EFEITO DE DIFERENTES REGIMES DE ADUBAÇÃO NO CRESCIMENTO E COMPOSIÇÃO MORFOLÓGICA DO CAPIM MARANDU (BRACHIARIA BRIZANTHA)

REGISTRO DOI: 10.69849/revistaft/ra10202506051920


Gabriel Rodrigues da Silva1
Wemerson Pinto Teixeira da Costa2
Nicolas Oliveira de Araújo3


Resumo

Este estudo avaliou o impacto de diferentes regimes de adubação – fosfato monoamônico (MAP) e adubação foliar – no desenvolvimento e composição morfológica do capim Marandu (Brachiaria brizantha cv. Marandu). O experimento foi conduzido no campo experimental da UNITPAC, com parcelas submetidas a três tratamentos: Testemunha (sem adubação), MAP (100 kg/ha) e Map + Adubação Foliar (100 kg/ha de Fosfato Monoamônio e 5 L/ha de fertilizante foliar revigo da Juma-Agro). Foram realizadas coletas aos 21 e 28 dias após a uniformização do capim, avaliando altura, massa total e proporção de folha, colmo e material morto. Aos 21 dias após aplicação dos fertilizantes, a adubação com MAP resultou na maior produção de folha (12.516 kg/ha) e altura (103 cm), enquanto a adubação foliar também demonstrou incremento significativo (9.902,6 kg/ha de folha, 85 cm). Aos 28 dias, a adubação com MAP manteve alta produção de folha (12.461,6 kg/ha), mas com possível senescência, enquanto a adubação foliar mostrou crescimento constante. A testemunha apresentou o menor desempenho em ambos os períodos. Os resultados evidenciam a importância da adubação para o aumento da produtividade e qualidade do capim Marandu, com a adubação via solo promovendo crescimento rápido e a foliar oferecendo maior estabilidade produtiva.

Palavras-chave: Brachiaria brizantha, Adubação fosfatada, Composição Morfológica.

Abstract

This study evaluated the impact of different fertilization regimes – monoammonium phosphate (MAP) and foliar fertilization – on the development and  morphological composition of Marandu grass (Brachiaria brizantha cv. Marandu). 

The experiment was conducted in the experimental field of UNITPAC, with plots subjected to three treatments: Control (no fertilization), MAP (100 kg/ha) and Map + Foliar Fertilization (100 kg/ha of Monoammonium Phosphate and 5 L/ha of JumaAgro’s revigo foliar fertilizer). Samples were collected 21 and 28 days after standardization of the grass, evaluating height, total mass and proportion of leaves, stem and dead material. At 21 days after fertilizer application, MAP fertilization resulted in the highest leaf production (12,516 kg/ha) and height (103 cm), while foliar fertilization also showed a significant increase (9,902.6 kg/ha of leaf, 85 cm). At 28 days, MAP fertilization maintained high leaf production (12,461.6 kg/ha), but with possible senescence, while foliar fertilization showed constant growth. The control showed the lowest performance in both periods. The results highlight the importance of fertilization for increasing the productivity and quality of Marandu grass, with soil fertilization promoting rapid growth and foliar fertilization offering greater productive stability.

Keywords: Brachiaria brizantha, Phosphate fertilization, Morphological composition.

 Introdução

A pecuária brasileira, um dos pilares da economia do país, depende diretamente da produtividade e qualidade das pastagens. Nesse contexto, o capim Marandu (Brachiaria brizantha cv. Marandu) destaca-se como uma das forrageiras mais utilizadas, devido à sua rusticidade, boa adaptação a diversas condições edafoclimáticas e elevado potencial produtivo. No entanto, para que essa gramínea expresse seu máximo potencial, a nutrição adequada do solo e da planta é fundamental.

A adubação é uma prática agrícola essencial para suprir as demandas nutricionais das plantas, promovendo seu crescimento, desenvolvimento e a produção de biomassa forrageira. Existem diversas modalidades, destacando-se a adubação via solo, que fornece nutrientes diretamente à rizosfera, e a adubação foliar, que permite a absorção rápida de nutrientes pelas folhas, sendo especialmente útil para respostas rápidas em certas situações, o fosfato monoamônico (MAP) é um fertilizante que fornece fósforo (P) e nitrogênio (N) de forma rápida e eficiente, sendo uma alternativa ao fosfato diamônico (DAP), com maior teor de fósforo e menor de nitrogênio. É amplamente utilizado para apoiar o desenvolvimento inicial e o crescimento das plantas. Em resumo, a adubação via solo atua como base para a nutrição das plantas, mantendo a fertilidade do solo e o “armazém” de nutrientes, enquanto a adubação foliar funciona como um complemento para suprir necessidades específicas e rápidas. A combinação dessas técnicas, aliada ao uso adequado de fertilizantes como o MAP, é fundamental para otimizar a produtividade agrícola.

Diante da relevância do capim Marandu e da necessidade de otimizar seu manejo nutricional, o presente estudo foi delineado com o objetivo de avaliar o efeito de diferentes regimes de adubação – fosfato monoamônico e adubação foliar – no crescimento, acúmulo de biomassa e na composição morfológica (folha, colmo e material morto) do capim Marandu em condições de campo.

 Metodologia  Local e Delimitação da Área

O experimento foi conduzido no campo experimental da UNITPAC, localizado em Araguaína, Tocantins, Brasil. Uma área total de 6 m² (2 x 3 metros) foi delimitada e subdividida em três subparcelas de 2 m² (1 x 2 metros) cada. Essa divisão permitiu a aplicação controlada dos tratamentos e a realização de coletas sistemáticas, visando garantir a precisão das observações e a validade dos resultados.

 Tratamentos e Aplicações

No dia 02 de abril de 2025, o capim Marandu presente em todas as parcelas foi cortado com roçadeira mecânica, estabelecendo uma altura média uniforme de 35 cm para garantir condições iniciais homogêneas entre os tratamentos. As parcelas receberam as respectivas dosagens de adubação conforme o tratamento designado:

Testemunha: Não recebeu adubação.

MAP: Foi aplicado MAP via solo na dosagem de 100 kg/hectare, o que equivale a 100 g/m². O adubo foi espalhado manualmente de forma homogênea sobre o solo da parcela. Concentrações dos nutrientes: é um fertilizante que fornece principalmente Nitrogênio (N) e Fósforo (P) para as culturas:

 Nitrogênio (N): Em torno de 9% a 12% (na forma amoniacal, de rápida absorção).  Fósforo (P₂O₅): Em torno de 48% a 52% (solúvel em água, de alta disponibilidade para as plantas).

MAP + Adubação Foliar: Nesta subparcela, foi aplicada adubação foliar revigo da juma-agro produto possui 26,00% de Nitrogênio (N) solúvel em água (332,28g/L) e 2,00% de Fósforo (P₂O₅) solúvel em água (25,60g/L), seguindo a recomendação de 5 L/hectare. Seguindo a recomendação de 5 L/hectare. A solução foi preparada com 2,5 ml de produto para 5 L de água, e o adubo foliar foi aplicado utilizando um regador, garantindo a distribuição homogênea sobre a superfície das folhas. Adicionalmente, foi realizada a adubação via solo com MAP, na mesma dosagem de 100 g/m², conforme o tratamento anterior.   

Coletas e Análises das Amostras

As coletas foram realizadas em dois momentos distintos para avaliar o crescimento e os efeitos das adubações: 21 e 28 dias de crescimento. Foram avaliadas as seguintes variáveis respostas: altura da planta (cm), massa fresca total (kg/ha), massa fresca de folha (kg/ha), massa fresca de colmo (kg/ha), massa de material morto (kg/ha).

 Resultados

Os resultados obtidos nas coletas aos 21 e 28 dias após a uniformização do capim Marandu são apresentados nas Tabelas 1 e 2, respectivamente.

 Análise dos Resultados (21 dias)

Após 21 dias de crescimento, observaram-se diferenças marcantes entre os tratamentos (Tabela 1). A adubação com MAP resultou na maior produção total de massa e na maior proporção de folhas, com uma média de folha, equivalente a 12.516 kg/ha. Além disso, as plantas neste tratamento atingiram a maior altura média, com 103 cm. Este resultado evidencia a eficiência do fornecimento de fósforo e nitrogênio (presentes no Map.) no estímulo ao perfilhamento e desenvolvimento foliar do capim.

A adubação foliar também demonstrou um incremento significativo na produção em comparação à testemunha, com uma produção foliar de 9.902,6 kg/ha e altura média de 85 cm. Este método de aplicação se destaca como uma alternativa prática, especialmente em manejos que buscam respostas rápidas ou complementação nutricional.

Por outro lado, a parcela testemunha, que não recebeu adubação, obteve a menor produção, registrando 3.492 kg/ha de folhas, 1.920,6 kg/ha de colmos, e uma altura média de 60 cm. Este desempenho inferior revela o impacto da limitação nutricional no desenvolvimento da forragem.

Tabela 1: Produção de Matéria Seca por Tipo de Adubação (Capim Marandu) – 21 dias.

3.2. Análise da Produção de Capim Marandu – Segunda Poda (28 dias)

A segunda coleta, realizada 28 dias após o início do experimento, demonstrou a continuidade do crescimento e a resposta dos tratamentos (Tabela 2).

A adubação com Map apresentou a maior produção de matéria seca de folhas (12.461,6 kg/ha), com uma altura média de 120 cm. Apesar de manter uma alta produção foliar, observou-se uma leve redução da biomassa total em comparação aos 21 dias em alguns casos, indicando um possível início de senescência, o que sugere que o ponto ótimo de corte pode estar antes dos 28 dias para este tratamento.

A adubação foliar manteve uma produção elevada e contínua, com ganhos tanto em altura (115 cm) quanto em biomassa total (17.46 kg/ha), demonstrando estabilidade produtiva e uma maior janela de manejo.

A testemunha, embora tenha apresentado um aumento significativo em altura (100 cm) e biomassa em relação aos 21 dias, ainda registrou a menor produção de folhas (6.003,9 kg/ha) e colmos (3.144,9 kg/ha) entre os tratamentos, reforçando o impacto da limitação nutricional.

Tabela 2: Produção de Matéria Seca por Tipo de Adubação (Capim Marandu) – 28 dias.

 Discussão

A comparação entre os resultados obtidos aos 21 e 28 dias revela dinâmicas distintas de crescimento e produção de biomassa sob os diferentes regimes de adubação. A testemunha demonstrou um crescimento notável entre os dois períodos (de 60 cm para 100 cm de altura) e quase dobrou a produção de folhas (de 3.492 kg/ha para 6.003,9 kg/ha), indicando que, mesmo sem adubação, o capim Marandu possui capacidade de recuperação pós-corte, embora com menor eficiência.

Por outro lado, a adubação com Map, que já apresentava alta produção aos 21 dias, mostrou uma estabilização ou até mesmo uma leve redução na biomassa total aos 28 dias, apesar do aumento contínuo da altura. Este padrão sugere que o ponto ótimo de corte ou pastejo para pastagens adubadas com Map, pode ocorrer antes dos 28 dias, a fim de maximizar a qualidade da forragem e evitar perdas por senescência e acúmulo de material morto. A alta disponibilidade de nutrientes, especialmente fósforo e nitrogênio, acelera o ciclo de crescimento da planta, exigindo um manejo mais intensivo.

A adubação foliar, por sua vez, demonstrou um crescimento mais gradual e constante, com bom rendimento tanto aos 21 quanto aos 28 dias. Este tratamento apresentou uma maior estabilidade produtiva e uma janela de manejo potencialmente mais ampla, o que pode ser vantajoso em sistemas de pastejo rotacionado com intervalos de ocupação mais longos. A aplicação foliar permite uma absorção rápida e eficiente de nutrientes, complementando a nutrição via solo e promovendo um desenvolvimento contínuo da planta.

A altura ideal de entrada para pastejo em pastagens de capim Marandu, com base em recomendações técnicas, situa-se entre 70 cm e 90 cm. Nesse intervalo, há uma maior proporção de folhas, o que se traduz em melhor valor nutritivo para os animais e menor presença de colmos e material morto. No experimento, observe-se que:

A adubação com Map já superava essa faixa aos 21 dias (103 cm), indicando a necessidade de um manejo de corte/pastejo antecipado para otimizar a qualidade da forragem.

A adubação foliar estava dentro da faixa ideal aos 21 dias (85 cm) e próxima do limite superior aos 28 dias (115 cm), sugerindo uma flexibilidade maior no manejo.

A testemunha alcançou altura adequada apenas aos 28 dias (100 cm), mas com uma qualidade nutricional inferior devido à menor proporção de folhas e maior acúmulo de colmos.

Esses resultados reforçam a importância da adubação como ferramenta essencial no manejo de pastagens para aumentar a produtividade e a qualidade da forragem ofertada ao rebanho. A escolha do tipo e da frequência de adubação deve considerar o sistema de produção, as características do solo e as metas de produtividade.

 Conclusão

O presente estudo demonstrou que a adubação exerce um impacto significativo no crescimento, na produção de biomassa e na composição morfológica do capim Marandu. A adubação com fosfato monoamônico (Map) promoveu um crescimento mais rápido e um maior acúmulo de folhas, exigindo, contudo, intervenções de manejo mais frequentes para evitar perdas de qualidade da forragem. Em contraste, a adubação foliar proporcionou um crescimento mais gradual e constante, resultando em maior estabilidade produtiva e uma janela de manejo mais flexível. A parcela testemunha, sem adubação, apresentou desenvolvimento limitado e menor rendimento produtivo, reforçando a importância da suplementação nutricional para otimizar o desempenho do capim Marandu.

Os achados deste experimento contribuem para o entendimento da resposta do capim Marandu a diferentes estratégias de adubação, fornecendo subsídios para a tomada de decisões no manejo de pastagens e na busca por sistemas de produção pecuária mais eficientes e sustentáveis.

 Referências

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1Acadêmico de Agronomia; Centro Universitário Tocantinense Presidente Antônio Carlos – UNITPAC, Araguaína/TO, Brasil.
E-mail: gabrie.rodriguess2018@outlook.com.
2Acadêmico de Zootecnia; Universidade Federal do Norte do Tocantins – UFNT, CAMPUS ARAGUAÍNA- CCA, Centro de Ciências Agrárias. Araguaína/TO, Brasil. E-mail: wemerson.costa@ufnt.edu.br.
3Professor do Curso de Agronomia; Centro Universitário Tocantinense Presidente Antônio Carlos – UNITPAC, Araguaína/TO, Brasil. E-mail: nicolas.araujo@unitpac.edu.br

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