DOENÇAS MENTAIS NA PANDEMIA DA COVID-19 E SUAS REPERCUSSÕES NA SOCIEDADE MANAUARA

REGISTRO DOI: 10.5281/zenodo.10152824


Carla Cristina de Souza Dimarães1
Débora Deyse Buás Ramos2
Larissa Rebeca Hermes Nunes3


RESUMO

Na história da humanidade os surtos de doenças trouxeram repercussões à saúde física e mental das pessoas. Na pandemia da COVID-19 não tem sido diferente, pois as mudanças repentinas afetam o bem-estar psicológico, e as consequências podem ser mais devastadoras que o próprio vírus. Portanto, discutir sobre esta temática é relevante para a sociedade em geral, favorecendo a compreensão dos fenômenos psíquicos e seus efeitos ao longo do tempo; considerando a importância do psicólogo para diminuição dos impactos nocivos à psique no cenário pandêmico. As Agências de Saúde vêm notificando a prevalência de psicopatologias desde o início da pandemia, mas os debates são escassos, e as ações de contenção epidemiológica não alcançam todas comunidades; sinalizando que o debate pode mobilizar a mudança deste panorama. Assim, este artigo traz a discussão mediante uma Revisão Bibliográfica, com abordagem Qualitativa, objetivando saber como as medidas de enfrentamento à pandemia favorecem a manifestação de doenças mentais, e a atuação do psicólogo diante das novas demandas na cidade de Manaus, que foi epicentro da doença na segunda onda.

Palavras-chave: Pandemia; COVID-19, Doenças Mentais, Psicologia.

SUMMARY

In the history of humanity, disease outbreaks have had repercussions on people’s physical and mental health. The COVID-19 pandemic has been no different, as sudden changes affect psychological well-being, and the consequences can be more devastating than the virus itself. Therefore, discussing this topic is relevant to society in general, favoring the understanding of psychic phenomena and their effects over time; considering the importance of the psychologist in reducing harmful impacts on the psyche in the pandemic scenario. Health Agencies have been reporting the prevalence of psychopathologies since the beginning of the pandemic, but debates are scarce, and epidemiological containment actions do not reach all communities; signaling that the debate can mobilize change in this panorama. Thus, this article brings the discussion through a Bibliographic Review, with a Qualitative approach, aiming to find out how measures to combat the pandemic favor the manifestation of mental illnesses, and the role of the psychologist in the face of new demands in the city of Manaus, which was the epicenter of the disease in the second wave.

Keywords: Pandemic; COVID-19, Mental Illnesses, Psychology.

INTRODUÇÃO

Foram inúmeras as pandemias que assombraram o mundo por diversos momentos históricos; entre essas a Peste Negra do século XIV, foi a mais calamitosa epidemia já registrada, tendo seu epicentro na Ásia Central, espalhando-se a partir do norte da Itália por toda Europa; calcula-se a mortandade de pelo menos um terço da população europeia (REZENDE, 2009, p.78).  No século XX, outro contágio aterrorizante foi o da Gripe Espanhola em 1918, que infectou um quarto da população mundial, e cerca de 50 milhões de pessoas foram mortas pelo vírus influenza (RICON, 2020, pg.11).

E estes trágicos episódios de pandemia aconteceram, em muitos casos sem a presença de psicólogos e psiquiatras, impossibilitando um estudo preciso dos impactos destas doenças na saúde mental das pessoas naquelas épocas. Mas não há dúvidas sobre as devastadoras consequências psicológicas, do efeito da pandemia nas sociedades, uma vez que o contexto é adoecedor, com cargas estressoras paradoxais, favorecendo o desencadeamento de psicopatologias.

Dessa forma, mais de 300 anos depois do surto da Peste Negra e 100 anos depois da Gripe Espanhola, o mundo abre a funesta cortina para ver e viver a cena da pandemia da COVID-19, que se caracteriza como um dos maiores problemas de saúde pública internacional das últimas décadas, atingindo praticamente todo o mundo. É um evento dessa magnitude que contribui para o desenvolvimento de perturbações psicológicas e sociais que impactam na eficácia da resposta da sociedade, em intensidade heterogênea e propagação distinta (Ministério da Saúde do Brasil, 2020).

Contudo, diferentes áreas do conhecimento, incluindo a Psicologia, buscam explicitar recomendações especializadas, para prover ferramentas combativas das adversidades da triste nova forma de viver. Contribuindo para a retomada individual das essências da alma sequestradas pelo desespero, impotência, medo, luto e dor. Diante da urgência da resiliência em resposta a um contexto permeado pela crise, o psicólogo tem sua importância evidenciada, cujo propósito é minimizar o agravamento de quadros clínicos e evitar o surgimento de transtornos mentais. 

Deste modo, este artigo pretende analisar o cenário da pandemia da COVID -19 e o desenvolvimento de transtornos mentais e problemas psicológicos diante do cumprimento das medidas de contenção da doença, considerando que as medidas de enfrentamento da COVID-19, orientadas pela Vigilância Sanitária, demandaram mudanças enérgicas e repentinas às rotinas da sociedade.

A elaboração deste artigo pauta-se na Revisão Bibliográfica, sendo imprescindível a leitura de vários autores de áreas de saúde médica e psicológica. E as informações vistas em artigos e livros, apesar de escassos dada a contemporaneidade do tema, foram analisadas sob a perspectiva da Abordagem Qualitativa. Estes documentos científicos impressos ou digitais foram obtidos mediante pesquisa dos descritores: “Pandemia”; “COVID-19”; “Transtornos mentais” e “Psicologia”, publicados no período de janeiro de 2020 a outubro de 2023, em português. E o objetivo é saber como as medidas de enfrentamento à pandemia favorecem a manifestação de doenças mentais, e a atuação do psicólogo diante das novas demandas na cidade de Manaus; considerando que a capital do Amazonas, foi atingida com pujança pela variante do vírus no período que se chamou de segunda onda.

Nesta situação a Psicologia ganha visibilidade, muitas vezes nos momentos de lidar com a morte dos doentes e o luto de familiares. Mas no decurso dos acontecimentos foi-se inferindo que a contribuição do(a) psicólogo(a) se estendia a vários contextos, vistos as sequelas psicológicas que requerem um olhar especializado e humanizado, para restaurar sentidos para seguir com a vida. E a repercussão da indiferença com o sofrimento do outro na tragédia pode reverberar por gerações diante da dimensão de uma pandemia no século XXI.

Este artigo destina-se a comunidade acadêmica, profissionais de saúde, assistentes sociais, e sociedade em geral, pois acredita-se na sua relevância em discutir sobre as consequências da pandemia da COVID-19, a fim de gerar mudanças de posturas diante das doenças que vem se instalando na sociedade, mobilizando a busca terapêutica e a reivindicação que os governos atuem a serviço da Humanidade para salvaguardar a população de novas pandemias. 

1. REFERENCIAL TEÓRICO

Contextos das Pandemias na História

De acordo com a Organização Mundial de Saúde (OMS), Pandemia é um termo usado quando uma doença se espalha rapidamente por várias localidades em diversas regiões continentais ou mundiais, nem sempre de forma homogênea, mas mediante uma contaminação sustentada, que é quando o vírus circula livremente e as transmissões ocorrem sem haver ligação direta com os países infectados anteriormente. Neste tópico, a letalidade da doença não é determinante, mas considera-se o seu poder de contágio e sua proliferação geográfica. 

Ao longo dos últimos anos, tem crescido o número de surtos virais, proliferando várias doenças pelo globo terrestre. E a história sobre as pandemias contorna séculos e preocupa a humanidade há mais dois mil anos.

De acordo com Rezende (2009), devido às desfavoráveis condições sanitárias das cidades do velho mundo, e do desconhecimento da etiologia das doenças infecciosas, grandes epidemias assombraram as nações em eras passadas, aniquilando as populações, freando a demografia, e alterando o curso da história. As epidemias eram chamadas de peste, mesmo que na maioria dos casos não fossem causadas pelo bacilo da peste (Yersinia pestis), muitas, possivelmente, eram de epidemias de varíola, tifo, cólera, malária ou febre tifóide.

E sobre a peste, no capítulo 7, do livro As Grandes Epidemias da História, é relatado que das epidemias que já aconteceram, presume-se que a primeira esteja relatada na Bíblia conforme o texto: “Porém a mão do Senhor castigou duramente os de Asdode e os assolou, e os feriu com tumores.”  registrado em I Samuel 5:6. Para Rezende (2009) este trecho narra casos da peste bubônica como um castigo divino. A peste bubônica ou negra, recebeu esta designação devido às manchas e inchaços escuros que apareciam na pele dos doentes. No século XIV, a peste negra, flagelou o velho mundo, sendo até hoje considerada a maior e a mais trágica epidemia da história, produzindo um morticínio sem precedentes.

O epicentro da peste negra foi na Ásia Central. Em 1334 a doença causou cinco milhões de mortes na Mongólia e no norte da China. Atingiu a Mesopotâmia, Síria, Egito e Grécia, nesta última os cadáveres sequer eram sepultados. Estima-se 24 milhões de mortos nos países do Oriente (REZENDE, 2009, p.73-78).

O evento que marca o início da peste negra fora da Ásia, estava relacionado às batalhas pelo comércio marítimo, no estreito de Querche. De acordo com Nápoli (2016) relatos históricos de Gabriele d`Mussis, um cronista de Piacenza escreveu duas cartas, falando sobre a peste negra em 1346, apesar de não está presente no evento que ele a descreve que: 

Durante a guerra entre genoveses e mongóis na cidade de Caffa, atual Teodósia, na Crimeia, área de conflito entre Rússia e Ucrânia. Durante a invasão à cidade muitos soldados tártaros-mongóis morreram misteriosamente de uma doença que parecia ser a peste negra. O comandante Jani Begue, ordenou que atirassem os mortos para dentro da cidade, para que o odor cadavérico espalhasse a peste ocasionando a derrota dos genoveses. Os que sobreviveram ao exército tártaro-mongol, voltaram à Itália levando a doença consigo, em ratos com pulgas e/ou piolhos vetores da doença. A partir deste movimento ocorreram diversos surtos da peste negra em vários lugares da Europa.

Em 1347 a epidemia tomou a Crimeia, ilhas gregas e a Sicília e, em 1348 os barcos vindos da Crimeia chegam em Marselha, contaminando o sul da França, matando a maior parte do povo marselhês em um ano de peste. Depois a doença chega ao centro e ao norte da Itália e se espalha pela Europa e atinge pelo menos um terço da população europeia.

O poeta italiano Giovanni Boccacio, que viveu de 1313 a 1375; descreve em seu livro Decamerão, os episódios que aconteceram em Florença, na Itália, dizendo: “A peste, atirada sobre os homens por justa cólera divina e para nossa exemplificação, tivera início nas regiões orientais. Incansável, fora de um lugar para outro, e estende-se de forma miserável para o Ocidente. […] Nenhuma prevenção foi válida, nem valeu a pena qualquer providência dos homens”. Ele também fala sobre os sintomas e o caos que se instalou em Florença: “Entre a aflição e tanta miséria de nossa cidade, a autoridade das leis, quer divinas quer humanas desmoronaram e dissolve-se”.

Outra dificuldade, descrita por Boccacio, era de sepultar os mortos: “Para dar sepultura à grande quantidade de corpos já não era suficiente a terra sagrada junto às igrejas; às centenas, os cadáveres que iam chegando; e eles eram empilhados como as mercadorias nos navios” (Boccaccio, 1979, p. 11-16).

Parte considerável dos acontecimentos apontados por Boccacio resultam do desconhecimento clínico sobre a patologia e falta de manejo nas interações sociais na crise pandêmica, pois, ‘‘não se sabia qual a causa desta grande mortandade, e em alguns lugares pensava-se que os judeus haviam envenenado o mundo e por isso os mataram’’ (Castiglioni, p. 420). Na Itália, foram expedidos decretos que todo pestilento deveria ser levado ao campo para morrer ou se curar; mas antes se confiscou os bens dos doentes.

Em meio a estas barbáries, alguns médicos que se dispuseram a cuidar dos doentes, colocando em risco a própria vida. Mas também havia médicos inescrupulosos que se aproveitavam das vítimas. Os icônicos médicos da peste se destacavam pela indumentária da capa preta, botas altas, óculos e uma máscara com um bico de 15 centímetros, que continha ervas. Nesta época fazia sentido o uso destas máscaras com essências, pois se acreditava que respirar aroma a ervas, evitava o contágio pelo mau cheiro das feridas. 

Mas todas as medidas executadas não deram conta da peste negra, e ela se manteve de forma endêmica por muitos anos e outras epidemias menores, foram registradas nos séculos posteriores. 

Foi o que aconteceu de 1894 a 1912, quando a peste reapareceu na Índia, matando onze milhões de pessoas, chegando à China, depois Estados Unidos. No Brasil, a peste chega pela cidade de Santos e propaga-se por outras cidades litorâneas. Mas em 1906 foi eliminada, persistindo como enzootia em pequenos focos endêmicos residuais na zona rural.

Mas houveram outras doenças pandêmicas, uma das mais conhecidas surgiu após a Primeira Grande Guerra. Por volta de 1918, rompe a pandemia da Gripe Espanhola, que de acordo com historiadores aparece nos campos de treinamento militar dos Estados Unidos. No Brasil os contágios iniciaram em setembro do mesmo ano, com a chegada de uma divisão naval brasileira vinda do Senegal. A quantidade de marinheiros mortos pela doença foi igual as baixas da Primeira Guerra; calcula-se que ela tenha causado de 35 mil a 300 mil mortes. (NEUFELD, 2020)

Em três ondas, contabiliza-se cerca de vinte a quarenta milhões de vítimas (Liu, 1983, p. 323). Foi chamada la dansarina, gripe pneumônica, peste pneumônica ou só pneumônica. Sua duração foi de 1918 a 1920, provocando milhões de mortes, sobretudo jovens. Ela foi causada pela virulência incomum de uma estirpe do vírus Influenza A, do subtipo H1N1.

Os sintomas dessa gripe eram: febre alta, dores no corpo e diarréia, evoluindo para pneumonia e insuficiência respiratória severa, causada pela resposta exagerada do sistema imunológico, levando a inflamações graves e acúmulo de líquido nos pulmões. Esta pandemia só acabou quando a maior parte da população mundial foi contaminada.

Em 2009 o vírus influenza H1N1 retornou com a Gripe Suína, que começou no México e se disseminou pelo mundo, matando mais de 400 mil pessoas. A pandemia durou de janeiro de 2009 a agosto de 2010, e é a segunda das duas pandemias envolvendo o vírus da gripe H1N1. 

A mais recente crise na saúde pública, inicia em 2019, quando a humanidade se depara com um novo coronavírus, responsável pela doença da COVID-19, e sua evolução descontrolada com alcance global a caracteriza como pandemia.    

1.1.1 Contexto de pandemia da COVID-19 no Brasil e em Manaus/AM

No final de 2019, o mundo já acompanhava a apreensão da OMS diante do aumento frenético de casos de um tipo de pneumonia manifesta na cidade de Wuhan, na província de Hubei na China. Nesta ocasião já se suspeitava do surgimento de uma nova cepa de coronavírus.

Em janeiro de 2020 as autoridades sanitárias chinesas confirmaram o aparecimento de um novo vírus, o qual foi denominado de SARS-COV-2 (Síndrome Respiratória Aguda Grave Coronavírus 2), um coronavírus causador da COVID-19.

Os sintomas deste novo vírus mostravam-se graves, portanto, imediatamente os governos mundiais foram advertidos do surto, propondo-se recomendações aos Sistema de Vigilância Sanitária (SVS) para o preparo das ações de contenção e cuidados para evitar a proliferação do vírus. O alerta foi tardio, uma vez que muitos países já notificaram casos confirmados de contaminação da COVID-19. 

E as respostas globais foram desencontradas dados os prognósticos divergentes dos SVS de cada país; a ausência de vacina, o desalinhamento das ações cautelares, a imprecisão na prescrição de medicamentos, desencadeiam comportamentos de pânico, com reações precipitadas sem efeitos no refreamento do contágio, gerando medo nas pessoas.

Em 03 de fevereiro de 2020, acompanhou-se com assombro a inauguração do hospital Huoshensha na cidade de Whuan.  Um prédio de 25.000 m², com 1.000 leitos, para uma equipe médica de 1.400 pessoas, entregue com 10 dias corridos. Esta obra materializa a gravidade da situação no combate da doença que chegava com rapidez.  

Em março de 2020, a OMS qualifica a COVID-19 como pandemia, em seguida o Ministério da Saúde do Brasil, através do Conselho Nacional de Saúde, regulamenta alguns critérios através da Lei nº 13.979/2020 tratando das medidas de enfrentamento emergencial de saúde pública. Desta feita a contenção por isolamento social, quarentena, o distanciamento físico, o uso de máscaras e a lavagem frequente das mãos contiguamente foram implementadas pelos governos e prefeituras do país a fim de barrar o crescimento da curva pandêmica. 

Em Manaus, capital do Amazonas, de pronto foram implementadas as normas emergenciais, incluindo a imediata instauração do modelo de contenção por lockdown considerando o Decreto nº 42.061, de 16 de março de 2020, sendo o dia seguinte, 17 de março de 2020, o início do período de quarentena na cidade.

A princípio todas as repartições públicas fecharam, as escolas suspenderam as aulas, aguardando os encaminhamentos das redes de ensino municipal e estadual. As primeiras ações foram de oferta de aulas por meio das redes sociais, depois foi criado um canal de transmissão de aulas, onde professores e estudantes deveriam interagir. Outras instituições públicas e privadas passaram a atender por agendamento ou por serviços de atendimento online. As pessoas deveriam ficar em casa, sendo permitidas saídas para compra de alimentos, remédios ou idas aos hospitais. 

Em 19 de março, acontece o fechamento das fronteiras terrestres brasileiras. Em 27 de março a entrada de estrangeiros em voos internacionais também foi restringida, causando desespero aos os turistas que visitavam o Brasil neste período. O mesmo aconteceu com brasileiros em trânsito fora país, que foram impedidos de voltar; ficando em quarentena nos aeroportos internacionais.

Os planos de contingência pareciam uma ação de guerra, sob um pânico silencioso dos confinados nas residências, que pouco podiam fazer a respeito da doença pois o desconhecido impedia atitudes, e sem repertório para lidar com a nova forma de estar em casa, de trabalhar, restava viver amedrontado.  

De acordo com Heesterbeek (2020), a adesão compulsória e repentina das orientações foi impactante na vida das pessoas e da sociedade em geral. As crianças param de ir à escola; seus estudos foram interrompidos, prejudicando o desenvolvimento acadêmico; perderam a possibilidade de ter as refeições oferecidas nas escolas; no caso dos adultos, muitos foram dispensados dos seus empregos, outros falharam seus negócios, fragilizando sua saúde financeira, mental e física. Muitos idosos passaram a sustentar suas famílias com suas aposentadorias. E ainda considerando que o enclausuramento de famílias numerosas em ambientes residenciais pequenos e insalubres, é a realidade de grande parte da população brasileira, e isso redefiniu o poético jargão “Lar doce Lar”. 

E estas circunstâncias ocasionadas com o cumprimento das ações de enfrentamento da pandemia da COVID-19, favorecem ambientes desfavoráveis a saúde mental, e esta preocupação origina a ponderação sobre os efeitos psicológicos diante do estresse provocado pelas mudanças súbitas nas dinâmicas sociais, quando as relações passaram a ser a longa distância, a interação com familiares em confinamento passou a reclamar a reinvenção de novas formas de conviver, pois interagir era a fragilidade nas relações famílias brasileiras. 

Nesta nova dinâmica social, os que mantiveram seus empregos deveriam adaptar seus trabalhos durante a quarentena, isso exigiu uma reconfiguração de espaço físico e organização de uma agenda que atendesse todas as responsabilidades com trabalho, afazeres pessoais e outras incumbências, que deveriam ser administradas de forma remota ou presencial. Mas mesmo à distância havia uma exigência por resultados, disponibilidade para atendimento eficaz, responsabilidade com o engajamento de clientes, pacientes, fornecedores, alunos e demais, sendo cobrada o que foi chamado de busca ativa, a fim de se manter os números nos relatórios; elaboração de documentos burocráticos; a administração dos afazeres domésticos; cuidado específicos com idosos e dos doentes; acompanhamento das rotinas escolares dos filhos nas escolares on-line e etc. Uma carga física e psíquica excessiva que de modo intrusivo se definiria como o “novo normal”.

Mas não haviam só os confinados nas casas, de acordo com o Decreto nº 10.282 de 20 de março de 2020, havia um grupo de trabalhadores de serviços essenciais, cujo oficio de interesse público os mantinha trabalhando. Mas a redução do quadro de funcionários, levava a um excesso de atividades e carga horária desses trabalhadores, a fim de garantir o atendimento da população com serviços de abastecimento de água, energia elétrica, gás, combustível; serviços emergenciais em hospitais, laboratórios, transportes coletivos, coleta de lixo; mercados, drogarias e outros. Nestas tarefas a clara exposição ao vírus trazia apreensão ao ambiente de trabalho, causando desconforto mental pela constante rotina de cuidados.

Estas inquietações não tiveram a visibilidade enquanto condição para o surgimento de doenças silenciosas, pois nas epidemias ao longo da história, não houve a compreensão dos efeitos psicológicos, uma vez que o psicólogo sequer havia se estabelecido como profissão. Contudo, já era evidente que através dos comportamentos observados, que as mentes estavam em desordem, alguns momentaneamente outros crônicos. Fato é que em eventos catastróficos como uma pandemia, transformam a maneira do cérebro responder às demandas ambientais, afetando a homeostase biológica, requerendo uma adaptação às contingências, o que no aspecto biopsicológico, ocasiona a desorganização no organismo pela instabilidade, gerando o estresse, a ansiedade e a depressão. Estas consequências desta vez poderão ser analisadas nas vivências durante a pandemia da COVID-19.

1.1.2 O cenário para desencadeamento das doenças mentais durante e pós pandemia 

O anúncio da pandemia gerou uma percepção de risco, que desencadeou alterações cognitivas e emocionais na busca da autopreservação. Entretanto, o desconhecimento boicota os pensamentos com negatividade, e quanto mais se divulgava a proliferação e mortalidade, mas o pânico se instalava. A propagação de informações falsas também influenciou nas práticas de proteção incompatíveis com as orientações, dificultando a adesão às guias de saúde, complicando o tratamento, podendo levar as pessoas a óbito.

O protocolo de enfrentamento da COVID-19, culminou na criação de circunstâncias propícias ao surgimento de doenças mentais, pela experiência do pânico, do luto; do medo, desesperança diante da cura, pela privação da liberdade ou a difícil adaptação ao convívio concomitante à várias práticas sociais. Um sofrimento mental e físico que repercutiram nesta e outras gerações. (VERZTMAN; ROMÃO DIAS, 2020)

Essa consequência é factual, pois o contexto exige um equilíbrio mental paradoxal, sem querer ficar bem e saudável obedecendo todas as medidas, ao mesmo tempo que precisa se isolar, algo prejudicial ao desenvolvimento das interações sociais. 

Com tantas agendas, “vivendo” enredado em preocupações, medos, culpa e exaustão física e mental, privar as pessoas da vida em família, mesmo estando em casa, gerando impactos no quadro psíquico fragilizando o corpo e a mente, pois o medo da morte ou do luto se apresentavam diariamente reforçando comportamentos defensivos ou compulsivos.

Mesmo que as taxas de mortalidade da COVID-19 estivessem entre 2,9% a 3,02%, a sensação era de uma taxa muito maior. Parte dessa sensação ocorreu devido às notícias. Acompanhar os resumos diários das agências de saúde era um evento, mas não se percebia os malefícios em carregar a mente com informações negativas. As pessoas ficavam apreensivas pela morte só em ouvir os noticiários.

Quando as pessoas sentiam os sintomas, aos sintomas de dificuldade e desconforto respiratório; saturação sanguínea abaixo de 95% e cianose, tinham medo de ir aos hospitais, porque acompanhavam os colapsos na saúde, preferiam se automedicar com medicações que não tinham sua eficácia comprovadas. Muitos doentes quando chegavam aos atendimentos já estavam em estado crítico, com seus pulmões comprometidos e reduzidas chances de cura.

Houveram muitos episódios de caos nas clínicas e hospitais. Todas as fragilidades do sistema de saúde pública do Brasil foram escancaradas, mas não se tratava de uma vergonha, mas de um crime contra as pessoas doentes e confinadas. Os médicos e enfermeiros da linha de frente ficaram esgotados, muitos adoeceram e faleceram se desdobrando para salvar vidas. Episódios traumáticos que evidenciam o despreparo e desorganização dos governos.

De acordo com a OMS em 14 de junho de 2020, haviam 7.690.708 casos confirmados de infecção pelo coronavírus no mundo e 427.630 mortes. No Brasil, haviam 828.810 pessoas diagnosticadas com COVID-19 e 41.828 mortos, estes dados confirmam o contágio comunitário. 

Manaus foi uma das cidades mais afetadas pela pandemia, cujo esgotamento do sistema de saúde provocou cenas de pânico. No artigo da Escola Nacional de Saúde Pública Sergio Arouca, publicado pela FIOCRUZ, em janeiro de 2021 a cidade teve seus dias de terror revelados a partir da morte de pacientes por falta de oxigênio suplementar nos hospitais, uma situação marcante na vida dos manauaras. Depois muitos cilindros de oxigênio chegaram à Manaus por doações das sociedades civis, grupos de artistas, anônimos e até do governo venezuelano. 

Neste panorama, as pessoas passaram a ter ainda mais medo de se infectar e ir ao hospital, receosos em passar por situações como em Manaus. Aliados a isso já havia o receio da separação dos familiares, o pavor da falta de suprimentos, de remédios e a perda financeira, foram uns dos condicionantes que foram desgastando o emocional e psicológico, criando efeitos dramáticos ligados a ansiedade e depressão (ROY, 2020) que podem permanecer mesmo após uma crise ou surto (BROOKS SK, 2020 apud FARO et.al, 2020).

Portanto, é necessário olhar criterioso que permita compreender que as pessoas que ficaram doentes de COVID-19, passaram por inquestionável sofrimento físico, mas também foi atingido seu bem estar psíquico, ocasionando consideráveis distúrbios mentais (XIAO, 2020 apud OLIVEIRA, 2020). Desta forma, a pandemia não fixa somente biomédica e epidemiologicamente, mas alcança as mudanças sociais, econômicas, políticas, culturais, históricas, psicológicas. 

1.1.3 Os Transtornos Psicológicos e marcadores químicos e físicos

Umas das alterações mais manifestas nas pessoas, tem sido no aspecto psicológico, e este fato foi legitimado diante do aumento de índices crescentes de casos de doenças mentais apontadas em pesquisas da OMS. A pandemia cria ambiente de instabilidade com magnitude que ocasiona perturbações psicológicas que afetam a capacidade de tolerância e enfrentamento à situações de insegurança, podendo gradativamente ir perdendo suas características adaptativas até tornarem-se uma preocupação desproporcional à situação ou ameaça, com intensidade e duração consideráveis, acarretando sofrimento e prejuízos de ordem funcional, organizacional e social (Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais: DSM-5, 2014).  

Embora ainda não se saiba o nível da repercussão da COVID-19, na perspectiva neurológica os efeitos na saúde mental são percebidos quando uma pessoa fica diante de um contexto de crise e estresse, o cérebro ativa o eixo hipotálamo-pituitária adrenal (HPA) que libera adrenalina e cortisol no organismo, o preparando para luta ou fuga, mas logo que se percebe a inexistência do perigo, os níveis destes químicos diminuem e se mantém a homeostase do organismo. Para Santos (2003) a desestabilização subjetiva causa um esvaziamento da identidade, e o corpo reage de imediato a esta sensação colocando o organismo em estado de alerta máximo; de acordo com a revista eletrônica Debates em Psiquiatria de abril-junho de 2020, quando o estado de alerta passa a ser crônico ou desproporcional, tornasse prejudicial à saúde porque satura o sistema imunológico predispondo a mente às psicopatologias. 

Nos momentos mais caóticos da pandemia, as condições física e cerebral foram severamente expostas ao estresse, mas mesmo com os marcadores bioquímicos, os sintomas podem variar entre as pessoas, existindo grupos que demonstram mais suscetibilidade aos agentes estressores, é o caso dos idosos, doentes crônicos (MELO et.al.,2021), profissionais de saúde (PORTELA et.al.2022), pessoas com transtornos mentais e dependentes de substâncias (NOMIYAMA et.al., 2021)

De acordo com dados do Ministério da Saúde e OMS (2021) a ocorrência dos casos de ansiedade e depressão aumentaram 25% no mundo em 2020, perfazem 350 milhões de pessoas. E o Brasil está no topo do ranking com 18,6 milhões de pessoas; os transtornos mentais são responsáveis por mais de um terço do número de pessoas incapacitadas nas Américas. E a COVID-19 só desfavorece as pessoas do convívio, intensificou a introspecção, acúmulo de atividades e instabilidade emocional, uma receita para doenças da mente.

E para compreender o momento, foi criada a terminologia Fadiga Pandêmica, nome adotado pela OMS que qualifica o cansaço, esgotamento físico e mental provocados pela pandemia. As restrições impostas aumentaram a falta de perspectiva e diminuíram o poder de planejamento, o que de acordo com a psicóloga Kátia Oliveira em artigo na página do Ministério da Saúde em 04/06/2021, menciona que as consequências dessa fadiga são a apatia e a rejeição em adotar as medidas de prevenção e de cuidado ao deixar de usar a máscara, de higienizar as mãos e de promover o distanciamento social, o que causa uma exposição maior ao vírus, aumentando o número de casos, de internamentos e de mortes.

Há três anos em pandemia, o cenário nos parece mais controlado, os contágios e óbitos diminuíram, mas ainda se vive os efeitos das experiências traumáticas vividas nos períodos mais conturbados. De acordo com infográfico do instituto Poder360, a saúde mental de 38% dos brasileiros piorou na pandemia. Esta pesquisa aconteceu de 13 a 15 de setembro de 2021 através de ligações telefônicas para 2.500 pessoas em 411 municípios nos 27 estados brasileiros.

No início da pandemia do COVID-19, em março de 2020 foi realizada uma outra pesquisa. Esta feita pelos pesquisadores Marilda Lipp e Louis Lipp divulgada no Scielo em dezembro de 2020. Este estudo traz uma mostra de 3.223 brasileiros adultos, que responderam a um questionário on-line sobre transtornos mentais durante a pandemia. Abaixo anexo as tabelas mais relevantes para este artigo.

Estes dados da tabela 1, evidenciam que o stress e ansiedade são estados frequentes no contexto de pandemia, e ainda de acordo com levantamento as mulheres são as que mais se queixam de estresse. Quanto à ansiedade, os pesquisadores citam o “novo normal” como principal desencadeador do sentimento e do transtorno de ansiedade. 

O estudo ainda menciona que os quadros clínicos estão relacionados aos fatores psicológicos dos pesquisados de acordo com o instrumento de coleta e análise de dados.

Já sobre os estressores foi interessante perceber que no momento deste estudo, a maior parte dos participantes disse que a instabilidade política lhes causava estresse. É importante dizer que inconstâncias são fontes de ansiedade, e que variações de ideias acabam por prejudicar a sistematização de soluções de problemas. Logo em seguida, é computado a prevalência de 38% para o contágio dos familiares, o segundo maior medo dos pesquisados, revelando as ligações afetivas com familiares, a insegurança quanto ao tratamento em casa e nos hospitais.

Também destacamos a Tabela 4 da pesquisa a qual revela as estratégias de coping, termo que define o conjunto de pensamentos e comportamentos que acontecem em contestação a situações problemáticas características, sujeitos a mudança, que seja no aspecto das particularidades da situação quanto através do tempo (LAZARUS; FOLKMAN, 1984; FOLKMAN et al., 1986 apud DIAS; PAÍS-RIBEIRO, 2019). Neste caso, o coping mais usado pela maioria das pessoas é conversar com amigos e familiares, que é o que ajuda a lidar com a situação, falar com pessoas próximas, revigorar energias e dissolver os estresses.

A espiritualidade também é considerada como uma estratégia de enfrentamento, um fator de proteção em objeção aos estressores da vida. As crenças espirituais atribuem às pessoas formas diferenciadas de encarar as dificuldades, mantendo a esperança na melhoria das condições atuais.

1.1.4 A Psicologia no suporte à Saúde Mental na Pandemia

Desde seu surgimento da COVID-19, ficou evidente que a Psicologia precisa atuar diante das urgências oriundas da pandemia e das medidas de combate. As primeiras ocorrências de enfrentamento ocasionaram rupturas importantes nas relações sociais e uma adoção imperativa de comportamentos de afastamento das pessoas em vários ambientes, favorecendo a solidão e inclinação à sofrimentos mentais.

Os grupos mais passíveis também podiam estar em situação de vulnerabilidade social, onde de acordo com Peters (2002), os efeitos para a saúde mental em geral, é mais marcado devido às condições sociais precárias, cuja pobreza prejudica o acesso a recursos e serviços sociais e de saúde. Nestas circunstâncias desfavoráveis, as pessoas são submetidas a situações estressoras de vários níveis de tensão, tornando frequentes o descontrole emocional, que a longo prazo instalam-se como os transtornos psíquicos, que se manifestam relacionados ao luto patológico, a depressão, transtornos de adaptação, manifestações de estresse pós-traumático, abuso do álcool ou outras substâncias que causam dependência e transtornos psicossomáticos (PETERS, 2002). 

Nesta realidade, o psicólogo tem a função de minimizar a dor e os efeitos devastadores da pandemia na saúde mental das pessoas, de modo a propiciar o conhecimento de ferramentas psíquicas que equilibram e/ou alteram pensamentos e comportamentos. Para Noal e et.al. (2020), quando o psicólogo intervém com ações emergências e preventivas de impactos na saúde mental, ele oferece alternativas de resistência e cuidado individual e coletivo.

Ao psicólogo no exercício da prevenção dos impactos na saúde mental, permite ampliar e intensificar a organização dos serviços e dos cuidados em saúde mental e atenção psicossocial no contexto da COVID-19, assim como nas situações que possam envolver outras emergências em saúde pública e desastres futuros. (p. 17). 

Quando ele acolhe o paciente e estabelece o vínculo terapêutico, surge a possibilidade da assistência mediante o manejo das diversas consequências frente às situações desagradáveis e insalubres ao corpo e mente. Num ambiente empático e respeitoso a história de cada pessoa que sofre os efeitos da pandemia.

Ainda de acordo com Noal et.al. (2020, p.55) os atendimentos psicossociais durante a pandemia, requerem um olhar sensível e individualizado, pois as pessoas que buscam o psicólogo são distintas em suas reações neste tipo de situação (pandemia). Há sintomas persistentes, outras complicações que intensificam condições clínicas preexistente, desde o comprometimento das interações sociais, procrastinação, depressão, psicose, compulsões, transtorno de estresse pós-traumático (TEPT) ou mesmo manifestação de sofrimento agudo intenso rompa com parâmetros que promovam a vida. 

As ações de enfrentamento e contenção revelaram-se como “gatilho” de transtornos mentais. Portanto, o psicólogo é imprescindível na contribuição com recursos onde as pessoas tomem consciência do seu lugar para dar sentido a tudo que vive para defrontar-se com as demandas que vão surgindo.

E estes resultados futuros na saúde mental, exigem o pensar em ações sistemáticas de atuação e acessibilidade de terapias em comunidades mais vulneráveis economicamente, pode colaborar na minimização dos estragos da experiência da pandemia. A implementação de estratégias que sustente as redes de apoio neste “novo normal”, requer “o fortalecimento da assistência social, o apoio familiar, estratégias de acompanhamento e atendimento emergencial às demandas em saúde mental, por meio de psicoterapia online” (RODRIGUES, 2020, p.21), são importantes meios a serem disponibilizados por psicólogos em clínicas particulares, instituições públicas e privadas, nas redes sociais e ações sociais itinerantes. 

1.1.4.1 O fazer psicologia durante o colapso na saúde em Manaus

Já na primeira onda eram elevadas as taxas de mortalidade por COVID-19 na cidade de Manaus, destacando-a como epicentro da doença. A precariedade dos serviços emergenciais de saúde, hospitais, instituto médico legal e serviços funerários da prefeitura ficaram mais evidentes quando ocorreu o colapso do sistema funerário, em maio de 2020. 

De acordo com o resumo diário de casos da Fundação de Vigilância em Saúde do Amazonas (FVS-AM), em 30 de abril de 2020, registrava-se somente em Manaus, 3.273 casos confirmados e 312 óbitos, nos municípios do interior o total era de 1.981 casos confirmados e 113 óbitos. Analisando o escalonamento da doença diante dos gráficos é assustador a velocidade com que as pessoas foram contaminadas. Em 18 de março de 2020, quando haviam sido notificados 02 casos no Amazonas, mas em 30 de abril, o número de casos acumulados era de 5.254, uma subida vertiginosa. Mas esses dados ainda eram só dos dois primeiros meses do surgimento da doença no Estado.  

Após dez meses de pandemia, nas últimas semanas de dezembro de 2020 e primeiras semanas de janeiro de 2021, surge a segunda onda com uma variante do vírus. Em 31 de dezembro de 2020 há 201.013 confirmados no Amazonas, em Manaus são 82.218, essa nova fase da doença com mutações do vírus deixou a cidade em choque, e consequentemente ocorreu um colapso do sistema municipal de saúde. Nenhuma das ações dos governos suportariam a quantidade de doentes que chegaria aos hospitais de referência e de campanha; não haviam leitos suficientes nas enfermarias e tampouco de Unidades de Terapia Intensiva (UTI), sendo que a maior parte dos leitos de UTI do Estado estão em Manaus, logo este problema atingia todo o Amazonas. Somado a isso, ocorre o que parecia improvável; nos dias 14 e 15 de janeiro de 2021 faltou oxigênio suplementar para os pacientes. De acordo com investigações do Ministério Público do Amazonas (MP-AM) e Defensoria Pública, foram mais de 60 pessoas que faleceram asfixiadas nos hospitais. Para atenuar a tragédia, mais de 500 pacientes do Estados foram transferidos para serem tratados em outros Estados do Brasil. 

Estes dados são importantes fatores para dar uma noção do que foi e tem sido a pandemia em Manaus no Amazonas. Muitas pessoas se desesperam buscando comprar cilindros de oxigênio para seus familiares. Foi um desespero visceral, diante da possibilidade real da morte. E não tem possibilidade de passar por tudo isso sem ser atingido física e emocionalmente. 

Quantos médicos e enfermeiros carregam sequelas dos dias mais sombrios nos hospitais? Pensar que tiveram que desdobrar-se no que podiam para salvar vidas, que tiveram de decidir quem salvar, muitos passaram a morar nos hospitais com medo de contaminar suas famílias. 

Os tempos sombrios em que vivemos, de violência e globalização, que apresentam um quadro social em constante mudança, sem garantias, geram um universo de insegurança e de medo. (…) intensifica os sentimentos de desamparo do sujeito. (SANTOS, 2003, p.53)

Neste contexto, a psicologia funciona para espaço de escuta e de orientação sobre o que fazer com todas as dores vividas na pandemia. A percepção do desamparo que os amazonenses foi muito concreta nas realidades da crise de saúde, e isso causa um sofrimento que pode se perpetuar, pois as pessoas passam vigiar obcecadamente suas vidas, com medo que a tragédia se repita, e numa postura física e psicológica de alerta extremos, favorecem as doenças mentais.

1.1.5 Principais transtornos psicológicos desenvolvidos na pandemia

A pandemia da COVID-19 foi um grande desafio para a saúde mental da população. A causa disto foi um conjunto de fatores como o medo, o isolamento social e as consequências socioeconômicas da pandemia desencadearam um aumento significativo no desenvolvimento e agravamento de transtornos psicológicos, em especial a ansiedade, depressão e a síndrome de burnout. 

Uma pandemia como a COVID-19, pode causar uma perturbação psicossocial passível de ultrapassar a capacidade de enfrentamento dos indivíduos afetados. Acredita-se que toda a população inserida no cenário pandêmico possa sofrer impactos psicossociais em diferentes níveis de intensidade e de gravidade. Estima-se que aproximadamente um terço ou metade da população exposta possa desenvolver alguma manifestação psicopatológica, caso não seja feita nenhuma intervenção de cuidado em saúde mental. (RIBEIRO et al.,2021, p.1)

1.1.5.1 Depressão

A depressão é um transtorno caracterizado pela presença de tristeza intensa que leva ao desenvolvimento do humor deprimido e a falta de vontade e prazer na realização de atividades do cotidiano.

Embora a característica mais típica dos estados depressivos seja a proeminência dos sentimentos de tristeza ou vazio, nem todos os pacientes relatam a sensação subjetiva de tristeza. Muitos referem, sobretudo, a perda da capacidade de experimentar prazer nas atividades em geral e a redução do interesse pelo ambiente. Frequentemente associa-se à sensação de fadiga ou perda de energia, caracterizada pela queixa de cansaço exagerado. (DEL PORTO,1999, p.7 )

É importante diferenciar a tristeza de caráter patológico daquela que acontece por circunstâncias desagradáveis, porém que são situações que todos podem passar, como a perda de um familiar, desemprego, conflitos familiares, dificuldades econômicas, entre outros.

Quando passam por esses problemas, as pessoas que não possuem a depressão experienciam o sofrimento, mas conseguem encontrar meios para superá-las. No entanto, nos casos de depressão, a tristeza persiste constante mesmo na ausência de motivos e há um agravamento em situações de risco. O desânimo é constante, fazendo com que o realizar as atividades cotidianas, elas não proporcionam mais satisfação e alegria, assim a própria pessoa não vê perspectivas de melhora em sua condição.

No contexto da pandemia, houve uma medida importante para impedir a propagação do vírus que foi o isolamento social. Este foi um dos fatores principais que levaram ao agravamento da solidão e o sentimento de tristeza profunda. A falta de interação social com amigos e familiares levou as pessoas a se sentirem extremamente desamparadas, consequentemente ocasionando a tristeza de maneira patológica. 

A interação social é um fator de proteção à saúde mental, pois quando a interação acontece, os seres humanos tendem a se sentir valorizados, transformando isso em um suporte emocional.  A perda dessa estrutura favoreceu a sensação de incerteza e desamparo, principalmente porque não havia indícios sobre quanto tempo duraria a pandemia e o isolamento social, dessa forma todos os sentimentos e sensações se intensificaram, principalmente aqueles característicos da depressão.

Além disso, as preocupações relacionadas à saúde pessoal e à de seus entes queridos causaram um aumento no estresse e na ansiedade. A ameaça constante da COVID-19, contribuiu para que houvesse uma preocupação excessiva não só com a vida das pessoas ao seu redor como também a questão econômica, porque havia muitas empresas falindo, pessoas sendo demitidas e novos estilos de trabalho. Muitas dessas pessoas foram demitidas, sendo elas os provedores de seus lares, toda a carga emocional dessas situações abalou profundamente as estruturas emocionais de cada pessoa

Os transtornos psicológicos da pandemia afetam pessoas de todas as faixas etárias. O isolamento social e as mudanças na rotina desempenharam papéis-chave no desenvolvimento da depressão, porém é importante ressaltar que os grupos de maior risco, foram os profissionais de saúde na linha de frente, idosos isolados e aqueles com histórico de transtornos mentais preexistentes, esses grupos tiveram um agravamento no quadro de depressão e outros que por conta da ansiedade e outros fatores citados desenvolvem esta doença. Por fim, foi constatado através da observação dos fatos que a depressão emergiu na pandemia como um problema significativo.

1.1.5.2 Ansiedade

A ansiedade comum que todo ser humano possui, está relacionada ao medo e desempenha um papel importante na preservação da vida. Quando o ser humano está em uma situação de risco, sendo física ou emocional desencadeia uma resposta rápida de enfrentamento ou fuga para se proteger. Entretanto, a ansiedade patológica surge de uma inquietação e de uma preocupação desproporcional à situação ou ameaça, originando-se com intensidade e duração consideráveis, acarretando sofrimento e prejuízos de ordem funcional, organizacional e social (Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais: DSM-5, 2014) 

De acordo com Costa et.al.  acerca da ansiedade patológica: 

Os transtornos de ansiedade geralmente prejudicam a vida diária dos indivíduos, pois muitos deixam de realizar atividades rotineiras por medo das crises ou sintomas. As situações que provocam ansiedade algumas vezes são suportadas com grande sofrimento e muitas das atividades exigem a participação de outras pessoas para que sejam realizadas – o que pode afetar a qualidade de vida e diminuir o grau de independência. (2019, p.93)

O desenvolvimento da ansiedade durante a pandemia é algo a ser destacado pelo grande impacto que teve na saúde mental das pessoas neste período. A situação de incerteza e mudanças na rotina, foram fatores cruciais que promoveram a mudança de uma ansiedade normal para uma patológica, os indivíduos foram submetidos a uma constante exposição a notícias sensacionalistas que tiveram um papel significativo no aumento dos níveis de ansiedade em muitas pessoas.

Se tornou um ciclo de informações negativas com constantes atualizações sobre o número de casos, a cada momento e por isso gerou não só sintomas de ansiedade, mas também sintomas de insônia, irritabilidade e preocupação excessiva

A sensação da falta de controle recebe um destaque, porque ela trouxe a sentimento de impotência e incapacidade de proteger a si mesmo e a familiares da contaminação pelo vírus, em que durante cada momento foi observado pessoas perdendo suas vidas, sendo algumas delas possivelmente pessoas do círculo de convivência de várias pessoas ou seja esta ansiedade tinha uma base sólida de acontecimentos traumáticos que eram reais naquele momento, tudo isso gerou uma preocupação excessiva e medo profundos da morte e mudanças desconhecidas.

  Houve também dificuldades em lidar com todas as mudanças, tanto na parte de trabalho (home office) e vida pessoal (isolamento social). Com o trabalho em casa muitas pessoas tiveram sobrecargas de atividades por estarem juntando dois ambientes que antes eram separados e a interrupção das atividades sociais como a interação com amigos e família, favoreceram a criar um ambiente propício para o desenvolvimento da ansiedade. 

1.1.5.3 Síndrome de Burnout

A Síndrome de Burnout, conhecida como síndrome do esgotamento profissional. Segundo Freudenberg e Richelson (1987) também pode ser definido o burnout como um “incêndio interno”, um “esgotamento dos recursos físicos e mentais”; é “esgotar-se para atingir uma meta irrealizável” imposta pelo próprio indivíduo ou pela sociedade. Para ele, tal esgotamento vai ocorrer na área da vida onde há mais expectativa de sucesso – em geral, no trabalho. É uma exaustão tanto física quanto emocional, resultante do acúmulo de estresse crônico no ambiente de trabalho.

É caracterizado por três aspectos, o primeiro é a exaustão emocional; sendo um cansaço extremo que leva ao esgotamento emocional e físico impedindo a realização produtiva das atividades no trabalho. Segundo a Despersonalização: refere-se à adoção de uma postura que demonstra insensibilidade ou hostilidade em relação às pessoas que estão no recebimento de serviços ou cuidados. Por último, a falta de sensação de realização pessoal envolve sentimentos de inadequação e desânimo tanto no âmbito pessoal quanto no profissional.

Entre as consequências do adoecimento dos profissionais de saúde pelo burnout, podem-se citar: redução do desempenho dos trabalhadores, má qualidade do atendimento, comprometimento da segurança do paciente, aumento de eventos adversos, erros de medicação, maior número de infecções, quedas do paciente, entre outros. (SOARES,et al.,2022,p.386)

No cenário da pandemia da COVID-19, vários fatores contribuíram para o agravamento e incidência do Burnout:

Um dos fatores relevantes foram as novas cargas de trabalho intensas, principalmente entre profissionais de saúde que ficaram na linha de frente do combate ao coronavírus. A necessidade de atender muitos pacientes e de lidar com casos graves de COVID-19 resultaram em longas jornadas. Dessa forma houve elevado nível de pressão para que houvesse uma diminuição nos óbitos, porém, infelizmente apesar dos esforços por ser uma doença pouco conhecida levou muitas pessoas ao óbito,

E por isso é importante saber que a morte tem significados diferentes para profissionais da saúde, vista como um fracasso, as mortes da covid foram experiências extremamente traumáticas para esta classe abalado psicologicamente a saúde emocional dos trabalhadores.

Essa exposição a situações traumáticas, afetaram tanto trabalhadores da área da saúde como os outros profissionais, porque muitos deles enfrentaram circunstâncias emocionalmente desafiadoras, como a perda de pacientes ou familiares, isolamento social, desemprego e etc.

Neste mesmo período, tivemos a mudança de muitos empregos para o estilo home office que embora ofereçam benefícios como flexibilidade e eliminação de deslocamentos, no contexto da pandemia, foi possível ver isso sobre outra perspectiva em que contribuiu para o desenvolvimento da síndrome de burnout 

É necessário ressaltar que a fronteira entre vida profissional e pessoal se tornaram muito próximas, proporcionando a sensação de estar sempre trabalhando gerando um cansaço excessivo. O que agravou e tornou o home office um fator de risco foi o fato de em conjunto haver a falta de interações sociais, então o fato de trabalhar de casa, isolou ainda mais o indivíduo das pessoas, os sentimentos de solidão ficaram mais destacados por isso

Consequentemente, essa dificuldade em estabelecer limites entre trabalho e descanso levou a um desequilíbrio entre vida profissional e pessoal, afetando negativamente a saúde mental dos trabalhadores. 

Em alguns lugares, houve escassez de recursos e equipamentos de proteção individual (EPIs). Muitos profissionais de saúde enfrentaram a falta de EPIs adequados e recursos médicos, aumentando a sensação de vulnerabilidade e preocupação com a segurança, O isolamento social que foi citado em outros tópicos, necessário para conter a disseminação do vírus, isolou trabalhadores de suas redes de apoio emocional.

Ao mesmo tempo que tudo isso acontecia havia a sobrecarga de informações relacionadas à pandemia. Tudo isso ocasionou muitas incertezas que envolveram o vírus, esses fatores combinados com vários outros aspectos da pandemia causaram a incidência da Síndrome de Burnout durante a pandemia. 

Considerações Finais

Não há sombra de dúvidas que a pandemia da COVID-19 afetou o mundo inteiro, seja no aspecto das relações sociais, familiares, trabalho e saúde de modo geral. As ações orientadas pelos Sistemas de Vigilância Sanitária e demais instituições nacionais e internacionais, não foram suficientes para conter o vírus.

Houveram muitas inconsistências, e falta de estudos sobre os impactos das ações implementadas; tornaram a maneira desadequada, excludentes e insalubres a maior parte da população brasileira, cuja rede de apoio para assistência na saúde era e ainda é escassa. As pessoas foram submetidas a uma rotina frenética para atender todas as demandas sociais. Uma vez confinados em suas casas, lhes faltava espaço para acomodar os residentes, se um residente ficasse doente, era isolado em lugares improvisados. Muitos perderam seus empregos, os que conseguiram manter seus trabalhos foram obrigados a criar seu home office, quer fosse em escritórios equipados, ou somente usando os celulares enquanto tinham que dar conta dos afazeres domésticos.

O medo acompanhava as pessoas e era alimentado pelos noticiários, que expunham os crescentes casos de óbitos e o despreparo dos governantes. No caso do colapso no sistema de saúde da cidade de Manaus, a inaptidão dos gestores estaduais e municipais, se evidenciava nos embates políticos que culminou no óbito de muitos amazonenses. São gráficas as cenas que acompanhou-se nos telejornais não só os fatídicos hospitais lotados de costume, agora o situação expõe os doentes dividindo espaços nos hospitais com cadáveres, câmaras frigoríficas instaladas fora dos hospitais para darem conta de armazenar os corpos , havia uma dor muito grande dos parentes que não podiam entrar nos hospitais e só aguardavam os boletins médicos, Foram abertas valas para enterros coletivos de caixões lacrados de entes que sequer foram velados. Tudo isso em pleno século XXI, colocando em contrariedade com os avanços obtidos em todas as áreas do conhecimento, mas que nesses momentos, em sua maioria falhou.

Daniel Dafoe, em seu livro data do século XV, já menciona as mesmas medidas de enfrentamento, os mesmos problemas de lotação em hospícios, escassez de médicos, distanciamento social e falta de medicação. Similaridades incríveis que só mostram o quão despreparado os governantes deste século estão, não por causa das tecnologias e conhecimentos, mas da inaptidão de convergir todas as ferramentas em favor da humanidade. Mas não somente para criar vacinas, mas para evitar doenças antigas e novas de ceifar vidas, portanto a atenção primária da saúde deve ser vista com mais atenção e responsabilidade, incluindo as psicoterapias nos procedimentos de saúde. Dando espaço para que o psicólogo possa contribuir nas redes públicas em diversos setores com atendimentos clínicos e/ou ações profiláticas de doenças mentais ocasionadas pela pandemia da COVD-19 e após seu término.   

Quando a pandemia eclode, junto com ela o ambiente muda e surgem os estímulos às doenças oportunistas tanto no aspecto físico quanto no psicológico. E a tensão diante do medo da morte dos familiares e amigos e saí própria, o luto, as incertezas e angústias são difíceis de se serem percebidas com frieza e controle, só aceitar a doença também não é um recurso saudável, mas nas incertezas muitos optam por inconscientemente por abraçar todos os problemas até se esgotarem ao máximo sem se dar conta do quanto está adentrando em quadros sintomatológicos de doenças mentais.  

O estresse, ansiedade, depressão foram evidenciadas na adesão aos protocolos de segurança epidemiológico, que acabam por criar desproposital e compulsoriamente ambientes insalubres, onde o medo, o acúmulo de tarefas e as os problemas das relações familiares exigiam das pessoas uma adaptação rápida ao “novo normal”. A síndrome de Burnout também tem seu espaço neste contexto, garantida pelo esgotamento físico e mental por jornadas triplas de trabalho, no ambiente que deveria ser o escape de um dia cheio de afazeres.  

As repercussões na saúde mentais desencadeadas na pandemia ainda irão permanecer por muito tempo, e nesta situação o psicólogo deve tomar seu lugar no acolhimento e tratamento das pessoas e comunidades, oferecendo o conhecimento de maneiras de enfrentamento dos problemas mentais surgidos no cenário da pandemia, buscando atingir toda a sociedade.

Ainda estamos na pandemia, ainda existem pessoas falecendo em Manaus e no mundo devido a COVID-19, mas se os óbitos não podem ser remediados, considerar os que ficam, os enlutados e os sobreviventes, que trazem muitos sentimentos em si, que possivelmente nunca falaram deles se não tiverem a oportunidades de fala e cura das feridas abertas diante da doença e da morte. A psicologia é a ciência para este momento; para mudança sem medo.

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1Docente do Ensino Superior no Centro Universitário (FAMETRO). Email: carlacsdimaraes@hotmail.com
2Acadêmica do curso de Psicologia do Centro Universitário (FAMETRO) Email deysebuas95@gmail.com
3Acadêmica do curso de Psicologia do Centro Universitário (FAMETRO) Email larissahermespsicologia@gmail.com