DOENÇA VASCULAR ENCEFÁLICA, TERAPIA RESTRITIVA

Elisangela Nascimento 1

Emanuela Santos 1

Suely Pereira1

Sarah Pontes2

Jéssica Boaventura1

Resumo

Segundo dados da OMS (2010), “Organização Mundial de Saúde” desde a década de 70, as doenças cerebrovasculares são a primeira causa básica de morte no Brasil. O acidente vascular encefálico (AVE) é a doença vascular que mais acomete o sistema nervoso central, apresentando-se como uma das principais causa de morte. No Brasil, devido há doenças cerebrovasculares são registradas cerca de 68 mil mortes por AVE anualmente. A doença representa não só uma das principais, mas a primeira causa de morte e incapacidade no País, o que gera grande impacto econômico e social, sendo também, a principal causa de incapacidades físicas e cognitivas em países desenvolvidos e em desenvolvimento. Neste sentido, mais recentemente, a Terapia de Contensão e Indução do Movimento, (TCI) “Constraint- -induced Movement Therapy” também conhecida no Brasil, como Terapia de Restrição (TR), vem sendo empregada para aumentar a qualidade de vida e a mobilidade funcional, do MS parético, pós-ave.Objetivo. Descrever com base na literatura as intervenções fisioterapêutica em pacientes hemiparético com o auxilio da terapia de restrição induzida. Metodologia: Pesquisa descritiva do tipo revisão literária nas bases de dados Scielo, Lilacs e Bireme, durante o mês de outubro de 2015. Sendo utilizadas palavras-chave: Doença vascular encefálico; terapia restritiva. Os critérios de inclusão: artigos cujo idioma fosse à língua portuguesa, cuja forma intervencional fosse através de pesquisas de campo e pesquisas realizadas com seres humanos como fator de exclusão foram os que não se enquadrassem aos critérios de inclusão. Considerações Finais. Foram selecionados 10 artigos, através do levantamento bibliográfico, fez-se possível o conhecimento sobre o tratamento fisioterapêutico com a intervenção de terapia restritiva em pacientes hemiparéticos, posterior ao acometimento do mesmo por acidente vascular encefálico. Os estudos demonstraram grande eficácia da terapia de restrição induzida no tempo, qualidade e quantidade dos movimentos do membro superior parético. Ademais, novos trabalhos são fundamentais para demonstrar maior viabilidade e sua eficácia.

SUMÁRIO: 1. Introdução. 2. Referencial Teórico 3. Metodologia 4. Resultados e Discussão 5. Considerações Finais. Referências.

1. Introdução

Segundo dados do IBGE, 2010, o Acidente vascular encefálico (AVE) é considerado o principal causador de incapacidade funcional. Desta forma, este trabalho visa revisar a intervenção fisioterapêutica, com o auxilio da terapia de restrição induzida em pacientes hemiparético, como forma de tratamento, posterior a lesão de AVE.

O presente estudo, tem como base a atuação fisioterapêutica que tem a importante função de identificar os possíveis distúrbios cinéticos físicos funcionais, desenvolvendo ações terapêuticas preventivas com relação às lesões que levam a incapacidade funcional, promovendo programas contributivos à diminuição dos riscos evitando dessa forma que o individuo hemiparético, devido a lesão pós-ave, perca a total funcionalidade do membro acometido por se tratar de uma doença incapacitante considerada um problema de saúde pública de grande magnitude para a população brasileira.

Aproximadamente 70% das pessoas não retornam as atividades laborais após um AVC devido às sequelas e 50% ficam dependentes da ajuda de outras pessoas para realização de atividades no dia a dia. Apesar de atingir com mais frequência indivíduos acima de 60 anos, o AVC pode ocorrer em qualquer idade, inclusive nas crianças. O AVC vem crescendo cada vez mais entre os jovens, ocorrendo em 10% de pacientes com menos de 55 anos e a Organização Mundial de AVC (World Stroke Organization) prevê que 1 a cada 6 pessoas no mundo terá um AVC ao longo de sua vida.

Após a ocorrência do AVE, geralmente há presença de incapacidades residuais musculoesqueléticas, alterações sensoriais e cognitivas, com impacto potencial principalmente na utilização do membro superior e na execução de atividades básicas da vida diária.

Durante as atividades que envolvem o membro superior, mesmo em indivíduos com quadro leve de hemiparesia, os movimentos de alcance no membro acometido são limitados pela amplitude de movimento, com a trajetória segmentada e a coordenação entre articulações interrompida, mesmo comparando-se aos indivíduos saudáveis. A hemiparesia é o déficit mais comum, afetando mais de 80% dos pacientes na fase aguda e mais de 40% deles cronicamente. Além disso, o AVE é considerado o principal causador de incapacidade funcional, provocando, principalmente em idosos, alterações na capacidade de desempenhar atividades cotidianas.

Na tentativa de identificar intervenções que possam promover melhores resultados clínicos para os pacientes, surge o desenvolvimento de muitas técnicas terapêuticas objetivando, principalmente, a recuperação do movimento do MS. parético (LANGHORNE; COUPAR; POLLOCK, 2009).

Neste sentido, mais recentemente, a Terapia de Contensão e Indução do Movimento, (TCI) “Constraint-induced Movement Therapy” também conhecida no Brasil, como Terapia de Restrição (TR), vem sendo empregada para aumentar a qualidade de vida e a mobilidade funcional, do membro parético pós-ave.

Os pacientes são submetidos a uma série de atividades motoras repetitivas, por meio de tarefas específicas, com o membro parético, tentando estimular a sua máxima utilização,

enquanto o membro não parético é mantido com um dispositivo de contensão (CORBETTA et al., 2010;FRITZ et al., 2012).

A terapia de restrição é um programa terapêutico que visa recuperar a função do membro superior (MS), parético de pacientes com déficits motores decorrentes de lesões encefálicas adquiridas por meio de treinamento intensivo, prática de repetições funcionais e uso de um dispositivo de restrição (luva) no MS não parético durante 90% das horas acordadas do dia. Entretanto, diferentes protocolos já vêm sendo propostos, durante a realização dessa técnica, objetivando uma diminuição do tempo da restrição. Em 2004, Riberto et al. utilizaram a restrição do MS durante 6horas (RIBERTO et al., 2004) e, em 2008, Page et al. utilizaram um protocolo com a restrição sendo mantida por um período de cinco horas (PAGE et al., 2008).

O fisioterapeuta tem a importante função de identificar e desenvolver ações terapêuticas preventivas e reabilitadoras, contribuindo a fim de evitar ou minimizar, possíveis condições que levem o paciente a possível incapacidade física e funcional.

2. Referencial Teórico

Segundo Doyle (2002), a doença vascular encefálica representa não só uma das principais, mas a primeira causa de morte e incapacidade no país, o que gera grande impacto econômico e social, sendo também, a principal causa de incapacidades físicas e cognitivas em países desenvolvidos e em desenvolvimento.

O acidente vascular encefálico (AVE) desde a década de 70 é definido pela Organização Mundial de Saúde (OMS, 2010), como a primeira causa básica de morte no Brasil. O acidente vascular encefálico (AVE), é a doença vascular que mais acomete o sistema nervoso central, são registradas cerca de 68 mil mortes por AVE anualmente, apresentando-se como uma das principais causa de morte no país.

O AVC isquêmico no período atual interpreta cerca de 70% a 80% dos casos, sendo definido por obstrução de uma das artérias cerebrais ou de seus ramos, interrompendo o fluxo de sangue local por um tempo maior do que o normal, enquanto o AVC hemorrágico ocorre pela ruptura de um vaso intracraniano gerando derramamento de sangue e a alteração da pressão intracraniana.

O AVE é classificado em trombolíticos ou embólicos. O AVE trombolítico: quando um vaso é encarregado pela irrigação cerebral obstruído, por um trombo ou coágulo. O AVE embólico: ocorre o desmembramento do trombo de algum outro local e acaba bloqueando o fluxo sanguíneo no cérebro . Existe também a Cefaleia (dor de cabeça) intensa de início súbito. Qualquer cefaleia vinculada à alteração do nível de consciência e dor cervical; pode levar a um AVE hemorrágico.

No Brasil o AVE é uma das principais causas de morte entre as doenças cardiovasculares. O AVE passou a ocupar 2º lugar em morte no mundo, cerca de 20 milhões de pessoas, anualmente são atingidas pelo AVE em todo esse território. Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS) O AVE é responsável por 10% dos óbitos em todo mundo.

Nos Estados Unidos, o AVE é a terceira maior causa de morte e a causa mais comum de deficiência em adultos. Afeta cerca de 600 mil pessoas a cada ano, com a estimativa de 4 milhões de sobreviventes do AVE. A incidência do AVE aumenta drasticamente com a idade, dobrando a cada década após os 55 anos. Em homens brancos com idade entre 65 e 74 anos, a incidência é de aproximadamente 14,4 por mil; entre os 75 e os 84 anos é de 24,6 e para pessoas com 85 anos ou mais é de 27,0. Vinte e oito por cento (28%) dos AVEs ocorrem em pessoas com menos de 65 anos. (SULLIVAN et al., 2004, p. 520).

O acidente vascular encefálico (AVE) é uma doença neurológica grave que aparece através de qualquer modificação no sistema vascular cerebral, causando as complicações na artéria, que aparece de maneira súbita, através dos sintomas mais comuns: Fraqueza Muscular, dificuldade de deglutir alimentos (Disfagia), distúrbio da articulação da fala (Disartria), Alterações da Visão, Parestesia, Convulsões, Hemiparesia, Tontura, Desequilíbrio, Incontinência Urinária.

Um dos primeiro diagnóstico de acidente vascular encefálico é realizado com base nos sintomas. Qualquer déficit neurológico súbito faz se pensar em um acidente vascular cerebral.

As técnicas modernas de imagens cerebrovascular aumentaram bastante a precisão do diagnóstico do AVE. Essas técnicas envolvem: Tomografia computadorizada (TC). É a mais usada. Pode-se usar um contraste iodado intravenoso para aumentar a densidade sanguínea intravascular. Ressonância Magnética (RM). Mede partículas nucleares conforme estas interagem com um forte campo magnético. Em comparação com a TC, a RM obtém uma resolução maior do cérebro e de seus detalhes estruturais. Tomografia de emissão positrônica (PET). Mede-se a emissão de Pósitrons (o elétron com carga positiva) a partir de um radionuclideo injetado (nuclídeo radioativo). O exame também pode ajudar a identificar áreas do tecido em que a isquemia é reversível. Ultra-sonografia transcraniana Doppler. Essa técnica é usada para obter imagens dos vasos do pescoço e tórax (artérias carótidas, vertebrais e subclávias). Angiografia cerebral. É invasiva envolvendo a injeção de uma tintura radiopaca nos vasos sanguíneos para tirar uma radiografia. Proporciona a melhor visualização do sistema vascular e costuma ser usada quando se considera a hipótese de cirurgia. (SULLIVAN et al., 2004, p. 529)

Após lesão do Sistema Nervoso Central (SNC), uma das sequelas física mais comum é a hemiparesia, que se defini com o envolvimento do membro superior e inferior de um mesmo lado do corpo. As alterações musculoesqueléticas causam assimetria corporal e diminuição da capacidade de descarga de peso no lado afetado, prejudicando a orientação e a firmeza na prática dos movimentos com o tronco e membros, e também como exercer as atividades de vida diária como se vestir, mudar de postura, caminhar e sentar.

O tratamento pós-AVC ocorre através de intervenções com medicamentos, apoio psicológico e tratamento fisioterapêutico. O objetivo da fisioterapia neste quadro é readquirir os movimentos, função motora através da terapia pelo movimento, ou seja, Cinesioterapia, Eletroterapia e Técnicas de treino físico acentuado, como a Terapia de Restrição e Indução ao Movimento (TRIM), uma técnica que visa a recuperar a função do membro superior (MS).

A terapia por Contensão Induzida (TCI) é um tratamento que tem como principal objetivo a recuperação do membro superior afetado de pacientes com acidente vascular cerebral (AVC). Esta técnica de tratamento é definida pelos criadores como um potente método de recuperação sensório-motora pós-AVE que desencoraja o uso do membro não afetado e encoraja o uso ativo do membro superior parético, tendo como objetivo maximizar ou restaurar a função motora (TAUB et al., 1993, p. 347).

Contudo, a TCI é uma técnica com uma duração menor com grande eficácia, que tem como objetivo melhorar a função dos MS parético de pacientes com AVE.

3. Metodologia

Trata-se de uma revisão de literatura realizada por meio de levantamento bibliográfico, através da coleta de dados realizada no mês de outubro do ano de 2015. Deu-se após rastreamento em artigos com palavras chave: Doença vascular encefálico, terapia restritiva. Nas bases de dados: Scielo, Lilacs e Bireme, foram selecionados os artigos cujo

idioma fosse em português e que abordassem o tema Terapia de restrição induzida, em pacientes hemipareticos.

Foram pesquisados 20 artigos dos quais foram selecionados dez e exclusos artigos de revisão de literatura e estudos baseados em experimentos com modelos animais, entre 2004 a 2014. Os textos foram analisados de forma crítica, a fim de discutir as informações obtidas que correspondessem ao tema pretendido para compor esta revisão.

4. Resultados e Discussão

Os artigos apresentados destacam-se pela natureza delimitadora através de bases de dados de alta credibilidade e qualidade. Após análise dos 10 artigos inclusos ao estudo, foi notável a significância no que diz respeito ao efeito positivo da terapia restritiva, estudos mostraram melhora da funcionalidade do membro afetado após intervenção fisioterapêutica.

Os aspectos limitantes em todos os estudos são as amostras insuficientes e a necessidade de novos trabalhos é fundamental para demonstrar maior viabilidade e sua eficácia.

DEAMO et al. (2008), Foram selecionados 17 pacientes, sendo que 10 homens e 7 mulheres. Com média de idade de 58 anos e tempo de lesão de 3 anos e 5 meses. Os pacientes foram submetidos individualmente, ao protocolo de duas semanas consecutivas, com 6 horas diárias de práticas supervisionadas por fisioterapeuta e uso de uma luva no MS não parético durante o período de tratamento e em 70% no período domiciliar. Foram utilizados também alguns instrumentos de avaliação como: Wolf Function Test (WMFT) e Action Research Arm Test (ARAT). Ao termino do tratamento observou-se que WMFT: houve uma diminuição da média dos pacientes, indicando que os mesmos tornaram-se mais hábeis e velozes com este MS parético. ARAT: houve um aumento na média de pacientes, indicando uma melhora na função, através da diminuição da espasticidade e melhora do padrão flexor. Conclui-se que a TCI é um tratamento de curta duração com grande eficácia para a melhora da função do MS parético de pacientes com AVE.

ZOREL et al. (2008), em seu estudo de caso, com amostra de um paciente masculino com diagnóstico clínico de AVC, com hemiparesia à direita, 45 anos de idade. Avaliou-se a função motora através da escala Fugl-Meyer modificada. Em seguida iniciou-se o treinamento com a TRIM. Houve melhora na movimentação passiva, na coordenação, velocidade, na sensibilidade, e redução da dor do membro superior, caracterizado pelo aumento nas pontuações da escala de Fugl-Meyer. A terapia de restrição e indução ao movimento, como atividade terapêutica, contribuiu para melhora da função do membro superior comprometido, tornando o participante mais independente para suas AVD´s

GONÇALVES et al. (2009), o estudo foi conduzido com um paciente do sexo masculino, 60 anos, com diagnóstico de Acidente Cerebrovascular de causa isquêmica e apresentando hemiplegia à direita. Foi considerado como critério para a escolha do paciente: hemiplegia persistente levando a função motora reduzida do membro superior; movimentação ativa de no mínimo 10º para flexão/extensão de punho, adução/abdução do polegar e flexão/extensão de pelo menos dois outros dedos das articulações metacarpofalangeanas. O tratamento consistiu na utilização da contensão do membro não parético através de uma luva durante o tempo das sessões, deixando o membro hemiplégico livre para a realização das atividades propostas. Essas atividades consistiam num protocolo denominado “Shaping”, no qual o indivíduo executa uma série de atividades funcionais estimulando desde os movimentos de pinça até os movimentos grosseiros de pegada. As dez atividades do Shaping foram: Feijão e Colher; Fichas no Feijão; Bolinhas de Gude; Virando Dominó; Bolas de Ping-Pongue; Encaixe na Vertical; Pronação e Supinação; Bolas de Tênis; Varal e Quadro de Costura, sendo repetidas vinte vezes e cronometrado o tempo em que o paciente levava para

realizá-las. O protocolo teve a duração de dois meses, com frequência de duas vezes por semana e três horas de sessão. Trabalhos semelhantes, com intervenção em pacientes com lesões encefálicas crônicas, mostram ganhos estatisticamente significativos na destreza manual após a intervenção de duas semanas, tanto em estudos sem controle quando comparados a um grupo controle, com quadros neurológicos comparáveis, porém sem restrição, conforme proposto (Ribeiro M et al. 2005). Pode-se concluir que, no caso do paciente estudado, a terapia proporcionou melhora funcional do membro superior hemiplégico. Esta melhora funcional foi constatada tanto quantitativamente, pois houve redução do tempo necessário para a realização de todas as tarefas propostas, como qualitativamente em função da melhora da seletividade dos movimentos executados.

PADOVANI et al. (2014), Participou deste estudo uma criança do sexo feminino, com nove anos e hemiparesia crônica à esquerda. No início e no final do protocolo de TCIM, para a análise simultânea dos músculos flexores e extensores de punho em contração isométrica voluntária máxima, foi utilizada a eletromiografia de superfície para avaliar o equilíbrio a estabilometria. A paciente teve o membro superior (MS) não parético imobilizado junto ao corpo, possibilitando somente a utilização do MS parético. Ainda, foram realizadas 14 sessões consecutivas de fisioterapia. Para a contenção, foi utilizada uma malha tubular, durante 23 horas por dia. Para a paciente, o protocolo de TCIM utilizado neste estudo produziu aquisições motoras no MS parético logo após a primeira semana, colaborando com sua adesão ao tratamento, já que a TCIM pode ser uma terapêutica frustrante, por fazer o paciente se defrontar de maneira intensa com sua inabilidade motora(Vaz D et al. 2008).

VIRGINIA et al. (2008), este estudo visou documentar longitudinalmente os efeitos da TMIR na funcionalidade do membro superior de um indivíduo destro, do sexo masculino, com 47 anos e com hemiparesia esquerda em consequência de um AVC sofrido 23 meses antes do início do estudo. Neste estudo de caso único tipo ABA, as fases linha de base (A) duraram duas semanas e a intervenção (B) compreendeu a contenção do membro sadio com um splint e cinco sessões semanais de 3 horas de treino do membro superior afetado, durante duas semanas. As medidas de funcionalidade Action Research Arm (ARA) e de qualidade de movimento e destreza Wolf Motor Function Test (WMFT) foram coletadas cinco vezes por semana, e a medida de qualidade e frequência de uso do membro superior, Motor Activity Log (MAL), uma vez por semana por seis semanas. A diferença significativa entre a primeira linha de base e a intervenção demonstrou que a TMIR foi capaz de promover ganhos significativos na qualidade de movimento do membro superior afetado e, ainda, que esses ganhos foram mantidos por duas semanas após a suspensão da intervenção. O estudo sugere que a terapia de movimento induzido pela restrição pode ser utilizada para promover ganhos no desempenho motor de pacientes com hemiparesia crônica secundária a um acidente vascular cerebral.

LEPESTEUR et al. (2013), estudo composto por 5 participantes, O protocolo para a aplicação da TCI compreendeu 10 dias consecutivos de tratamento e consistiu no treinamento diário do membro superior supervisionado por um fisioterapeuta com o método Shaping por cerca de 3 horas diárias, associado à utilização de um dispositivo de restrição do membro superior não acometido para realização das atividades de vida diária. Para avaliar a função do membro superior foi realizado o Registro da Atividade Motora (MAL) e o teste de função motora de WOLF (WMFT). As avaliações foram realizadas antes e depois do protocolo de tratamento. Foram excluídos do estudo os sujeitos que apresentaram afasia global ou prejuízos cognitivos que pudessem interferir na compreensão das instruções das avaliações de estudo e do tratamento e que apresentaram problemas médicos descontrolados. Além disso, os participantes com pontuação inferior a 24 no MEEM (Mini Exame do Estado Mental). Após a análise dos critérios, cinco participantes foram selecionados. Tabela 1 mostra os dados dos pacientes selecionados. Os participantes 4 e 5 foram excluídos durante a pesquisa por

problemas médicos. Os resultados mostraram diferença significativa nas avaliações pré e pós-tratamento da MAL, na quantidade e na qualidade do movimento, assim como no teste WMFT que demonstrou diferença significativa para o tempo e para qualidade de movimento. Esses dados caracterizam uma melhora significativa na funcionalidade do membro superior parético nesses pacientes. Para os pacientes hemiparéticos avaliados nesse estudo a Terapia de Contensão Induzida foi eficaz.

LETIERE et al. (2013), O estudo foi realizado com cinco pacientes apresentando diagnóstico médico de AVC, com hemiparesia crônica de membro superior. Os pacientes foram avaliados pré e pós-tratamento pela escala de avaliação de Fugl-Meyer (FM) e pelo Teste de Habilidade Motora do Membro Superior (THMMS). O tratamento consistiu na aplicação de um protocolo modificado da TRIM, por um período de 2 semanas, 5 sessões semanais, com duração de 3 horas, totalizando 10 sessões. No presente estudo foi observada melhora na habilidade e função motora em todos os indivíduos do estudo, após intervenção com protocolo modificado da TRIM. Os resultados deste estudo mostraram melhora da funcionalidade do membro superior afetado após intervenção fisioterapêutica pelo protocolo modificado da TRIM, com redução do tempo necessário para realização das tarefas propostas e aumento da qualidade e habilidade do movimento.

DUARTE et al. (2010), estudo foi de caracterizar o protocolo de intervenção através de um relato longitudinal de caso de um paciente com sequela de hemiparesia crônica após AVE. A amostra foi de um sujeito do sexo masculino, com 62 anos de idade com hemiparesia à direita decorrente de um AVE hemorrágico participou do estudo após 15 meses de lesão e foi selecionado pelo método não probabilístico e intencional. Os resultados sugerem que os aspectos comportamentais pertencentes a técnica têm grande influência nos bons resultados e a TCI pode ter maior ação nas atividades de vida diária de pacientes com hemiplegia quando aplicados todos os três tipos de intervenção em que consiste. Pode-se concluir que os aspectos comportamentais pertencentes a técnica parecem ter grande influência nos bons resultados e a Terapia de Contensão Induzida tem um impacto maior nas atividades de vida diária de pacientes com hemiplegia quando aplicados todos os três tipos de intervenção em que consiste.

RIBEIRO et al. (2014), foram considerados para participação no estudo os pacientes vitimados por acidente vascular cerebral há mais que 6 meses, com estabilidade clínica e capacidade de compreensão dos objetivos e métodos aplicados no experimento. Foram selecionados pacientes com AVC que se encontravam em processo de reabilitação e possuíssem força para extensão da mão e dedos de pelo menos 10º de forma voluntária. A aplicação da restrição foi associada a 6 horas de terapia multidisciplinar diariamente em dias de semana e orientada a manutenção das atividades nos finais de semana. Para avaliação dos resultados foram usados os seguintes instrumentos: medida de independência funcional (MIF), teste motor de Wolf (TMW), escala de avaliação das deficiências do AVC (EADAVC) e dinamometria de preensão. Experimentos realizados em algumas amostras específicas de pacientes mostram resultados promissores com essa abordagem. Foi possível observar ganhos na destreza e independência funcional apontando para o método como opção terapêutica útil no atendimento de pacientes com motricidade residual do membro parético decorrente de acidente vascular cerebral.

GARCIA et al. (2012), este relato de caso caracteriza-se por ser do tipo ABA experimental. As fases (A1) e (A2) consistiram em avaliações repetidas e sem tratamento; e as fases (A3) e (A4), em reavaliações repetidas pós-tratamento. Na fase B aplicou-se a TCI. As avaliações foram cegadas quanto à ordem e o avaliador foi independente da intervenção. Foram incluídos dois adolescentes com PCH, selecionados de forma não probabilística intencional, os adolescentes foram avaliados com a Teenager Motor Activity Log (TMAL) e o Wolf Motor Function Test (WMFT). Houve melhora na quantidade, qualidade e

espontaneidade de uso após a aplicação da TCI segundo a escala da TMAL. Os dois pacientes apresentaram diminuição no tempo de execução das tarefas do WMFT e foi observada também melhora na habilidade funcional. Este relato de caso apresenta um potencial efeito positivo da TCI em adolescentes com hemiparesia espástica. O presente estudo se inscreve como o primeiro estudo a investigar o uso da TCI contemplando os três pilares da terapia em adolescentes com PCH no Brasil.

5. Considerações Finais

O fisioterapeuta tem a importante função de identificar e desenvolver ações terapêuticas preventivas e reabilitadoras, contribuindo a fim de evitar ou minimizar, possíveis condições que levem o paciente a possível incapacidade física e funcional.

E através do levantamento bibliográfico, foi possível o conhecimento sobre o tratamento fisioterapêutico com a intervenção da terapia restritiva em pacientes hemiparéticos, posterior ao acometimento do mesmo por acidente vascular encefálico.

Referendando os resultados encontrados é perceptível que o uso da terapia restritiva promove a melhora na função com diminuição da espasticidade, no movimento passivo, na coordenação, velocidade, sensibilidade e redução da dor do membro superior, melhoras dos movimentos e habilidade.

A revisão apresentou limitações em relação ao número de artigos encontrados, devido a pouca publicação de literaturas sobre o tema, principalmente em se tratando de ensaios clínicos randomizados e controlados.

Foram observados entre os autores que o uso da terapia de restrição, em pacientes hemiparéticos, demonstrou grande efetividade principalmente em relação ao tempo, quantidade e qualidade dos movimentos e na realização das atividades de vida diária.

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