EFEITO ANTIFÚNGICO DE FITOTERÁPICOS FRENTE A CANDIDA ALBICANS E CANDIDA GLABRATA: REVISÃO INTEGRATIVA 

ANTIFUNGAL EFFECT OF HERBAL MEDICINES AGAINST CANDIDA ALBICANS AND CANDIDA GLABRATA: INTEGRATIVE REVIEW 

REGISTRO DOI: 10.69849/revistaft/ch10202410141422


Anna Victória Cardeal Simão Ribeiro1;
Antonio Lourenço Santos de Carvalho2;
Maria Clara da Silva Nascimento1;
Lílian Filadelfa Lima dos Santos Leal3;
Maria da Conceição Aquino de Sá3;
Jorge Messias Leal do Nascimento3


RESUMO 

As infecções fúngicas invasivas (IFIs) desenvolvem-se em decorrência de fatores que envolvem principalmente a vulnerabilidade do sistema imunológico comprometido. Dentre os principais fungos causadores das IFIs encontra-se a Candida spp., a qual possui mecanismos não patogênicos no organismo, exceto quando há um desequilíbrio da microbiota humana. Logo, na busca por conter as infecções fúngicas orais, os bioativos têm sido utilizados como antifúngicos, pois pode-se obter óleos essenciais de plantas que apresentam substâncias aromáticas com ação antifúngica. Sendo, a fitoterapia uma alternativa de baixo custo e efeito natural no tratamento dessas doenças. Objetivou-se analisar as propriedades antifúngicas e a toxicidade do gengibre (Zingiber officinale Roscoe) em cepas de Candida Albicans ATCC® 18804™; Candida glabrata ATCC® 728™. Trata-se de um estudo de revisão integrativa que utilizou seguintes descritores: “Atividade fungicida do gengibre”, “Candida albicans”, “Candida glabrata”, “Mucosa oral” e “Candidíase bucal”.  Por meio da análise dos resultados dos artigos evidenciou que o desenvolvimento de cepas resistentes possui a capacidade de formar biofilmes, o que torna o tratamento ainda mais difícil, porém o uso do extrato de gengibre, em quantidade específica, é capaz de eliminar C. albicans e C. glabrata de canais radiculares.

Palavras-chave: Atividade fungicida do gengibre. Candida albicans. Candida glabrata. Mucosa oral. Candidíase bucal.

ABSTRACT

Invasive fungal infections (IFIs) develop as a result of factors that are primarily the vulnerability of the compromised immune system. Among the main fungi that cause IFIs lies Candida sp., which has non-pathogenic control in the body, except when there is an imbalance in the human microbiota. Therefore, in the quest to contain oral fungal origins, bioactives have been used as antifungals, as essential oils can be obtained from plants that have aromatic substances with antifungal action. Being, phytotherapy a low cost alternative and natural effect in the treatment of these diseases. The objective was to analyze the antifungal properties and toxicity of ginger (Zingiber officinale Roscoe) on strains of Candida Albicans ATCC® 18804™; Candida glabrata ATCC® 728™. This is an integrative review study that used the following descriptors: “Fungicidal activity of ginger”, “Candida albicans”, “Candida glabrata”, “Oral mucosa” and “Oral candidiasis”. Through the analysis of the results of the articles, we showed that the development of resistant strains has the ability to form biofilms, which makes the treatment even more difficult, but the use of ginger extract, in a specific amount, is capable of eliminating C. albicans and C. glabrata from root canals.

Keywords: Antifungal activity of ginger. Candida albicans. Candida glabrata. Oral mucosa. Oral candidiasis

INTRODUÇÃO 

As infecções fúngicas invasivas (IFIs) aumentaram nas últimas décadas em decorrência de uma série de fatores, dos quais envolvem principalmente a vulnerabilidade do sistema imunológico comprometido, por exemplo, infecção por HIV; o amplo uso não racional de antimicrobianos; procedimentos médicos que levam à imunossupressão; tratamento com agentes quimioterápicos e o uso prolongado de corticoide. 1

Na cavidade oral, mais especificamente, coabitam mais de 500 espécies de microrganismos, habitualmente comensais, embora, em determinadas circunstâncias, possam se tornar patogênicos. Dentre os principais fungos causadores das IFIs encontra-se a Candida spp., a qual possui mecanismos não patogênicos no organismo, entretanto quando há um desequilíbrio da microbiota humana ou do sistema imune pode se manifestar de maneira patogênica.2

A candidíase orofaríngea é provocada por espécies comensais de Candida. Entretanto, apenas alguns grupos selecionados de indivíduos desenvolvem candidíase oral, pois a maioria dos indivíduos saudáveis ​​abriga cepas de Candida intraoral, as quais não apresentam aspectos patogênicos. A cepa mais comumente implicada é a Candida albicans, que é isolada em mais de 80% das lesões.  Cepas menos comuns incluem C. glabrata, C. stellatoidea, C. parapsilosis, C. tropicalis, C. krusei e C. kefyr e, mais recentemente, C. dubliniensis em indivíduos imunocomprometidos.3

A espécie Candida albicans é um organismo polimórfico que possui transição morfológica entre as formas de levedura (blastoconídio), pseudo-hifa e hifa, sendo que esta última tem maior capacidade de aderir e penetrar nas células epiteliais humanas. Em relação a sua morfologia apresenta uma forma colonial úmida, cremosa e de odor específico, com aspecto liso ou rugoso e coloração branco-amarelada em meio de cultura ágar Sabourand.4,5

Em indivíduos saudáveis, a C. albicans coloniza as mucosas do trato digestório e urogenital, sem demonstrar nenhum sintoma de patologia. Entretanto, quando há um desequilíbrio da microbiota humana ou o sistema imune do hospedeiro está comprometido, a espécie tente a se manifestar de forma agressiva, tornando-se patogênica.6

A espécie C. glabrata é um fungo do gênero Candida que tem se tornado um agente patogênico emergente em infecções humanas. Esse microrganismo, anteriormente considerado menos virulento em comparação com Candida albicans, tem apresentado uma crescente capacidade de resistência aos antifúngicos comumente utilizados no tratamento.7

Na busca por conter as infecções fúngicas orais, a fitoterapia é uma alternativa de baixo custo e efeito natural no tratamento de doenças. Neste sentido, vários bioativos têm sido utilizados como antifúngicos, pois pode-se obter óleos essenciais de muitas plantas, os quais apresentam substâncias aromáticas com ação antifúngica, sendo uma alternativa promissora para o manejo das infecções.8,9,10

Entre os fitoterápicos estudados como antifúngicos está o Zingiber officinale Roscoe – Zingiberaceae, originário do sul da Ásia e propagado como especiaria pelo mundo, revelou propriedades terapêuticas, como a expectorante. O gengibre, como é popularmente conhecido, tem como principais compostos farmacológicos o gingerol e o shagaol, que já́ foram estabelecidos com propriedades anti-inflamatórias, antioxidantes e antifúngicas 11.

Diante disso, essa pesquisa é evidenciada pela busca na literatura de dados que comprovem o efeito fungicida dos fitoterápicos em relação às infecções fúngicas orais, especialmente a Candidíase oral. Dentro dessa perspectiva, o objetivo do estudo consiste em analisar as propriedades antifúngicas e a toxicidade do gengibre (Zingiber officinale Roscoe) em cepas de Candida Albicans ATCC® 18804™; Candida glabrata ATCC® 728™.

MATERIAL E MÉTODO

Trata-se de um estudo de revisão integrativa, o qual agrupou e sistematizou artigos referente a temática estudada. Para a efetuação da pesquisa, foram realizadas as seguintes etapas:  Identificação do tema, estabelecimento de critérios para incluir e excluir estudos, avaliação dos estudos incluídos na revisão integrativa, interpretação dos resultados e apresentação da revisão com a síntese do conhecimento. Com isso, foi elaborada uma pergunta norteadora: Os fitoterápicos possuem efeito antifúngico, significante, em relação às cepas de Candidas albicans e Candidas glabratas?

A estratégia de busca para a identificação dos artigos consistiu na seleção inicial de estudos disponíveis nas bases de dados Scielo, PUBMED e LILACS. Foram pesquisados pelos seguintes descritores, validados nos Descritores em Ciências da Saúde (DECS): “Atividade fungicida do gengibre”, “Candida albicans”, “Candida glabrata”, “Mucosa oral” e “Candidíase bucal”.  

Diante do tema escolhido, foi realizada uma busca dos últimos 10 anos, de 2009 a 2023, com a finalidade de coletar uma maior quantidade e qualidade de informações sobre a temática.

Tendo  como  critérios  de  inclusão: ano de publicação, conteúdo dos títulos e resumos, idioma português ou inglês. Dentre os critérios de exclusão, estavam os artigos repetidos nas diversas bases pesquisadas e excluídos pela leitura do título, resumo e resultados.  

A coleta dos artigos ocorreu em junho de 2023, sendo encontrado nas bases de dados 304 artigos com o descritor “Mucosa oral”, 448 artigos com o descritor “Candida albicans”, 10 artigos com o descritor “Atividade fungicida do gengibre”, 82 artigos com o descritor “Candida glabrata”, 54 artigos com o descritor “Candidíase bucal” e 15 artigos com o descritor “Infecção fúngica oral”.

Para sua síntese foi elaborado um quadro com as principais informações do artigo: título, ano de publicação, resumo do estudo e os principais resultados.

RESULTADOS 

A coleta na base de dados resultou em 913 artigos, dos quais 92 foram do PUBMED, 558 foram do LILACS e 263 foram da Scielo. Foram selecionados 8 artigos segundo os critérios de inclusão e exclusão, desses artigos escolhidos 5 foram do PUBMED, 2 da Scielo e 1 do LILACS.

A síntese dos resultados da pesquisa está na tabela 01. Quanto ao ano de publicação foram encontrados artigos entre os anos de 2009 e 2022, sendo, 1 em 2009, 2 em 2013, 1 em 2017, 2 em 2019, 1 em 2020, 1 em 2021 e 1 em 2022.

Em relação às infecções fúngicas orais, os estudos analisados mostram que o gênero Candida spp. destaca-se em meio às outras cepas fúngicas nas infecções endodônticas, em especial a Candida albicans é a mais comum e apresenta uma certa resistência a muitas substâncias químicas durante o tratamento, pois o amplo uso de antimicóticos causou uma seleção entre populações patogênicas-alvo e reduziu a variedade de fármacos para o tratamento. 12,13

Com isso, a fitoterapia é uma técnica desenvolvida a partir da utilização de plantas medicinais, dentre tamanha variedade de espécies de vegetais de cunho medicinal, o gengibre (Zingiber officinale Roscoe) apresenta diversas propriedades terapêuticas comprovadas cientificamente, como, anti-inflamatória, antiemética, antináusea, antimutagênica, antiúlcera, hipoglicêmica e antimicrobiana, incluindo antibacteriana e antifúngica. 14,15

A atividade antifúngica do gengibre está relacionada com os metabólitos secundários produzidos no gengibre, os quais são derivados diretamente de derivados metabólitos primários, apresentando uma estrutura complexa a partir de estresses sofridos e assim esses compostos podem atuar como pesticidas naturais de defesa contra microrganismos patogênicos e são esses metabólitos que podem desempenhar funções importantes em interações planta-patógeno através da ação antifúngica direta.16

Nos artigos encontrados foi possível analisar uma relação positiva entre o uso terapêutico do extrato de gengibre no tratamento de infecções por C. albicans. 

Tabela 01– Síntese dos artigos conforme o periódico, ano, título, foco da pesquisa e resultados

Periódico/ ano de publicação Título do artigoFoco da pesquisa Principais resultados 
Revista de Odontologia da Universidade Cidade de São Paulo/2009.Avaliação in vitro da ação do extrato glicólico de gengibre sobre Candida albicans.O objetivo deste estudo é avaliar in vitro a atividade do extrato glicólico do gengibre e do hipoclorito de sódio (NaOCl 2,5%), comercialmente obtidos, sobre Candida albicans.Os resultados mostraram que o extrato de gengibre apresentou atividade fungicida a partir da concentração de 12,5% (DFM) e apresentou atividade fungistática de 6,25% (DIM). O hipoclorito de sódio apresentou atividade fungicida desde a concentração de 6,25%, sendo equivalente à concentração de diluição inibitória mínima.
ULAKES Journal of Medicine/2021.Infecções Fúngicas Invasivas: Aspectos Gerais e Tratamento.Análise crítica sobre os aspectos gerais dos tratamentos com os fármacos  antifúngicos  e  uma  discussão  sobre  os  desafios  do tratamento atual focando no uso racional dos agentes antifúngicos.As IFIs  ainda  causam  elevado  número  de mortes no mundo, principalmente em pacientes críticos  com  elevado  grau  de imunocomprometimento. Apesar das limitações dos fármacos utilizados na terapia, que incluem nefro  e  hepatotoxicidade  toxicidades, capacidade  de  causar  interações medicamentosas e  inconveniências farmacocinéticas e/ou farmacêuticas demandam a  busca  por  novos  agentes  terapêuticos.
Revista de agricultura NeotropicalExtrato aquoso e óleo  essencial  de  gengibre  induzem  mecanismos bioquímicos de defesa em feijoeiro.O objetivo desse trabalho  foi avaliar a indução de  mecanismos bioquímicos de defesa em  feijoeiro (Phaseolus vulgaris)  pelo extrato aquoso (EA)  e  óleo  essencial  (OE)  de  gengibre  (Zingiber  officinale).Não foi observado efeito sistêmico em plantas de feijoeiro, mas em hipocótilos houve efeito linear na  indução  de  faseolina.  Houve efeito  diferencial  entre  as  variedades  de  feijoeiro  utilizadas  para  alguns atributos avaliados. Os resultados indicam efeito indutor de mecanismos bioquímicos de defesa em feijoeiro pelo óleo essencial e extrato aquoso de gengibre.
Revista Científica Universidade Mongi das Cruzes (UMC)/ 2020.Atividade antimicrobiana dos óleos de gengibre e melaleuca frente Candida albicans.O objetivo neste trabalho foi o de avaliar a atividade antimicrobiana do óleo de gengibre e de melaleuca sobre cepa padrão de Candida albicans.Os resultados mostraram que os óleos de gengibre e melaleuca foram capazes de inibir o crescimento microbiano em todas as concentrações testadas.
Revista Ciência alimentar e bem-estar humano/ 2019.Microbiota oral: uma nova visão da saúde do corpo.Explorar como a microbiota oral afeta a saúde humana.Os resultados mostraram que a microbiota oral pode afetar doenças bucais e afetar a saúde de todo o corpo.  No futuro, podemos melhorar a saúde bucal alterando a microbiota oral por meio do desenvolvimento de probióticos orais e melhorando a saúde do corpo.
Brazilian Journal of Sugery and Clinical Research/ 2019.Candidíase vulvovaginal: uma revisão deLiteratura com abordagem paraCandida albicans.Realizar uma Revisão de literatura sobre a candidíase vulvovaginal,visando  aprofundar  o conhecimento  sobre  o  gênero Candida, bem como o seu principal agente etiológico.A CVV não é uma  doença letal, no  entanto, os  sinais  e  sintomas causados,Geralmente estão associados a uma morbidade significativa. Por isso, as mulheres com episódios recorrentes devem procurar atendimento médico para que seja realizada a identificação do agente etiológico,antes de iniciar o  tratamento, a fim  de evitar  a resistência desses microrganismos, pois  apesar  dos avanços terapêuticos, não  existem  tratamentos completamente eficazes.
Research, Society and Development/ 2022.Ação antifúngica do extrato de gengibre (Zingiber officinale Roscoe) na infecção causada por Candida albicans.O objetivo do presente estudo foi analisar os efeitos do uso terapêutico do extrato de gengibre na Infecção causada por C.  albicans.Os estudos demonstraram uma relação significativamente positiva  entre o  uso  terapêutico do  extrato  de gengibre (Z. officinale)  na infecção causada por  Candida albicans,  apontando,  desse modo, a fitoterapia como uma alternativa eficaz para o tratamento da candidíase, além de apresentar menos efeitos adversos como vantagem, quando comparado com os medicamentos sintéticos, utilizado para combater essa enfermidade.
Revista CRO PE/ 2013.Infecções por Candida spp. na Cavidade Oral.Neste artigo, pretende–se fazer uma revisão bibliográfica sobre infecções orais por Candida spp., (Candidoses), apresentando a sua classificação, diferentes formas clínicas, diagnóstico e tratamento.A Candida spp., e em especial a espécie albicans, é a causa mais frequente de infecções fúngicas humanas – as Candidoses -, e a cavidade oral não é exceção. Relativamente às Candidoses Orais, tem-se verificado uma evolução, quer na sua classificação e diagnóstico, quer nos meios terapêuticos disponíveis.

DISCUSSÃO 

Os fungos desempenham papéis importantes no que diz respeito ao ecossistema e a indústria. Determinadas espécies fúngicas são patogênicas ao homem e podem causar Infecções Fúngicas Invasivas (IFIs). 13

Estima-se que essas infecções podem levar à morte de até 2 milhões de pacientes, principalmente àqueles em maior situação de vulnerabilidade e imunologicamente comprometidos. Somado a isso, o desenvolvimento de cepas resistentes possui a capacidade de formar biofilmes, tornando o tratamento ainda mais difícil, o qual pode gerar a longo prazo problemas funcionais no indivíduo como nefro e hepatotoxicidade. ¹³

Nesse sentido, os estudos analisados evidenciaram que o gênero Candida spp. é o mais prevalente nas infecções fúngicas orais e que ele apresenta resistência a certos agentes antifúngicos. Logo, a importância da necessidade de uma triagem cuidadosa desses pacientes e da exploração de novas substâncias para o manejo dessa IFIs.

O tratamento endodôntico é um procedimento odontológico que visa tratar infecções no tecido pulpar e na região periapical. Essas infecções geralmente são causadas por bactérias e fungos, e o controle efetivo desses microrganismos é crucial para o sucesso do tratamento.14,15

Nesse contexto, os fitoterápicos são produtos derivados de plantas que possuem propriedades terapêuticas. Eles têm sido amplamente estudados como uma alternativa aos medicamentos convencionais devido à sua origem natural e potencial para tratar várias doenças, incluindo infecções fúngicas – exemplo disso é o gengibre, este apresenta propriedades benéficas, como ação anti-inflamatória, analgésica e antimicrobiana sobre bactérias gram-positivas e facultativas. ¹² 

Essas propriedades são desejáveis para uma medicação intracanal, justificando assim a importância dos estudos com este produto. 14

Tais pesquisas geralmente envolvem testes in vitro nos quais os extratos de plantas são avaliados quanto à sua capacidade de inibir o crescimento fúngico, seja por meio de ensaios de difusão em disco, diluição em caldo ou outros métodos padronizados. Em um dos estudos analisados foram testadas várias concentrações do extrato glicólico do gengibre e do hipoclorito de sódio sobre a Candida albicans, através da semeadura em ágar Sabouraud, evidenciando o seu alto poder antimicrobiano. 12,13

No estudo de AGUIAR, A.P.S. et al., evidencia que o extrato de gengibre apresentou atividade fungicida a partir da concentração de 12,5% (DFM) e apresentou atividade fungistática de 6,25% (DIM). 12

Na mesma linha de pensamento VALERA, M. C. et al., avaliaram a ação antimicrobiana de substâncias químicas e extratos naturais sobre Candida albicans e Enterococcus faecalis, constatou-se que o uso do extrato de gengibre, em quantidade específica, foi capaz de eliminar C. albicans na superfície apical dos canais radiculares utilizados para a pesquisa. 17

Assim, como na pesquisa realizada por SAMADI et al., relataram a eficácia do gengibre em 5 mg/mL, sem quaisquer efeitos tóxicos, no tratamento da infecção oral por Candida albicans.18

CONCLUSÃO

Portanto, conclui-se que o extrato de gengibre (Zingiber officinale Roscoe) tem propriedades antifúngicas, principalmente em relação ao gênero da Candida spp., o qual destaca-se entre as infecções da cavidade oral. 

Com isso, a investigação de plantas e extratos vegetais com propriedades antifúngicas pode levar ao desenvolvimento de terapias alternativas ou complementares para o controle de infecções fúngicas.

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1Discentes da Faculdade Estácio IDOMED de Juazeiro, Bahia, Brasil;
2Discente da Universidade Federal de Santa Catarina, Araranguá, SC, Brasil;
3Docentes da Faculdade Estácio IDOMED de Juazeiro, Bahia, Brasil