PELVIC INFLAMMATORY DISEASE: CHALLENGES IN EARLY DIAGNOSIS AND INNOVATIVE THERAPEUTIC STRATEGIES
REGISTRO DOI: 10.69849/revistaft/fa10202501241601
Layra Nobrega Silva1, Maria Laís Sousa Alencar Pereira2, Patrick Dean Pereira de Sousa Santos3, Cleidyara de Jesus Brito Bacelar Viana Andrade4, Matheus Moises Veras5, Carlos Eduardo Domingues dos Santos6, Lucas Soares Guimarães7, Mirela Paiva Maciel8, João Victor Frota Rebouças9, João Victor Marinho Pereira10, Thales dos Santos Pires de Carvalho11, Ana Lucia Fatuch e Silva12, Hellen Samilly Sudre Mattos13, Isadora Filgueiras Santos Morato14, Gislayne Fontenele Albuquerque Lourenço15
RESUMO
A Doença Inflamatória Pélvica (DIP) é uma infecção do trato reprodutivo feminino que envolve a inflamação do útero, das trompas de falópio e dos ovários, podendo se espalhar para os órgãos pélvicos próximos. O diagnóstico de DIP continua a ser complicado por sua ampla gama de apresentações clínicas e pela falta de métodos de diagnóstico rápidos e específicos. Além disso, o tratamento da DIP também enfrenta desafios, uma vez que as opções terapêuticas tradicionais muitas vezes não são suficientes para prevenir complicações a longo prazo. O presente artigo tem como objetivo geral analisar os desafios no diagnóstico precoce da Doença Inflamatória Pélvica e explorar as estratégias terapêuticas inovadoras. A pesquisa é fundamentada em uma revisão abrangente da literatura existente, para a coleta dos dados, foi utilizada a base de dados PubMed e Scielo, a pesquisa foi conduzida com os termos “Doença Inflamatória Pélvica”, “Diagnóstico”, “Tratamento”, aplicando o operador booleano “AND”. A revisão bibliográfica revelou que a Doença Inflamatória Pélvica (DIP) continua a representar um desafio significativo no diagnóstico precoce e no tratamento eficaz. A natureza assintomática ou com sintomas pouco específicos da doença, aliada à falta de métodos diagnósticos rápidos e precisos, resulta em um diagnóstico tardio e, muitas vezes, em complicações graves, como infertilidade e abscessos pélvicos. Além disso, a resistência bacteriana e a falta de adesão ao tratamento convencional agravam ainda mais o cenário, tornando a gestão da doença complexa e demandando novas abordagens terapêuticas. No entanto, o avanço nas estratégias terapêuticas inovadoras, como o uso de antibióticos de nova geração e terapias combinadas, bem como a implementação de tecnologias de diagnóstico rápido, oferece um cenário promissor para o manejo da DIP. A abordagem multidisciplinar e a educação contínua das pacientes desempenham papéis cruciais na redução das complicações e no aumento da eficácia do tratamento. Dessa forma, é fundamental continuar o desenvolvimento e a implementação de práticas clínicas mais eficazes, com foco na detecção precoce, no tratamento personalizado e na prevenção de sequelas a longo prazo.
Palavras-chave: Doença Inflamatória Pélvica. Diagnóstico. Tratamento.
1 INTRODUÇÃO
A Doença Inflamatória Pélvica (DIP) é uma infecção do trato reprodutivo feminino que envolve a inflamação do útero, das trompas de falópio e dos ovários, podendo se espalhar para os órgãos pélvicos próximos. Frequentemente associada a infecções sexualmente transmissíveis (ISTs), como a clamídia e a gonorreia, a DIP pode levar a complicações graves, como infertilidade, dor pélvica crônica e aumento do risco de gravidez ectópica. No entanto, apesar de ser uma condição relativamente comum, o diagnóstico precoce de DIP ainda é um grande desafio, uma vez que seus sintomas podem ser vagos ou confundidos com outras condições ginecológicas. (SCHEER et al, 2021).
O diagnóstico de DIP continua a ser complicado por sua ampla gama de apresentações clínicas e pela falta de métodos de diagnóstico rápidos e específicos. Muitos casos de DIP não apresentam sinais clínicos evidentes ou são assintomáticos, o que dificulta a detecção precoce. Quando os sintomas estão presentes, incluem dor abdominal, secreção vaginal anormal e febre, mas esses sinais podem ser confundidos com outras patologias, como endometriose ou cistos ovarianos. Assim, muitos casos de DIP acabam sendo diagnosticados tardiamente, quando já ocorreram danos significativos nos órgãos reprodutivos. (BERNARDI, BOTTON, GONÇALVES, 2016).
Além disso, o tratamento da DIP também enfrenta desafios, uma vez que as opções terapêuticas tradicionais muitas vezes não são suficientes para prevenir complicações a longo prazo. O tratamento padrão inclui antibióticos para erradicar a infecção, mas em muitos casos, a resistência bacteriana e o diagnóstico tardio podem limitar a eficácia das terapias. As pacientes com formas mais graves da doença, que envolvem abscessos pélvicos ou danos extensos às trompas de falópio, podem necessitar de intervenções cirúrgicas, o que aumenta a complexidade do tratamento. (MELLO et al, 2014).
Diante desse cenário, o objetivo deste artigo é analisar os desafios no diagnóstico precoce da Doença Inflamatória Pélvica e explorar as estratégias terapêuticas inovadoras que têm sido desenvolvidas para melhorar a eficácia do tratamento e reduzir as complicações a longo prazo. A partir dessa análise, espera-se contribuir para uma melhor compreensão da condição e para a implementação de práticas clínicas mais eficazes no manejo da DIP.
2 METODOLOGIA
A pesquisa adotou uma metodologia que combina análise, descrição e exploração, fundamentada em uma revisão abrangente da literatura existente. O objetivo principal desta revisão é compilar, sintetizar e analisar os achados de estudos anteriores sobre miomas uterinos. Esse método integra informações já publicadas, oferecendo uma visão crítica e estruturada do conhecimento disponível. A abordagem metodológica combina diversas estratégias e tipos de pesquisa, possibilitando a avaliação da qualidade e coerência das evidências e a integração dos resultados (BOTELHO, DE ALMEIDA CUNHA, MACEDO, 2011).
Para a coleta dos dados, foi utilizada a base de dados PubMed e Scielo. Diversos tipos de publicações foram considerados, incluindo artigos acadêmicos, estudos e periódicos relevantes. A pesquisa foi conduzida com os termos “Doença Inflamatória Pélvica”, “Diagnóstico”, “Tratamento”, aplicando o operador booleano “AND” para refinar os resultados. As estratégias de busca adotadas foram: “Doença Inflamatória Pélvica” AND “Diagnóstico” AND “Tratamento”.
Os critérios para inclusão dos artigos foram: publicações originais, revisões sistemáticas, revisões integrativas ou relatos de casos, desde que fossem acessíveis gratuitamente e publicadas entre 2017 e 2024. Não houve restrições quanto à localização geográfica ou ao idioma das publicações. Foram excluídos artigos não científicos, bem como textos incompletos, resumos, monografias, dissertações e teses.
A seleção dos estudos seguiu critérios rigorosos de inclusão e exclusão. Após a definição desses critérios, foram realizadas buscas detalhadas nas bases de dados utilizando os descritores e operadores booleanos estabelecidos. Os estudos selecionados formam a base para os resultados apresentados neste trabalho.
3 RESULTADOS E DISCUSSÕES
A revisão bibliográfica revelou que o diagnóstico precoce da Doença Inflamatória Pélvica (DIP) continua sendo um dos maiores desafios no manejo dessa condição. Muitos estudos destacaram a natureza assintomática ou paucissintomática da DIP, o que dificulta a detecção precoce da doença. Além disso, os sintomas mais comuns, como dor abdominal, secreção vaginal anormal e febre, são frequentemente confundidos com outras patologias ginecológicas, como endometriose e cistos ovarianos, levando a um diagnóstico tardio e ao aumento do risco de complicações. (MENEZES et al, 2021).
Vários estudos indicaram que a falta de exames laboratoriais rápidos e específicos também contribui para o diagnóstico tardio da DIP. O método de diagnóstico mais comum envolve a combinação de histórico clínico, exame físico e testes laboratoriais, como a cultura para gonorreia e clamídia. No entanto, esses métodos nem sempre detectam todas as formas de infecção, especialmente em casos assintomáticos, o que torna a identificação precoce da DIP ainda mais desafiadora. (CURRY, WILLIAMS, PENNY, 2019).
Outro fator relevante identificado na revisão foi a resistência bacteriana, que tem dificultado a eficácia das terapias tradicionais. A utilização indiscriminada de antibióticos, associada à emergência de cepas resistentes, tem levado à falha no tratamento de algumas infecções, o que contribui para o desenvolvimento de complicações graves, como infertilidade e abscessos pélvicos. Estudos sugerem que a resistência bacteriana é um problema crescente, particularmente nas infecções causadas por Neisseria gonorrhoeae e Chlamydia trachomatis, que são as principais responsáveis pela DIP. (FORD, DECKER, 2016).
Em relação às estratégias terapêuticas inovadoras, alguns estudos destacaram o uso de antibióticos de nova geração, como os fluoroquinolonas e cefalosporinas de terceira geração, que têm mostrado maior eficácia no tratamento das infecções resistentes. Além disso, a introdução de terapias combinadas, associando antibióticos e antivirais, tem sido considerada uma abordagem promissora para tratar a DIP de forma mais eficaz, especialmente em casos graves ou complicados. (SAVARIS et al, 2020).
A utilização de terapias direcionadas também tem se mostrado um avanço na abordagem da DIP. Os tratamentos baseados em antibióticos de ação mais seletiva, como os macrolídeos, têm demonstrado bons resultados, especialmente em pacientes com resistência a terapias anteriores. Além disso, a implementação de novos esquemas de tratamento, com duração mais curta e menor número de doses, tem sido analisada como uma alternativa eficaz para melhorar a adesão dos pacientes ao tratamento. (HILLIER, BERNSTEIN, ARAL, 2021).
Outro ponto destacado nos estudos foi o avanço nas tecnologias de diagnóstico, como a utilização de PCR (reação em cadeia da polimerase) e testes rápidos de amplificação de ácidos nucleicos. Esses métodos têm mostrado grande potencial para identificar infecções de maneira mais rápida e precisa, permitindo o diagnóstico precoce e a escolha de terapias mais eficazes. Alguns estudos indicaram que o uso dessas tecnologias pode reduzir significativamente a taxa de complicações e promover um melhor prognóstico para as pacientes. (MITCHELL et al, 2021).
Além disso, a abordagem multidisciplinar tem sido cada vez mais reconhecida como fundamental no manejo da DIP. Profissionais de saúde, incluindo ginecologistas, infectologistas e especialistas em saúde pública, têm trabalhado juntos para otimizar os cuidados com as pacientes, proporcionando uma abordagem mais holística que vai além do tratamento clínico. A colaboração entre especialistas tem demonstrado reduzir as taxas de complicações, como infertilidade e gravidez ectópica, além de melhorar a qualidade de vida das pacientes afetadas. (SAVARIS et al, 2020).
Por fim, a revisão indicou que a educação e o acompanhamento contínuo das pacientes são aspectos essenciais para o sucesso no tratamento da DIP. Estratégias de prevenção, como programas de educação sobre saúde sexual e a promoção do uso de preservativos, têm se mostrado eficazes na redução da incidência de infecções sexualmente transmissíveis e, consequentemente, da DIP. O envolvimento das pacientes no tratamento e a conscientização sobre os riscos da DIP são cruciais para prevenir complicações graves e melhorar os resultados a longo prazo. (SAVARIS, 2021).
4 CONCLUSÃO
A revisão bibliográfica revelou que a Doença Inflamatória Pélvica (DIP) continua a representar um desafio significativo no diagnóstico precoce e no tratamento eficaz. A natureza assintomática ou com sintomas pouco específicos da doença, aliada à falta de métodos diagnósticos rápidos e precisos, resulta em um diagnóstico tardio e, muitas vezes, em complicações graves, como infertilidade e abscessos pélvicos. Além disso, a resistência bacteriana e a falta de adesão ao tratamento convencional agravam ainda mais o cenário, tornando a gestão da doença complexa e demandando novas abordagens terapêuticas.
No entanto, o avanço nas estratégias terapêuticas inovadoras, como o uso de antibióticos de nova geração e terapias combinadas, bem como a implementação de tecnologias de diagnóstico rápido, oferece um cenário promissor para o manejo da DIP. A abordagem multidisciplinar e a educação contínua das pacientes desempenham papéis cruciais na redução das complicações e no aumento da eficácia do tratamento. Dessa forma, é fundamental continuar o desenvolvimento e a implementação de práticas clínicas mais eficazes, com foco na detecção precoce, no tratamento personalizado e na prevenção de sequelas a longo prazo.
REFERÊNCIAS
BERNARDI, Marcel Mocellin; BOTTON, Luiz Ricardo; GONÇALVES, Manoel Afonso Guimarães. Doença inflamatória pélvica e endometrite. Acta méd.(Porto Alegre), v. 37, n. 6, 2016.
BOTELHO, Louise Lira Roedel; DE ALMEIDA CUNHA, Cristiano Castro; MACEDO, Marcelo. O método da revisão integrativa nos estudos organizacionais. Gestão e sociedade, v. 5, n. 11, p. 121-136, 2011.
CURRY, Amy; WILLIAMS, Tracy; PENNY, Melissa L. Pelvic inflammatory disease: diagnosis, management, and prevention. American family physician, v. 100, n. 6, p. 357-364, 2019.
FORD, Gavin W.; DECKER, Catherine F. Pelvic inflammatory disease. Disease-a-Month, v. 62, n. 8, p. 301-305, 2016.
HILLIER, Sharon L.; BERNSTEIN, Kyle T.; ARAL, Sevgi. A review of the challenges and complexities in the diagnosis, etiology, epidemiology, and pathogenesis of pelvic inflammatory disease. The Journal of infectious diseases, v. 224, n. Supplement_2, p. S23-S28, 2021.
MELLO, Amanda Tavares et al. Doença inflamatória pélvica. Acta médica, v. 35, p. 6, 2014.
MENEZES, Maria Luiza Bezerra et al. Protocolo brasileiro para infecções sexualmente transmissíveis 2020: doença inflamatória pélvica. Epidemiologia e Serviços de Saúde, v. 30, p. e2020602, 2021.
MITCHELL, Caroline M. et al. Etiology and diagnosis of pelvic inflammatory disease: looking beyond gonorrhea and chlamydia. The Journal of infectious diseases, v. 224, n. Supplement_2, p. S29-S35, 2021.
SAVARIS, Ricardo F. et al. Antibiotic therapy for pelvic inflammatory disease. Cochrane Database of Systematic Reviews, n. 8, 2020.
SAVARIS, Ricardo F. Up-to-date data on Pelvic Inflammatory Disease. Revista da Sociedade Brasileira de Medicina Tropical, v. 54, p. e0419-2021, 2021.
SCHEER, Isadora Oliveira et al. Abordagem da doença inflamatória pélvica: uma revisão de literatura. Brazilian Journal of Health Review, v. 4, n. 1, p. 169-187, 2021.