EFEITO DA MUSCULAÇÃO ASSOCIADA À HIDROGINÁSTICA NA QUALIDADE DE VIDA DE IDOSOS

REGISTRO DOI: 10.5281/zenodo.10059524


Graciela Santana Almeida¹
Ronney Jorge de Souza Raimundo²


REVISÃO

Introdução – O aumento da população idosa é uma tendência mundial motivada pela queda nas taxas de natalidade, o aumento na expectativa de vida e a diminuição das taxas de mortalidade. No contexto brasileiro, o número de idosos tem experimentado um crescimento substancial, com projeções de aumento constante nas décadas vindouras. Esse fenômeno está intrinsecamente ligado ao aumento de doenças crônicas e aos desafios de saúde enfrentados pela população idosa. Este artigo apresenta uma revisão bibliográfica que se dedica a explorar o impacto da combinação de musculação e hidroginástica na qualidade de vida dos idosos. O objetivo da pesquisa consiste em analisar como essas modalidades de exercício podem contribuir para a preservação da autonomia, a prevenção de quedas, a melhoria da mobilidade e o enfrentamento da fraqueza muscular em idosos. A metodologia adotada abraça a forma de revisão bibliográfica, incorporando estudos e artigos que versam sobre o treinamento de força e a hidroginástica direcionados aos idosos. A revisão se debruça sobre os benefícios imediatos do treinamento de força e seu potencial para melhorias contínuas mediante a prática regular. Os resultados ressaltam que a combinação de musculação e hidroginástica pode proporcionar melhorias notáveis na qualidade de vida dos idosos, incluindo a preservação da funcionalidade, a redução da gordura corporal e o aumento da capacidade funcional. Em síntese, esta pesquisa destaca a relevância de estratégias eficazes para promover a saúde e o bem-estar dos idosos em meio ao envelhecimento populacional. Se teve como conclusão que tanto a musculação quanto a hidroginástica emergem como abordagens multifacetadas capazes de influenciar positivamente a qualidade de vida dos idosos, contemplando aspectos tanto físicos quanto psicossociais. A prática conjunta dessas atividades pode contribuir para atenuar e retardar os efeitos do envelhecimento, promovendo a independência nas atividades diárias dos idosos.

ABSTRACT

Introduction – The increase in the elderly population is a global trend driven by the drop in birth rates, the increase in life expectancy and the decrease in mortality rates. In the Brazilian context, the number of elderly people has experienced substantial growth, with projections of constant increase in the coming decades. This phenomenon is intrinsically linked to the increase in chronic diseases and the health challenges faced by the elderly population. This article presents a literature review dedicated to exploring the impact of combining weight training and water aerobics on the quality of life of the elderly. The objective of the research is to analyze how these types of exercise can contribute to preserving autonomy, preventing falls, improving mobility and coping with muscle weakness in the elderly. The methodology adopted embraces the form of a bibliographical review, incorporating studies and articles that deal with strength training and water aerobics aimed at the elderly. The review focuses on the immediate benefits of strength training and its potential for continued improvement through regular practice. The results highlight that the combination of weight training and water aerobics can provide notable improvements in the quality of life of the elderly, including the preservation of functionality, the reduction of body fat and the increase in functional capacity. In summary, this research highlights the relevance of effective strategies to promote the health and well-being of elderly people amid an aging population. The conclusion was that both bodybuilding and water aerobics emerge as multifaceted approaches capable of positively influencing the quality of life of the elderly, covering both physical and psychosocial aspects. Practicing these activities together can help mitigate and delay the effects of aging, promoting independence in the daily activities of the elderly.

1. INTRODUÇÃO

O aumento constante do número de idosos na população é uma realidade global, resultante da diminuição das taxas de natalidade, da elevação da expectativa de vida e da redução da mortalidade. No Brasil, em 2018, a expectativa média de vida alcançou 76,3 anos. Essa transformação no perfil demográfico e na estrutura etária da sociedade está ligada à redução da capacidade funcional e ao aumento da incidência de doenças crônicas (JÚNIOR et al., 2022).

O grupo etário que mais cresce na população brasileira é o de idosos, com taxas de crescimento superiores a 4% ao ano no período de 2012 a 2022. Em 2000, havia 14,2 milhões de pessoas com 60 anos ou mais, número que aumentou para 19,6 milhões em 2010, com projeções para atingir 41,5 milhões em 2030 e 73,5 milhões em 2060. Prevê-se um incremento médio de mais de 1,0 milhão de idosos anualmente na próxima década. Esse fenômeno de envelhecimento populacional é, em grande parte, resultado da contínua e acentuada queda nas taxas de natalidade no país, juntamente com a redução da mortalidade em todas as faixas etárias (IBGE, 2015).

O Ministério da Saúde descreve o perfil de saúde da população idosa com base em três categorias principais de problemas: doenças crônicas, problemas agudos de saúde de origem externa e agravamento de condições crônicas. Isso significa que muitos idosos convivem com doenças de longa duração e enfrentam riscos de morte e problemas súbitos decorrentes de acidentes ou complicações agudas.

A busca por estratégias eficazes que promovam a saúde e o bem-estar da população idosa tem ganhado cada vez mais importância, dada a complexidade do envelhecimento e suas implicações na qualidade de vida. Nesse cenário, a combinação de musculação com a hidroginástica emerge como uma abordagem abrangente que pode impactar positivamente a qualidade de vida dos idosos, abordando aspectos tanto físicos quanto psicossociais (SANTOS et al., 2017).

Uma das mudanças mais relevantes associadas ao envelhecimento que afeta diretamente as habilidades funcionais do indivíduo é a diminuição da massa magra, bem como da potência e da capacidade de gerar força (FLECK; KRAMER, 2017). Nesse contexto, o treinamento de força, por meio da musculação, se mostra como uma alternativa para auxiliar os idosos na busca por melhorias nessas capacidades, promovendo maior independência nas atividades diárias (AVDs) e contribuindo para a melhoria da qualidade de vida, de acordo com Campos (2004 apud MENDONÇA et al., 2022).

Conforme Rocha (1994 apud SANTOS, 2020), a hidroginástica teve sua origem na Alemanha com o propósito de atender às necessidades de pessoas idosas que buscavam uma forma segura de realizar atividades físicas. A hidroginástica se encaixava perfeitamente nesse contexto, oferecendo um baixo risco de lesões.

Cossetin (2017 apud GATTI, 2020) argumenta que a prática da hidroginástica por idosos, deve ser com o objetivo para melhorar a qualidade de vida, o que engloba aspectos psicológicos, sociais e biológicos. Afirma ainda, que há melhoria da marcha, da postura, da flexibilidade, da coordenação motora, da percepção corporal, do equilíbrio e mudanças da composição corporal.

Este artigo consiste em uma revisão bibliográfica que explora o impacto da combinação de musculação e hidroginástica na qualidade de vida de idosos. Tem como objetivo, analisar como o treinamento de força e a hidroginástica podem preservar a autonomia, prevenir quedas, melhorar a mobilidade e contrabalançar a fraqueza muscular em indivíduos mais velhos, destacando os benefícios imediatos do treinamento de força e seu potencial para aprimoramento contínuo com a prática. Espera-se que essa abordagem de treinamento resistido de força possa atenuar e retardar os efeitos do envelhecimento, promovendo a independência nas atividades da vida diária dos idosos.

2. METODOLOGIA

O tipo de pesquisa a ser realizada será uma revisão bibliográfica, sendo uma pesquisa qualitativa e descritiva, onde serão pesquisados livros, dissertações e artigos científicos selecionados através de busca nas seguintes bases de dados: National Library of Medicine (PubMed), Scientific Electronic Library online (Scielo) e Literatura Latino-americana e do Caribe em Ciências da Saúde (LILACS). O período dos artigos pesquisados serão os trabalhos publicados nos últimos 05anos, sendo no período entre os anos de 2018 e 2023.

3. REVISÃO DE LITERATURA

O processo de envelhecimento é uma complexa manifestação de eventos biológicos que ocorrem ao longo da vida, resultando na perda progressiva das capacidades fisiológicas. Essas mudanças relacionadas ao envelhecimento, especialmente no sistema musculoesquelético, são motivo de preocupação significativa para a população idosa (MEDEIROS et al., 2019).

Segundo Silva et al. (2019), o aumento constante do número de indivíduos que alcançam a chamada “terceira idade” tem atraído a atenção de cientistas em todo o mundo. Esse fenômeno levanta questões importantes relacionadas à saúde nessa fase da vida e à qualidade de vida dos idosos. É relevante destacar que o envelhecimento não se resume simplesmente à passagem do tempo, mas envolve uma série de processos biológicos que afetam o organismo ao longo dos anos. Essas transformações fisiológicas podem influenciar a capacidade funcional dos idosos e, consequentemente, sua qualidade de vida. Portanto, compreender essas mudanças e buscar estratégias para mitigar seus impactos é fundamental para promover um envelhecimento saudável e ativo.

Nesse contexto, a pesquisa e o estudo das questões relacionadas ao envelhecimento são cruciais para desenvolver intervenções e políticas de saúde que atendam às necessidades dessa população em constante crescimento. É importante considerar não apenas os aspectos clínicos, mas também os aspectos psicossociais que afetam a qualidade de vida dos idosos, visando proporcionar um envelhecimento mais satisfatório e com maior bem-estar (SILVA et al., 2019).

Portanto, diante do aumento da expectativa de vida e do envelhecimento populacional, é essencial continuar a investigar e compreender as complexidades desse processo, a fim de desenvolver abordagens holísticas e eficazes para promover a saúde e a qualidade de vida da população idosa.

Conforme definido pela Organização Mundial da Saúde (OMS) em 2007, a categoria de “idoso” abrange indivíduos com 60 anos ou mais. Contudo, é importante destacar que esse limiar mínimo pode variar de acordo com as particularidades de cada país. O crescimento significativo da população idosa, previsto para atingir cerca de dois bilhões de pessoas até 2050, é um fenômeno social notável. Esse aumento populacional está diretamente relacionado à diminuição das taxas de fertilidade e às melhorias nas condições de vida que resultam em maior longevidade (ANDRADE et al., 2022).

Dados fornecidos pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) revelam que, no período de 2005 a 2015, a proporção de pessoas com 60 anos ou mais na população brasileira cresceu de 9,8% para 14,3%. Essas informações foram extraídas do estudo “Síntese de Indicadores Sociais (SIS): uma análise das condições de vida da população brasileira 2016”. Atualmente, o Brasil conta com aproximadamente 26 milhões de indivíduos nessa faixa etária, e essa cifra continua a aumentar. Projeções do órgão apontam que até 2027, a população idosa dobrará, chegando a 37 milhões de pessoas (SANTOS et al., 2018).

Em uma perspectiva global, a população mundial tem demonstrado uma tendência crescente de envelhecimento nas últimas décadas. Esse fenômeno é resultado tanto do aumento na expectativa de vida, decorrente da melhoria das condições de saúde, quanto da redução das taxas de natalidade. No contexto brasileiro, esse segmento populacional experimentou um crescimento de 18% nos últimos cinco anos, passando de 25 milhões para mais de 30 milhões de idosos. Atualmente, aproximadamente 15% da população brasileira é composta por idosos, com a maioria deles sendo mulheres (LEÃO et al., 2019).

O processo de envelhecimento é caracterizado pela gradual deterioração das funções de diversos sistemas do organismo, incluindo o cardiovascular, respiratório, urogenital, endócrino, e imunológico, entre outros (BONACHELA, 1994 apud SILVA, 2021). Este processo natural e inevitável na vida humana resulta na progressiva perda das capacidades físicas, aumentando o risco de um estilo de vida sedentário. Essas alterações podem limitar a habilidade do idoso de realizar as atividades diárias de maneira ativa, o que coloca em risco sua qualidade de vida (ALVES et al., 2004 apud SILVA, 2021).

O processo de envelhecimento é uma ocorrência natural para todos os indivíduos e frequentemente é percebido com apreensão e estigmatizado. O processo do envelhecimento provoca perda gradativa da funcionalidade, tornando o indivíduo inapto a realizar as suas atividades de vida diárias (AVD). Segundo a Classificação Internacional de Funcionalidade, Incapacidade e Saúde (CIF) a funcionalidade é utilizada como sinônimo de algo positivo e contramão a ela, encontra o termo incapacidade. De acordo com a CIF, incapacidade resulta nas disfunções apresentada pelo indivíduo, seja elas, orgânica ou de estrutura física podendo dificultar a participação social. Esses fatores interferem de forma direta na qualidade de vida dos idosos, uma vez que, promovem mudanças no seu estado de saúde que são significativas para a qualidade de vida (ANDRADE et al. 2022).

Conforme informações do Ministério da Saúde, o processo de envelhecimento desencadeia uma série de modificações fisiológicas no corpo humano. Isso inclui o aumento da proporção de gordura corporal, o acréscimo da pressão arterial, a redução da flexibilidade, a diminuição da frequência cardíaca máxima, a perda de massa óssea e muscular e uma gradual diminuição da força, resultando na redução das capacidades motoras e da funcionalidade do indivíduo. Além disso, o envelhecimento pode levar à sarcopenia, que é caracterizada por uma progressiva redução na massa, força e desempenho musculares. Essa condição pode estar associada a diversas outras doenças, aumentando o risco de eventos adversos, como incapacidade física, perda da qualidade de vida e, em casos extremos, até mesmo óbito (BRASIL, 2009 apud BERNALDINO et al. 2021). Segundo Mendonça et al. (2022), uma das principais alterações associadas ao envelhecimento que influi diretamente nas capacidades funcionais do indivíduo é a redução da massa magra, bem como da potência e da capacidade de produção de força. Nesse sentido, o treinamento de força, pelo método da musculação, pode ser uma alternativa para auxiliar os idosos a atingirem a melhora destas capacidades, proporcionando maior independência nas suas atividades da vida diária (AVDs), contribuindo para o aumento da sua qualidade de vida.

A funcionalidade das habilidades e capacidades dos idosos está diretamente relacionada ao seu estilo de vida. A observação da situação apresentada por eles é um resultado da prática regular e progressiva de atividades físicas, essencial para manter sua independência e autonomia e retardar os efeitos do envelhecimento (NETTO, 2007 apud Santos et al., 2020).

No que diz respeito à capacidade física, é sabido que desempenha um papel fundamental nas atividades de vida diária (AVDs). Estudos explicam que a força muscular máxima atinge seu pico entre os 20 e 30 anos de idade, quando o sistema neuromuscular alcança sua maturidade total. A partir dos 60 anos, no entanto, observa-se uma queda de aproximadamente 30% a 40% na força máxima, o que implica em uma perda média de 6% a cada década a partir dos 35 anos até os 50 anos (FERREIRA et al., 2019).

Apesar de viverem por mais tempo, os idosos tendem a reduzir sua atividade física regular, o que pode levar ao sedentarismo. Isso está associado a problemas como deficiência física, deficiência mental e isolamento social, podendo manifestar sinais de depressão e doenças cardiovasculares. Praticar atividades físicas, como caminhadas leves ou tarefas domésticas, pode melhorar a aptidão física e a capacidade funcional dos idosos, contribuindo para a manutenção de sua independência e autonomia (LEÃO et al., 2019).

A capacidade funcional é de suma importância para permitir que os idosos desempenhem as atividades cotidianas essenciais sem depender de assistência, tais como preparar refeições, realizar tarefas domésticas, tomar medicamentos, caminhar, alimentar-se, tomar banho, vestir-se, deitar-se e levantar-se da cama, usar o banheiro no momento adequado, cortar as unhas dos pés, subir escadas, locomover-se a locais próximos, fazer compras e utilizar o transporte público sem requerer auxílio (SANTOS et al., 2020).

De acordo com Souza (2014 apud GATTI, 2018), a falta de atividade física em idosos pode resultar em inatividade, o que, por sua vez, pode aumentar a incidência ou a gravidade de diversas condições médicas, tais como obesidade, osteoporose, artrite, diabetes, hipertensão arterial, entre outras. Quedas e suas consequências são relativamente frequentes nessa fase da vida, com um índice de 70% de óbitos, embora a gravidade das fraturas decorrentes de quedas seja mais acentuada em indivíduos mais jovens do que em idosos.

De acordo com Civinski (2011 apud QUEIROZ et al. 2018), os idosos frequentemente enfrentam notáveis desafios em termos de saúde, incluindo perda de força muscular, redução da densidade óssea, aumento da gordura corporal, diminuição dos níveis hormonais, redução do débito cardíaco e diminuição da capacidade vital dos pulmões. Essas mudanças podem desencadear desequilíbrios no organismo, resultando na gradual fragilização do idoso, o que, por sua vez, pode reduzir sua expectativa de vida ou mesmo levar a um óbito prematuro. A sarcopenia é uma das variáveis utilizadas para identificar a síndrome de fragilidade, comumente observada em idosos.

É importante notar que a sarcopenia, em muitas opiniões de especialistas, é considerada reversível. Isso implica que por meio do treinamento musculoesquelético, existe o potencial para reabilitar a capacidade física do indivíduo.

A atividade física adaptada e compensatória pode desempenhar um papel fundamental na redução e retardo das diversas mudanças anatômicas e funcionais decorrentes do processo de envelhecimento. A prática regular de atividades físicas pode contribuir significativamente para retardar ao máximo as transformações físicas e psicológicas associadas ao envelhecimento (SILVA et al., 2019).

Entre as atividades que têm potencial para aprimorar a qualidade de vida, a musculação se destaca como uma excelente opção para a população idosa. Ela auxilia na preservação da força muscular, melhora o desempenho físico, aumenta a flexibilidade e a resistência muscular, eleva a autoestima e, por conseguinte, melhora a qualidade de vida, permitindo ao idoso manter sua independência nas atividades diárias (ALMEIDA, 2010 apud SANTOS et al. 2018).

A musculação tem se destacado como uma prática de exercício físico altamente eficaz na promoção da saúde e funcionalidade dos idosos. Diversos estudos, como o conduzido por De et al. (2019), têm explorado os efeitos positivos desse tipo de treinamento resistido na terceira idade. Os resultados demonstram que a musculação contribui para a melhoria da força muscular, resistência e composição corporal, fatores cruciais para manter a funcionalidade e a autonomia dos idosos.

Além dos aspectos físicos, a qualidade de vida é outro ponto relevante quando se trata da musculação para idosos. Mendonça et al. (2022) investigaram a relação entre a prática de musculação e a qualidade de vida dos idosos, constatando que a atividade física contribui para melhorias significativas em áreas como saúde mental, bem-estar emocional e capacidade de realizar atividades diárias. Isso sugere que a musculação não apenas fortalece os músculos, mas também promove um impacto positivo na satisfação geral do indivíduo em sua terceira idade.

Uma perspectiva que se destaca é a abordagem multidisciplinar da musculação para idosos. Em um estudo comparativo conduzido por Damião (2023) sobre a qualidade de vida de idosas que praticam musculação e hidroginástica, ambos os métodos mostraram benefícios notáveis. No entanto, a musculação se sobressai devido à sua capacidade de melhorar a saúde óssea e prevenir a perda de massa muscular, fatores cruciais para promover a qualidade de vida e um envelhecimento saudável. Assim, a musculação merece atenção especial no contexto do envelhecimento da população.

A perda de equilíbrio e instabilidade postural são comuns durante o processo de envelhecimento, representando um importante problema de saúde pública com várias consequências negativas, incluindo lesões corporais, síndrome de imobilidade, necessidade de institucionalização e até mesmo óbito em idosos. No entanto, a atividade física demonstrou impactar positivamente a melhoria desses indicadores. Um estudo realizado em Fortaleza, CE, com dois grupos de mulheres praticantes de exercícios – grupo A composto por veteranas com mais de 6 meses de prática e grupo B com menos de 6 meses de prática – revelou que o grupo A obteve resultados significativamente superior em flexibilidade, equilíbrio e força nos membros superiores em comparação ao grupo B. É relevante notar que a redução do tônus muscular é um fator de risco para quedas (Lamboglia et al., 2014; Menezes, 2020).

Diversos estudos têm sido conduzidos para avaliar os benefícios da hidroginástica e musculação para idosos. Em uma análise comparativa realizada por Cavalcante e Souza (2019), foi observado que tanto a hidroginástica quanto a musculação podem ter impactos positivos na saúde dos idosos, mas seus efeitos variam em relação a parâmetros específicos, como a força muscular e a capacidade cardiovascular. Da mesma forma, Damião (2023) conduziu um estudo comparativo sobre a qualidade de vida de idosas que praticam ambas as atividades, destacando benefícios em diversos aspectos da saúde física e mental.

De Andrade et al. (2022) também investigaram a influência do exercício resistido e da hidroginástica na manutenção da funcionalidade na terceira idade. Seus resultados apontam para melhorias significativas na capacidade funcional dos idosos, independentemente da modalidade escolhida.

De acordo com os estudos analisados por Ferreira et al. (2019), a musculação é o tipo de treinamento de resistência mais indicado para idosos devido ao ganho de diversas variáveis, como: equilíbrio, flexibilidade, coordenação e agilidade, aumento de massa óssea e mobilidade funcional. Porém, o estudo de Helrigle et al. (2013 apud FERREIRA et al., 2019), relata que não há diferença significativa entre outras modalidades de exercícios físicos como a caminhada, musculação e hidroginástica, desde que executadas com frequência e com acompanhamento profissional.

Gallahue e Osmun (2003 apud ANDRADE et al. 2022), afirmam que a prática sistematizada de exercícios aquáticos como a hidroginástica podem proporcionar diversos benefícios, tais como, condicionamento, melhora da resistência corporal e a circulação sanguínea. Do mesmo modo, uma revisão de literatura por metanálise concluiu que a prática de hidroginástica pode ser recomendada com a finalidade de melhorar a capacidade funcional de idosos, uma vez que esta modalidade promove o incremento da força de resistente, da flexibilidade dos membros superiores e inferiores ainda melhora o equilibro dinâmico. Nesse tocante, tais benefícios representa uma melhora na capacidade de realizar as atividades diárias, promovendo uma maior independência funcional ao idoso.

De acordo com Bonachella (1994 apud SANTOS e VILELA, 2020) a hidroginástica passa a ser uma das modalidades mais procurada pelos idosos, devido ao meio aquático proporcionar propriedades físicas da água como: densidade, flutuação, pressão hidrostática, e viscosidade.

Densidade: definida como a relação entre massa e volume (D= m/v), é um conceito fundamental a ser considerado. A flutuação, conforme o princípio de Arquimedes, descreve o empuxo que atua em sentido oposto à força da gravidade quando um corpo está total ou parcialmente imerso em um líquido, sendo igual ao peso do líquido deslocado. A pressão hidrostática, conforme a Lei de Pascal, estabelece que a pressão do líquido é uniformemente distribuída sobre todas as áreas da superfície de um corpo imerso em repouso a uma determinada profundidade. A viscosidade, por sua vez, refere-se ao tipo de atrito que ocorre entre as moléculas de um líquido, criando resistência ao movimento da água em qualquer direção e gerando turbulência que varia conforme a velocidade do movimento – quanto mais rápido o movimento, maior o arrasto (conforme Vilela, 2020, p. 37).

A hidroginástica tem surgido como uma modalidade de exercício altamente vantajosa para a população idosa, trazendo consigo uma série de impactos positivos na saúde e na qualidade de vida. Estudos, como o realizado por Fernando, Gatti e Cavalaria Junior (2023), exploraram a percepção dos idosos em relação aos benefícios da hidroginástica, demonstrando que a prática regular dessa atividade contribui de forma significativa para a melhoria da qualidade de vida percebida. Os resultados positivos relatados pelos participantes, juntamente com a sensação de bem-estar, enfatizam a relevância da hidroginástica como uma abordagem eficaz para promover um envelhecimento saudável.

Além da percepção dos idosos, pesquisas como a conduzida por De Andrade et al. (2022) têm examinado os efeitos da hidroginástica em parâmetros de saúde e funcionalidade. Os resultados indicam que a modalidade aquática promove melhorias na funcionalidade dos idosos, auxiliando na manutenção da capacidade física ao longo do tempo. Isso é particularmente relevante, uma vez que a funcionalidade é fundamental para a independência e a autonomia dos idosos em suas atividades diárias.

Outros estudos, exemplificadamente o de Leão et al. (2019), têm se concentrado nos benefícios das atividades aquáticas, como a hidroginástica, para os idosos. Eles ressaltaram que essa modalidade de exercício não apenas contribui para melhorias físicas, mas também promove aspectos psicossociais, incluindo o incentivo à socialização e à saúde emocional dos praticantes. Dessa forma, a hidroginástica emerge como uma alternativa atrativa para os idosos que buscam uma abordagem abrangente para aprimorar sua qualidade de vida.

De acordo com Marciano (2008 apud SANTOS et al. 2018), a hidroginástica, como uma forma de atividade física, oferece uma série de benefícios, não apenas auxiliando na prevenção e tratamento das condições típicas da terceira idade, mas também melhorando substancialmente a qualidade de vida e a independência diária do indivíduo. As vantagens proporcionadas pela hidroginástica, em comparação com os exercícios realizados em solo firme, abrangem desde a capacidade de aplicar mais carga com menor risco de lesões até o maior conforto devido à temperatura adequada da água. A flexibilidade, o equilíbrio, a coordenação motora e a modificação da composição corporal também colhem benefícios da prática da hidroginástica.

Um aspecto significativo a ser destacado na comparação é a composição corporal. Conforme Maciel (2018), houve uma análise comparativa da composição corporal de idosas que praticavam musculação e hidroginástica, revelando diferenças nos ganhos de massa muscular e na redução de gordura corporal entre os grupos.

Santos et al. (2020) investigaram o nível de atividade física e a capacidade funcional de idosos praticantes de musculação. Seus resultados evidenciaram melhorias substanciais na capacidade funcional, sugerindo que essa modalidade pode ser particularmente eficaz nesse aspecto.

A percepção dos idosos sobre os benefícios da hidroginástica também foi estudada por Fernando, Gatti e Cavalaria Junior (2023). Os relatos dos participantes indicaram uma melhoria significativa na qualidade de vida percebida após a prática regular dessa modalidade.

Leão et al. (2019) enfocaram os benefícios das atividades aquáticas para idosos, enfatizando os aspectos positivos que a hidroginástica pode oferecer à saúde e ao bem-estar dessa população.

Na pesquisa realizada por Souza e Cavalcante (2019), com 20 idosos entre 60 e 78 anos, onde 10 praticaram musculação e 10 praticaram hidroginástica durante o período de 3 meses, observaram que ambas as atividades físicas foram positivas para o aumento de força e flexibilidade.

O treinamento de força e a hidroginástica ajudam a preservar e aprimorar a autonomia dos indivíduos mais velhos, podendo também, prevenir as quedas, melhorar a mobilidade e contrabalançar a fraqueza e a fragilidade muscular através do aumento de massa muscular resultante do mesmo, porém o treinamento de força proporciona esses benefícios ao idoso de forma mais imediata e esses benefícios tendem a aumentar com a prática (MEDEIROS et al. 2019).

Segundo Silva (2021), a hidroginástica, por não apresentar os mesmos efeitos colaterais do exercício realizado em solo, tem conquistado a preferência dos idosos. No entanto, um programa de hidroginástica para idosos deve ser projetado com moderação, progressão gradual e exercícios adequados que levem em consideração as necessidades individuais de cada grupo. Antes de iniciar qualquer programa de atividades físicas, respeitando as orientações médicas, é imperativo que um educador físico avalie os idosos.

O desejo de envelhecimento saudável é uma aspiração comum entre os idosos, e a combinação estratégica de atividades físicas pode ser uma abordagem valiosa para alcançar esse objetivo. Com base em estudos como o de Mendonça et al. (2022) sobre a qualidade de vida de idosos praticantes de musculação e o trabalho de Leão et al. (2019) sobre os benefícios das atividades aquáticas, fica evidente que tanto a musculação quanto a hidroginástica desempenham papéis significativos na promoção da saúde e do bem-estar dos idosos.

Enquanto a musculação se destaca na melhoria da força muscular, composição corporal e funcionalidade, a hidroginástica oferece um ambiente aquático seguro que reduz o impacto nas articulações, proporcionando um exercício de baixo impacto. O estudo de De São e Es (2023) sobre a hidroginástica na terceira idade discute que essa modalidade pode ser particularmente benéfica para idosos com limitações físicas, proporcionando uma maneira eficaz de manter a mobilidade e a resistência muscular.

Portanto, a sinergia entre a musculação e a hidroginástica é uma abordagem a ser considerada por idosos em busca de um envelhecimento ativo e saudável. A combinação dessas duas modalidades pode oferecer um programa de exercícios completo, atendendo às necessidades específicas de cada indivíduo e promovendo a manutenção da saúde física e mental ao longo do processo de envelhecimento.

4. CONSIDERAÇÃO FINAL

Ao longo deste artigo, foi explorado os desafios e as implicações do envelhecimento populacional, destacando o aumento significativo da população idosa no Brasil e em todo o mundo. Com o envelhecimento, ocorrem diversas mudanças fisiológicas que afetam a capacidade funcional dos indivíduos, representando uma preocupação crescente para a saúde pública. No entanto, também se destacou a importância da atividade física como uma ferramenta fundamental para mitigar os efeitos negativos do envelhecimento.

O envelhecimento não deve ser encarado apenas como uma questão temporal, mas sim como um processo de perda progressiva das capacidades fisiológicas, que podem impactar significativamente a qualidade de vida dos idosos. Nesse contexto, a musculação e a hidroginástica surgem como alternativas valiosas para promover a manutenção da força muscular, melhorar o equilíbrio, a flexibilidade e a mobilidade, além de contribuir para a independência nas atividades diárias.

A prática regular de exercícios, seja por meio da musculação ou da hidroginástica, demonstrou benefícios significativos para a saúde e a funcionalidade dos idosos. Essas modalidades de atividade física proporcionam não apenas melhorias físicas imediatas, mas também têm o potencial de retardar os efeitos do envelhecimento a longo prazo, promovendo a independência e a autonomia dos idosos.

É importante ressaltar que, para obter os melhores resultados, é fundamental que os programas de exercícios sejam adaptados às necessidades individuais dos idosos e acompanhados por profissionais qualificados. Além disso, a conscientização sobre a importância da atividade física na terceira idade deve ser disseminada, incentivando os idosos a incorporar o exercício regular em suas vidas.

Em suma, diante do desafio do envelhecimento populacional, a musculação e a hidroginástica emergem como ferramentas eficazes para promover a qualidade de vida dos idosos, preservar sua autonomia e contribuir para um envelhecimento mais saudável e ativo. Portanto, investir em programas de atividade física adaptados a essa população é fundamental para enfrentar os desafios do envelhecimento com qualidade de vida e bem-estar.

REFERÊNCIAS

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1 Acadêmica do curso de Fisioterapia da Faculdades Integradas IESGO.

2 Orientador. Docente do curso Fisioterapia da Faculdades Integradas IESGO.