DOENÇA DE PARKINSON: REVISÃO INTEGRATIVA DOS TRATAMENTOS PARA SINTOMAS MOTORES E NÃO MOTORES

PARKINSON’S DISEASE: INTEGRATIVE REVIEW OF TREATMENTS FOR MOTOR AND NON-MOTOR SYMPTOMS

REGISTRO DOI: 10.5281/zenodo.11078249

Graduação em Bacharelado em Medicina – Universidade Brasil – Fernandópolis/SP


Aline Bastos Mustafe1; Atilla Oliveira Barros2; Danyelle Delezuck3; Flávio Andrade do Prado4; Graciele Marina Menegon5; Jussieu Fernandes Júnior6; Mariana Belentani Rosa7; Narana Guimarães Silva8; Rayla Batista Gomes9; Rosemary Aparecida de Oliveira Machado10


RESUMO

Este artigo apresenta uma revisão integrativa dos tratamentos para sintomas motores e não motores na doença de Parkinson. Inicialmente, são descritos os principais sintomas motores, como tremor, rigidez e bradicinesia, seguidos por uma análise dos sintomas não motores, incluindo depressão, distúrbios do sono e disfunção cognitiva. Em seguida, são apresentados estudos relevantes sobre tratamentos farmacológicos e não farmacológicos, abrangendo psicofármacos, fisioterapia, terapias comportamentais e estimulação cerebral profunda. A discussão compara e analisa os resultados dos estudos revisados, avaliando a eficácia e segurança dos diferentes tratamentos, identificando lacunas na literatura e sugerindo direções para futuras pesquisas. Este estudo contribui para o avanço do conhecimento na área e para a melhoria do cuidado aos pacientes com doença de Parkinson.

Palavras-chave: Doença de Parkinson, sintomas motores, sintomas não motores, tratamento, revisão integrativa.

ABSTRACT

This article presents an integrative review of treatments for motor and non-motor symptoms in Parkinson’s disease. Initially, the main motor symptoms such as tremor, rigidity, and bradykinesia are described, followed by an analysis of non-motor symptoms including depression, sleep disturbances, and cognitive dysfunction. Relevant studies on pharmacological and non-pharmacological treatments are then presented, covering psychopharmacology, physiotherapy, behavioral therapies, and deep brain stimulation. The discussion compares and analyzes the results of the reviewed studies, evaluating the efficacy and safety of different treatments, identifying gaps in the literature, and suggesting directions for future research. This study contributes to advancing knowledge in the field and improving care for patients with Parkinson’s disease.

Keywords: Parkinson’s disease, motor symptoms, non-motor symptoms, treatment, integrative review.

1. INTRODUÇÃO

A doença de Parkinson, uma das condições neurológicas mais prevalentes em todo o mundo, continua a desafiar médicos e pesquisadores com suas manifestações complexas e impacto significativo na qualidade de vida dos pacientes. Caracterizada principalmente por sintomas motores, como tremor, rigidez e bradicinesia, além de sintomas não motores, como depressão, distúrbios do sono e disfunção cognitiva, a doença de Parkinson representa um grande desafio terapêutico.

Compreender a variedade de sintomas motores e não motores e suas interações é essencial para o manejo eficaz dessa condição neurodegenerativa progressiva. Nesse contexto, esta revisão integrativa se propõe a explorar os tratamentos disponíveis para os sintomas motores e não motores da doença de Parkinson.

Ao abordar essa temática, o presente estudo visa não apenas fornecer uma análise abrangente dos tratamentos existentes, mas também destacar lacunas na literatura e identificar áreas para pesquisas futuras. Ao fazê-lo, espera-se contribuir para o desenvolvimento de abordagens terapêuticas mais eficazes e personalizadas para os pacientes com doença de Parkinson. Nas seções seguintes, serão apresentadas uma revisão detalhada dos sintomas motores e não motores da doença, seguida pela análise dos tratamentos disponíveis para cada categoria. 

2. SINTOMAS MOTORES NA DOENÇA DE PARKINSON

A doença de Parkinson é amplamente reconhecida por uma variedade de sintomas motores que afetam significativamente a função motora e a qualidade de vida dos pacientes. Os sintomas motores mais comuns incluem tremor, rigidez muscular, bradicinesia (ou lentidão de movimentos) e instabilidade postural. Esses sintomas podem variar em gravidade e progressão de paciente para paciente, mas são geralmente resultantes da degeneração dos neurônios dopaminérgicos na substância negra do cérebro.

Para tratar esses sintomas motores, uma variedade de abordagens terapêuticas farmacológicas e não farmacológicas têm sido investigadas. Estudos têm demonstrado que o tratamento farmacológico, especialmente com medicamentos que aumentam os níveis de dopamina no cérebro, como a levodopa e os agonistas dopaminérgicos, pode ajudar a aliviar os sintomas motores e melhorar a qualidade de vida dos pacientes.

Antes de abordar os estudos mais recentes sobre tratamentos para sintomas motores na doença de Parkinson, é importante revisar as pesquisas anteriores que estabeleceram a base para nosso entendimento atual. Uma análise crítica desses estudos ajudará a identificar tendências, lacunas na literatura e debates em curso.

Um estudo seminal realizado por Dirkx et al. (2018) investigou a natureza do tremor postural na doença de Parkinson, fornecendo uma compreensão mais profunda dos mecanismos subjacentes a esse sintoma motor específico. Este estudo destacou a complexidade do tremor na doença de Parkinson e sua relação com outros sintomas motores, como rigidez e bradicinesia.

Além disso, um estudo de Cruz et al. (2022) examinou os efeitos da fisioterapia na funcionalidade e equilíbrio de pacientes com Parkinson. Este estudo contribuiu significativamente para a literatura ao demonstrar a eficácia da intervenção não farmacológica no manejo dos sintomas motores, complementando o tratamento medicamentoso tradicional.

No entanto, apesar do progresso feito nessas pesquisas, ainda existem lacunas significativas na literatura. Por exemplo, embora os estudos tenham investigado os efeitos individuais de diferentes abordagens terapêuticas, como medicamentos, fisioterapia e cirurgia, há uma falta de pesquisa comparativa direta entre essas intervenções. 

Além disso, a heterogeneidade dos sintomas motores entre os pacientes com doença de Parkinson sugere a necessidade de uma abordagem mais personalizada no tratamento. Estudos futuros que explorem biomarcadores e características genéticas específicas podem ajudar a identificar subgrupos de pacientes que responderão melhor a diferentes modalidades de tratamento.

3. SINTOMAS NÃO MOTORES NA DOENÇA DE PARKINSON

A doença de Parkinson não se limita apenas aos sintomas motores tradicionais, mas também apresenta uma variedade de sintomas não motores que podem ter um impacto significativo na qualidade de vida dos pacientes. Entre os sintomas não motores mais comuns estão a depressão, os distúrbios do sono e a disfunção cognitiva. Esses sintomas podem ser igualmente debilitantes e podem exigir uma abordagem terapêutica multifacetada para o manejo eficaz da doença.

Estudos relevantes têm explorado tanto tratamentos farmacológicos quanto não farmacológicos para os sintomas não motores da doença de Parkinson. No que diz respeito aos tratamentos farmacológicos, psicofármacos, como antidepressivos e ansiolíticos, são frequentemente prescritos para tratar a depressão e a ansiedade associadas à doença. Além disso, a estimulação cerebral profunda tem emergido como uma opção promissora para o tratamento de sintomas não motores, como distúrbios do sono e disfunção cognitiva.

Um estudo conduzido por Kim et al. (2019) investigou as diferenças de gênero nos efeitos da estimulação do núcleo subtalâmico na doença de Parkinson, destacando a importância da consideração de fatores individuais na escolha e resposta ao tratamento. Além disso, a revisão realizada por Silva Júnior et al. (2022) abordou o manejo dos sintomas não motores na doença de Parkinson, fornecendo uma visão abrangente das opções terapêuticas disponíveis.

Apesar dos avanços na compreensão e tratamento dos sintomas não motores, há lacunas na literatura que exigem uma investigação mais aprofundada. Por exemplo, embora os tratamentos farmacológicos possam ser eficazes para alguns pacientes, outros podem apresentar respostas inadequadas ou efeitos colaterais significativos. Além disso, há uma falta de pesquisa comparativa direta entre diferentes abordagens terapêuticas não farmacológicas, como terapias comportamentais e intervenções de estilo de vida.

Em última análise, a abordagem terapêutica para os sintomas não motores na doença de Parkinson deve ser individualizada e multidisciplinar, levando em consideração as necessidades e preferências específicas de cada paciente. Mais pesquisas são necessárias para preencher as lacunas na literatura e desenvolver estratégias terapêuticas mais eficazes e personalizadas para o manejo dos sintomas não motores da doença de Parkinson.

4. DISCUSSÃO

Ao comparar e analisar os resultados dos estudos revisados sobre tratamentos para sintomas motores e não motores na doença de Parkinson, é possível identificar tendências, lacunas na literatura e sugestões para futuras pesquisas, bem como avaliar suas implicações teóricas e práticas.

A avaliação da eficácia e segurança dos diferentes tratamentos revelou uma diversidade de abordagens terapêuticas para os sintomas motores e não motores da doença. Os estudos revisados destacaram a importância da intervenção multidisciplinar, que inclui tratamentos farmacológicos, não farmacológicos e cirúrgicos, para abordar os diversos aspectos da condição.

No entanto, apesar dos avanços na compreensão e tratamento dos sintomas motores e não motores, algumas lacunas na literatura ainda persistem. Por exemplo, há uma falta de pesquisa comparativa direta entre diferentes modalidades de tratamento, bem como uma necessidade de estudos que abordem a eficácia a longo prazo e os efeitos adversos dos tratamentos disponíveis.

As sugestões para futuras pesquisas incluem a realização de ensaios clínicos randomizados que comparem diretamente diferentes abordagens terapêuticas, bem como estudos que investiguem biomarcadores e características genéticas que possam predizer a resposta ao tratamento. Além disso, há uma necessidade de pesquisas que explorem intervenções terapêuticas personalizadas, levando em consideração as características individuais dos pacientes.

Em termos de implicações teóricas e práticas, os resultados dos estudos revisados fornecem uma base sólida para o desenvolvimento de diretrizes clínicas e estratégias de manejo da doença de Parkinson. Ao identificar as abordagens terapêuticas mais eficazes e as lacunas na literatura, este estudo contribui para o avanço do conhecimento na área e para a melhoria do cuidado aos pacientes com doença de Parkinson.

Em última análise, a discussão dos resultados enfatiza a importância contínua da pesquisa interdisciplinar e colaborativa para enfrentar os desafios complexos associados à doença de Parkinson e desenvolver abordagens terapêuticas mais eficazes e personalizadas.

5. CONCLUSÃO

Os estudos revisados revelaram que uma abordagem multidisciplinar, que inclui tanto tratamentos farmacológicos quanto não farmacológicos, é essencial para o manejo eficaz da doença de Parkinson. Enquanto os medicamentos dopaminérgicos continuam sendo a pedra angular do tratamento dos sintomas motores, intervenções como fisioterapia, exercícios físicos e terapias comportamentais desempenham um papel fundamental na melhoria da qualidade de vida dos pacientes.

As implicações clínicas desses achados são significativas, destacando a importância de uma avaliação abrangente e personalizada de cada paciente para determinar o melhor plano de tratamento. Profissionais de saúde devem estar cientes das opções terapêuticas disponíveis e considerar as necessidades individuais e preferências dos pacientes ao desenvolver um plano de manejo.

Como contribuição específica deste estudo, destacamos a necessidade de pesquisas futuras que abordem lacunas na literatura, como a falta de pesquisa comparativa direta entre diferentes modalidades de tratamento e a investigação de abordagens terapêuticas personalizadas. Além disso, é essencial explorar intervenções que visam não apenas aliviar os sintomas, mas também retardar a progressão da doença e melhorar os resultados a longo prazo.

Em suma, esta revisão reforça a importância de uma abordagem holística e integrada no manejo da doença de Parkinson, fornecendo orientações práticas e sugerindo direções futuras para pesquisa que podem beneficiar diretamente os pacientes e avançar o conhecimento na área.

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