REGISTRO DOI: 10.69849/revistaft/cs10202411232115
Karin Moreira Blank
Pedro Henrique da Silva Souza
Orientador: Rômulo Rodrigues Coelho Delfino Souza
RESUMO
O ecotelhamento também conhecido como telhados verdes são coberturas de vegetações sobre uma membrana impermeável que podem ser adotados no cobrimento de edificações em geral. Sabendo o peso suportado por uma laje pode-se traçar toda uma infraestrutura necessária para implementação de um telhado verde, bem como a impermeabilização adequada e sistemas de reuso para as águas captadas. Já pensou ter uma horta orgânica no topo de um edifício de uma cidade grande e ainda receber esse alimento fresco e saudável sem o uso de agrotóxicos? O retorno ao contato com a natureza, no meio da agitação e do cinza urbano, tem um poder transformador. Os benefícios são vastos, se pensarmos no ecossistema podemos citar a redução do calor urbano, a retenção do dióxido de carbono pela as plantas, a fixação biológica da poluição de gás nitrogênio com a neutralização do efeito da chuva ácida, a contenção do volume pluvial e seu impacto sobre os cursos d’água e a promoção do conforto térmico e acústico das edificações. Acredita-se também que essa reconexão com o verde não só desperta a criatividade, mas promove o equilíbrio emocional e físico, proporcionando uma sensação de bem-estar e tranquilidade. Estar em meio à natureza é uma forma eficaz de restaurar energias e estimular a mente, criando um espaço de harmonia entre o ser humano e o ambiente ao seu redor. O presente trabalho tem como objetivo realizar um estudo de caso relativo à implementação de um telhado verde do tipo extensivo aplicado no projeto de construção recente de um novo edifício na sede do Comitê Internacional da Cruz Vermelha (CICV), explorando a aplicação dos ecotelhados em ambientes urbanos, destacando suas vantagens, desafios e as melhores práticas para sua implementação. Além disso, espera-se esclarecer sua importância no contexto moderno atual e as possibilidades da adoção do ecotelhamento para a promoção da urbanização de modo sustentável e consciente, que respeite e integre os elementos naturais no planejamento e no desenvolvimento das cidades.
Palavras-chave: Ecotelhamento, Construção Sustentável, Telhado Verde.
ABSTRACT
Ecoroofs, also known as green roofs, are coverings of vegetation over an impermeable membrane that can be used to cover buildings in general. Knowing the weight supported by a slab, it is possible to design the entire infrastructure required to implement a green roof, as well as the appropriate waterproofing and reuse systems for the collected water. Have you ever thought about having an organic garden on the top of a building in a big city and still receiving this fresh and healthy food without the use of pesticides? Getting back in touch with nature, amidst the hustle and bustle of urban grayness, has a transformative power. The benefits are vast; if we think about the ecosystem, we can mention the reduction of urban heat, the retention of carbon dioxide by plants, the biological fixation of nitrogen gas pollution by neutralizing the effect of acid rain, the containment of rainfall volume and its impact on watercourses, and the promotion of thermal and acoustic comfort in buildings. It is also believed that this reconnection with nature not only awakens creativity, but also promotes emotional and physical balance, providing a sense of well-being and tranquility. Being surrounded by nature is an effective way to restore energy and stimulate the mind, creating a space of harmony between human beings and the environment around them. This paper aims to conduct a case study on the implementation of an extensive green roof applied to the recent construction project of a new building at the headquarters of the International Committee of the Red Cross (ICRC), exploring the application of green roofs in urban environments, highlighting their advantages, challenges and best practices for their implementation. In addition, it is expected to clarify their importance in the current modern context and the possibilities of adopting green roofs to promote sustainable and conscious urbanization, which respects and integrates natural elements in the planning and development of cities.
Keywords: Eco-roofing, Sustainable Construction, Green Roof.
1. INTRODUÇÃO
O acelerado crescimento urbano e a consequente intensificação da ocupação do solo têm gerado desafios significativos pela busca da sustentabilidade ambiental nas grandes cidades. Entre os principais problemas associados ao desenvolvimento urbano desordenado, destacam-se a elevação das temperaturas locais, conhecida como efeito de ilha de calor, a redução da biodiversidade, a poluição do ar e a gestão ineficaz das águas pluviais. Diante disso, o conceito de ecotelhamento surge como uma solução inovadora e multifuncional, capaz de mitigar alguns dos impactos adversos da urbanização.
Os ecotelhados ou telhados verdes consistem na aplicação de camadas vegetativas sobre as coberturas de edifícios, transformando superfícies tradicionalmente impermeáveis em áreas vivas e ecologicamente ativas. Este sistema não apenas contribui para a melhoria estética dos ambientes urbanos, bem como oferece uma série de benefícios ambientais, econômicos e sociais que tornam as cidades mais resilientes e habitáveis.
No que tange a perspectiva ambiental, constata-se que os ecotelhados desempenham um papel crucial na redução das temperaturas urbanas, proporcionando a melhoria do microclima e combatendo o efeito de ilha de calor. Além de tudo, sua aplicação promove também a biodiversidade ao criar habitats urbanos para diversas espécies de plantas e animais.
Ademais, do ponto de vista econômico, a implementação de telhados verdes pode resultar em economias substanciais de energia devido ao melhor isolamento térmico proporcionado pelas camadas vegetativas, além de aumentar a durabilidade das estruturas de telhados ao protegê-las das intempéries. Sobretudo, cabe-se ressaltar projetos de compostagem e horta orgânica, garantindo qualidade e rapidez de alimentos abastecendo os grandes centros.
Além disso, socialmente, os ecotelhados melhoram a qualidade de vida urbana, proporcionando espaços de lazer, áreas de cultivo urbano e contribuem para a saúde mental e o bem-estar dos cidadãos, já que nós, seres humanos, somos parte da natureza. Em meio a tantos prédios de concreto, sentimos falta do contato com as vegetações, da iluminação natural e dos elementos orgânicos. Essa conexão faz parte do nosso instinto. Daí a importância do conceito biofílico, do grego, bio significa vida, e philia significa amor. O termo biofilia, portanto, significa “amor à vida”, também podendo ser interpretado como “instinto de preservação ou conservação da natureza”, reforçando o conceito de sustentabilidade.
No entanto, apesar dos inúmeros benefícios, a adoção de ecotelhados enfrenta desafios significativos, como os custos iniciais de instalação e a necessidade de adaptações estruturais para suportar o peso adicional. Logo, a viabilidade econômica e técnica dos telhados verdes deve ser cuidadosamente avaliada em cada contexto específico.
1.1 Objetivo Geral
Propor uma investigação acerca do ecotelhamento aplicado na construção de um recente edifício na sede do Comitê Internacional da Cruz Vermelha (CICV), localizado em Genebra na Suíça como um exemplo de solução sustentável e vantajosa na impermeabilização de coberturas analisando processos e propondo medidas para a implantação dessa técnica na construção civil nacional.
1.2 Objetivos específicos
- Demonstrar o processo de construção de ecotelhados para a concepção de projeto, planejamento e preparação da impermeabilização de lajes;
- Apresentar as vantagens e benefícios decorrentes da implementação dos telhados verdes em edifícios;
- Apontar alternativas sustentáveis para o reuso da água retida por lajes impermeabilizadas;
- Analisar o impacto no desenvolvimento sustentável através do conforto térmico (mudança no microclima) e acústico (internas do edifício), bem como no paisagismo;
- Pontuar os desafios existentes para a implantação do ecotelhamento na cobertura de construções.
1.3 Justificativa
Os ecotelhados possuem técnica milenar, resgatada na construção moderna com uma releitura sustentável, tornando as cidades mais conectadas ao meio ambiente, proporcionando melhores condições de vida. A escolha do tema que alinha ecotelhamento ao conceito sustentável se fundamenta na necessidade crescente de soluções que conciliam urbanização e sustentabilidade, especialmente em um contexto de mudanças climáticas. A análise do telhado verde presente no novo edifício da sede do Comitê Internacional da Cruz Vermelha (CICV), localizado na cidade de Genebra na Suiça, proporcionará uma oportunidade única de avaliar a eficácia e os benefícios reais dessa técnica, oferecendo ideias valiosas para futuras construções e renovações.
Um dos principais pontos obscuros a serem abordados neste estudo diz respeito à falta de dados concretos sobre o desempenho dos ecotelhados em cenários reais. Muitas vezes, os benefícios teóricos do ecotelhamento são superestimados, assim a pesquisa no novo edifício da sede do CICV permitirá uma avaliação prática de aspectos como eficiência energética, controle de temperatura e manutenção da biodiversidade local. Essa análise contribuirá para esclarecer as dúvidas sobre a viabilidade e os desafios associados à implementação de ecotelhados.
Os benefícios da pesquisa se concentram na capacidade de fornecer um estudo de caso que evidencia as vantagens do ecotelhamento em um ambiente urbano real. Através da coleta de dados sobre reuso da água, conforto térmico e acústico, paisagismo biofílico, aplicação e manutenção e custos e benefícios, o artigo poderá apresentar evidências tangíveis que apoiem a adoção dessa técnica. Além disso, será possível identificar boas práticas e desafios enfrentados, o que fornecerá informação para futuros projetos.
Do ponto de vista teórico, o estudo contribui para a literatura sobre engenharia sustentável e construção ecológica, oferecendo uma análise empírica que complementa os estudos existentes. Ao documentar a experiência do ecotelhamento na sede do CICV, a pesquisa servirá como um recurso para pesquisadores, acadêmicos e profissionais do setor que buscam entender melhor a implementação de ecotelhados e seu impacto ambiental.
Em termos práticos, a relevância da pesquisa se manifesta na possibilidade de influenciar decisões de projeto e políticas públicas relacionadas à construção sustentável. Ao demonstrar os resultados do novo edifício da sede do CICV que já utiliza o ecotelhamento, este estudo poderá incentivar outros empreendedores, arquitetos e engenheiros a adotarem essa solução, promovendo um urbanismo mais responsável e resiliente.
Em suma, a investigação sobre a implementação do telhado verde na sede do CICV não só ilumina o potencial dessa técnica, mas também oferece diretrizes práticas e teóricas que podem ser aplicadas em futuras iniciativas de construção sustentável, consolidando o ecotelhamento como uma alternativa viável e necessária para o futuro das cidades.
2. revisão da literatura
2.1 Definição de ecotelhamento
O ecotelhamento, também conhecido como cobertura verde ou telhado verde, refere-se à prática de cultivar vegetação sobre as coberturas de edifícios. Esses sistemas transformam telhados convencionais em ambientes ecologicamente funcionais, suportando uma variedade de plantas, desde gramíneas, arbustos e até mesmo árvores, dependendo da estrutura de suporte e das condições ambientais locais. A vegetação normalmente é plantada em substratos leves que garantem o crescimento saudável das plantas sem comprometer a integridade estrutural do edifício (SUTILO; BAGGER, 2022).
Ecotelhamentos são projetados para proporcionar uma série de benefícios, incluindo a redução da pegada de carbono dos edifícios urbanos, melhorando a qualidade do ar através da absorção de dióxido de carbono (CO2) e da emissão de oxigênio (O2). Além disso, esses sistemas ajudam a mitigar o impacto das ilhas de calor urbanas, que são caracterizadas pelo aumento das temperaturas em áreas urbanas densamente povoadas devido à absorção e retenção de calor pelos materiais urbanos. A camada de vegetação dos ecotelhados contribui para o resfriamento evaporativo, onde a água evaporada pelas plantas reduz a temperatura local, proporcionando um microclima mais ameno e confortável.
A implementação de ecotelhamentos não se limita apenas à sustentabilidade ambiental, mas também abrange aspectos estéticos e funcionais. Esses sistemas podem transformar telhados em espaços esteticamente agradáveis, criando jardins acessíveis e áreas de lazer para os ocupantes dos edifícios. Além disso, promovem a biodiversidade urbana ao oferecer habitats para insetos polinizadores e pequenos animais que contribuem para a saúde dos ecossistemas urbanos. Em termos de durabilidade e manutenção, os ecotelhados podem prolongar a vida útil dos telhados ao proteger a membrana impermeabilizante contra radiação UV e variações extremas de temperatura, reduzindo assim os custos de manutenção ao longo do tempo (SUTILO; BAGGER, 2022).
Diante disso, os ecotelhamentos são projetados com foco na eficiência hídrica, ajudando a gerenciar as águas pluviais de forma mais eficaz nas áreas urbanas. A vegetação e o substrato retêm parte da água da chuva, reduzindo o escoamento superficial e a carga sobre os sistemas de drenagem urbana. Esses benefícios tornam os ecotelhados uma solução sustentável e adaptável para os desafios contemporâneos enfrentados pelas cidades em relação à mudança climática e ao desenvolvimento urbano sustentável (TUCCI, 2003).
2.2 Histórico e evolução das coberturas verdes
A história das coberturas verdes remonta a milhares de anos, com exemplos notáveis como os Jardins Suspensos da Babilônia, considerados uma das primeiras manifestações documentadas de práticas de jardinagem em telhados. Esses jardins foram criados por volta de 600 a.C. e serviam tanto propósitos estéticos quanto funcionais, proporcionando um oásis verde em meio a uma cidade densamente urbanizada (COSTA, 2006).
No contexto moderno, o renascimento das coberturas verdes ocorreu na Alemanha, no final do século XIX, como uma resposta às preocupações com a eficiência energética e a estética dos edifícios (PECK E KUHN, 2003 apud BORGA, 2012 p. 31). A primeira instalação conhecida de um telhado verde moderno foi realizada em 1928, em Berlim, por Albert Gessner. Este marco inicial estabeleceu as bases para o desenvolvimento subsequente de tecnologias e práticas de ecotelhamento ao longo do século XX e além.
Durante as décadas de 1970 e 1980, houve um ressurgimento significativo do interesse por coberturas verdes na Europa e nos Estados Unidos, impulsionado por uma crescente conscientização sobre questões ambientais e urbanísticas. (PECK et al., 1999 apud MARIANO, 2015 p. 21). Inicialmente adotadas principalmente em edifícios comerciais e institucionais, as coberturas verdes ganharam popularidade também em residências e em projetos de desenvolvimento urbano sustentável.
A evolução das coberturas verdes ao longo do tempo tem sido marcada por avanços tecnológicos significativos, incluindo o desenvolvimento de sistemas de membranas impermeabilizantes eficazes, substratos leves e sistemas de irrigação automatizados. Além disso, o crescimento da pesquisa científica e do desenvolvimento de normas técnicas ajudou a estabelecer diretrizes para o design, instalação e manutenção de ecotelhados, promovendo sua integração eficaz em projetos de construção modernos.
Atualmente, as coberturas verdes representam uma solução robusta para desafios contemporâneos, como a mitigação das ilhas de calor urbanas, a gestão sustentável de águas pluviais e a promoção de ambientes urbanos mais saudáveis e resilientes. Com contínuos avanços em tecnologia e uma crescente conscientização ambiental, espera-se que o papel das coberturas verdes continue a expandir-se globalmente como uma estratégia integral de sustentabilidade urbana.
2.3 Benefícios do ecotelhamento
2.3.1 Ambientais
Os ecotelhamentos são altamente valorizados por seus benefícios ambientais substanciais. Uma das principais vantagens é a capacidade desses sistemas em mitigar o impacto ambiental das áreas urbanas. As coberturas verdes ajudam significativamente na redução da pegada de carbono das cidades ao absorver dióxido de carbono (CO2) da atmosfera durante o processo de fotossíntese das plantas. Isso não apenas melhora a qualidade do ar local ao reduzir os níveis de poluentes, mas também contribui para os esforços globais de combate às mudanças climáticas (SUTILO; BAGGER, 2022).
Além disso, os ecotelhamentos desempenham um papel crucial na mitigação das ilhas de calor urbanas. As superfícies urbanas convencionais, como concreto e asfalto, absorvem e retêm calor, elevando as temperaturas locais e aumentando a demanda por energia para refrigeração nos meses mais quentes. Em contraste, as coberturas verdes oferecem um resfriamento natural através do processo de evaporação da água das plantas e do substrato, conhecido como efeito de resfriamento evaporativo. Este efeito ajuda a moderar as temperaturas do ambiente, melhorando o conforto térmico dos edifícios e reduzindo o consumo de energia associado à climatização.
Givoni (1976) apud Araújo (2007) afirma que
a cobertura é o principal elemento de exposição ao processo de trocas térmicas entre o interior e o exterior da construção. São submetidos aos efeitos do clima, que com a radiação solar, as perdas de calor à noite e as chuvas sofrem mais do que qualquer outra parte da edificação.
Abreu (2009) ressalta que
os telhados verdes reduzem também os efeitos danosos dos raios ultravioletas, extremos de temperatura e os efeitos do vento, uma vez que nesses telhados a temperatura não passa de 25º C contra 60º C dos telhados convencionais.
Outro benefício ambiental crucial dos ecotelhamentos é a gestão sustentável das águas pluviais. Em áreas urbanas densamente povoadas, o escoamento pluvial rápido pode sobrecarregar os sistemas de drenagem, levando a inundações e à poluição de corpos d’água locais com contaminantes transportados pelas águas da chuva (TUCCI, 2003). As coberturas verdes atuam como filtros naturais, capturando e absorvendo parte das águas pluviais, reduzindo assim a quantidade de água que entra nos sistemas de esgoto. Este processo não apenas alivia a pressão sobre as infraestruturas de drenagem, mas também melhora a qualidade da água ao filtrar poluentes e nutrientes indesejados antes que atinjam os corpos d’água próximos.
Além do mais, os ecotelhamentos contribuem para a biodiversidade urbana ao criar habitats para uma variedade de espécies vegetais e animais. Em ambientes urbanos muitas vezes dominados por estruturas de concreto e asfalto, as coberturas verdes oferecem refúgios vitais para insetos polinizadores, aves e pequenos mamíferos. Esta diversidade biológica não só enriquece o ambiente urbano, mas também fortalece os ecossistemas locais ao promover interações positivas entre as espécies vegetais e animais, essenciais para a saúde e a resiliência dos habitats urbanos.
2.3.2 Econômicos
Do ponto de vista econômico, os ecotelhamentos oferecem uma série de vantagens tangíveis que podem gerar economias significativas a longo prazo. Um dos benefícios econômicos mais diretos é a redução dos custos operacionais e de manutenção dos edifícios. As coberturas verdes proporcionam isolamento térmico adicional, o que ajuda a regular a temperatura interna dos edifícios ao longo do ano. Isso resulta em menor necessidade de aquecimento no inverno e de refrigeração no verão, reduzindo assim os gastos com energia associados à climatização (SUTILO; BAGGER, 2022).
É válido destacar também que a adoção do ecotelhamento prolonga a vida útil dos telhados ao proteger as membranas impermeabilizantes contra os efeitos nocivos da radiação ultravioleta (UV) e das flutuações extremas de temperatura. Essa proteção adicional pode reduzir os custos de substituição do telhado, que é uma despesa significativa para proprietários e gestores de edifícios ao longo do tempo. Estudos demonstraram que os telhados verdes podem dobrar ou triplicar a vida útil de um telhado convencional, tornando-os um investimento econômico sensato a longo prazo.
Além dos benefícios diretos para os proprietários de edifícios, os ecotelhamentos podem valorizar os imóveis ao criar espaços verdes esteticamente agradáveis e funcionalmente úteis. Em áreas urbanas competitivas, onde o espaço ao ar livre é frequentemente limitado, as coberturas verdes podem oferecer um diferencial valioso que atrai potenciais inquilinos, locatários ou compradores. Espaços verdes bem projetados podem servir como áreas de recreação para os ocupantes do edifício, melhorando assim a qualidade de vida e o bem-estar dos usuários.
Ademais, os ecotelhamentos podem contribuir para a redução dos custos sociais associados aos problemas ambientais urbanos, como a poluição do ar e o aumento das temperaturas. Esses custos sociais podem incluir despesas com saúde pública relacionadas à qualidade do ar, bem como custos associados a infraestruturas de resiliência urbana necessárias para lidar com eventos climáticos extremos. Assim, os ecotelhamentos não são apenas uma solução sustentável, mas também uma estratégia econômica inteligente que promove a resiliência e a prosperidade a longo prazo das cidades modernas.
O reuso da água é o emprego de geossintéticos na construção de telhados verdes: em face da análise da capacidade de retenção de água. As coberturas verdes são relativamente populares na Europa, especialmente na Alemanha, país onde há uma ampla e crescente utilização do sistema. De acordo com Mentes et al. (2005 apud FERREIRA e MORUZZI, 2007, p. 1032) quanto maior a temperatura, maior é a capacidade de regeneração do substrato para retenção das águas. Paralelamente, a escolha da construção ou reaproveitamento de coberturas para implantação dos telhados verdes têm um custo inicial e de manutenção mais altos do que os de um telhado convencional (SANTOS et al, 2017), mas que a longo prazo se pagam em inúmeras vantagens econômicas.
Nota-se uma relação direta entre o modelo do telhado e sua taxa de retenção e escoamento superficial, ou seja, o sistema de cobertura influencia na quantidade de precipitação que pode ser reaproveitada para fins não potáveis e a que vai direto para o solo, denominada chuva efetiva (SILVA, 2015). Por consequência, se a retenção da vazão total aumenta, a velocidade do escoamento superficial é desacelerada e o pico do hidrograma durante eventos de chuva é reduzido, independente da sua intensidade (BURSZTA-ADAMIAK, 2012 apud SANTOS, et al., 2013 p. 162). Isso porque “se os eventos de chuva ocorrem próximos uns dos outros (aumento da frequência) a retenção de água no telhado verde diminui e o volume escoado, passível de ser aproveitado, aumenta” (MENTES et al., 2005 apud FERREIRA e MORUZZI, 2007, p. 1032). Outro fator de destaque é a diminuição de “ilhas de calor”, denominação para zonas de aumento da temperatura nas cidades ocasionadas pela substituição da cobertura vegetal por construções civis. Tal efeito acelera processos químicos responsáveis pela poluição do ar e efeito estufa, bem como aumenta os níveis de consumo de energia (MARIANO, 2015 p. 28). Assim, ao inserir novamente a flora no topo das edificações comuns, “a camada de matéria orgânica viva (das plantas) e de terra funciona como isolante térmico. Em locais quentes, ela mantém o frescor e em locais frios, guarda o calor” (MELLO et al., 2010 p. 40).
É possível ainda reaproveitar a água escoada pela cobertura verde, captando e armazenando o volume das precipitações para fins não potáveis e aumentando ainda mais a economia como utilização em vasos sanitários e lavagem de pisos por exemplo
2.3.3 Sociais
Os benefícios sociais dos ecotelhamentos são vastos e abrangem desde a melhoria do bem-estar individual até o fortalecimento da coesão comunitária em áreas urbanas densamente povoadas. Um dos benefícios mais evidentes é o acesso a espaços verdes dentro do contexto urbano. Em muitas cidades, especialmente aquelas com densidade populacional alta, os espaços verdes são escassos e preciosos. As coberturas verdes oferecem uma oportunidade única para criar jardins acessíveis, parques urbanos e áreas de recreação que são facilmente acessíveis aos moradores e trabalhadores urbanos.
Esses espaços verdes não apenas proporcionam um ambiente esteticamente agradável para os usuários, mas também promovem a saúde mental e emocional (NUNES, 2022). Estudos têm demonstrado que a interação com a natureza pode reduzir o estresse, melhorar o humor e aumentar a concentração e a produtividade. Portanto, ecotelhamentos podem desempenhar um papel crucial na promoção de ambientes de trabalho e residenciais mais saudáveis, onde os indivíduos podem se reconectar com a natureza sem sair do ambiente urbano.
Além disso, as coberturas verdes têm o potencial de fortalecer a coesão comunitária ao criar espaços compartilhados que incentivam a interação social e a colaboração entre os residentes. Áreas de lazer comunitárias, eventos ao ar livre e atividades de jardinagem podem todos ser facilitados por ecotelhamentos bem projetados. Essas interações sociais não só melhoram o senso de pertencimento e a qualidade de vida dos habitantes urbanos, mas também promovem um ambiente urbano mais inclusivo e vibrante.
Outro aspecto dos benefícios sociais dos ecotelhamentos é a melhoria da acústica urbana. As camadas de substrato, vegetação e ar que compõem os ecotelhamentos atuam como barreiras naturais de absorção sonora, reduzindo a poluição sonora proveniente do tráfego, da indústria e de outras fontes urbanas. Isso pode ser especialmente benéfico em áreas densamente urbanizadas próximas a vias movimentadas, onde o ruído excessivo pode afetar negativamente o conforto e a qualidade de vida dos residentes.
Reunindo fatores de importância para o agravamento do acúmulo indesejado de águas contaminadas e a importância de investir em tecnologias alternativas para sanar o problema e ainda possibilitam a redução de agentes agressivos à vida humana nas cidades e seus impactos no meio ambiente.
A arquitetura biofílica traz como abordar a deficiência da construção contemporânea a abordagem a prática do paisagismo, um princípio bastante simples que promove o bem-estar e o conforto emocional, trazendo um conceito científico da necessidade do ser humano estar em contato com a natureza. Assim, projetar ambientes que aproximam as pessoas da natureza ganhou importância, para designers e arquitetos (NUNES, 2022).
Sendo assim, os ecotelhados não são apenas uma solução ambientalmente sustentável, mas também uma estratégia eficaz para fins sociais significativos em ambientes urbanos. Ao integrar esses sistemas em projetos de desenvolvimento urbano, as cidades podem não apenas melhorar sua resiliência climática, mas também criar ambientes mais saudáveis, inclusivos e vibrantes para seus residentes e comunidades.
3. MATERIAIS E MÉTODOS
3.1 Tipos de ecotelhados
O primeiro ponto para escolher o tipo de método a se utilizar é saber qual tipo de plantio será realizado (o seu tipo de cobertura vegetal) como árvores, grama e afins. Devemos levar em consideração a estrutura do edifício, o clima local, as metas de sustentabilidade e as preferências estéticas do projeto. Diante disso, escolher o que mais se adequa ao projeto.
Segundo Sutilo e Bagger (2022) nos dias atuais existem três tipos de ecotelhados disponíveis no mercado. Sendo estes:
- Extensivo: Apresenta uma camada de solo mais fina, recomendado para plantas com raízes menores, tendo consequentemente um peso menor, com espessura máxima de 8cm. Ideal para telhados com inclinações mais acentuadas e limitações estruturais.
- Intensivo: Estamos falando de um solo mais profundo, com espessura mínima de 20cm que pode chegar a mais de 1 metro de profundidade, dependendo das plantas escolhidas. Este tipo de sistema permite uma maior diversidade de vegetação, incluindo árvores, arbustos, plantas herbáceas e capacidade de suporte maior para plantas e suas raízes, possibilitando uma maior variedade da vegetação. Entretanto o peso a ser suportado é alto e exige mais cuidado na sua manutenção para evitar patologias na construção. São frequentemente instalados em telhados planos ou com baixa inclinação. Eles proporcionam benefícios significativos de isolamento térmico, absorção de água da chuva e melhoria da qualidade do ar, além de criar áreas de lazer e recreação em ambientes urbanos densamente construídos.
- Semi Intensivos: eles misturam o porte de planta dos dois tipos acima (pequeno e médio), utilizado também no plantio de frutas, verduras e temperos, por exemplo. Geralmente possui uma camada de substrato de espessura moderada, permitindo uma variedade maior de plantas em comparação ao extensivo, mas sem exigir a profundidade de substrato necessária para um sistema intensivo completo. Este tipo de ecossistema verde oferece flexibilidade na escolha das plantas e pode ser adaptado para atender às necessidades específicas do projeto, equilibrando os benefícios ambientais com os requisitos estruturais e de manutenção.
3.2 Materiais utilizados
A implementação bem-sucedida de ecotelhados requer uma seleção cuidadosa de materiais para garantir durabilidade, eficiência e sustentabilidade. Primeiramente, a camada impermeabilizante é essencial para proteger a estrutura do telhado contra infiltrações de água, prevenindo danos estruturais e vazamentos. Algumas normas que regulam a aplicação desse tipo de telhado, podemos citar as ABNT NBR 9574:2008 e 9575:2010 que dispõe de algumas exigências:
Primeiro ponto a ser levado em consideração diz sobre a preparação da superfície, que deve ser regularizada com areia e cimento com caimento mínimo de 1% para os ralos de drenagem. Consecutivamente a etapas incluem:
1. Impermeabilizantes: protegem a laje contra infiltrações, através de materiais como betuminosos e sintéticos. Os materiais mais comuns incluem manta asfáltica e membranas de poliuretano, PVC ou EPDM, escolhidos com base na resistência à degradação UV e na flexibilidade para se adaptar às condições climáticas locais.
2. Sistema de Drenagem: utilizada para escoar as águas de chuva contínuas e evitar o encharcamento excessivo da terra, dando vazão ao excesso de água e também servem como filtro separando os poluentes. Esta camada pode ser constituída de brita, seixos, argila expandida e em geral tem espessura de 7 a 10 cm no caso de telhados verdes extensivos e de camada de solo que varia entre 15 a 40 cm nos casos de intensivos, além de suportar uma carga prevista varia entre 180 Kg/m² a 500 Kg/m².
3. Sistema Filtrante: retém partículas que podem ser levadas pela água da chuva. Podemos citar a Manta geotêxtil que impede o tamponamento da camada drenante por acúmulo das partículas de solo. Mantém o substrato permeável e aerado para o desenvolvimento saudável das plantas.
4. Solo e substrato: são as camadas de terra compatíveis com a vegetação a ser instalada na cobertura verde. O substrato, deve ser leve, poroso e nutritivo o suficiente para sustentar o crescimento das plantas, enquanto ainda permite a drenagem adequada. Geralmente composto por uma mistura de solo, areia e material orgânico, o substrato é projetado para reter água suficiente para as plantas, ao mesmo tempo em que evita o encharcamento que poderia sobrecarregar a estrutura do telhado. Pensando em uma estrutura com grande movimentação, existe no mercado uma tecnologia onde todos os componentes estruturais (drenagem, filtro e reservatório) estão numa mesma peça com encaixe lateral, onde o substrato é leve e existe um adequado desenvolvimento radicular.
5. Membrana de proteção contra raízes: controla o crescimento das raízes que seriam danosas para o sistema.
6. Vegetação: uma boa opção para escolha das plantas é o clima do local, devendo dar preferência para plantas regionais. Também devemos levar em conta a finalidade e estrutura para os mais diversos cultivos.
3.3 Métodos de instalação
A instalação de um ecotelhado segue um processo cuidadoso e sistemático para garantir sua eficiência e durabilidade ao longo do tempo. Podemos classificá-las em:
- Contínua: modelo de cobertura mais antiga e difundida onde o substrato é aplicado diretamente sobre a base impermeabilizada com todas as outras diferentes camadas.
- Módulos pré-elaborados: trata-se de pequenos módulos prontos compostos de bandejas rígidas, substrato e com a vegetação, é de fácil manuseio e é aplicada através de um sistema de encaixe que permite um resultado imediato, ideal para plantio de frutas e hortaliças.
Além de que, é possível adotar diversos tipos de módulos pré-elaborados, que se subdividem em:
- Sistema modular: fabricados por empresas especializadas que são compostos por material biodegradável e pode ser utilizado em coberturas planas ou inclinadas.
- Alveolar: tem como objetivo proporcionar ao telhado, com pouca ou sem inclinação, uma cobertura vegetada para conforto térmico do ambiente interno e maior convívio com a natureza. Seu uso permite inclinação no telhado de até 10° ou 20%. Este sistema se caracteriza por ser um sistema leve, em sua composição, tem pouco peso e é recomendado para telhados onde haverá pouca circulação. Ele possui a membrana alveolar, responsável pela reserva de água para vegetação. Pode possuir ainda uma grelha tridimensional de PEAD permitindo até 30% de inclinação.
- Laminar: sistema hidropônico que reutiliza, principalmente, a água da chuva e também o próprio efluente (esgoto) da edificação tratada. O sistema possui um piso elevado com a função de criar, abaixo do mesmo, um reservatório de água ou de ar para isolamento termoacústico. Graças a isto a vegetação possui menor necessidade de irrigação superficial ou, em algumas regiões, até mesmo substitui ou suplementa a irrigação da vegetação e o empreendimento pode se beneficiar com o reservatório de detenção que pode ser reutilizado no Sistema Integrado Ecoesgoto, permitindo o uso para fins não potáveis, como descargas, lavar calçadas etc.
3.4 Manutenção e durabilidade
Assim como um jardim, o ecotelhado precisa de manutenção. Especialistas recomendam a visita de um profissional de uma a duas vezes por ano para garantir o funcionamento da impermeabilidade. As tarefas de manutenção comuns incluem as regas e podas; a irrigação regular deve garantir que as plantas recebam água suficiente, especialmente durante períodos secos ou quentes. A fertilização ocasional do substrato pode ser necessária para garantir que as plantas recebam nutrientes adequados para seu desenvolvimento. É importante utilizar fertilizantes orgânicos ou de liberação lenta para evitar a lixiviação de nutrientes e minimizar o impacto ambiental. Cuidados devem ser tomados desde a escolha das plantas até às doenças que podem contaminar o jardim. Insetos e pragas são comuns em jardins, mas a presença deles não significa que devam ser mortos, em sua maioria, trazem benefícios às plantas. Os insetos devem ser controlados quando prejudicam o jardim ou quando representam risco às pessoas ou animais. Deve haver remoção de espécies indesejadas, como ervas daninhas, para manter o ecossistema livre de competição por nutrientes e espaço. Devemos também levar em conta se as raízes de plantas maiores estejam crescendo demasiadamente na cobertura, o que pode danificar o sistema de impermeabilização. Podemos também citar a utilização da Manta geotêxtil com a finalidade de garantir um melhor resultado do sistema, sendo possível incorporar uma drenagem de espuma de polietileno sobre ela, que impede que as raízes toquem a estrutura inferior.
Sem sombra de dúvidas, sua durabilidade é maior quando comparado às lajes convencionais, se tornando extremamente vantajoso a longo prazo, mesmo com todos os cuidados especiais e manutenção. A durabilidade tem um ciclo de vida de 2 a 3 vezes mais longo do que as telhas (duram de 50 a 100 anos) utilizadas em telhados convencionais, podendo chegar até 300 anos de funcionamento. Além disso, eles podem oferecer benefícios contínuos como a redução do consumo de energia, o aumento da vida útil da cobertura do edifício e a melhoria da qualidade ambiental urbana.
3.5 Custos
O custo para implantação desse telhado geralmente é o dobro em relação às coberturas usuais em lajes, por isso ainda é um sistema construtivo pouco utilizado no Brasil. Os custos associados à implementação de ecotelhados podem variar significativamente com base em vários fatores, incluindo o tipo de ecossistema verde escolhido, o tamanho e a complexidade do telhado, as condições locais e os requisitos específicos do projeto.
Os principais componentes de custo incluem materiais, mão-de-obra, manutenção e custos operacionais ao longo da vida útil do ecossistema.
O preço da impermeabilização de telhados verdes pode variar dependendo de vários fatores, como a metragem, o tipo de sistema e a localização. Em geral o metro quadrado sairia por: impermeabilização varia entre 100,00 e 150,00 (semi-intensivo); a manta isolante termo acústica anti ruído feita de espuma anti-chama, em torno de 50,00, Tapetes de grama natural 75,00 para ecotelhados extensivos. Já para telhado semi intensivos ou intensivos aumentaria o valor por metro quadrado em: bandejas de mudas sementeiras que custam em torno de 20,00, a quantidade de 50 cubos de muda em forma de bloco a 100,00 (cultivo de hortalicas ou plantas de pequeno porte), sem contar na necessidade do uso de cascalhos para preenchimento de alturas diferentes entre solo e laje quando necessário. Também poderíamos citar os custos com os sistemas de construção para calhas (já instaladas 50,00), armazenamento de águas pluviais (pode ser feita em poços ou caixas, variando de 500,00 a 5.000,00 dependendo da capacidade) e irrigação automatizada (200,00). Somando esses valores os custos por metro quadrado sairiam entre 200,00 (telhados apenas com impermeabilização e tapete de grama) a 600,00 (semi intensivos). Como o governo não disponibiliza um levantamento de preço oficial, foi realizada uma pesquisa on line. Esse levantamento por item, vai de encontro a publicação da Revista Haus por Hadassa Bonin em 17/10/2024 sobre o assunto.
Além dos custos iniciais de instalação, é importante considerar os custos contínuos de manutenção ao longo da vida útil do ecotelhado. Ecossistemas verdes exigem cuidados regulares, como irrigação, poda, fertilização e inspeções periódicas para garantir seu bom funcionamento e maximizar seus benefícios ambientais e econômicos. Embora esses custos operacionais sejam necessários, podem ser compensados pelos benefícios associados, como redução do consumo de energia, prolongamento da vida útil da cobertura do edifício, aumento da biodiversidade e melhoria da qualidade do ar urbano.
Em suma, embora a implementação de ecotelhados envolve investimentos significativos, seus benefícios ambientais, sociais e econômicos a longo prazo frequentemente superam os custos iniciais. Dessa forma, avaliações cuidadosas de custo-benefício e planejamento estratégico são essenciais para maximizar o retorno sobre o investimento e promover práticas de construção sustentável e resiliente.
Simplificando, apresenta-se o Quadro 1 referente a informações relacionadas aos custos, bem como tipos, materiais e manutenção de ecotelhamento:
Quadro 1 – Dados relativos aos materiais e métodos para a adoção e uso de ecotelhados
ITENS | TELADO VERDE EXTENSIVO | TELHADO VERDE SEMI-INTENSIVO | TELHADO VERDE INTENSIVO |
Manutenção | Baixo | Periodicamente | Alto |
Irrigação | Não | Periodicamente | Regularmente |
Plantas | Sedum, ervas e gramíneas | Gramas, ervas e arbustos | Gramados,arbustos e árvores |
Altura do sistema | 60 a 200 mm | 120 a 250 mm | 150 a 400 mm |
Peso | 60 a 150 kg/m2 | 120 a 200 kg/m2 | 180 a 500 kg/m2 |
Custos | Baixo | Médio | Alto |
Uso | Camada de proteção ecológica | Projetado para ser um telhado verde | Projetado para ser um jardim ou parque |
Fonte: IGRA. Disponível em: https://www.igra-world.com/. (Adaptado)
4. estudo de caso
4.1 Descrição do projeto de estudo
Este estudo de caso aborda uma investigação acerca da implementação do ecotelhamento na construção de um novo edifício dentro da sede do Comitê Internacional da Cruz Vermelha (CICV), com o intuito de promover a sustentabilidade e avaliar os impactos dessa tecnologia no que diz respeito à construção sustentável. O novo edifício, de uso institucional, apresenta uma área de telhado considerável, o que permite explorar o potencial do telhado verde em contextos urbanos.
Além do mais, a pesquisa tem como objetivo também, compreender o impacto dessa escolha, destacando os resultados alcançados e as lições aprendidas que podem servir de referência para situações similares em outras edificações ou na construção de novos edifícios que desejam adotar a técnica. A análise é relevante porque ilustra como a adoção do ecotelhamento pode gerar resultados expressivos.
A sede do Comitê Internacional da Cruz Vermelha (CICV) está localizada em Genebra, na Suíça, e é um símbolo do compromisso da organização com a neutralidade, independência e imparcialidade. O prédio, que abriga a coordenação de todas as suas operações globais, é um ponto central para o trabalho de defesa e promoção do Direito Internacional Humanitário.
O edifício da sede é projetado de forma a refletir os princípios da Cruz Vermelha: um local funcional, mas também acolhedor, que simboliza os valores de ajuda humanitária, transparência e cooperação internacional. No coração de Genebra, um dos centros diplomáticos mais importantes do mundo, o prédio da Cruz Vermelha se destaca como um ponto de referência tanto para questões de assistência humanitária quanto para discussões sobre as normas que governam os conflitos armados.
O papel da sede não se limita à administração das operações da organização. Em Genebra, o CICV também coordena o diálogo com governos e outras organizações internacionais, promove a implementação das Convenções de Genebra e organiza eventos e conferências para sensibilizar o mundo sobre a importância do respeito aos direitos humanos em tempos de guerra. A sede também gerencia os recursos financeiros da organização, mobilizando apoio por meio de doações voluntárias dos governos e das Sociedades Nacionais da Cruz Vermelha e do Crescente Vermelho.
Além disso, o edifício da sede do CICV serve como um centro de treinamento e capacitação para seus funcionários, fornecendo as condições ideais para o desenvolvimento contínuo de suas atividades, desde a prestação de socorro médico em áreas de conflito até a mediação de diálogo entre as partes envolvidas em guerras e crises.
Com sua longa história e vasto alcance global, o CICV continua a desempenhar um papel fundamental na proteção das vítimas de guerra e na promoção do Direito Internacional Humanitário. Sua sede em Genebra não é apenas um centro administrativo, mas um símbolo da dedicação da organização à causa humanitária, mantendo a paz e o respeito pela dignidade humana em um mundo muitas vezes marcado pela violência e pela incerteza.
O projeto do telhado verde foi concebido como parte de um esforço mais amplo para integrar práticas sustentáveis ao design arquitetônico da sede do CICV. Ele busca responder à seguinte questão central: “Quais os benefícios e desafios de implementar um ecotelhamento em um edifício institucional de grande porte?” A partir dessa premissa, foram analisados aspectos como eficiência energética, impacto ambiental, custos e desafios técnicos.
A escolha do ecotelhamento foi motivada por seu potencial de contribuir para a sustentabilidade urbana, reduzindo o impacto ambiental do edifício e promovendo melhorias diretas e indiretas para os usuários e o entorno. A abordagem adotada também teve como meta tornar o edifício um exemplo de boas práticas para outras instituições que compartilham valores de responsabilidade ambiental.
O estudo aborda desde a concepção inicial do projeto até a execução e os resultados obtidos após a implementação. Ele inclui análises detalhadas sobre os sistemas utilizados, os materiais empregados e os ajustes realizados na estrutura do edifício para acomodar o ecotelhamento. Com isso, fornece um panorama abrangente das práticas necessárias para a integração de telhados verdes em projetos arquitetônicos modernos.
Por fim, este estudo não apenas identifica os benefícios diretos do ecotelhamento, mas também aponta desafios e oportunidades para sua aplicação em larga escala. Ele reforça a importância de considerar aspectos sustentáveis desde as fases iniciais de planejamento arquitetônico, garantindo que os valores ambientais e econômicos estejam alinhados em projetos urbanos.
4.2 Projeto de arquitetura
O projeto arquitetônico do telhado verde da sede do Comitê Internacional da Cruz Vermelha (CICV) foi desenvolvido para harmonizar com o design funcional e moderno do edifício. Este telhado foi planejado para ser uma extensão da filosofia arquitetônica da organização, que busca equilíbrio entre estética e eficiência. A escolha por um telhado verde reflete um esforço consciente para integrar a natureza ao ambiente urbano, tornando a edificação mais sustentável e conectada com o ecossistema ao redor.
No projeto, a camada superior do telhado foi desenhada para ser facilmente acessível para manutenção e observação das plantas, sem comprometer a segurança da edificação. O design leva em consideração tanto a estética quanto às exigências funcionais de uma sede de uma organização internacional, integrando um espaço verde que complementa a arquitetura moderna e limpa do CICV. Além disso, o telhado foi projetado para ser robusto o suficiente para suportar as condições climáticas da região de Genebra, com suas variações de temperatura e precipitação.
As plantas escolhidas para o telhado foram selecionadas conforme as condições climáticas da cidade, com foco na durabilidade e baixo consumo de recursos naturais, como água e fertilizantes. O projeto arquitetônico também levou em consideração o impacto visual do telhado, criando uma estética natural que se mistura com o ambiente verde ao redor, em contraste com o edifício principal nos fundos e demais monumentos presentes dentro da sede do CICV.
Imagem 1. Sede do Comitê Internacional da Cruz Vermelha (CICV) com o ecotelhamento implementado.
Fonte: Autoral
A vegetação foi disposta de forma estratégica para criar uma cobertura densa, mas de fácil manutenção, contribuindo para a aparência visual e a função do telhado verde.
Além das plantas, o projeto arquitetônico incorporou soluções que permitem a gestão eficiente das águas pluviais, utilizando um sistema de drenagem que canaliza o excesso de água para áreas específicas, evitando o risco de alagamentos. Isso não só protege o edifício, mas também ajuda a prevenir a sobrecarga do sistema de drenagem urbano, uma preocupação crescente nas cidades modernas. O telhado também atua como um isolante térmico, ajudando a reduzir a necessidade de aquecimento e resfriamento, o que traz benefícios significativos tanto em termos de economia de energia quanto em sustentabilidade.
Para mais, constatou-se que a inclinação do telhado também influenciaria diretamente o design do sistema de drenagem. Logo, o projeto arquitetônico previu a instalação de sistemas que controlam o fluxo de água de maneira eficiente, evitando impactos na estrutura do edifício ou no ambiente ao redor. A escolha do ângulo de inclinação foi cuidadosamente analisada para equilibrar o escoamento natural e a retenção necessária para a vegetação.
Outro aspecto importante do projeto arquitetônico é a multifuncionalidade. O telhado verde na sede do CICV é combinado com sistemas de energia solar, em que são utilizados paineis fotovoltaicos, criando uma cobertura eficiente e sustentável. Essa integração é especialmente valiosa em áreas urbanas, onde o espaço para sistemas sustentáveis é limitado. Além disso, a arquitetura do projeto considerou também a possibilidade de estender a utilização do telhado para áreas de recreação em declives menores, ampliando os usos do espaço.
Imagem 2. Fachada da edificação demonstrando o design biofílico construído a partir do ecotelhado.
Fonte: Online. Disponível em:https://zinco.ch/fr/reference/circ-gen%C3%A8ve
Por fim, o projeto de arquitetura do telhado verde do CICV exemplifica como a sustentabilidade pode ser incorporada à arquitetura (Imagem 2) sem comprometer a funcionalidade e a estética. Ao equilibrar as necessidades práticas com a visão de longo prazo em relação ao meio ambiente, o projeto não só melhora a qualidade do edifício como também serve como modelo de como instituições internacionais podem adotar práticas mais ecológicas em seus próprios espaços de trabalho.
4.3 Estudo do projeto do telhado verde
O projeto de implementação do telhado verde no edifício da sede da CICV foi desenvolvido pela ZinCo, uma empresa alemã especializada em sistemas de telhados verdes que têm se destacado pela inovação e qualidade de seus produtos no continente europeu. O sistema ZinCo é composto por uma série de componentes modulares e tecnologias que tornam a instalação de telhados verdes eficiente e durável.
O processo de implementação adotou uma série de considerações técnicas que exigiam a participação direta da engenharia civil. O método empregado pela ZinCo é complexo e demanda um estudo detalhado de características estruturais, sistemas de drenagem, impermeabilização e diversos outros aspectos técnicos. O objetivo final foi garantir que o ecotelhamento implementado não só funcionasse corretamente, mas também fosse seguro e eficiente ao longo do tempo.
A análise da carga estrutural foi um dos pontos mais críticos do estudo, pois a adição de um telhado verde em uma edificação implica em um aumento significativo no peso da cobertura. Para garantir a segurança da edificação, profissionais realizaram cálculos precisos, levando em consideração a distribuição de carga das camadas de substrato, vegetação, sistema de drenagem e irrigação presentes no ecotelhado. Além disso, também foi considerado todo o eventual impacto de agentes externos como (chuvas, rajadas de vento, neve e geadas) e cargas de utilização (trânsito de veículos e pedestres) com a exigência de que a estrutura do edifício fosse capaz de suportar todo esse peso extra. A avaliação da carga estrutural foi realizada com precisão, buscando evitar sobrecarga e garantir que o edifício abaixo estivesse apto a suportar a implantação do ecotelhado sem comprometer sua segurança.
Além da carga, a estabilidade da construção foi considerada, já que a distribuição do peso do telhado verde influencia diretamente nos elementos como lajes, vigas, pilares e fundações que sustentam o prédio, no qual o ecotelhamento se faz presente. Diante disso, toda a estrutura foi previamente dimensionada e posteriormente analisada de forma que a carga do ecotelhamento fosse distribuída de maneira uniforme, evitando gerar pontos de pressão excessiva que provocam deformações ou até falhas estruturais. Os pontos de inclinação do telhado também foram considerados, pois influenciam tanto a distribuição do peso quanto o escoamento das águas pluviais.
Outro ponto essencial no estudo desse projeto foi o sistema de drenagem. A água da chuva precisaria ser rapidamente escoada para evitar acúmulos que pudessem vir a prejudicar a vegetação ou infiltrar na estrutura do edifício. Para isso, os responsáveis pelo projeto planejaram e implementaram um sistema de drenagem eficaz. Isso incluiu o uso de placas de drenagem que formam canais por onde a água possa fluir, além de sistemas subterrâneos que viessem a conduzir o excesso de água para os reservatórios de captação de água pluvial e também para os sistemas de drenagem urbana.
A impermeabilização foi outro aspecto analisado para garantir a durabilidade e a segurança do telhado verde. As membranas impermeabilizantes foram escolhidas e aplicadas corretamente para garantir que a água não infiltrasse nas camadas inferiores do telhado e consequentemente viessem a atingir a estrutura do edifício. Além do mais, as raízes das plantas não podem comprometer a integridade da impermeabilização, por isso, foi importante o uso de camadas protetoras para evitar o contato direto entre as raízes e a membrana.
Além disso, o estudo do projeto também considerou a acessibilidade (Imagem 3) para a realização da manutenção. Os telhados verdes, embora necessitem de baixa manutenção, exigem cuidados periódicos, como poda, controle de plantas invasoras e verificação do sistema de drenagem. Logo, passarelas e áreas de circulação foram adotadas para permitir o acesso seguro e eficiente dos profissionais responsáveis pela manutenção, sem prejudicar a vegetação.
Imagem 3. Passarelas de acessibilidade para circulação de profissionais e pessoas.
Fonte: Online. Disponível em:https://zinco.ch/fr/reference/circ-gen%C3%A8ve.
O telhado verde implementado na sede do CICV é do tipo extensivo, escolhido por seu peso reduzido, baixa manutenção e viabilidade em larga escala para o contexto urbano de Genebra. Para garantir que o telhado fosse eficaz e sustentável, a escolha foi guiada por estudos que consideraram o clima temperado da região e a necessidade de uma solução de longo prazo para melhorar a eficiência energética do edifício. O telhado utiliza vegetação de crescimento limitado, como gramíneas e suculentas, que requerem menos irrigação e adubação.
Em resumo, o projeto desse telhado verde adotou uma análise aprofundada da engenharia civil e outras áreas para garantir que todas as variáveis técnicas fossem atendidas, bem como corretamente planejadas e executadas. O planejamento e correto desenvolvimento de fatores como carga estrutural, drenagem, impermeabilização, sistemas de irrigação e a manutenção do telhado são fatores que garantiram não só a funcionalidade e segurança do sistema, mas também sua sustentabilidade e eficiência no uso de recursos. Ao integrar esses aspectos de maneira eficiente, esse telhado verde se tornou uma solução vantajosa para o edifício da sede do CICV e também para todo o ambiente urbano.
4.4 Sustentabilidade aplicada ao projeto
A sustentabilidade é a base do projeto do telhado verde da sede do CICV. Desde a concepção até a execução e operação, o telhado verde foi planejado para minimizar o impacto ambiental do edifício e contribuir para a preservação dos recursos naturais. Uma das principais motivações para a adoção dessa solução é a redução da pegada de carbono, gerando benefícios tanto para a edificação quanto para o ecossistema local.
As vantagens do telhado verde em termos de sustentabilidade é sua capacidade de melhorar a eficiência energética do edifício. Ao fornecer isolamento térmico natural, o telhado verde contribui para o controle da temperatura interna, diminuindo a necessidade de sistemas de aquecimento e resfriamento. Isso é imprescindível, pois ao optar pela regulação térmica natural o CICV auxilia na diminuição da emissão de gases de efeito estufa. Com a crescente preocupação global com as mudanças climáticas, tais iniciativas são fundamentais para organizações como o CICV, que buscam se alinhar com práticas ambientais responsáveis.
Outro benefício importante é a gestão das águas pluviais. O telhado verde funciona como um sistema de retenção, absorvendo e armazenando a água da chuva. O projeto também inclui a reutilização dessas águas e o uso de águas cinzas, que são vantajosas por estarem disponíveis mesmo durante períodos de seca. As plantas escolhidas para esse projeto fazem parte de uma pesquisa apoiada pela Deutsche Bundesstiftung Umwelt (Fundação Federal Alemã para o Meio Ambiente) e foram selecionadas por sua capacidade de se alimentar de águas cinzas. A água coletada é armazenada em poços subterrâneos, garantindo sua qualidade e possibilitando um sistema eficaz de irrigação por evaporação.
Tal abordagem não só emprega a gestão sustentável do ciclo hidrológico, como também impede que a água da chuva escoe diretamente para os sistemas de drenagem de Genebra, minimizando o risco de alagamentos e sobrecarga das infraestruturas da cidade. A cobertura verde também contribui para a purificação da água, filtrando poluentes antes que ela seja liberada no sistema de drenagem quando é necessário. Além disso, a água coletada pode ser reutilizada para outros usos, reduzindo a demanda por água potável e promovendo um ciclo mais eficiente de gestão dos recursos hídricos.
O telhado verde também tem impacto positivo no clima local. A impermeabilização das superfícies naturais, como asfalto e concreto, tende a intensificar o calor no verão, criando as chamadas “ilhas de calor”. Nesse contexto, o sistema ZinCo “Urban Climate Roof” ajuda a mitigar esse efeito, já que sua vegetação favorece a evaporação, contribuindo para o resfriamento urbano, especialmente em dias quentes e secos. A evaporação também reduz as amplitudes térmicas, isto é, a diferença entre temperaturas máximas e mínimas.
O projeto priorizou ainda o uso de materiais ecológicos e sustentáveis. As plantas escolhidas são de baixo impacto ambiental, não exigem grandes quantidades de fertilizantes ou pesticidas, ajudando a reduzir a poluição do solo e da água. Os materiais utilizados na impermeabilização e drenagem do telhado foram selecionados para garantir durabilidade e o mínimo impacto ambiental, reforçando o compromisso com a sustentabilidade em todas as fases do projeto.
Ademais, a conexão entre o trabalho humanitário da Cruz Vermelha e o projeto “Telhados Verdes Biodiversos” visa promover a biodiversidade e atrair fauna e flora locais. Esses telhados funcionam como habitats naturais, oferecendo alimentos, locais para nidificação e descanso para diversas espécies, como aranhas, besouros, borboletas e pássaros, contribuindo para o equilíbrio ecológico nas áreas urbanas.
Além dos benefícios ambientais, o telhado verde presente proporciona espaços de lazer e relaxamento, permitindo momentos de contato com a natureza para trabalhadores, visitantes e a comunidade local. Eles também ajudam a melhorar a qualidade do ar, filtrando poluentes e promovendo o bem-estar da população urbana. Esses espaços podem ser usados para atividades como caminhadas ou leitura, agregando valor estético e funcional à cidade. Essa infraestrutura não apenas promove a sustentabilidade, mas também oferece uma série de benefícios ambientais, sociais e climáticos, tornando cidades como Genebra mais verdes e agradáveis para se viver.
Portanto, a sustentabilidade aplicada ao projeto do telhado verde do CICV não se limita a aspectos técnicos, mas reflete uma filosofia incorporada ao design e funcionamento da sede. Esse projeto serve não apenas como exemplo de boas práticas para outras organizações internacionais, mas também reflete os valores centrais do CICV, que busca sempre promover a dignidade humana e a preservação ambiental em seu trabalho.
4.5 Técnicas aplicadas
Na sede do Comitê Internacional da Cruz Vermelha (CICV), um exemplo de inovação sustentável se revela no telhado verde que cobre o edifício. Mais do que uma solução estética, ele representa uma integração harmoniosa entre técnicas construtivas e natureza, e um compromisso com práticas ecológicas que contribuem para a preservação ambiental e o bem-estar urbano. A construção desse telhado foi um processo meticuloso, que envolveu várias etapas, cada uma crucial para o funcionamento e a durabilidade do sistema.
A retenção da vegetação para delimitação de espaço foi realizada utilizando o perfil de borda TRP 140, em aço inoxidável, combinado com suportes de retenção, como os ganchos de amarração TSH ou SchubFix. Os elementos Floraset FS 75, instalados em toda a superfície da cobertura, garantem boa estabilidade ao sistema de suporte, evitando o deslizamento dos componentes. Esses elementos absorvem as forças de impacto provenientes do complexo vegetal e as redirecionam para os meios-fios ou para travessas anti-impulso adicionais, que devem ser calculadas para declives superiores a 15° e especialmente em áreas expostas a ventos fortes. A imagem 4 expõe alguns desses elementos utilizados.
Imagem 4. Perfil lateral TRP 140 e gancho de amarração TSH 100 disponibilizado pela ZinCo.
Fonte: Online. Disponível em: https://www.zinco.de/
A drenagem da água (Imagem 5) é feita através de calhas externas, com uma travessa adicional fixada mecanicamente ao suporte, o que evita que todas as forças de impacto sejam transferidas para a borda estabilizada. A força que a borda ou travessa deve conter depende do peso do sistema, incluindo uma carga de neve de até 75 kg/m². Além disso, fatores como a inclinação da cobertura, o comprimento da área de impacto e a rugosidade da impermeabilização também são relevantes, embora estes últimos não devam ser incluídos nos cálculos por questões de segurança.
Imagem 5. Sistema de calhas adotado para a realização da drenagem da água no telhado.
Fonte: Inerir Fonte. Disponível em: https://zinco.ch/sites/default/files/2021-12/ZinCo_Toitures_inclinees_vegetalisees.pdf
A experiência prática indica que a folga entre as travessas não deve ultrapassar 10 cm conforme determinado pelo quadro 2.
Quadro 2 – Espaçamento recomendado para travessas conforme a inclinação adotada.
Sistema adotado | Espaçamento recomendado |
Inclinação de 20° | aproximadamente 10 cm |
Telhado com declive acentuado de 25° | aproximadamente 8 cm |
Fonte: Online. Disponível em: https://zinco.ch/sites/default/files/2021-12/ZinCo_Toitures_inclinees_vegetalisees.pdf. (Adaptado)
A drenagem é realizada por meio de calhas suspensas. A força de impacto gerada pelo sistema de vegetação deve ser absorvida e transferida para a estrutura através de perfis de borda perfurados e ganchos de amarração. O excesso de água escorre livremente, passando pelas saídas laterais para as calhas. A rede de canais localizada na parte inferior dos elementos assegura a evacuação transversal da água, eliminando a necessidade de drenos adicionais. O escoamento da água é feito por calhas internas que atravessam o suporte.
Quadro 3 – Escoamento das águas pluviais de acordo com cada inclinação presente no ecotelhado.
Inclinação (graus) | Altura(cm) | Peso de saturação da água (kg/m²) | Capacidade de retenção da água (l/m²) |
10-15° | 13 | 115 | 38 |
10-20° | 14 | 130 | 40 |
10-25° | 38 | 140 | 44 |
Fonte: Online. Disponível em: https://zinco.ch/sites/default/files/2021-12/ZinCo_Toitures_inclinees_vegetalisees.pdf. (Adaptado)
O perfil de borda e o suporte de aço foram dimensionados conforme as cargas estáticas, sendo a fixação do perfil de borda realizada por meio de um sistema de conexão fixa/removível. O Schubfix LF 300 foi utilizado nesse telhado para evitar o escorregamento do sistema de vegetação, combinando-se com o perfil de borda TRP 80 ou TRP 140, instalado na calha ou como travessa na superfície. A instalação na construção de suporte foi feita com 5 parafusos anticorrosivos e garantida com materiais de vedação, conforme o sistema de conexão fixa/removível, de acordo com a norma DIN 18195-9. Na imagem 6 é demonstrado o suporte de pressão utilizado para a instalação.
Imagem 6. Suporte de pressão em aço inoxidável maciço 5 × 50 mm para utilização em superfícies de telhados inclinados seladas para proteger a estrutura verde contra escorregões.
Fonte: Online. Disponível em: https://www.zinco.de/p/lf300
Quanto às travessas adicionais, a boa resistência do Zincoterre nos elementos Floraset permite que as forças de impacto sejam absorvidas pela calha até uma inclinação de aproximadamente 20°. Para telhados com declives maiores ou mais longos, faz-se necessária a instalação de travessas adicionais. Convencionalmente, utilizam-se travessas de madeira, fixadas no suporte do telhado e vedadas individualmente. Contudo, a fixação fixa/removível proporciona um acabamento igual ao da calha, sem interrupções visíveis na vegetação. Tiras Elastodrain foram usadas como base e para proteção da impermeabilização na área da calha.
Após a instalação da manta de retenção de água WSM 150, os elementos Georaster foram ajustados. A cobertura também foi equipada com isolamento térmico em espuma de vidro, altamente resistente à pressão. Os elementos Floratherm do tipo WD 65-H foram instalados sobre a impermeabilização betuminosa dupla, proporcionando isolamento adicional e desviando as forças de impacto. Cascalho e solo superficial foram colocados na transição entre o telhado e o solo verde. Um substrato intensivo, com cerca de 15 cm de espessura (Imagem 7), foi adicionado após a instalação dos elementos Floratherm.
Imagem 7. Processo de instalação de elementos de isolamento termo acústico Floratherm do tipo WD 65-H.
Fonte: Online. Disponível em: https://zinco.ch/sites/default/files/2021-12/ZinCo_Toitures_inclinees_vegetalisees.pdf
A erosão foi controlada com o uso de tecido de juta JEG, de malha grande, que é resistente a chamas e radiação térmica, além de ser uma cobertura rígida e não inflamável.
Imagem 8. Elementos Georaster confeccionados com polietileno reciclado
Fonte: Online. Disponível em: https://zinco.ch/sites/default/files/2021-12/ZinCo_Toitures_inclinees_vegetalisees.pdf
Os elementos Georaster, fabricados em polietileno reciclado (HDPE), são patenteados e se encaixam facilmente, sem a necessidade de ferramentas especiais. Cada elemento mede aproximadamente 54 cm x 54 cm e tem 10 cm de altura, deixando espaço suficiente para o desenvolvimento das raízes. As plantas selecionadas precisam ser resistentes às condições extremas de telhados verdes com declives acentuados, como a intensa radiação solar nas encostas voltadas para o sul. Em telhados inclinados, o fluxo de água é mais rápido do que em telhados planos. Quando montados, os elementos formam uma estrutura estável (Imagem 8) que evita buracos na vegetação e proporciona uma base sólida. O substrato preenche a rede e permite o desenvolvimento do cultivo, além de possibilitar circulação segura e alguma erosão. Este sistema pode ser utilizado como base para grama reforçada, construção de caminhos ou proteção de aterros.
Em superfícies com inclinação superior a 40°, as áreas foram divididas em segmentos por meio de travessas anti-impulso. No que diz respeito ao plantio, a impermeabilização contra raízes é essencial. O Lavendelheide deve ser instalado a 1 cm acima do elemento Georaster, assim como as plantas em bandejas, que são preenchidas com Lincoterre compactado, e tapetes de irrigação WSM 150, com proteção BSM 64.
Imagem 9. Transição homogênea do plantio entre a área plana e a área de forte declive própria do terreno.
Fonte: Autoral
O desafio maior foi garantir uma transição homogênea entre a área plana e a área de forte declive. Para isso, foi instalado o sistema “Dachgarten” na superfície plana com uma espessura de substrato de cerca de 20 cm. Para evitar que o substrato escorregue nas áreas inclinadas até 40°, foi utilizada uma camada dupla de elementos Georaster, com deslocamento.
Imagem 10. Esverdeamento de telhado íngreme com geogrelha
Fonte: Online. Disponível em: https://zinco.ch/fr/reference/circ-gen%C3%A8ve
Foi possível escolher uma combinação de gramíneas tolerantes à seca. Nota-se a presença da relva clássica, em especial as famílias “Gräserdach” e “Blütenwiese”. Dessa forma, obtém-se um telhado que remete à aparência de um prado natural exposto na imagem 10. Desta maneira, é possível observar a instalação de relva no telhado verde da sede do CICV, de uma forma natural e sustentável. É importante ressaltar que a poda periódica é essencial para manter a diversidade de espécies. Além do mais, foi semeada uma grama resistente, adequada ao uso planejado da área, e sistemas de irrigação eficientes foram instalados para garantir o bom desenvolvimento e acabamento da cobertura verde.
Imagem 11. Sistema de irrigação presentes no telhado verde do edifício da sede do CICV.
Fonte: Online. Disponível em: https://zinco.ch/fr/reference/circ-gen%C3%A8ve
O sistema de irrigação (Imagem 11) é outro componente importante na manutenção, especialmente durante os períodos de estiagem e neve. No ecotelhado do CICV foi instalado sistemas automatizados com sensores de umidade, que regulam a quantidade de água fornecida às plantas. Esses sistemas devem ser revisados regularmente para garantir que estejam funcionando corretamente e para evitar desperdícios.
4.6 Benefícios do telhado verde para a edificação
O telhado verde da sede do CICV trouxe inúmeros benefícios, refletindo tanto na funcionalidade da edificação quanto na imagem institucional da organização. Esses impactos abrangem a eficiência energética, o conforto dos ambientes internos, a sustentabilidade e a valorização econômica e social do edifício. Alguns desses aspectos já foram detalhados anteriormente, mas são aqui retomados e complementados.
Imagem 12. Fachada, onde pode ser observado o contraste do prédio antigo com o moderno.
Fonte: Online. Disponível em: https://www.istockphoto.com/br/fotos/comit%C3%AA-internacional-da-cruz-vermelha
A edificação foi criada para ser um prédio anexo, moderno e com ecotelhamento, projetada para incorporar instalações sustentáveis, alinhadas com as necessidades contemporâneas da organização e seu compromisso com o meio ambiente. A imagem do antigo X moderno é conceitual. Diz respeito que o que funciona a anos sempre pode ser aperfeiçoado. Entre os benefícios do edifício, podemos citar que promove um isolamento natural da edificação, o que reduz as variações de temperatura interna, diminuindo a necessidade de climatização, não apenas melhorando a eficiência energética do edifício, como também resultam em uma significativa redução das despesas de energia e água, aliviando os custos operacionais da organização.
Além de seu impacto na eficiência energética, a atuação do ecotelhamento como um isolante térmico e acústico é fundamental para a criação de um ambiente de trabalho mais confortável e produtivo, já que minimiza tanto as variações de temperatura quanto os ruídos externos da área urbana em Genebra. Assim, os colaboradores da organização usufruem de espaços mais tranquilos e adequados às suas atividades, promovendo o bem-estar e a eficiência no desempenho das tarefas diárias.
Imagem 13. Área verde para visitante com acessibilidade, proporcionando momentos relaxantes, integrando o contato com a biodiversidade local.
Fonte: Online. Disponível em: https://www.istockphoto.com/br/fotos/comit%C3%AA-internacional-da-cruz-vermelha
A nova edificação da sede do CICV, ao ser projetada com o ecotelhamento, reflete uma sensibilidade em relação à preservação do terreno íngrime, para que o telhado verde fosse uma soma a mais no espaço existente, sem agredir a natureza, pelo contrário, aumentando seu espaço e a biodiversidade. A importância e valorização do patrimônio histórico se reflete entre o edifício mais antigo, que agora se tornou um museu aberto ao público local, turistas e visitantes, que pode ser mantido em perfeita harmonia com a arquitetura contemporânea da nova construção. O ecotelhamento não só oferece um contraste estético interessante, mas também favorece a integração entre o novo e o antigo, criando uma paisagem urbana que respeita tanto a modernidade quanto a memória histórica da organização. Essa fusão de elementos contribui para a identidade do CICV, criando um espaço onde inovação e tradição coexistem, alinhando a atuação da Cruz Vermelha com os princípios de responsabilidade ambiental e social.
A implementação de soluções sustentáveis como o telhado verde aumentou significativamente a valorização do edifício. As práticas adotadas contribuem para a certificação sustentável do projeto, como já destacado, e reforçam a percepção pública de que a instituição está comprometida com o desenvolvimento responsável. Essa valorização transcende os aspectos financeiros, elevando também o prestígio institucional da organização em âmbito internacional.
Imagem 14. Valorização imobiliária influenciada pelo conceito biófilico.
Fonte: Online. Disponível em: https://www.istockphoto.com/br/fotos/comit%C3%AA-internacional-da-cruz-vermelha
Por fim, o telhado verde e as demais inovações sustentáveis consolidam a sede do CICV como um exemplo de arquitetura consciente, capaz de influenciar outras iniciativas similares. O reconhecimento da sociedade, aliado a certificações ambientais, fortalece a imagem do CICV como uma organização comprometida com práticas responsáveis e sustentáveis. Essa percepção positiva não só beneficia o edifício, mas também a missão global da entidade.
Em síntese, o telhado verde vai além de suas funções técnicas, proporcionando benefícios integrados que refletem na funcionalidade do edifício, na valorização do espaço e no impacto ambiental e social positivo. Esses avanços tornam o projeto um marco de referência na arquitetura institucional sustentável.
4.7 Processo de manutenção
A correta e constante manutenção do telhado verde da sede do CICV é essencial para garantir sua funcionalidade e durabilidade. Esse processo envolve atividades regulares, como inspeções técnicas e cuidados com a vegetação. A manutenção foi planejada para ser eficiente e de baixo custo, em linha com a escolha de um telhado verde extensivo.
Os telhados verdes extensivos, como alternativa ecológica à proteção tradicional, são leves e abrigam uma variedade de plantas, como sedum, ervas e gramíneas. Após o estabelecimento da vegetação, esses telhados oferecem muitos benefícios já citados anteriormente, como o isolamento térmico e a contribuição para o meio ambiente. No entanto, sua manutenção deve ser uma prioridade. Inspeções anuais são essenciais para avaliar a saúde da vegetação, garantir que o sistema de drenagem esteja funcionando adequadamente e verificar a integridade do lastro.
De fato, manter esse telhado verde requer atenção regular para preservar sua funcionalidade e aparência. Inspeções periódicas são realizadas para verificar a condição da vegetação, do substrato e das camadas de impermeabilização. Essas inspeções identificam possíveis problemas, como deslizamentos de substrato, entupimentos no sistema de drenagem ou desgaste nas contenções. A frequência recomendada é de, pelo menos, duas a três vezes por ano.
A vegetação exige cuidados específicos para se manter saudável. Espécies como sedum e gramíneas ornamentais requerem poda semestral para controlar o crescimento e evitar a competição excessiva entre plantas. Também é necessário monitorar a presença de pragas ou doenças e tomar medidas corretivas, como o uso de tratamentos orgânicos, quando necessário. Em áreas onde a vegetação se degrada, o replantio com espécies mais adaptadas faz-se necessário.
O sistema de drenagem também deve ser limpo regularmente para evitar entupimentos, que podem causar acúmulo de água e sobrecarregar a estrutura do telhado. Folhas, detritos e sedimentos devem ser removidos das canaletas e paineis drenantes, especialmente em regiões com vegetação densa ao redor. Essa limpeza geralmente é realizada duas vezes ao ano, após o outono e no início da primavera.
A manutenção do substrato é essencial para garantir que ele continue fornecendo os nutrientes necessários à vegetação. Isso inclui a aplicação anual de fertilizantes orgânicos ou minerais e a substituição parcial do substrato em áreas que apresentam desgaste significativo. Além do mais, inspeções estruturais são realizadas para monitorar a integridade da impermeabilização e identificar possíveis pontos de infiltração. Esse cuidado é fundamental para preservar a durabilidade da estrutura do telhado e prevenir danos ao edifício.
A substituição de plantas é feita conforme necessário, especialmente em casos onde espécies não se adaptaram às condições do telhado. Para minimizar esse trabalho, a escolha inicial das plantas priorizou espécies resistentes ao clima local e de baixa manutenção. Eventualmente, o controle de ervas daninhas também é realizado para evitar que espécies invasoras prejudiquem a vegetação original.
O custo médio de manutenção é relativamente baixo devido à automação de vários processos, como irrigação e monitoramento de drenagem. A frequência das inspeções varia entre trimestral e semestral, dependendo das condições climáticas e do estado do telhado. Em resumo, o processo de manutenção do ecotetelhamento do CICV foi planejado para ser eficaz, garantindo a longevidade do telhado verde sem comprometer os recursos da organização.
4.8 Análise custo x benefício
Os custos de instalação desse ecotelhado podem ser estimados entre €40 e €50 por metro quadrado de acordo com especialistas. Entretanto, os benefícios imediatos, como a melhoria estética do edifício e a valorização do imóvel, foram percebidos rapidamente após a instalação. Ecotelhados bem projetados podem aumentar o valor de mercado da propriedade em até 20%, tornando-se um atrativo tanto para compradores quanto para inquilinos.
Além disso, esse ecotelhado oferece benefícios diretos que dizem respeito ao conforto térmico e à eficiência energética. Ele ajuda a reduzir a temperatura interna do edifício, resultando em menor demanda por sistemas de climatização no verão e sobretudo no inverno. Isso não apenas gera economia nas despesas de energia, como também diminui a pegada de carbono associada ao consumo de energia elétrica. Apesar de não ser o caso do edifício da CSCV, estudos indicam que, em países quentes como o Brasil em média, a instalação de um ecotelhado pode reduzir os custos com energia em até 30%, o que se traduz em uma economia substancial ao longo dos anos.
Os benefícios ambientais dessa edificação são outro aspecto que não pode ser ignorado. Os sistemas de funcionamento desempenham um papel importante na gestão das águas pluviais, reduzindo o escoamento superficial e minimizando o risco de inundações urbanas. Conforme já abordado ao absorver e reter a água da chuva, esse ecotelhado ajuda na diminuição da carga sobre os sistemas de drenagem em Genebra, o que ajuda reduzir a necessidade de investimentos para infraestrutura hídrica da cidade. Em ocasiões propensas a inundações, a implementação desse ecotelhado pode ser vista como uma solução eficiente e de baixo custo em comparação com obras de contenção mais tradicionais.
Acima de tudo, o telhado verde presente no edifício da sede da CSCV contribui também para a biodiversidade da cidade ao fornecer habitat para aves, insetos e outras espécies presentes no local. A presença dessa vegetação não só melhora a qualidade do ar, mas também promove a resiliência ecológica. Com isso, o aumento da biodiversidade tem impactos positivos na saúde pública, ao promover um ambiente mais limpo e saudável, o colabora com a redução da incidência de doenças relacionadas à poluição.
Do ponto de vista social, o edifício ajuda na promoção do turismo. Ele oferece um espaço verde que pode ser utilizado para exposição, proporcionando uma atração para turistas e visitantes. Além de tudo, ele tem ajudado a estabelecer ainda melhoria da qualidade de vida e bem-estar dos habitantes da cidade, já que de acordo com pesquisadores a presença de áreas verdes urbanas está associada a uma melhor saúde mental e a uma redução do estresse. Isso é especialmente relevante em ambientes urbanos densamente povoados, onde o acesso à natureza é frequentemente limitado.
Os custos de manutenção do ecotelhado presente na sede CICV são relativamente baixos quando comparados a outros sistemas de cobertura verde. A manutenção anual é inferior a €20 por metro quadrado. Esse valor inclui inspeções, podas, limpeza dos sistemas de drenagem e fertilização do substrato. Caso haja necessidade de reparos ou replantio, o custo pode aumentar temporariamente, mas isso não ocorre com frequência em sistemas bem projetados.
4.9 Discussões da aplicação
O conceito de ecotelhamento, ou telhado verde, tem ganhado relevância como solução sustentável para os desafios impostos pelas mudanças climáticas e pela urbanização acelerada. A sede do Comitê Internacional da Cruz Vermelha (CICV) em Genebra é um exemplo paradigmático do uso dessa técnica em edificações modernas. O telhado verde implementado no edifício não apenas reforça o compromisso da instituição com a sustentabilidade, mas também demonstra os benefícios práticos e estéticos que o ecotelhamento pode oferecer.
A estrutura do CICV foi projetada com um telhado verde extenso, incorporando uma vegetação variada, escolhida para maximizar a eficiência ecológica e a resiliência climática. Além de promover o isolamento térmico, reduzindo a necessidade de energia para aquecimento ou resfriamento, o telhado verde também atua como um filtro natural, melhorando a qualidade do ar na região. A retenção de água pluvial é outro benefício significativo, já que o telhado verde retém volumes consideráveis de água durante as chuvas, mitigando os riscos de alagamentos urbanos e contribuindo para uma gestão hídrica mais eficiente.
O estudo de caso do CICV destaca ainda como o ecotelhamento pode influenciar positivamente a biodiversidade local. A instalação de plantas nativas no telhado criou um micro-habitat para polinizadores, como abelhas e borboletas, auxiliando na manutenção de ecossistemas urbanos. Além disso, a integração paisagística do telhado verde à arquitetura contemporânea não apenas melhora o conforto visual e psicológico dos ocupantes e visitantes, mas também reforça a imagem institucional do CICV como uma entidade comprometida com a preservação ambiental.
Um grande ponto de atenção é o impacto econômico. Apesar do custo inicial elevado para a implementação do ecotelhamento, os benefícios financeiros a longo prazo são evidentes. O edifício do CICV registra economias substanciais em consumo energético, além de uma maior durabilidade da estrutura do telhado, protegida contra variações extremas de temperatura e raios UV. Este caso real exemplifica como investimentos iniciais em soluções sustentáveis podem ser amortizados por meio de economias operacionais e benefícios sociais e ambientais.
Outro desafio foi a necessidade de mão de obra especializada para a instalação e manutenção do sistema. Para mitigar essa dificuldade, o projeto contou com a parceria da empresa alemã ZinCo especializada em telhados verdes, o que garantiu a qualidade do trabalho e transferiu conhecimento técnico para as equipes de manutenção.
No entanto, os benefícios superaram os desafios, principalmente no longo prazo. A integração do telhado verde reforçou o compromisso do CICV com a sustentabilidade, tornando o edifício um exemplo de arquitetura responsável e inovadora. Além disso, o projeto abriu caminho para discussões mais amplas sobre a viabilidade de ecotelhamentos em contextos institucionais.
Diante dos fatos constatados, o caso do ecotelhamendo no CICV também serve como um exemplo de superação de desafios técnicos e regulatórios. A instalação do telhado foi realizada em conformidade com as normas europeias de sustentabilidade, sendo necessário um planejamento rigoroso para garantir a viabilidade estrutural e a escolha das espécies vegetais adequadas ao clima local. Essa experiência demonstra que, embora existam barreiras iniciais, como custos e requisitos técnicos, o ecotelhamento é uma solução viável e eficiente, especialmente em construções institucionais que buscam alinhamento com os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS).
A análise do ecotelhamento na sede do CICV reafirma a viabilidade e os múltiplos benefícios dessa solução, não apenas como uma técnica de construção sustentável, mas também como uma prática capaz de transformar a relação entre o ambiente construído e a natureza, apontando caminhos para cidades mais resilientes e sustentáveis.
Para o futuro, espera-se que incentivos governamentais e avanços tecnológicos reduzam os custos de implementação do ecotelhamento pelo mundo, tornando o telhado verde acessível para projetos de diferentes escalas. Assim, ele pode se tornar uma prática comum em edifícios urbanos, contribuindo para cidades mais sustentáveis e resilientes.
Em resumo, a implementação do telhado verde no CICV proporciona valiosas lições sobre os benefícios e desafios dessa tecnologia, evidenciando a necessidade de um planejamento meticuloso, investimento contínuo e a incorporação da inovação em projetos de engenharia civil e arquitetura. Ao integrar soluções sustentáveis como essa, é possível não apenas melhorar a eficiência ambiental, mas também contribuir para a criação de espaços urbanos mais resilientes e adaptados às necessidades do futuro.
5. Análise dos resultados
5.1 Comparação com outros tipos de coberturas
A implementação de telhados verdes, tanto no Brasil quanto na sede do Comitê Internacional da Cruz Vermelha (CICV), reflete uma abordagem inovadora e sustentável para os desafios contemporâneos da urbanização. Essas coberturas, em comparação com as tradicionais, oferecem uma série de vantagens que vão além da funcionalidade básica de proteção contra intempéries, alinhando-se a objetivos ambientais e sociais mais amplos. No caso do CICV, o ecotelhamento simboliza um compromisso institucional com práticas sustentáveis, enquanto no Brasil, sua adoção em diferentes contextos urbanos é essencial para mitigar problemas como ilhas de calor, enchentes e poluição atmosférica.
Entre os benefícios mais destacados, está a capacidade dos telhados verdes de regular a temperatura das edificações, reduzindo a dependência de sistemas de climatização. Essa vantagem é evidente tanto em países de clima moderado como na Suíça, sede do CICV, quanto em regiões tropicais e subtropicais como o Brasil, onde as temperaturas elevadas são uma preocupação constante. Enquanto coberturas tradicionais amplificam o calor ao absorver e irradiar energia solar, os telhados verdes criam um microclima mais ameno, promovendo eficiência energética e qualidade de vida.
Outro diferencial significativo é a contribuição para a gestão das águas pluviais. Nas cidades brasileiras, caracterizadas por altos índices pluviométricos e infraestrutura deficiente, as enchentes são um problema recorrente. Semelhante à funcionalidade observada no telhado verde do CICV, que reduz a sobrecarga nos sistemas de drenagem urbanos, os ecotelhados no Brasil podem reter volumes significativos de água, diminuindo o escoamento superficial e prevenindo alagamentos. Esse benefício não é apenas funcional, mas também econômico, aliviando os custos associados a danos causados por enchentes.
Além disso, os telhados verdes contribuem para a melhoria da qualidade ambiental, um ponto crucial tanto para a sede do CICV, que busca ser um exemplo global, quanto para as cidades brasileiras, onde a poluição atmosférica é um desafio crescente. Enquanto as coberturas convencionais não oferecem benefícios adicionais ao meio ambiente, os telhados verdes filtram partículas poluentes, aumentam a biodiversidade e podem até ser utilizados para o cultivo de alimentos ou plantas medicinais.
Em última análise, a adoção de telhados verdes representa um avanço significativo na integração entre arquitetura e sustentabilidade. Tanto na sede do CICV quanto no Brasil, essa tecnologia se destaca como uma solução prática e eficiente para questões climáticas e urbanas. Sua comparação com coberturas tradicionais evidencia que o ecotelhamento não apenas resolve problemas estruturais, mas também se alinha aos princípios de responsabilidade ambiental e impacto social positivo, essenciais na sociedade atual.
5.2 Desafios e limitações
A adoção de telhados verdes, seja na sede do CICV ou no Brasil, enfrenta desafios que exigem planejamento cuidadoso para serem superados. Um dos principais entraves é o custo inicial de implementação, que inclui tanto a preparação estrutural quanto a instalação de sistemas necessários para a viabilidade do ecotelhamento. No caso do CICV, os investimentos em tecnologia sustentável são justificados por sua missão global de exemplo ecológico. Já no Brasil, a falta de incentivos financeiros e políticas públicas específicas pode limitar a adoção em larga escala, especialmente em regiões de menor poder aquisitivo.
Outro desafio significativo está relacionado à manutenção contínua dos telhados verdes. Assim como na sede do CICV, onde os cuidados incluem irrigação e monitoramento constante, no Brasil a falta de mão de obra qualificada e sistemas de suporte podem dificultar a popularização dessa solução. A formação de profissionais especializados, combinada com o uso de plantas nativas que demandam menor manutenção, surge como uma alternativa eficaz para minimizar esse problema em ambos os contextos.
As condições estruturais também representam uma limitação importante. No Brasil, muitas edificações não são projetadas para suportar o peso adicional de um telhado verde, o que requer reforços estruturais e aumenta os custos. Na sede do CICV, isso foi considerado no planejamento inicial, o que facilitou a implementação. Para novos projetos no Brasil, incorporar o ecotelhamento desde a concepção arquitetônica pode contornar esse desafio, promovendo sua integração de forma mais eficiente e econômica.
Adicionalmente, as variações climáticas são um fator a ser considerado. No Brasil, onde o clima varia de regiões áridas no Nordeste a áreas úmidas no Norte, a escolha de espécies vegetais adequadas é fundamental. No CICV, esse aspecto foi tratado com base nas condições locais da Suíça, servindo como exemplo de que o planejamento regionalizado é essencial para o sucesso dos telhados verdes. Essa abordagem pode ser replicada no Brasil, priorizando soluções específicas para cada bioma e contexto climático.
Embora os desafios sejam significativos, as experiências do CICV e do Brasil demonstram que eles podem ser superados com planejamento estratégico e parcerias sólidas. A implementação de telhados verdes em ambos os contextos reforça sua importância como uma resposta inovadora aos desafios ambientais e sociais da atualidade. Superar as limitações não apenas viabiliza projetos mais sustentáveis, mas também estabelece um padrão global de responsabilidade ambiental, essencial para o futuro da arquitetura e urbanismo.
5.3 Potencial de adoção em larga escala
A 29ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (COP29), em Baku, Azerbaijão, destaca a importância da transição energética e do financiamento climático como pilares fundamentais para combater as mudanças climáticas. O Brasil, em seu compromisso com as metas climáticas globais, recentemente inaugurou um pavilhão voltado à participação social no evento, reafirmando seu compromisso com ações concretas em favor do meio ambiente e da sustentabilidade. Entre as várias soluções que podem ajudar a atingir essas metas, a implementação de ecotelhados surge como uma alternativa eficaz para a redução das emissões de gases de efeito estufa e o enfrentamento dos desafios urbanos e ambientais.
Ecotelhados — coberturas verdes compostas por vegetação sobre os telhados de edifícios — têm o potencial de contribuir de forma significativa para os objetivos climáticos estabelecidos na COP29 e pelo Brasil no Acordo de Paris. A prática de instalar vegetação nas coberturas de prédios urbanos pode ajudar a reduzir as emissões de gases de efeito estufa, uma vez que as plantas capturam CO₂ da atmosfera, promovem a fotossíntese e atuam como um “pulmão verde” nas áreas urbanas. Dessa forma, os ecotelhados podem apoiar diretamente as metas de mitigação das mudanças climáticas, que incluem a redução das emissões de gases poluentes e a adaptação às novas condições climáticas.
Uma das principais metas do Brasil, que se comprometeu a reduzir suas emissões líquidas de gases de efeito estufa em 67% até 2035, pode ser impulsionada por iniciativas como os ecotelhados. Ao reduzir a necessidade de climatização artificial (como ar-condicionado e aquecimento), os ecotelhados ajudam a diminuir o consumo de energia elétrica, o que resulta em uma redução das emissões provenientes da geração de energia, especialmente em regiões onde a matriz energética ainda depende de fontes fósseis. Além disso, essas estruturas ajudam a mitigar o efeito “ilha de calor urbano”, um fenômeno em que as cidades se tornam mais quentes do que as áreas rurais ao redor, devido à alta concentração de concreto e asfalto. Com a implantação de ecotelhados, a temperatura das cidades pode ser reduzida, resultando em menos necessidade de energia para refrigeração.
No contexto do Brasil, as grandes cidades, como São Paulo, Rio de Janeiro e Brasília, poderiam se beneficiar enormemente de projetos de ecotelhados em larga escala. Além de contribuir para a redução das emissões, essas soluções também ajudam a promover a biodiversidade urbana, proporcionando espaço para vegetação nativa e criando novos habitats para insetos e aves. Esse impacto positivo na biodiversidade urbana é particularmente relevante considerando que o Brasil é um país com uma rica fauna e flora, e cada vez mais se reconhece a importância de integrar a natureza ao ambiente construído para garantir a sustentabilidade dos ecossistemas urbanos.
Outro benefício direto dos ecotelhados é a contribuição para a resiliência climática das cidades, um dos objetivos centrais do Acordo de Paris. Em um cenário de aumento da frequência e intensidade de chuvas fortes, os ecotelhados podem funcionar como sistemas de drenagem sustentável, ajudando a reduzir o risco de enchentes e inundações nas áreas urbanas. Isso se dá porque as plantas absorvem a água da chuva, o que diminui a carga sobre os sistemas de drenagem urbanos. Dessa forma, os ecotelhados também podem ser uma ferramenta importante para a adaptação às mudanças climáticas, tornando as cidades mais resilientes a eventos climáticos extremos.
A implementação de ecotelhados também está alinhada com o compromisso do Brasil de alcançar a neutralidade climática até 2050. Ao adotar soluções como essas em sua infraestrutura urbana, o país pode reduzir substancialmente sua pegada de carbono e avançar rumo a um futuro sustentável. Esses benefícios ambientais também podem gerar impactos sociais positivos, como a melhoria da qualidade do ar nas cidades, a redução de poluição sonora e o aumento do conforto térmico, o que traz ganhos diretos para a saúde pública e o bem-estar da população.
Em um cenário global, o Brasil, ao adotar medidas como os ecotelhados, se alinharia aos objetivos do G20, que busca fomentar a cooperação internacional para o desenvolvimento sustentável e a estabilidade econômica global. Além disso, a promoção de soluções inovadoras para o enfrentamento das mudanças climáticas, como os ecotelhados, poderia ajudar o Brasil a fortalecer sua posição como líder na agenda climática mundial, mostrando como as cidades podem ser parte da solução para o problema das mudanças climáticas.
5.4 Incentivos para a implementação do ecotelhamento
Nos dias 18 e 19 de novembro, o Rio de Janeiro sediou o Fórum Internacional do G20, reunindo os líderes das maiores economias globais. O G20 é composto pelos países mais industrializados, incluindo Brasil, África do Sul, Alemanha, Arábia Saudita, Argentina, Austrália, Canadá, China, Coreia do Sul, Estados Unidos, França, Índia, Indonésia, Itália, Japão, México, Reino Unido, Rússia e Turquia, além da União Europeia e União Africana. Sob a presidência do Brasil, também foram convidados Angola, Egito, Emirados Árabes, Espanha, Nigéria, Noruega, Portugal e Cingapura. O objetivo desse fórum é promover a cooperação internacional em questões econômicas e financeiras, abordando temas que afetam a população mundial, como o desenvolvimento sustentável, o meio ambiente e as mudanças climáticas. Com o lema “Construindo um mundo justo e um planeta sustentável”, a presidência brasileira do G20 visa criar um espaço mais inclusivo para a sociedade civil participar ativamente das discussões e da elaboração de políticas relacionadas aos tópicos do grupo.
No Brasil, existem diversas leis que tratam da implantação de telhados verdes, tanto de forma obrigatória quanto como incentivo à adoção dessa tecnologia. Entre as legislações municipais destacam-se a Lei 18.112/2015 de Recife (PE) e a Lei 7031/2012 de Guarulhos (SP). A Lei Estadual 10.047/2013 da Paraíba também aborda o tema, assim como projetos de lei em trâmite, como o PL 2400/24, que propõe tornar obrigatória a instalação de telhados verdes em novos edifícios públicos e habitacionais com financiamento público, e o PLP 160/19, que permite que a União, os estados e o Distrito Federal apoiem os municípios na implementação dessa tecnologia. Outro projeto relevante é o PL nº 304 de 2015, que busca exigir a instalação de telhados verdes em edificações com mais de três andares, em cidades com mais de 500 mil habitantes.
Além disso, diversas cidades brasileiras têm adotado o conceito de “IPTU Verde”, que oferece descontos para proprietários que instalem telhados verdes ou outras tecnologias de infraestrutura verde. Exemplos disso são as leis de Porto Alegre (RS), Farroupilha (RS), Pomerode (SC), Goiânia (GO), Guarulhos (SP), Salvador (BA), Santos (SP) e Cuiabá (MT), que promovem esses incentivos fiscais.
O governo brasileiro também incentiva a sustentabilidade através de certificações, como os selos LEED, AQUA e BREEAM, que atestam a qualidade ambiental dos empreendimentos. Esses selos tornam os projetos mais valorizados e, muitas vezes, servem como critério para a concessão de benefícios fiscais, reforçando o compromisso com a sustentabilidade e a qualidade ambiental. Dessa forma, observa-se um movimento crescente do governo brasileiro em direção a uma era de empreendimentos mais sustentáveis, que impactam positivamente a vida das pessoas e o meio ambiente.
Portanto, a implementação de ecotelhados pode ser uma estratégia eficaz para o Brasil e outros países atingirem suas metas climáticas de redução de emissões, adaptação às mudanças climáticas e promoção da sustentabilidade urbana. Essa solução simples e acessível não só contribui para a redução da pegada de carbono, mas também melhora a qualidade de vida nas cidades e ajuda a criar um ambiente mais saudável e resiliente. Ao adotar ecotelhados em um nível mais amplo, o Brasil poderá dar passos concretos em direção aos compromissos globais estabelecidos na COP29 e pelo Acordo de Paris, além de apoiar sua jornada rumo à neutralidade climática até 2050.
6. considerações finais
O presente estudo teve como objetivo avaliar o desempenho de ecotelhados em edifícios residenciais, usamos como estudo de caso, o prédio da Cruz Vermelha que fica na cidade de Genebra,na Suíça. Os resultados indicaram que a implantação de ecotelhados promoveu uma redução significativa na temperatura interna dos ambientes, contribuindo para o conforto térmico e a diminuição do consumo de energia, além de seus benefícios paisagísticos. Além disso, observou-se um aumento na biodiversidade local e na retenção de água de chuva, aproveitada para irrigação do próprio telhado, porém seu uso pode ser ainda mais abrangente, como o reuso em encanamento do edifício ou para limpeza externa. Quanto aos custos iniciais de instalação e manutenção, observou-se que foi rapidamente compensado, uma vez que o telhado requer pouca manutenção devido a escolha certeira das espécies de cultivo, sendo assim, a economia que ele gerou em eletricidade foi muito maior. Esperando contribuir para a difusão dessa tecnologia, podemos concluir que os ecotelhados apresentam um grande potencial para a construção sustentável, onde os grandes desafios se dão por difusão das técnicas aplicadas e políticas públicas de incentivos financeiros para estimular sua utilização em larga escala, o que impactaria em melhoria da qualidade do ar e da saúde humana e assim dando possibilidade para o desenvolvimento de modelos de custo-benefício cada vez mais acessíveis. Este estudo se configura como uma importante ferramenta para os profissionais da construção civil, arquitetos e urbanistas, órgãos governamentais e pessoas da sociedade civil com interesse na sustentabilidade.
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