectina, hormônio derivado de adipócitos com funções antiinflamatórias, antifibróticas e vasodilatadoras (EMANUELE et al, 2011).

Mesmo com diversas tentativas de descrever a fisiopatologia da celulite, os autores convergem para uma etiologia multifatorial, com dimorfismo sexual do tecido conjuntivo subcutâneo, além de anormalidades circulatórias e inflamatórias locais (CURRI et al, 1993; LEONARDI et al, 2010; FRIEDMANN et al, 2017).

Atualmente a avaliação da celulite é baseada na topografia da pele e, esses métodos não são precisos o suficiente. A abordagem mais comum adotada para avaliar a melhora da celulite é comparar as medidas da circunferência da coxa antes e após o tratamento (LUEBBERDING et al, 2015). No entanto, a confiabilidade dessa técnica é bastante baixa, uma vez que existe um importante viés de aferição, não sendo possível afirmar se a redução na circunferência e/ou da gordura subcutânea corresponda a diminuição na severidade da celulite. Outra abordagem utilizada para avaliar a eficácia de tratamento direcionados para celulite é a medida da elasticidade da pele (SASAKI et al, 2013), bem como a do fluxo sanguíneo ou da vascularização, usando o Doppler a laser (BERTIN et al, 2010) ou a termografia (SPARAVIGNA et al, 2011). Contudo, ainda não há prova clara da correlação entre esses parâmetros e a celulite, assim o uso desses métodos parece ser especulativo (LUEBBERDING et al, 2015). Do mesmo modo, a avaliação da celulite permanece subjetiva, com uso de escalas empregadas com intuito de quantificar a gravidade da celulite. Nesta vertente aparece a escala de gravidade da celulite (CSS) de Hexsel (HEXSEL et al, 2009) como novo sistema de classificação padrão para avaliação clínica e resposta ao tratamento. Outros métodos como o exame antropométrico, o cálculo do índice de massa corporal e a impedância bioelétrica estão relacionados com o achado e podem auxiliar no diagnóstico (BORGES et al, 2016).

A abordagem terapêutica para essa enfermidade estética é bastante diversificada, iniciando pelo uso de cosméticos que, atualmente, apresentam-se com alta tecnologia (SOUZA et al, 2016) bem como com recursos eletroestéticos (GUIRRO et al, 2002; AGNE et al, 2009; BORGES et al, 2016). Uma técnica inovadora, não-invasiva e de baixo custo tem surgido para o tratamento da celulite. A bandagem elástica adesiva surgiu na década de 70 no Japão com Kenzo Case (KASE et al, 2013). Essa técnica é utilizada para distintos objetivos terapêuticos em diferentes áreas. Na estética apresenta prováveis benefícios, como diminuição do edema, diminuição do volume e da profundidade do aspecto casca de laranja, e melhora do trofismo dérmico na fisiopatologia da celulite. Estudos demonstram que a potencialização da drenagem linfática poderia reduzir o grau e quantidade de celulite (STOCKHEIMER et al ,2006). Entretanto, esse efeito ainda não é claro da literatura. Sendo assim, o objetivo deste estudo é verificar os efeitos da utilização da Bandagem Elástica Adesiva como um método de tratamento da Lipodistrofia Ginóide.

Metodologia

Foi realizado um estudo quase experimental com alocação aleatória das áreas de tratamento (glúteos ou coxas posteriores). A amostra utilizada na pesquisa foi do tipo probabilística aleatória, recrutadas por mídias sociais e cartazes na instituição. A amostra foi composta por 24 indivíduos do sexo feminino portadores de FEG (grau 2 ou 3 – avaliado por pesquisador cegado e treinado), com faixa etária variando entre 26 e 44 anos e fototipos I a VI. Foram excluídas mulheres com histórico de dermatite de contato, gestante, em dieta com acompanhamento nutricional, em tratamento estético-médico (como carboxiterapia ou intradermoterapia) concomitantemente, com lesões de pele inflamatória ou infecciosa, com histórico de trombose venosa profunda das pernas, doença arterial, ou insuficiência cardíaca congestiva. Após o aceite na participação do estudo, todas as participantes receberam e assinaram o termo de consentimento livre e esclarecido. Esse projeto foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa da Universidade La Salle sob número: 69947317.0.0000.5307.

Coleta de dados

Inicialmente as participantes preencheram a ficha de anamnese com os dados de identificação e informações clínicas: data de nascimento, hábito tabágico (anos de fumo, número de cigarros/dia), hábito etílico (tipo de bebida: fermentada ou destilada; quantidade/dia), uso de contraceptivo, exercício físico regular (frequência e modalidade) e gestações prévias.

Para o exame físico e palpação foram realizadas medidas antropométricas de peso, altura, IMC, circunferência da cintura, quadril e coxas com fita inelástica (Prime Med®) e, dobras cutâneas com adipômetro (Sanny®) para cálculo de porcentagem de gordura com o protocolo de Pollock, segundo Heyward et al (2000). As variáveis antropométricas (circunferências, dobras cutâneas e percentual de gordura) foram mensuradas antes e depois do tratamento e incluídas no software Body Map da Terrazul Tecnologia.

Para registro fotográfico foi utilizada a recomendação do Clinical Photography Comittee of the Plastic Surgery Education Fundation (BORGES et al, 2010). Uma câmera Cannon® Digital (modelo EOS Rebel T3i) com lente de 55mm 60, 6.0 Megapixels) posicionada a 50 cm de distância da pele do paciente foi empregada para registro, as imagens foram salvas no computador por meio do programa Adobe Photoshop CS4. A definição de grau da celulite foi baseada nos padrões fotográficos da Figura 1, descritos por Costa, E. et al (2009). Para corroborar os achados, a escala de gravidade da celulite (CSS) (HEXSEL et al, 2009) foi aplicada. Essa escala pondera o número de furos, profundidade e qualidade da pele. A escala classifica de 1 a 15 pontos,  conforme a pontuação se define a gravidade da celulite em leve (1-5 pontos), moderada (6-10 pontos) ou grave (11-15 pontos).

Figura 1- Graus de celulite segundo Costa,2009, A – representa celulite grau 2: com pequena visualização que aumenta na palpação ou contração e B, representa celulite grau 3, a qual mostra sinal de uma pele acolchoada, presença de microvarizes, equimoses, sensibilidade aumentada, placas distróficas, nódulos túrgidos e edema localizado.

A avaliação termográfica foi um ponto importante deste estudo, pois se sabe que durante a evolução do FEG este parâmetro se altera, demonstrando piora do quadro. A termografia por meio da máquina portátil térmica FLIR tipo C2 foi aplicada imediatamente após a retirada da bandagem em dois tempos distintos: 1ª e 12ª aplicação. A avaliação das imagens termográficas foi realizada com FLIR Tools Software, definindo a região de interesse (ROI) (WIDISCH et al, 2016). Não houve nenhuma influência da temperatura ambiente ou da humidade do ar, uma vez que estes dados foram gravados automaticamente pela imagem térmica.

Intervenção:

Após a avalição física, as mulheres tiveram selecionadas as áreas que receberiam a intervenção em que tinham maior acometimento, para dois grupos: a) bandagem no  glúteo; b) bandagem na posterior de coxa; cada área tratada teve o controle na região contralateral. Foram usadas bandagens cor da pele, com a técnica linfática na forma “polvo”, livre de tensão, técnica conhecida como “paper off“ (STOCKHEIMER et al, 2006). A bandagem permaneceu por 3 dias, após este período a bandagem era removida e substituída, assim sucessivamente até completar 12 aplicações, somando 6 semanas de tratamento.

Na última sessão, as participantes foram reavaliadas pelo grau de celulite descrito por Costa, E. (2009) e a escala de CSS (HEXSEL, 2009), assim como também foram fotografadas e realizadas as imagens termográficas. As participantes também foram questionadas com relação à percepção do aumento de diurese, formigamento e redução de edemas. 

Para análise estatística as características clínicas e antropométricas foram apresentados por médias, desvios-padrão e frequências absolutas. As diferenças estatísticas entre os grupos foram analisadas pelo teste t de Student para amostras pareadas. Em todas as análises o nível de significância adotado foi de 5% (a= 0,05). Os dados foram analisados no The Statistical Package for Social Sciences para Windows (SPSS 21.0, 2013, SPSS, Inc, Chicago, IL).

RESULTADOS

Participaram deste estudo 24 mulheres com diagnóstico de FEG. A média de idade foi 35,2±5,7, nenhuma apresentava hábito tabágico, 50% da amostra informou beber socialmente (duas latas de cerveja semanalmente), somente 30% faziam uso de contraceptivos orais e 10% de injetáveis, o número médio de gestações prévias foi de 1,4/mulher e 70% das mulheres realizavam alguma modalidade de exercício físico (maioria realiza musculação 3X/semana).

As medidas antropométricas (antes e depois do tratamento) estão apresentadas na tabela 1. Pode observar que as participantes apresentavam sobrepeso segundo a Organização Mundial da Saúde, no entanto, as medidas antropométricas não alteraram após o tratamento, demonstrando que as participantes não estavam sobre nenhuma dieta ou outro tratamento estético que pudesse interferir sobre os resultados das bandagens.

Tabela 1 – dados antropométricos no início e final do tratamento referentes a população de mulheres com FEG (POA, 2018).

VariávelX±DPP
Peso70,58±14,12 
IMC25,93±3,47 
%gordurai35,5±5,90,92
%gorguraf35,3±6,3
CCi80,6±8,10,98
CCf80,5±8,0
CQi106,6±9,10,81
CQf106,0±8,8
Ccoxa_direita_i63,3±5,60,75
Ccoxa_direita_f62,7±5,9
Ccoxa_esquerda_i63,1±5,50,76
Ccoxa_esquerda_f62,9±5,7

Nota:%gordurai: percentual de gordura inicial; %gorduraf: percentual de gordura final; CCi: cincunferência cintura inicial; CCf: cincunferência cintura final; CQi: circunferência quadril inicial; CQf: cincunferência quadril final; Ccoxa_direita_i: circunferência da coxa direira inicial; Ccoxa_direita_f: circunferência da coxa direita final; Ccoxa_esquerda_i: circunferência da coxa esquerda inicial; Ccoxa_esquerda_f: circunferência da coxa esquerda final; X: mpédia; DP: desvio padrão; p: significância estatística.

Para avaliar o grau da FEG o método fotográfico foi utilizado, considerando os graus de celulite descritos de Costa et al, 2009. Onde 59% apresentavam graus 2 e 41% grau 3.

Figura 2 – em A mostra o grau 3 de celulite na 1ªsessão de tratamento e, na fotografia B, imediatamente após a retirada da bandagem na 12ªsessão, indica uma diferença de graus, regredindo para o grau 2, definido pelo avaliador cegado e treinado.

Na escala CSS foi possível observar uma redução das características morfológicas da FEG. A contagem do número de depressões (furos) foi significativamente menor após o tratamento quando comparado com o início (7,41±2,01 no início; 3,33±2,17 no final) (p<0,0001). Todas as mulheres apresentaram diminuição da profundidade dos furos após o tratamento. Na avaliação da flacidez dérmica, 75% (n=9/14) das mulheres apresentaram melhora após o tratamento. As participantes foram questionadas sobre a percepção de aumento da diurese, redução de edema e formigamento com a bandagem. Entre as avaliadas, 92% das mulheres relataram ter aumento da diurese durante o período do tratamento, 75% referiram ter sensação de redução dos edemas e, somente 8,3% referiram ter tido formigamento relacionado a colocação da bandagem.

Figura 3 – Nesta imagem foi aplicada a escala CSS. A imagem A refere-se ao primeiro dia de tratamento antes da colocação da bandagem e, a imagem B, após a 12ª aplicação imediatamente após a retirada da bandagem.

Quando aplicada a termografia, para avaliar a temperatura local, foi observada aumento significativo ao final do tratamento quando comparado com o início, em média, a temperatura aumentou 4,1ºC (p<0,0001). Na figura 4 é possível observar uma maior extensão da coloração vermelha na imagem, sugerido aumento da temperatura local.

Figura 4 – Na foto A observa-se as zonas mais resfriadas em verde e amarelo e na foto B o aumento das áreas vermelhas de aumento da temperatura.

DISCUSSÃO

Este estudo demonstrou que a Bandagem Elástica Adesiva melhora o aspecto da FEG, tanto na quantidade de depressões quanto na profundidade das mesmas, e na melhora da tonicidade cutânea podendo ser mais um recurso para os profissionais lançarem mão no tratamento desta patologia. Diversos tratamentos têm sido utilizados para o tratamento desta patologia estética, a bandagem surge como um novo método para auxiliar as mulheres nas opções de tratamento estético e, consequentemente, aumentar a sua autoestima e satisfação corporal.

A FEG tem sido definida como uma patologia estética de caráter multifatorial com dimorfismo sexual do tecido conjuntivo subcutâneo, tensão contínua e progressiva sobre os septos fibrosos subcutâneos causados pelo acúmulo de gordura, além de anormalidades circulatórias e inflamatórias locais (CURRI et al, 1993; LEONARDI et al, 2010; EMANUELE et al, 2011; FRIEDMANN et al, 2017). Esse quadro complexo da etiopatologia da FEG dificulta as propostas diagnósticas e terapêuticas para a gravidade desta patologia.

Hexsel et al, (2009) propôs uma escala para avaliação da gravidade da FEG, na qual avalia padrões como quantidade de depressões, profundidade das depressões, qualidade da pele e assim além do grau foi possível quantificar a aparência do grau de celulite. No presente estudo, a escala foi utilizada para avaliar a efetividade do tratamento com as bandagens. Foi observado que o aspecto celulítico (número de depressões, profundidade dos furos e flacidez dérmica) reduziram significativamente após as 12 semanas de tratamento.

O presente estudo utilizou a termografia para avaliar a perfusão sanguínea no local do tratamento. Foi observado que o fluxo sanguíneo aumentou logo após o tratamento com as bandagens, sugerindo melhora da vascularização do tecido, e supostamente aumento da drenagem de líquido intersticial, o que diminuiria a compressão dérmica epidérmica e da profundidade das depressões. No que diz respeito ao tônus dermo-epidérmico, a melhora não foi tão evidente, quanto nos demais aspectos avaliados.

Windish el al (2017) utilizou a termografia para quantificar a temperatura da pele em cirurgia de artroscopia com edema na região da articulação do joelho em comparação ao Impulse System™, equipamento de compressão (pressoterapia) também observou aumento da temperatura nos pacientes que usaram Bandagem Elástica Adesiva. O grupo que utilizou Bandagem Elástica Adesiva, apresentou um aumento da temperatura de 0,6°C (0,5°C – 0,8°C), p <0,001) do aspecto da ferida lateral. O estudo conclui que a Badagem Elástica Adesiva na forma linfática de polvo e com tensão a 10% reduz o edema e aumenta a temperatura local de forma similar ao equipamento AV-Impulse System™.

Evidências das bandagens para a FEG ainda são escassos, mas alguns resultados positivos têm surgido para o tratamento da FEG, como o estudo de Silva et al (2014). Neste estudo o autor utilizou a técnica de polvo, com tensões de 0 a 15%, com quatro semanas de tratamento, e uma aplicação por semana, na região de glúteo, com mulheres jovens (idade entre 20 e 30 anos), com grau 1,2 e 3 de celulite. Foi observado que com a tensão 0-15% houve melhora no aspecto geral com uma melhora significativa no grupo com a bandagem quando comparado ao grupo controle. Entretanto, a amostra apresentou resultados de emagrecimento intragrupos, podendo contaminar os resultados da eficácia da bandagem.

No presente estudo, foi utilizado uma tensão de 10%, tratamento paper-off, por 12 semanas com a técnica de polvo quatro patas. Estudos semelhantes afirmam que essa tensão é a mais recomendada pois, evidências mostram que é gerada uma diferença de gradual de pressão externa e interna, a qual levaria supostamente a tração dos filamentos de ancoragem, aumentando a captação do liquido extracelular para dentro dos capilares linfáticos iniciais, diminuindo o edema local, que gera o aspecto acolchoado da celulite.

O estudo apresenta algumas limitações. Primeiro, não teve grupo placebo. Inicialmente, foi realizado um estudo piloto no qual a bandagem foi comparada ao esparadrapo (placebo) utilizando-se os mesmos cortes e tensão, no entanto, as pacientes apresentaram danos epidérmicos significativos, e o estudo foi suspenso (figura suplementar 1). Segundo, o cuidado com a manutenção da bandagem pelos participantes. Essas foram orientadas para que não retirassem a bandagem antes do prazo definido. 

Suplemento figura 1 – Imagem A colocação da Bandagem Elástica e do esparadrapo e, na imagem B, 3 dias após as lesões na área que estava o esparadrapo.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Baseado nas evidências obtidas neste estudo, que a bandagem elástica adesiva é uma opção coadjuvante no tratamento da Lipodistrofia Ginóide, mas não exclusivamente, pois, são necessários estudos para elucidação dos principais mecanismos de ação. Bem como dos diferentes aspectos fisiológicos e bioquímicos da Lipodistrofia Ginóide, que ainda não foram totalmente esclarecidos. Assim, estetocosmetólogos podem utilizar a bandagem como tratamento indolor, não invasivo e de baixo custo para o tratamento da FEG em suas pacientes, no entanto, ainda com baixa evidência. Sugere-se que a bandagem seja utilizada o método paper-off com a colocação em polvo. Essa parece ser atualmente a melhor indicação para o tratamento da FEG.

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