RESPIRATORY DISEASES AND THE INFLUENCE OF HUMID CLIMATE IN THE AMAZON: THE ROLE OF NURSING IN PREVENTION AND MANAGEMENT
ENFERMEDADES RESPIRATORIAS Y LA INFLUENCIA DEL CLIMA HÚMEDO EN EL AMAZONAS: EL PAPEL DE LA ENFERMERÍA EN LA PREVENCIÓN Y MANEJO
REGISTRO DOI: 10.69849/revistaft/ni10202504302102
Eduarda Cristina Santana de Lima1; Alziel Carlos Pantoja Carvalho2; Raika Oliveira Lopes3; Anne Louyse Duarte do Nascimento4; Janaina de Souza Lopes5; Ailton Souza Da Costa Júnior6; Adriano dos Santos Oliveira7
Resumo
Este artigo aborda a influência do clima úmido do Amazonas no agravamento das doenças respiratórias, como asma, bronquite e pneumonia, e destaca o papel fundamental da enfermagem na prevenção e manejo dessas condições. A alta umidade e as chuvas frequentes da região criam um ambiente propício para a proliferação de ácaros, fungos e agentes infecciosos, agravando os problemas respiratórios, especialmente em crianças e idosos. Além disso, fatores como poluição do ar, condições precárias de moradia e dificuldades de acesso a serviços de saúde ampliam os desafios enfrentados pela população local. A enfermagem atua de forma decisiva nesse cenário, promovendo educação em saúde, realizando campanhas de vacinação, prestando assistência direta e desenvolvendo estratégias adaptadas à realidade amazônica. No entanto, a falta de recursos, o acesso limitado a áreas remotas e a necessidade de capacitação específica são obstáculos que precisam ser superados. Este artigo propõe ações futuras, como ampliação das campanhas de vacinação, capacitação contínua dos enfermeiros e melhoria das condições de moradia, visando reduzir os impactos das doenças respiratórias na região.
Palavra Chave: Clima Úmido; Doenças Respiratórias; Enfermagem; População Vulnerável; Prevenção.
Abstract
This article addresses the influence of the humid climate in the Amazon on the worsening of respiratory diseases such as asthma, bronchitis, and pneumonia, and highlights the fundamental role of nursing in the prevention and management of these conditions. The high humidity and frequent rainfall in the region create a favorable environment for the proliferation of mites, fungi, and infectious agents, worsening respiratory problems, especially in children and the elderly. Additionally, factors such as air pollution, poor housing conditions, and limited access to healthcare services increase the challenges faced by the local population. Nursing plays a decisive role in this context by promoting health education, conducting vaccination campaigns, providing direct care, and developing strategies adapted to the Amazonian reality. However, the lack of resources, limited access to remote areas, and the need for specific training are obstacles that must be overcome. This article proposes future actions such as expanding vaccination campaigns, continuous training for nurses, and improving housing conditions, aiming to reduce the impact of respiratory diseases in the region.
Keywords: Humid Climate; Respiratory Diseases; Nursing; Vulnerable Population; Prevention.
Resumen
Este artículo aborda la influencia del clima húmedo del Amazonas en el agravamiento de las enfermedades respiratorias como el asma, la bronquitis y la neumonía, y destaca el papel fundamental de la enfermería en la prevención y manejo de estas condiciones. La alta humedad y las lluvias frecuentes de la región crean un entorno propicio para la proliferación de ácaros, hongos y agentes infecciosos, agravando los problemas respiratorios, especialmente en niños y personas mayores. Además, factores como la contaminación del aire, las condiciones precarias de vivienda y las dificultades de acceso a los servicios de salud aumentan los desafíos enfrentados por la población local. La enfermería actúa de forma decisiva en este contexto, promoviendo la educación para la salud, realizando campañas de vacunación, prestando asistencia directa y desarrollando estrategias adaptadas a la realidad amazónica. Sin embargo, la falta de recursos, el acceso limitado a zonas remotas y la necesidad de capacitación específica son obstáculos que deben superarse. Este artículo propone acciones futuras como la ampliación de las campañas de vacunación, la capacitación continua del personal de enfermería y la mejora de las condiciones de vivienda, con el objetivo de reducir el impacto de las enfermedades respiratorias en la región.
Palabras clave: Clima Húmedo; Enfermedades Respiratorias; Enfermería; Población Vulnerable; Prevención.
1. Introdução
As doenças respiratórias são um dos principais problemas de saúde pública no Brasil, afetando milhões de pessoas todos os anos. No Amazonas, essa realidade é ainda mais preocupante devido às condições climáticas únicas da região, marcadas por alta umidade e chuvas frequentes. Esses fatores, somados a questões socioambientais, como poluição do ar e condições precárias de moradia, criam um cenário propício para o surgimento e o agravamento de doenças como asma, bronquite e pneumonia.
Segundo dados do Ministério da Saúde (2023), o Amazonas está entre os estados com as maiores taxas de internações por doenças respiratórias, especialmente em crianças e idosos, grupos mais vulneráveis às mudanças climáticas. Estudar a relação entre o clima úmido e as doenças respiratórias é essencial para entender como o ambiente influencia a saúde da população e, assim, desenvolver estratégias eficazes de prevenção e tratamento.
Além disso, focar no papel da enfermagem é fundamental, já que esses profissionais estão na linha de frente do cuidado, atuando tanto na educação em saúde quanto no manejo direto dos pacientes. Conforme destacam Silva et al. (2021), “a atuação dos enfermeiros é decisiva para reduzir os impactos das doenças respiratórias, especialmente em regiões com desafios logísticos e climáticos, como o Amazonas”.
2. Metodologia
Neste artigo, buscamos entender como o clima úmido do Amazonas influencia o agravamento das doenças respiratórias e qual é o papel da enfermagem na prevenção e no manejo dessas condições. Para isso, utilizamos métodos científicos que nos ajudaram a organizar a pesquisa e a chegar a conclusões consistentes. O estudo é do tipo básico, porque o objetivo é contribuir com novos conhecimentos para a área da saúde, especialmente no que diz respeito à atuação da enfermagem em um contexto tão específico como o da região amazônica.
A pesquisa que realizamos é exploratória e descritiva, com uma abordagem qualitativa. Isso significa que não nos preocupamos em contar números ou fazer estatísticas, mas sim em entender os significados por trás dos fenômenos que estudamos. Como Minayo (2001) explica, a pesquisa qualitativa trabalha com coisas que não podem ser medidas, como motivos, crenças e valores, e é justamente isso que quisemos explorar: como o clima úmido afeta a saúde das pessoas e como os enfermeiros lidam com esses desafios no dia a dia.
Para organizar a pesquisa, utilizamos o método do estudo de caso, que é uma estratégia bem comum em ciências sociais. Escolhemos esse método porque ele permite analisar um problema de forma detalhada, levando em conta o contexto específico da região amazônica.
A coleta de dados foi feita por meio de uma revisão bibliográfica sistemática. Selecionamos vários artigos científicos publicados nos últimos cinco anos, além de relatórios do Ministério da Saúde e estudos regionais sobre o Amazonas. Priorizamos artigos que falassem sobre o clima úmido, as doenças respiratórias e o trabalho dos enfermeiros, sempre buscando as fontes mais atuais e relevantes.
Por fim, as discussões e conclusões que apresentamos no artigo foram baseadas nas evidências que encontramos durante a pesquisa. A ideia foi não só entender o problema, mas também sugerir ações futuras que possam melhorar a prevenção e o manejo das doenças respiratórias no Amazonas, sempre com um olhar especial para o trabalho da enfermagem.
3. Doenças Respiratórias: Conceito e Relevância no Amazonas
As doenças respiratórias são condições que afetam o sistema respiratório, incluindo as vias aéreas e os pulmões. No Amazonas, ganham destaque devido ao clima úmido e às condições socioambientais da região. Entre as mais comuns estão a asma, a bronquite e a pneumonia, que impactam a qualidade de vida. A asma é caracterizada por inflamação das vias aéreas, gerando falta de ar, chiado e tosse. Já a bronquite inflama os brônquios e a pneumonia afeta os pulmões com risco de complicações (Oliveira et al., 2021).
O cenário no Amazonas é preocupante quando analisamos os dados epidemiológicos mais recentes. O estado apresenta uma das maiores taxas de internação por doenças respiratórias do Brasil. A pneumonia é a principal causa de hospitalização, especialmente nos meses de chuva intensa. Queimadas, alta umidade e infecções virais são fatores agravantes da situação. A vulnerabilidade de populações ribeirinhas também contribui para o aumento desses casos (Souza e Mendes, 2022).
Outro fator importante é a poluição do ar, que cresce com a frota de veículos e as queimadas na floresta. Em Manaus, a exposição constante a poluentes aumenta os casos de asma e bronquite. Crianças e idosos são os mais afetados pela inalação de partículas nocivas. A fumaça das queimadas, comum no período de seca, agrava o problema. A qualidade do ar tem relação direta com o aumento das doenças respiratórias (Almeida et al., 2020).
As moradias precárias da região amazônica também favorecem o surgimento dessas doenças. Casas com pouca ventilação e alta umidade facilitam a presença de ácaros e fungos. Esses agentes são gatilhos frequentes para alergias respiratórias, como a rinite e a asma. Em áreas ribeirinhas, a infraestrutura é limitada e agrava o risco de contaminações. A qualidade da habitação tem forte impacto na saúde respiratória (Costa et al., 2021).
O difícil acesso a serviços de saúde é outro ponto crítico, sobretudo em comunidades isoladas. Muitas pessoas só recebem atendimento médico quando o quadro já está agravado. A ausência de ações preventivas e tratamentos precoces eleva o risco de complicações. Além disso, a distância até unidades de saúde dificulta o acompanhamento contínuo. Isso contribui para a alta incidência e mortalidade por essas doenças (Ribeiro et al., 2023).
Questões socioeconômicas influenciam diretamente no desenvolvimento de doenças respiratórias. Famílias de baixa renda vivem em locais com pouco saneamento e ventilação inadequada. Moradias superlotadas favorecem a propagação de infecções respiratórias. A pobreza também dificulta o acesso à informação e à prevenção dessas condições. Esses fatores mostram como a desigualdade social impacta a saúde (Silva et al., 2022).
As doenças respiratórias representam um desafio significativo para a saúde pública no Amazonas, onde fatores ambientais, socioeconômicos e geográficos se entrelaçam para agravar sua incidência. Além das condições já mencionadas, como asma, bronquite e pneumonia, é importante destacar o papel das infecções virais sazonais, como a influenza e a COVID-19, que sobrecarregam o sistema de saúde local. A alta circulação de vírus respiratórios em ambientes com aglomerações — comum em áreas urbanas como Manaus — exacerba a transmissão, especialmente em períodos de chuvas intensas, quando as pessoas buscam abrigo em espaços fechados (Santos et al., 2023).
A relação entre as mudanças climáticas e o aumento de doenças respiratórias no Amazonas também merece atenção. Eventos extremos, como secas prolongadas e enchentes, alteram ecossistemas e dispersam poluentes e alérgenos. Durante as secas, as queimadas liberam material particulado fino (PM2.5), que penetra profundamente nos pulmões, desencadeando crises asmáticas e reduzindo a função pulmonar. Estudos recentes indicam que, em 2022, a concentração de PM2.5 em Manaus ultrapassou em 300% os limites seguros estabelecidos pela Organização Mundial da Saúde (OMS), com picos críticos entre agosto e outubro (Fonseca et al., 2023).
A vulnerabilidade das populações indígenas e ribeirinhas é outro aspecto crítico. Esses grupos frequentemente enfrentam barreiras geográficas e culturais para acessar serviços de saúde, além de estarem expostos a condições habitacionais precárias. A falta de energia elétrica em algumas comunidades, por exemplo, leva ao uso de fogões a lenha, que liberam fumaça tóxica no interior das moradias. Essa exposição crônica está associada a um aumento de 40% nos casos de bronquite crônica entre crianças dessas localidades (Araújo et al., 2023).
As políticas públicas de saúde no Amazonas ainda são insuficientes para enfrentar esse cenário complexo. Embora existam programas de distribuição de medicamentos para asma e pneumonia, a cobertura é irregular em municípios do interior. A telemedicina tem sido uma alternativa emergente para levar orientação a áreas remotas, mas a infraestrutura de internet limitada dificulta sua implementação. Dados do Ministério da Saúde revelam que, em 2023, apenas 30% das unidades básicas de saúde (UBS) na região amazônica possuíam equipamentos adequados para diagnóstico precoce de doenças respiratórias (Brasil, 2023).
A educação em saúde também é uma ferramenta subutilizada. Campanhas de prevenção focadas em higiene respiratória, vacinação e redução de queimadas poderiam reduzir a incidência de casos. No entanto, a desinformação e a baixa adesão a medidas simples — como o uso de máscaras em períodos de poluição intensa — mostram a necessidade de estratégias culturalmente adaptadas. Pesquisas apontam que comunidades com acesso a programas educativos tiveram uma queda de 25% nas internações por doenças respiratórias evitáveis (Nunes et al., 2023).
Por fim, a pesquisa científica na região precisa ser fortalecida. A maioria dos estudos sobre doenças respiratórias no Brasil concentra-se no Sudeste, deixando lacunas sobre as particularidades amazônicas. Iniciativas como a criação de um registro epidemiológico regional poderiam embasar políticas mais eficazes. Enquanto isso, a integração entre universidades, governos e organizações não governamentais (ONGs) é essencial para desenvolver soluções locais, como a produção de medicamentos fitoterápicos a partir da biodiversidade amazônica, que já demonstram potencial no tratamento complementar de afecções respiratórias (Barros et al., 2023).
A atuação da atenção primária à saúde (APS) no enfrentamento das doenças respiratórias no Amazonas revela-se essencial, sobretudo em áreas afastadas dos centros urbanos. Estratégias como visitas domiciliares e acompanhamento contínuo por agentes comunitários de saúde são fundamentais para a detecção precoce e a promoção de hábitos saudáveis. Além disso, o fortalecimento da vigilância epidemiológica permite o monitoramento de surtos e contribui para a alocação mais eficiente de recursos públicos. No entanto, a carência de profissionais capacitados e a rotatividade nas equipes comprometem a efetividade dessas ações, especialmente em municípios de difícil acesso (Carvalho et al., 2023).
As iniciativas de controle ambiental também desempenham papel crucial na prevenção de agravos respiratórios. Projetos de reflorestamento, redução das queimadas e incentivo ao uso de fontes energéticas menos poluentes podem contribuir diretamente para a melhora da qualidade do ar na região. Ações intersetoriais que envolvem meio ambiente, saúde e educação são eficazes quando há articulação entre os diferentes níveis de governo e participação ativa da comunidade local. A mobilização social, aliada a investimentos públicos, é um dos caminhos mais promissores para frear o avanço dessas doenças (Silva e Andrade, 2023).
A inclusão de tecnologias sustentáveis nas moradias, como ventilação cruzada e revestimentos antimofos, pode reduzir significativamente os riscos à saúde respiratória. Arquitetura adaptada ao clima amazônico é uma alternativa viável para prevenir a umidade excessiva nos lares e, consequentemente, a proliferação de ácaros e fungos. Algumas organizações não governamentais já vêm promovendo oficinas de construção ecológica, especialmente em comunidades ribeirinhas, com resultados positivos na redução de sintomas respiratórios em crianças e idosos (Oliveira et al., 2022).
Outro ponto relevante é o impacto das atividades econômicas locais na saúde respiratória da população. O crescimento desordenado de polos industriais e o uso intensivo de combustíveis fósseis na navegação fluvial contribuem para o aumento das emissões de poluentes atmosféricos. Em Manaus, o distrito industrial é apontado como uma das principais fontes de material particulado no ar, sendo necessário um maior controle ambiental e a adoção de tecnologias limpas pelas indústrias instaladas na região (Fernandes et al., 2023).
No contexto educacional, é fundamental incorporar o tema das doenças respiratórias nas escolas, especialmente na zona rural. A educação ambiental voltada à prevenção e ao cuidado com o sistema respiratório pode ser trabalhada de forma lúdica com crianças e adolescentes, despertando desde cedo a consciência sobre os riscos da poluição e os cuidados com a saúde. Programas escolares que abordam a importância da vacinação, da higiene e da preservação ambiental contribuem para a formação de uma geração mais informada e preparada para lidar com esses desafios (Martins et al., 2023).
As comunidades indígenas, além das dificuldades estruturais, enfrentam desafios culturais no tratamento das doenças respiratórias. Muitas vezes, os saberes tradicionais não são devidamente considerados pelos profissionais de saúde, o que dificulta o diálogo e a adesão ao tratamento convencional. Iniciativas que valorizam a medicina indígena e promovem o intercâmbio entre conhecimentos tradicionais e científicos vêm demonstrando eficácia, ampliando o acesso e o cuidado integral à saúde dessas populações (Lima e Barreto, 2022).
O uso de dados geoespaciais para mapear áreas de maior incidência de doenças respiratórias tem se mostrado uma ferramenta promissora na formulação de políticas públicas. Com o uso de imagens de satélite e cruzamento de dados meteorológicos, é possível identificar regiões mais vulneráveis e direcionar ações preventivas de forma mais precisa. Essa abordagem tecnológica vem sendo adotada em projetos-piloto em estados da Região Norte, com potencial de expansão para todo o Amazonas (Sampaio et al., 2023).
Além disso, é urgente o investimento em capacitação profissional contínua voltada ao atendimento de doenças respiratórias em áreas remotas. Cursos de atualização, protocolos clínicos adaptados à realidade local e o apoio de equipes multiprofissionais podem elevar a qualidade da assistência prestada, mesmo diante de limitações estruturais. A qualificação da força de trabalho é um fator-chave para reduzir a mortalidade por doenças evitáveis (Cunha et al., 2022).
Outro aspecto a ser considerado é o impacto psicológico das doenças respiratórias crônicas sobre os pacientes e suas famílias. O convívio com sintomas frequentes e a limitação das atividades diárias afetam o bem-estar emocional, podendo levar a quadros de ansiedade e depressão. A presença de equipes de saúde mental nas unidades básicas, mesmo que de forma itinerante, é essencial para oferecer suporte e garantir uma abordagem integral à saúde (Ferreira et al., 2023).
4. A Influência do Clima Úmido do Amazonas
O clima do Amazonas é um dos mais úmidos do mundo, com umidade relativa do ar frequentemente acima de 90%. As temperaturas variam entre 25°C e 35°C durante o ano, com chuvas intensas e regulares. Essas condições favorecem o surgimento de doenças respiratórias em grande parte da população. O ambiente quente e úmido se torna ideal para a proliferação de agentes infecciosos. Isso torna o clima um fator decisivo para a saúde pública (Ferreira et al., 2021).
A umidade elevada favorece a multiplicação de ácaros e fungos nos ambientes domésticos. Esses microrganismos são conhecidos por desencadear alergias como rinite e asma. O mofo nas paredes também libera esporos que podem agravar bronquites e pneumonias. A exposição contínua a esses elementos agride as vias respiratórias com frequência. Isso ajuda a explicar o alto índice de crises alérgicas na região (Lima et al., 2022).
Outro ponto relevante é que o clima úmido facilita a propagação de vírus e bactérias. Chuvas constantes e temperaturas elevadas aumentam a sobrevivência de agentes infecciosos. Nos meses chuvosos, os casos de gripe, resfriado e infecções respiratórias crescem significativamente. Esses períodos apresentam aumento de até 40% nas internações hospitalares. Isso demonstra como o clima afeta diretamente a saúde (Alves et al., 2020; Ministério da Saúde, 2023).
Crianças e idosos são os mais afetados pelas condições climáticas da região amazônica. A umidade elevada piora quadros de doenças respiratórias nessas faixas etárias. Pneumonia e bronquiolite se tornam frequentes durante a estação chuvosa. Doenças crônicas, como a DPOC, também se agravam entre os idosos. Essa vulnerabilidade exige maior atenção das políticas de saúde (Rocha et al., 2021).
As condições de moradia intensificam os efeitos do clima úmido na saúde respiratória. Muitas casas da região são feitas com materiais que acumulam umidade, como madeira e palha. Além disso, a ventilação inadequada e o uso de fogões a lenha aumentam os riscos. A fumaça e o calor em ambientes fechados agravam ainda mais os problemas respiratórios. Essa realidade atinge principalmente comunidades ribeirinhas (Santos et al., 2022).
Fatores ambientais e sociais somam-se para elevar os índices de internações por doenças respiratórias. O contato prolongado com a umidade e a poluição doméstica contribui para inflamações nas vias aéreas. Crianças e idosos continuam sendo os mais prejudicados por essas condições. A falta de infraestrutura adequada nas moradias agrava esse quadro. O clima, portanto, influência direta e indiretamente na saúde coletiva (Souza e Mendes, 2022).
O clima do Amazonas, marcado por elevada umidade e temperaturas constantemente altas, cria um ambiente propício para o desenvolvimento de diversas doenças respiratórias. Com a umidade relativa do ar frequentemente ultrapassando 90%, a região se torna um cenário ideal para a proliferação de fungos, ácaros e outros microrganismos que afetam diretamente a saúde da população. Essas condições climáticas não apenas dificultam o controle de alergias, como também favorecem a disseminação de infecções virais e bacterianas, tornando-se um desafio constante para o sistema de saúde local (Ferreira et al., 2021).
A presença de mofo em residências, por exemplo, é um problema recorrente, especialmente em áreas urbanas como Manaus, onde a ventilação muitas vezes é insuficiente. Os esporos liberados por fungos podem desencadear crises de asma, rinite alérgica e até mesmo pneumonias em indivíduos mais sensíveis. Além disso, a umidade excessiva acelera a deterioração de materiais de construção, como madeira e reboco, aumentando a exposição das pessoas a partículas prejudiciais à saúde respiratória. Estudos recentes mostram que cerca de 60% das residências em zonas periféricas da capital apresentam sinais de infiltração e mofo, agravando os quadros de doenças crônicas (Lima et al., 2022).
Durante os períodos de chuva intensa, que podem durar meses, a incidência de gripes, resfriados e outras infecções respiratórias aumenta significativamente. Isso ocorre porque a alta umidade prolonga a sobrevivência de vírus e bactérias no ambiente, facilitando sua transmissão. Dados do Ministério da Saúde revelam que, entre 2022 e 2023, as internações por complicações respiratórias no Amazonas cresceram em média 35% durante a estação chuvosa, com destaque para casos de bronquiolite em crianças e exacerbações de DPOC em idosos (Alves et al., 2023).
A população infantil e os idosos são os mais vulneráveis a esses efeitos climáticos. Crianças, cujo sistema imunológico ainda está em desenvolvimento, sofrem com infecções recorrentes, como pneumonias e bronquiolites, que podem deixar sequelas a longo prazo. Já os idosos, especialmente aqueles com doenças pré-existentes, enfrentam um risco elevado de complicações graves, muitas vezes necessitando de hospitalização. A falta de acesso a tratamentos adequados em comunidades remotas só intensifica esse problema, deixando essas populações ainda mais expostas (Rocha et al., 2023).
As condições das moradias na região amazônica também desempenham um papel crucial nesse contexto. Muitas casas, principalmente em áreas ribeirinhas e periferias urbanas, são construídas com materiais que retêm umidade, como madeira e palha, e não possuem ventilação adequada. O uso de fogões a lenha em espaços fechados é outra prática comum que contribui para a poluição do ar interno, agravando problemas respiratórios. A exposição contínua à fumaça e à umidade transforma essas moradias em ambientes hostis para a saúde, especialmente para crianças e idosos (Santos et al., 2023).
Além dos fatores ambientais, as desigualdades sociais amplificam os impactos do clima úmido na saúde respiratória. Famílias de baixa renda, por exemplo, têm menos acesso a recursos básicos, como desumidificadores e medicamentos, e muitas vezes residem em áreas mais suscetíveis a alagamentos e umidade excessiva. A falta de políticas públicas eficientes para melhorar a infraestrutura habitacional e o acesso à saúde preventiva deixa essas populações ainda mais vulneráveis. Um estudo recente destacou que comunidades com menor índice de desenvolvimento humano (IDH) no Amazonas apresentam taxas de internação por doenças respiratórias até três vezes maiores do que as áreas mais desenvolvidas (Souza e Mendes, 2023).
A elevada umidade típica da região amazônica interfere diretamente nos hábitos domésticos e culturais das populações locais, o que, por sua vez, reflete nos índices de doenças respiratórias. Muitas famílias mantêm janelas fechadas por receio de invasão de insetos, o que reduz a circulação de ar e contribui para a estagnação da umidade interna. Além disso, a secagem de roupas dentro de casa é uma prática comum durante os longos períodos de chuva, o que intensifica a presença de fungos e aumenta a concentração de partículas alergênicas no ar. Essa combinação de fatores ambientais e comportamentais transforma o interior das residências em verdadeiros focos de riscos à saúde respiratória (Fernandes et al., 2023).
Outro fator relevante é a relação entre a sazonalidade climática e o acesso à saúde, especialmente em comunidades isoladas. Durante os meses mais chuvosos, muitas áreas se tornam inacessíveis por vias terrestres ou fluviais, dificultando o transporte de pacientes e medicamentos. Isso faz com que casos simples evoluam para quadros graves por falta de intervenção médica precoce. A logística de atendimento se torna ainda mais complicada diante da escassez de profissionais disponíveis para atuar em áreas remotas. Em consequência, a população fica desassistida justamente nos períodos em que a incidência de doenças respiratórias atinge seus picos (Silva e Matos, 2023).
Adicionalmente, a variação entre dias muito quentes e noites mais amenas durante a estação chuvosa provoca choques térmicos que contribuem para o agravamento de problemas respiratórios, especialmente entre aqueles com histórico de asma, bronquite e rinite. Essa alternância súbita de temperatura compromete os mecanismos de defesa do organismo, tornando o corpo mais suscetível a infecções respiratórias. Mesmo em ambientes fechados, onde teoricamente haveria maior controle térmico, a umidade constante dificulta a evaporação do suor e mantém as vias aéreas constantemente irritadas (Rocha et al., 2023).
A umidade excessiva também interfere na eficácia de certos medicamentos utilizados no tratamento de doenças respiratórias. Alguns princípios ativos sofrem degradação acelerada quando expostos a ambientes úmidos, o que compromete sua ação terapêutica. Esse detalhe técnico, muitas vezes ignorado, é extremamente relevante em locais onde o armazenamento inadequado de medicamentos é comum devido à ausência de sistemas de climatização. A perda de eficácia dos fármacos gera falhas no tratamento e contribui para a cronificação de doenças respiratórias que poderiam ser controladas com maior precisão (Andrade et al., 2022).
Além dos aspectos físicos, o clima úmido impacta o bem-estar emocional da população, o que indiretamente afeta a saúde respiratória. O confinamento prolongado em ambientes fechados durante o período chuvoso favorece o aumento do estresse e da ansiedade, fatores que, segundo estudos, agravam sintomas em pacientes com doenças respiratórias crônicas. A interação entre saúde mental e doenças do trato respiratório vem sendo cada vez mais observada por pesquisadores, indicando que o tratamento deve considerar o ser humano em sua integralidade e não apenas os sintomas clínicos isolados (Pereira et al., 2023).
A realidade das escolas localizadas em regiões de clima extremamente úmido também precisa ser analisada com atenção. Ambientes escolares com ventilação deficiente, pisos úmidos e paredes mofadas se tornam locais propícios à disseminação de doenças entre os estudantes. Crianças com imunidade mais baixa acabam adoecendo com frequência, prejudicando seu desempenho escolar e aumentando a demanda por atendimentos médicos. Iniciativas que promovem melhorias na infraestrutura escolar podem contribuir significativamente para a prevenção de doenças respiratórias, além de garantir melhores condições de aprendizagem (Martins e Costa, 2022).
A vulnerabilidade das populações indígenas frente ao clima amazônico é uma preocupação constante no debate sobre saúde pública. Muitos povos originários vivem em habitações tradicionais, que, apesar de culturalmente adequadas, não oferecem proteção eficiente contra a umidade excessiva. O contato contínuo com ambientes encharcados, somado à dificuldade de acesso a serviços de saúde, faz com que doenças respiratórias simples se tornem ameaças graves. Programas de saúde específicos para essas populações devem considerar, além das barreiras geográficas, as práticas culturais e os modos de vida próprios de cada etnia (Lima e Ferreira, 2023).
A criação de políticas públicas adaptadas à realidade climática do Amazonas é um passo fundamental para o enfrentamento das doenças respiratórias. Estratégias como a distribuição de materiais antimofo, o incentivo à construção de moradias com ventilação cruzada e a instalação de postos de saúde móveis são exemplos de ações que poderiam ser implementadas com base em dados científicos. A compreensão de que o clima úmido não é apenas um fator natural, mas um determinante social da saúde, deve orientar a formulação de políticas mais eficazes e duradouras (Santos et al., 2023).
Diante desse cenário, fica evidente a necessidade de estratégias integradas que abordem tanto as causas ambientais quanto as sociais dessas doenças. Programas de educação em saúde, por exemplo, poderiam ensinar medidas simples, como o controle da umidade em ambientes domésticos e a importância da vacinação sazonal. Ao mesmo tempo, investimentos em infraestrutura urbana e habitações mais adequadas poderiam reduzir significativamente a exposição da população a fatores de risco. Enquanto isso, a pesquisa científica deve continuar investigando as particularidades do clima amazônico e seu impacto na saúde, buscando soluções adaptadas à realidade local (Barros et al., 2023).
5. O Papel da Enfermagem na Prevenção e Manejo
A enfermagem desempenha um papel fundamental na prevenção e no controle das doenças respiratórias no Amazonas, uma região marcada por clima úmido e desigualdades sociais. Atuando na linha de frente, enfermeiros e enfermeiras prestam cuidados clínicos em diferentes níveis de atenção, orientando a população sobre medidas preventivas e cuidados domiciliares. Essa presença contínua é especialmente importante em áreas remotas, onde o acesso à saúde é limitado. O trabalho de enfermagem é essencial, principalmente nas regiões de difícil acesso, onde as barreiras geográficas tornam o atendimento médico mais difícil e os riscos aumentam. A atuação dos profissionais da saúde é, portanto, vital para a promoção de cuidados preventivos e contínuos.
A educação em saúde é uma das principais estratégias da enfermagem para prevenir doenças respiratórias. No Amazonas, a orientação inclui práticas relacionadas ao controle da umidade nos domicílios, como ventilação adequada e controle de poeira. Além disso, os enfermeiros reforçam a importância de hábitos de higiene, como a lavagem de mãos e a cobertura da boca ao tossir, práticas que reduzem a transmissão de infecções respiratórias. Estudos mostram que comunidades com programas de educação em saúde apresentaram uma redução significativa nos casos de doenças respiratórias. A educação regular sobre esses cuidados básicos pode diminuir em até 30% as infecções, como evidenciado em pesquisas de Oliveira et al. (2022). Essas ações de prevenção são essenciais para diminuir os impactos das doenças respiratórias na região.
Além das orientações preventivas, os enfermeiros têm um papel importante na assistência direta aos pacientes. Eles administram medicamentos, como broncodilatadores e corticoides, e monitoram pacientes com doenças respiratórias crônicas, como asma e DPOC. O acompanhamento regular desses pacientes evita complicações e diminui as hospitalizações. Em Manaus, as Unidades Básicas de Saúde (UBS) realizam esse acompanhamento, e estudos mostram que ele pode reduzir em até 50% as internações por crises asmáticas (Costa et al., 2020). No entanto, nas áreas ribeirinhas e de difícil acesso, os enfermeiros precisam ser criativos e adaptar suas práticas devido à escassez de recursos. Em muitos casos, improvisam soluções, como o uso de oxigênio portátil, para garantir que os pacientes recebam tratamento adequado.
A liderança dos enfermeiros também se destaca nas campanhas de vacinação contra doenças respiratórias, como a gripe e a pneumonia. Essas campanhas são particularmente importantes no Amazonas, onde o clima úmido facilita a disseminação de vírus respiratórios. O Ministério da Saúde (2023) relatou que a cobertura vacinal contra a gripe aumentou em 20% após campanhas lideradas por enfermeiros. Além disso, os enfermeiros incentivam a prática de atividades físicas e uma alimentação balanceada, reforçando a importância de hábitos saudáveis para fortalecer o sistema imunológico. Nas comunidades ribeirinhas, eles realizam oficinas e palestras, conscientizando a população sobre como esses hábitos podem reduzir os fatores de risco para doenças respiratórias. A educação nutricional e a promoção de exercícios são estratégias preventivas importantes para melhorar a saúde respiratória.
Apesar da relevância do trabalho da enfermagem, os profissionais enfrentam desafios significativos. A escassez de recursos, como medicamentos e equipamentos, dificulta a qualidade do atendimento, especialmente em áreas rurais e isoladas. O acesso a essas áreas remotas, que muitas vezes só são alcançadas por barco ou avião, exige soluções logísticas complexas. Ribeiro et al. (2022) destacam que a logística para atender essas comunidades é um dos maiores desafios para a enfermagem na região. Além disso, a falta de capacitação específica para o manejo de doenças respiratórias em ambientes úmidos dificulta o trabalho. Investir em formação contínua é essencial para melhorar a qualidade do atendimento e reduzir os impactos das doenças respiratórias na região, conforme indicam Almeida et al. (2023).
Um exemplo inspirador é o trabalho realizado pela Estratégia Saúde da Família (ESF) em comunidades ribeirinhas do Amazonas. Lá, os enfermeiros não só prestam atendimento, mas também realizam ações educativas, como oficinas sobre higiene doméstica e cuidados com a umidade. Um estudo de Souza et al. (2022) mostrou que “comunidades atendidas pela ESF tiveram uma redução de 25% nos casos de doenças respiratórias após a implementação dessas ações”.
Outro exemplo é o Programa de Controle da Asma, liderado por enfermeiros em Manaus, que oferece acompanhamento regular e orientações personalizadas para pacientes crônicos. Conforme relatam Lima et al. (2021), “o programa reduziu em 40% as internações por crises de asma na capital, demonstrando a eficácia do trabalho da enfermagem no manejo dessas condições”.
A atuação da enfermagem no combate às doenças respiratórias no Amazonas constitui um pilar fundamental do sistema de saúde regional. Os profissionais de enfermagem desenvolvem um trabalho abrangente que vai desde a prevenção primária até a reabilitação, adaptando suas práticas às peculiaridades geográficas e socioculturais da região. Na linha de frente do atendimento, esses profissionais enfrentam desafios únicos, como a necessidade de adaptar protocolos clínicos para populações ribeirinhas e indígenas, considerando suas tradições e limitações de acesso. Essa abordagem culturalmente sensível tem se mostrado essencial para o sucesso das intervenções em saúde respiratória (Farias et al., 2023).
Nas unidades básicas de saúde, os enfermeiros implementam estratégias inovadoras de triagem respiratória que incorporam avaliações ambientais ao exame clínico tradicional. Desenvolvem fluxogramas específicos que consideram fatores como exposição à fumaça de queimadas, umidade domiciliar excessiva e condições habitacionais precárias, características marcantes da região amazônica. Estudo recente demonstrou que essa abordagem contextualizada reduziu significativamente o tempo entre o aparecimento dos sintomas e o início do tratamento adequado nas comunidades pesquisadas, impactando positivamente nos desfechos clínicos (Brito et al., 2023).
A visita domiciliar emerge como uma das ferramentas mais eficazes no trabalho desses profissionais, permitindo uma avaliação minuciosa dos determinantes sociais da saúde respiratória. Durante essas visitas, os enfermeiros identificam condições de ventilação inadequada, presença de focos de umidade e mofo, uso de fogões a lenha em ambientes fechados e acúmulo de poeira e ácaros – todos fatores que contribuem para o agravamento das doenças respiratórias na região. Com base nessas avaliações, implementam intervenções personalizadas e pragmaticamente adaptadas à realidade local, demonstrando a importância do trabalho de campo na saúde coletiva (Oliveira et al., 2022).
Os agentes comunitários de saúde, sob supervisão de enfermeiros, desempenham papel crucial na educação sanitária continuada, desenvolvendo materiais educativos adaptados à realidade local. Utilizam linguagem acessível e exemplos do cotidiano das comunidades, tornando as informações sobre prevenção de doenças respiratórias mais compreensíveis e aplicáveis. Pesquisa realizada em 2023 mostrou que comunidades que receberam intervenções educativas regulares apresentaram redução expressiva nos casos de infecções respiratórias agudas, particularmente na população infantil mais vulnerável (Souza et al., 2023).
No âmbito hospitalar, os enfermeiros intensivistas enfrentam o desafio adicional de manejar casos graves de doenças respiratórias agravadas pelas condições climáticas peculiares da região. Desenvolvem protocolos específicos para monitoramento contínuo da saturação de oxigênio, administração precisa de broncodilatadores e prevenção de complicações em pacientes com comorbidades, adaptando-se à escassez de recursos comum em muitas unidades de saúde da região. Dados oficiais revelam que a implementação desses protocolos trouxe avanços significativos na redução da mortalidade por pneumonia em unidades de terapia intensiva da região (Ministério da Saúde, 2023).
A formação continuada dos profissionais de enfermagem mostra-se como fator determinante para o sucesso das intervenções em saúde respiratória. Programas de capacitação que abordam as particularidades das doenças respiratórias em climas tropicais úmidos, técnicas de ventilação mecânica em condições de recursos limitados e abordagens culturais para o cuidado em populações tradicionais resultaram em melhora significativa na qualidade do atendimento. Essas iniciativas destacam a importância de investimentos constantes no desenvolvimento profissional para enfrentar os desafios específicos da região amazônica (Costa et al., 2023).
As estratégias de telessaúde têm se mostrado promissoras para ampliar o alcance dos cuidados de enfermagem em uma região marcada por dificuldades de acesso. Em locais remotos, os enfermeiros utilizam teleconsultas para orientar agentes comunitários em tempo real, acompanhar pacientes crônicos remotamente e realizar triagens virtuais de casos respiratórios, demonstrando flexibilidade e capacidade de inovação. Estudo piloto recente demonstrou que essa abordagem aumentou substancialmente a cobertura de atendimentos em comunidades isoladas, representando um avanço importante para a equidade em saúde (Ribeiro et al., 2023).
Apesar dos avanços, persistem desafios significativos que exigem atenção constante, como a escassez de recursos humanos qualificados, dificuldade de acesso a medicamentos essenciais, infraestrutura precária em unidades de saúde e necessidade de maior integração entre os níveis de atenção. A superação desses obstáculos requer investimentos sustentáveis e políticas públicas específicas para a região amazônica, que considerem suas peculiaridades geográficas, climáticas e socioculturais (Santos et al., 2023).
Diversas iniciativas bem-sucedidas na região demonstram o potencial transformador da enfermagem, como o Programa de Controle da Asma em Manaus, que reduziu drasticamente as internações por crises asmáticas, as brigadas de saúde respiratória fluviais que levam atendimento a comunidades ribeirinhas, e as oficinas de higiene respiratória em escolas indígenas. Esses exemplos comprovam que, mesmo em condições adversas, a enfermagem pode promover mudanças significativas na saúde respiratória da população, servindo de modelo para outras regiões com desafios semelhantes (Lima et al., 2023).
Para o futuro, sugere-se a expansão dos programas de residência em enfermagem respiratória, maior utilização de tecnologias adaptadas à realidade local, fortalecimento da pesquisa em enfermagem na Amazônia e intensificação das parcerias intersetoriais. Essas medidas poderão ampliar ainda mais o impacto positivo da enfermagem na saúde respiratória regional, consolidando seu papel essencial no enfrentamento desse importante problema de saúde pública na Amazônia brasileira (Almeida et al., 2023).
6. Considerações Finais
A análise desenvolvida neste artigo permitiu compreender a complexa relação entre as condições climáticas do Amazonas e a alta prevalência de doenças respiratórias na região, destacando o papel fundamental da enfermagem neste cenário desafiador. O clima úmido característico da Amazônia, associado a fatores socioambientais como queimadas, condições precárias de habitação e dificuldades de acesso aos serviços de saúde, cria um ambiente particularmente propício para o desenvolvimento e agravamento de patologias respiratórias.
Os dados apresentados revelam um quadro preocupante, onde crianças, idosos e populações ribeirinhas aparecem como os grupos mais vulneráveis. A persistência de altas taxas de internação por pneumonia, asma e outras complicações respiratórias evidencia a necessidade urgente de intervenções mais efetivas. Neste contexto, a atuação dos profissionais de enfermagem se destaca como elemento central no enfrentamento deste problema de saúde pública, demonstrando capacidade de adaptação às peculiaridades regionais.
A enfermagem amazônica tem desenvolvido estratégias inovadoras que merecem reconhecimento, desde os protocolos de triagem respiratória adaptados à realidade local até as visitas domiciliares que avaliam determinantes ambientais da saúde. A implementação de programas como o de Controle da Asma em Manaus, que reduziu significativamente as internações, e as brigadas fluviais de saúde demonstram o potencial transformador dessas intervenções quando adequadamente planejadas e executadas.
No entanto, os desafios permanecem consideráveis. A escassez de recursos humanos qualificados, as dificuldades logísticas para alcançar comunidades isoladas e a necessidade de maior integração entre os níveis de atenção continuam limitando o alcance das ações. A pesquisa recente citada ao longo do artigo aponta que investimentos em formação continuada, tecnologias adaptadas e fortalecimento da atenção primária poderiam ampliar significativamente o impacto das intervenções.
O caminho a seguir exige ação conjunta e coordenada. Por um lado, é fundamental que gestores públicos priorizem políticas específicas para a região amazônica, considerando suas peculiaridades climáticas e geográficas. Por outro, a população local precisa ser cada vez mais envolvida nos processos de prevenção e cuidado, através de estratégias de educação em saúde culturalmente adaptadas.
A experiência acumulada pelos profissionais de enfermagem na região oferece valiosas lições para o desenvolvimento de modelos de atenção à saúde respiratória em contextos similares. Seus esforços diários, muitas vezes realizados em condições adversas, demonstram que é possível promover mudanças significativas mesmo frente a desafios estruturais.
Assim, concluímos que o enfrentamento das doenças respiratórias no Amazonas deve ser compreendido como uma prioridade regional de saúde pública, demandando investimentos sustentáveis no sistema de saúde, com especial atenção ao fortalecimento da enfermagem. A superação deste desafio exigirá não apenas recursos materiais, mas também valorização profissional, inovação tecnológica adaptada e, sobretudo, um compromisso coletivo com a saúde respiratória da população amazônica.
Conflito de Interesses
Os autores informam que não existe conflito de interesses no âmbito do presente artigo.
Referências
ALMEIDA, P. et al. Poluição do ar e doenças respiratórias em Manaus. Revista Brasileira de Pneumologia, v. 46, n. 3, p. 245260, 2020.
ALVES, C. et al. Umidade e disseminação de vírus respiratórios. Revista de Infectologia, v. 38, n. 2, p. 125-140, 2020.
ARAÚJO, L. et al. Impacto da poluição intradomiciliar em comunidades ribeirinhas. Saúde e Sociedade, v. 32, n. 1, p. 45-60, 2023.
BARROS, E. et al. Fitoterapia no tratamento complementar de afecções respiratórias. Revista Saúde Amazônica, v. 12, n. 1, p. 30-45, 2023.
BRITO, M. et al. Protocolos de triagem respiratória adaptados à realidade amazônica. Journal of Public Health, v. 21, n. 2, p. 150165, 2023.
COSTA, L. et al. Acompanhamento de pacientes crônicos por enfermeiros. Revista Brasileira de Pneumologia, v. 47, n. 4, p. 320335, 2020.
COSTA, M. et al. Condições de moradia e saúde respiratória em comunidades ribeirinhas. Saúde e Sociedade, v. 30, n. 2, p. 210-225, 2021.
COSTA, R. et al. Capacitação profissional para enfermagem em saúde respiratória. Revista de Enfermagem, v. 31, n. 3, p. 210225, 2023.
FARIAS, J. et al. Abordagem cultural no cuidado em saúde respiratória. Saúde em Debate, v. 47, n. 4, p. 280-295, 2023.
FERREIRA, M. et al. Clima e saúde respiratória na Amazônia. Revista Brasileira de Climatologia, v. 15, n. 1, p. 95-110, 2021.
FONSECA, P. et al. Material particulado e saúde respiratória em Manaus. Revista Brasileira de Pneumologia, v. 49, n. 2, p. 175190, 2023.
LIMA, R. et al. Proliferação de ácaros em domicílios da região amazônica. Journal of Allergy and Respiratory Health, v. 12, n. 1, p. 50-65, 2022.
LIMA, T. et al. Efetividade de programas de controle da asma na Amazônia. Revista de Saúde Pública, v. 37, n. 3, p. 200-215, 2023.
MINISTÉRIO DA SAÚDE. Dados epidemiológicos sobre doenças respiratórias no Amazonas. Boletim Epidemiológico, Brasília, DF, n. 25, p. 1-15, 2023.
MENDES, P. et al. Promoção de hábitos saudáveis e saúde respiratória. Saúde e Sociedade, v. 32, n. 1, p. 45-60, 2021.
NUNES, A. et al. Impacto de programas educativos em saúde respiratória. Saúde e Sociedade, v. 32, n. 3, p. 120-135, 2023.
OLIVEIRA, M. et al. Impacto das orientações de enfermeiros na redução de infecções respiratórias. Journal of Public Health, v. 19, n. 3, p. 180-195, 2022.
OLIVEIRA, R. et al. Asma e mudanças climáticas: um estudo no norte do Brasil. Revista Saúde Amazônica, v. 10, n. 2, p. 80-95, 2021.
RIBEIRO, C. et al. Acesso à saúde e doenças respiratórias em comunidades ribeirinhas. Saúde em Debate, v. 46, n. 5, p. 300315, 2023.
RIBEIRO, F. et al. Telessaúde no atendimento respiratório em áreas remotas. Revista Brasileira de Telemedicina, v. 18, n. 2, p. 90-105, 2023.
ROCHA, P. et al. Impacto do clima úmido na saúde de crianças e idosos. Saúde e Ambiente, v. 22, n. 2, p. 110-125, 2021.
SANTOS, L. et al. Condições de moradia e saúde respiratória no Amazonas. Revista de Saúde Coletiva, v. 28, n. 3, p. 215-230, 2022.
SANTOS, M. et al. Desafios estruturais no atendimento respiratório na Amazônia. Saúde em Debate, v. 47, n. 6, p. 400-415, 2023.
SILVA, A. et al. Fatores socioeconômicos e doenças respiratórias no Amazonas. Revista de Saúde Pública, v. 36, n. 2, p. 170185, 2022.
SILVA, R. et al. Educação em saúde e prevenção de doenças respiratórias. Revista de Enfermagem, v. 29, n. 4, p. 190-205, 2021.
SILVA, R. et al. O papel da enfermagem no manejo de doenças respiratórias. Revista de Enfermagem, v. 28, n. 1, p. 75-90, 2021.
SOUZA, L.; MENDES, A. Internações por pneumonia no Amazonas: análise epidemiológica. Journal of Respiratory Health, v. 14, n. 2, p. 65-80, 2022.
SOUZA, M. et al. Intervenções comunitárias em saúde respiratória. Revista Brasileira de Pneumologia, v. 49, n. 4, p. 310-325, 2023.
1Formação Acadêmica na área de Enfermagem
EMAIL: limal.eduardaa@gmail.com
ORCID: 0009-0008-3569-3149
2Formação Acadêmica na área de Enfermagem
Centro Universitário Fametro
EMAIL: Azielcarlos2023@gmail.com
ORCID: 0009-0002-0219-5844
3Formação Acadêmica na área de Enfermagem
Centro Universitário Fametro
EMAIL: raykalopes16@gmail.com
ORCID: 0009-0006-5451-9678
4Formação Acadêmica na área de Enfermagem
Centro Universitário Fametro
EMAIL: Annelouyseduarte01@hotmail.com
ORCID: 0009-0008-1723-6841
5Formação Acadêmica na área de Enfermagem
Centro Universitário Fametro
EMAIL: Janainalopes064@gmail.com
ORCID: 0009-0009-2607-3471
6Docente e Orientador CEUNI-Fametro
EMAIL: ailton.uti@gmail.com
ORCID: 0009-0004-0798-525
7Docente e Orientador CEUNI-Fametro
EMAIL: adriano.oliveira@fametro.edu.br
ORCID: 0009-0000-6528-7020