REGISTRO DOI: 10.5281/zenodo.8182866
José Duvilardo Florencio de Oliveira¹
Bianca Damasceno Queiroz²
Francivaldo Nascimento Cavalcante³
Josué da Silva Moraes4
Maria Iêda da Silva5
RESUMO
A atenção à mulher, no pré-natal, no pós-parto imediato e nas primeiras semanas após o parto, é fundamental para a saúde materna e neonatal. Uma assistência adequada de pré-natal, com a detecção e a intervenção precoce dos riscos, bem como uma referência hospitalar ágil, além da qualificação da assistência ao parto, são os grandes determinantes dos indicadores de saúde relacionados à mãe e ao bebê que têm o potencial de diminuir as principais causas de mortalidade materna e neonatal. O presente trabalho se trata de um relato de experiência sobre uma atividade de educação em saúde sobre planejamento reprodutivo, pré-natal e puerpério em Unidade Básica de Saúde e o público alvo foram gestantes da unidade. A atividade foi realizada tomando-se os devidos cuidados para redução dos riscos de transmissão da COVID-19. Observou-se que, durante a atividade, a população desconhecia informações consideradas bastante relevantes e de natureza fundamental para uma gestante. A equipe e as gestantes participantes avaliaram como muito importante esse momento de intervenção. Desta forma, fazem-se necessárias atividades de educação em saúde voltadas à saúde da mulher na Atenção Primária.
Palavras-chave: pré-natal, educação, saúde, UBS, COVID-19.
INTRODUÇÃO
A maioria da população brasileira é representada pelas mulheres (50,77%) e elas são também as principais usuárias do Sistema Único de Saúde (SUS). Vão aos serviços de saúde para seu próprio atendimento, mas também, acompanhando crianças e outros familiares, pessoas idosas, pessoas com deficiência, vizinhos e amigos (1).
A situação de saúde, no caso das mulheres, traz problemas que são agravados pela discriminação nas relações de trabalho e pela sobrecarga devido a responsabilidades com o trabalho doméstico. Outras variáveis como raça, etnia e situação de pobreza podem aumentar ainda mais as disparidades. As mulheres vivem mais que os homens, porém adoecem mais frequentemente (1).
Uma assistência adequada de pré-natal, com a detecção e a intervenção precoce dos riscos, bem como uma referência hospitalar ágil, além da qualificação da assistência ao parto, são os grandes determinantes dos indicadores de saúde relacionados à mãe e ao bebê que têm o potencial de diminuir as principais causas de mortalidade materna e neonatal (2).
A atenção à mulher e no pós-parto imediato e nas primeiras semanas após o parto é fundamental para a saúde materna e neonatal. Esse atendimento deve ser o mais criterioso possível a nível hospitalar e na avaliação posterior, na unidade de saúde. Recomenda-se uma visita domiciliar na 1ª semana após a alta do bebê. Caso o Recém-Nascido (RN) tenha sido classificado como de risco, essa visita deverá acontecer nos primeiros 3 dias após a alta. O retorno da mulher e do recém-nascido ao serviço de saúde, de 7 a 10 dias após o parto, deve ser incentivado desde o pré-natal, na maternidade e pelos agentes comunitários de saúde na visita domiciliar (3).
A gestação é uma condição que envolve mitos, dúvidas, crenças e expectativas, que podem estar relacionados ao contexto familiar e social. As informações, experiências e conhecimentos transmitidos por amigas, vizinhas, mãe e marido podem influenciar tanto positiva como negativamente no período gestacional (4).
O presente trabalho se trata de um relato de experiência sobre uma atividade de educação em saúde no formato de sala de espera, em Unidade Básica de Saúde de um município do estado do Ceará.
O território de atuação da UBS conta com uma população de um pouco mais de 6000 habitantes, população que é bastante vulnerável (baixa escolaridade, saneamento e água bastante precários, renda muito abaixo da média, índice de violência urbana elevado), abrange áreas de zona urbana e zona rural. A UBS em questão atende a uma demanda por volta de 50 a 60 gestantes e conta com apenas uma equipe de ESF.
A escolha do tema Planejamento Familiar, Pré-Natal e Puerpério se justifica pela própria relevância do assunto, mas também pelo importante grau de vulnerabilidade e a alta demanda de gestantes no território da UBS em questão.
É importante ressaltar que o presente trabalho foi realizado no mês de novembro de 2020. Período caracterizado como “fim da primeira onda”, no qual houve redução de óbitos e de incidência de casos de COVID-19 no Brasil e até então ainda não existiam vacinas disponíveis contra COVID-19.
METODOLOGIA
Foram pensadas e realizadas estratégias, com o facilitador juntamente com sua equipe multidisciplinar, para a realização da atividade respeitando as normas de segurança e etiqueta que reduzam os riscos de contaminação pela COVID-19. Teve-se o cuidado com o número de participantes para evitar aglomeração, distanciamento entre as cadeiras, local arejado e amplo, oferecimento de álcool em gel, uso obrigatório de máscaras e questionou-se sintomas de COVID-19 entre todos os participantes.
A atividade foi realizada por meio de uma sala de espera na forma de exposição oral dialogada. Em que o facilitador foi o médico da UBS e a equipe multidisciplinar assumiu funções de apoio. O evento ocorreu na sala de espera/sala de recepção da Unidade Básica de Saúde, contando com 7 gestantes com idade de 18 a 35 anos, todas já estavam agendadas para a consulta de Pré-Natal com Médico ou Enfermeira. Três delas fariam sua primeira consulta de pré-natal e as outras quatro já estavam em seguimento. O evento foi realizado em tempo total de 30 minutos.
A atividade teve como tema Planejamento Reprodutivo, Pré-Natal e Puerpério. Com ênfase nos subtemas: métodos contraceptivos, importância do acompanhamento pré-natal, alimentação e atividade física na gestação, orientações sobre intercorrências na gestação e no puerpério, orientações sobre os tipos de parto vaginal e cesárea e aleitamento materno.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Percebeu-se que inicialmente as participantes estavam tímidas, pouco participativas e provavelmente preocupadas com o tempo. Vendo o comportamento das participantes, o facilitador começou a estimular a participação através de questionamentos como, por exemplo: “vocês sabem os métodos para evitar a gravidez? Quais os tipos de parto? Quantos meses dura a gestação? Qual o melhor alimento para o bebê?”. A partir de então, percebeu-se que elas ficaram mais à vontade para participar. Indagaram sobre alimentação na gestação, sobre quantos dias tem que tirar os pontos na cirurgia de cesariana, sobre o sangramento que ocorre no puerpério, sobre os métodos contraceptivos no puerpério.
Observou-se que durante a atividade, a população desconhecia informações consideradas bastante relevantes e de natureza fundamental para uma gestante. Algumas se surpreenderam com algumas informações que para elas eram novas, por exemplo, que mesmo no parto vaginal pode ser necessário fazer sutura ou que após o parto existem os sangramentos/ loquiações. Algumas também não sabiam que gestantes podem ir ao cirurgião dentista ou praticar atividade física.
CONCLUSÃO
A equipe e as gestantes participantes avaliaram como muito importante esse momento de intervenção. Desta forma, faz-se necessário atividades que sejam implementadas atividades de educação em saúde voltadas à saúde da mulher nas Unidades Básicas de Saúde.
Faz-se bastante necessária uma intervenção como essa e que essa atividade tenha continuidade na UBS em questão. Desta forma, conversou-se com a equipe e decidiu-se pela continuidade de ações como sala de espera/educação em saúde com as gestantes desta UBS. Que serão realizadas no mesmo dia das consultas de pré-natal, no turno da manhã, com frequência de 15 em 15 dias, com participação da equipe multiprofissional e com a presença da equipe do NASF.
REFERÊNCIAS
1. Brasil, Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde, Departamento de Ações Programáticas Estratégicas. Política Nacional de atenção Integral à Saúde da Mulher: Princípios e Diretrizes. Brasília: Editora do Ministério da saúde, 2011.
2. Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Departamento de Atenção Básica. Atenção ao pré-natal de baixo risco / Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Departamento de Atenção Básica. – Brasília : Editora do Ministério da Saúde, 2012.
3. São Paulo (Estado). Secretaria da Saúde. Coordenadoria de Planejamento em Saúde. Assessoria Técnica em Saúde da Mulher. Atenção à gestante e à puérpera no SUS – SP: manual técnico do pré-natal e puerpério / organizado por Karina Calife, Tania Lago, Carmen Lavras – São Paulo: SES/SP, 2010.
4. Pires BT, Alves CC, Teixeira MA, Oliveira AN. Grupo de Gestante: Relato de Experiência. Universidade do Vale do Acaraú. SANARE Suplemento N.2 – ISSNe: 2447-5815, V.14 – MOSTRA PET SAÚDE – 2015.
¹Médico em Atenção Primária à Saúde (APS), Secretaria Municipal de Saúde, Pacajus-CE, duvilardo@gmail.com
²Enfermeira em Atenção Primária à Saúde (APS), Secretaria Municipal de Saúde, Fortaleza-CE, biancadamascenoq@hotmail.com
³Professor de Biologia, Secretaria de Educação do Ceará (SEDUC), Russas-CE, frankfroid22@gmail.com
4Graduado em Administração de Empresas, josuesmoraes@hotmail.com
5Enfermeira em Atenção Primária à Saúde (APS), Secretaria Municipal de Saúde, Pacajus-CE, mis-ieda@hotmail.com