EDUCAÇÃO EM SAÚDE MENTAL E BULLYING PARA CRIANÇAS DE ESCOLA PÚBLICA: RELATO DE EXPERIÊNCIA

MENTAL HEALTH EDUCATION AND BULLYING FOR PUBLIC SCHOOLCHILDREN: EXPERIENCE REPORT

REGISTRO DOI: 10.5281/zenodo.12538288


Maria Alice Gimenes1
Fernanda Loch Horbucz2
Yasmin Rodrigues Alves3
Júlia Simões Garcia4
Gabriel Corrêa da Silva5
Edicleia Martins Rampani6


Resumo

A conscientização sobre os problemas que o bullying traz para a saúde mental é de muito relevante, principalmente na infância, onde as crianças estão se desenvolvendo e criando vínculos sociais. O presente relato descreve o planejamento de uma ação a ser realizada por acadêmicos do curso de medicina em uma escola municipal, com o objetivo de apresentar e educar crianças do segundo ao quarto ano do ensino fundamental sobre o tema. A ação conta com um momento mais teórico de apresentação do tema e um momento prático com os alunos para melhor entendimento sobre o bullying. Essa ação proporcionou a melhor compreensão sobre os malefícios de práticas que machucam os colegas e incentivou os alunos a terem empatia com os amigos. No final da ação, cada criança recebeu uma maçã de EVA simbolizando a atividade aplicada na ação. Assim, essa experiência teve impacto positivo na erradicação do bullying nas escolas e melhorou a convivência social nesse ambiente.  

Palavras-chave: Saúde mental. Bullying. Ação social.

1. INTRODUÇÃO

No tempo atual, a saúde mental infantojuvenil está sendo tema de diversos debates nos campos da saúde. Além disso, conforme Portaria nº 3.088 de 23/12/2011 do Ministério da Saúde, ressalta que esse tema também é alvo das políticas públicas brasileiras, a qual compreende que esse público necessita de um atendimento especializado e que leve em consideração o perfil e as necessidades particulares dessa faixa etária. Porém, a saúde mental infantil passou por um longo percurso de desprezo e preconceito, portanto, construir estratégias destinadas a esse público configura-se como um desafio recente e de extrema importância (FARIA, 2020). Nesse sentido, temos o conceito de bullying, que se refere a um conjunto de ações violentas praticadas contra um indivíduo, repetidas vezes, por uma ou mais pessoas, com ou sem motivo aparente, atentando contra a integridade e saúde mental daquele que o sofre. (Olweus, 1997)

Pesquisas, como as de Sampaio 2015, evidenciam os impactos negativos do bullying no contexto escolar, destacam-se em especial “as consequências sociais, como solidão, exclusão social, baixo desempenho escolar, faltas reiteradas às aulas, evasão”. Portanto, há uma necessidade de compreender e intervir diante dos casos de bullying, pois, como nos apontam Olweus e Limber (2010), é preciso assumir a posição de que o bullying não é um aspecto natural da vida escolar e as crianças e adolescentes não devem passar por essa experiência traumática. (TESSARO, 2023).

Dessa forma, ações de promoção à saúde no âmbito escolar são um excelente método para conscientização e orientação das crianças sobre saúde mental, principalmente sobre a prática danosa do bullying.

2. OBJETIVO

Realizar intervenções de prevenção e manejo do bullying na escola com o objetivo de conscientizar e orientar as crianças, contribuindo para a educação em saúde mental.

3. METODOLOGIA 

A ação ocorreu em uma escola municipal do município de Sarandi, no período vespertino, com crianças entre 6 e 9 anos, que equivale do 2º ao 4º ano do ensino fundamental. As crianças foram alocadas em grupos menores de alunos para melhor organização das atividades.  

No primeiro momento, os acadêmicos, dirigiram-se até as salas de aula, apresentando um cartaz interativo com o objetivo de dialogar com as crianças sobre o bullying, questionando-as sobre práticas e situações que elas vivem no dia a dia na escola. Para maior clareza, após a conversa e integração ativa das crianças na ação, os acadêmicos explicaram o que é o bullying e como ele afeta a saúde mental das pessoas, logo as crianças se sentiram confiantes e passaram a relatar sobre suas experiências realizando perguntas sobre o tema proposto.

Posteriormente os estudantes formaram uma roda, sentados no chão, e os acadêmicos promoveram uma atividade lúdica para melhor entendimento do assunto. Para isso foram necessárias duas maçãs, um objeto para cortar a fruta, uma seringa e corante preto. Uma das maçãs representou uma pessoa que não sofria bullying e nenhum tipo de agressão, seja ela física ou verbal, na outra maçã foi injetado corante preto, ela simbolizou uma criança que sofria bullying dos colegas. Essa etapa foi preparada previamente pelos acadêmicos. Com a roda formada a dinâmica foi explanada para os alunos, pedindo para expusessem palavras que machucam uma pessoa para a maçã com o corante, e palavras boas para a maçã sem corante, depois disso as duas maçãs foram cortadas ao meio, com o objetivo de comparar como uma pessoa que recebe palavras ruins se sente por dentro em relação a uma pessoa que só recebe elogios. 

No final, cada criança recebeu uma maçã de EVA com uma frase de carinho ou palavra de elogio para incentivar o cuidado com os colegas e mostrar a quão nociva é a prática do bullying.

4. RESULTADOS 

Diante da ação realizada, os estudantes identificaram que a ação foi eficiente pois instruiu, de forma ativa e prática, as crianças sobre o bullying e a saúde mental. Sendo assim, evidencia-se que ações como essa podem contribuir para a conscientização e orientação dos alunos sobre o tema abordado. A experiência possibilitou benefícios tanto para o grupo de acadêmicos que desenvolveu a ação quanto para os alunos que vivenciaram esse momento, impactando positivamente na erradicação do bullying nas escolas e melhora na convivência social desse ambiente.  

5. REFERÊNCIAS

1. Organização Mundial da Saúde. Plan de acción integral sobre salud mental 2013-2030

2. WASHINGTON, D. 70a SESSÃO DO COMITÊ EXECUTIVO. [s.l: s.n.]. 

‌3. Organização Pan-Americana da Saúde. La carga de los trastornos mentales en la Región de las Américas, 2018

4. FARIA, N. C.; RODRIGUES, M. C. PROMOÇÃO E PREVENÇÃO EM SAÚDE MENTAL NA INFÂNCIA: IMPLICAÇÕES EDUCACIONAIS. Psicologia da Educação, n. 51, p. 85–96, 18 nov. 2020.

5. Olweus, D. (1997). Bully/Victim Problems in School Facts and Intervention. European Journal of Psychology of Education, 12, 495-510. 

‌6. TESSARO, M. et al. Estratégias de prevenção e manejo do bullying na escola: uma análise sistemática da literatura. Educação, p. e102/1-24, 6 set. 2023.


1Maria Alice Gimenes, Discente do Curso Superior de Medicina do Instituto Unicesumar Campus Maringá-Pr, e-mail: mariaaliceg@alunos.unicesumar.edu.br
2Fernanda Loch Horbucz, Discente do Curso superior de Medicina do Instituto Unicesumar Campus Maringá-Pr, e-mail: fernandahorbucz@alunos.unicesumar.edu.br
3Yasmin Rodrigues Alves, Discente do Curso superior de Medicina do Instituto Unicesumar Campus Maringá-Pr, e-mail: ra-22302082-2@alunos.unicesumar.edu.br
4Júlia Simões Garcia, Discente do Curso superior de Medicina do Instituto Unicesumar Campus Maringá-Pr, e-mail: ra-22302098-2@alunos.unicesumar.edu.br
5Gabriel Corrêa da Silva, Discente do Curso superior de Medicina do Instituto Unicesumar Campus Maringá-Pr, e-mail: ra-21169037-2@alunos.unicesumar.edu.br
6Edicleia Martins Rampani, Docente do Curso Superior de Medicina do Instituto Unicesumar, Campus Maringá-Pr, e-mail: edicleia.martins@docentes.unicesumar.edu.br