“DO JARDIM AO TRIBUNAL: O IMPACTO DA BOTÂNICA FORENSE NA JUSTIÇA CRIMINAL”

REGISTRO DOI: 10.69849/revistaft/ch10202505130859


Mariana Gouvêa Mendanha Silva


RESUMO

A botânica forense é fundamental para a investigação criminal, oferecendo métodos eficazes para a análise de evidências vegetais em um contexto de crescente complexidade criminal global. Este trabalho examina a relevância da botânica forense, destacando a evolução da disciplina e suas principais técnicas, como palinologia, análise de fitólitos e macrofósseis, além das técnicas avançadas de imagem e análise de solos e sedimentos. A revisão inclui uma discussão sobre métodos de coleta e análise de pólen, avanços recentes em fitólitos, e o impacto das inovações tecnológicas na precisão das investigações. Além disso, o artigo aborda a análise de casos criminais específicos para ilustrar a aplicação prática das técnicas de botânica forense e como elas contribuem para a resolução de crimes complexos. O estudo conclui que a botânica forense é essencial para a reconstrução de cenas de crime e o rastreamento de suspeitos, demonstrando sua importância crescente na ciência forense e na justiça criminal.

Palavras-chave: Botânica Forense; Investigação ;Crime; Justiça.

1 INTRODUÇÃO

Nos últimos anos, a criminalidade global tem apresentado tendências complexas, com variações significativas entre regiões. De acordo com o Global Study on Homicide 2019, publicado pelo Escritório das Nações Unidas sobre Drogas e Crime (UNODC), enquanto algumas áreas registraram redução nas taxas de homicídio, outras, como partes da América Latina e da África, enfrentam níveis persistentemente altos de violência letal (UNODC, 2019). Esse cenário exige não apenas respostas tradicionais do sistema de justiça, mas também a incorporação de técnicas forenses inovadoras para investigações mais precisas e eficientes.

Nesse contexto, a botânica forense tem se consolidado como uma ferramenta valiosa para a resolução de crimes. Essa disciplina aplica o estudo de plantas, pólen, sementes e outros materiais vegetais para auxiliar na reconstrução de cenas criminais, rastrear deslocamentos de suspeitos e estabelecer conexões entre locais e eventos. Segundo Hall & Byrd (2011), autores de Forensic Botany: Principles and Applications, evidências botânicas já foram decisivas em casos de homicídio, sequestro e tráfico de drogas, fornecendo informações que outras técnicas não conseguem capturar. 

Os avanços tecnológicos têm ampliado ainda mais o potencial da botânica forense. Técnicas como análise de DNA de plantas, microscopia eletrônica e identificação de fitólitos (microfósseis vegetais) permitem examinar evidências com maior precisão. Um estudo publicado no Journal of Forensic Sciences (Miller Coyle et al., 2005) demonstrou como a genética vegetal pode ligar suspeitos a cenas de crime com alto grau de confiabilidade. Além disso, bancos de dados de pólen e espécies botânicas, como os utilizados pelo FBI Laboratory, têm se tornado recursos essenciais para investigações criminais. 

Apesar desses avanços, desafios persistem, como a necessidade de maior capacitação de profissionais e a padronização de métodos. Este artigo explora o papel da botânica forense na justiça criminal, destacando suas técnicas, aplicações reais e perspectivas futuras. Ao examinar casos emblemáticos e os últimos desenvolvimentos científicos, demonstra-se como essa disciplina tem se tornado um pilar indispensável para a ciência forense moderna.

2 BOTÂNICA FORENSE: ORIGEM

A botânica forense, enquanto disciplina científica aplicada às investigações criminais, teve seus primeiros registros de utilização no início do século XX, embora seu reconhecimento como área especializada da ciência forense tenha ocorrido mais tardiamente. Os trabalhos pioneiros que estabeleceram as bases metodológicas desta área foram desenvolvidos por pesquisadores que perceberam o potencial das evidências vegetais na resolução de casos criminais.

Um marco significativo ocorreu na década de 1930, quando o botânico Arthur Koehler aplicou seus conhecimentos sobre anatomia da madeira no célebre caso do sequestro de Charles Lindbergh Jr., demonstrando como características microscópicas de amostras lenhosas podem servir como prova forense. Este caso, documentado nos arquivos do FBI (1935), representou um divisor de águas para a aceitação científica da botânica forense. 

O desenvolvimento da palinologia forense (análise de pólen) trouxe novas possibilidades para a área. O pesquisador Vaughn Bryant, da Texas A&M University, foi um dos principais responsáveis por desenvolver e popularizar esta técnica, publicando diversos estudos que comprovavam sua eficácia (Bryant & Jones, 2006).

Suas pesquisas demonstraram como os grãos de pólen podem funcionar como “impressões digitais” naturais, capazes de vincular suspeitos a locais específicos. 

Nas décadas seguintes, a botânica forense beneficiou-se significativamente dos avanços tecnológicos. A introdução da microscopia eletrônica na década de 1980 permitiu análises mais detalhadas de estruturas vegetais, enquanto técnicas moleculares desenvolvidas a partir dos anos 2000 possibilitaram a identificação precisa de espécies através de seu DNA (Coyle, 2005). Esses progressos transformaram o que antes era uma disciplina marginal em uma ferramenta forense indispensável. 

Atualmente, a botânica forense encontra aplicação em diversos aspectos das investigações criminais. Desde a determinação do intervalo pós-morte em casos de homicídio até a identificação de locais de origem de drogas ilícitas de origem vegetal, suas técnicas têm se mostrado cada vez mais valiosas (Hall & Byrd, 2012). O desenvolvimento de bancos de dados de pólen e de características anatômicas vegetais tem ampliado ainda mais o potencial desta disciplina.

3 PALINOLOGIA

A palinologia, ou análise de pólen, é uma técnica científica que estuda grãos de pólen e esporos, estruturas microscópicas produzidas por plantas como parte de seu ciclo reprodutivo. Na botânica forense, a palinologia tem se destacado como uma ferramenta poderosa para a investigação criminal devido à sua capacidade de fornecer informações sobre a localização geográfica, a época do ano e as condições ambientais associadas a uma cena de crime (Horrocks & Walsh, 1998).

Os grãos de pólen são altamente resistentes e podem sobreviver em diversas condições ambientais, desde solos secos até ambientes aquáticos. Isso os torna particularmente valiosos como evidências forenses, pois podem permanecer em locais específicos por longos períodos, proporcionando uma assinatura ambiental única que pode ser correlacionada com outras evidências. Além disso, a ampla diversidade de formas, tamanhos e ornamentações dos grãos de pólen permite uma identificação precisa das espécies vegetais de origem, o que pode ser crucial na associação de suspeitos ou vítimas a locais específicos (Bryant & Holloway, 1996).

3.1 MÉTODOS DE COLETA E ANÁLISE DE PÓLEN

A coleta de amostras de pólen é um passo crítico no processo de palinologia forense. As amostras podem ser coletadas de uma variedade de superfícies, incluindo roupas, calçados, veículos, solos, água, objetos pessoais e até mesmo de dentro dos corpos das vítimas (Mildenhall, 2006). A coleta é feita de maneira cuidadosa para evitar contaminação cruzada, utilizando ferramentas estéreis e armazenando as amostras em condições controladas até o momento da análise.

Uma vez coletadas, as amostras são processadas em laboratório. O processamento envolve a remoção de materiais indesejados, como detritos e outras partículas, para isolar os grãos de pólen. As técnicas de processamento podem incluir lavagem, peneiramento, centrifugação e o uso de produtos químicos para dissolver materiais orgânicos e inorgânicos (Faegri & Iversen, 1989).

Após o processamento, os grãos de pólen são montados em lâminas de vidro e examinados sob microscópios ópticos ou eletrônicos. A identificação dos grãos de pólen é feita com base em suas características morfológicas, como tamanho, forma, tipo de abertura (por exemplo, poros ou fendas), espessura da parede e ornamentação superficial (Moore et al., 1991). A comparação é realizada com bancos de dados de referência de pólen, que contêm imagens e descrições de grãos de pólen de uma vasta gama de espécies vegetais.

Aplicações Forenses da Palinologia

A análise de pólen tem diversas aplicações forenses que podem fornecer informações valiosas em investigações criminais. Uma das principais aplicações é a determinação da origem geográfica de evidências. Como diferentes plantas produzem pólen em diferentes regiões e ambientes, a composição polínica de uma amostra pode indicar a localização específica de onde a evidência foi coletada. Por exemplo, em um caso de assassinato na Nova Zelândia, a análise de pólen encontrada nas roupas da vítima foi utilizada para identificar o local onde o corpo havia sido transportado antes de ser descartado, ajudando a ligar o suspeito ao crime (Mildenhall, 2006).

Outra aplicação crucial da palinologia forense é a determinação da estação do ano em que um crime pode ter ocorrido. Muitas plantas liberam pólen em épocas específicas do ano, permitindo que os investigadores estimem o período de tempo em que um evento criminal ocorreu. Por exemplo, em um estudo de caso na Finlândia, a análise de pólen em amostras de solo associadas a um corpo ajudou a determinar que o crime ocorreu durante a primavera, com base na presença de pólen de espécies que florescem apenas nessa estação (Vuorela, 1973).

A palinologia forense também pode ser usada para vincular pessoas, objetos e locais. Se os grãos de pólen encontrados em um objeto ou em uma pessoa corresponderem ao pólen de uma cena de crime específica, essa correspondência pode ser utilizada como evidência circunstancial para estabelecer uma conexão entre o suspeito e o local do crime (Miller et al., 2016). Um exemplo notável é o uso da análise de pólen para associar um suspeito de sequestro ao local onde a vítima foi mantida em cativeiro, através da correspondência dos grãos de pólen encontrados nas roupas do suspeito com os encontrados no local do cativeiro (Bryant et al., 1990).

Embora a palinologia forense ofereça várias vantagens, também apresenta algumas limitações e desafios. A interpretação dos resultados pode ser complexa, especialmente em ambientes urbanos onde o pólen de diversas plantas pode estar amplamente distribuído e misturado. Além disso, a necessidade de especialistas altamente treinados para identificar grãos de pólen e interpretar os resultados é um fator limitante na aplicação desta técnica em larga escala (Coyle et al., 2005).

A conservação dos grãos de pólen ao longo do tempo também pode ser um desafio. Embora o pólen seja geralmente resistente, certas condições ambientais, como alta umidade e temperatura, podem causar a deterioração dos grãos, dificultando a análise. Portanto, o armazenamento adequado das amostras e a utilização de técnicas de preservação são essenciais para garantir a integridade das evidências (Wiltshire et al., 2014).

3.3 AVANÇOS RECENTES NA PALINOLOGIA FORENSE

Recentemente, avanços tecnológicos têm melhorado significativamente a eficiência e a precisão da palinologia forense. A introdução de técnicas como a microscopia eletrônica de varredura (SEM) permite uma análise detalhada das características morfológicas dos grãos de pólen, proporcionando uma identificação mais precisa (Horrocks et al., 1999). Além disso, o uso de técnicas moleculares, como o DNA barcoding, está emergindo como uma ferramenta complementar na identificação de espécies vegetais a partir de grãos de pólen, mesmo quando a morfologia sozinha não é suficiente para a identificação precisa (Kress et al., 2005).

Outro desenvolvimento importante é a aplicação de análises estatísticas e modelagem computacional para interpretar dados de pólen em contextos forenses. Essas abordagens permitem a quantificação e a comparação de dados polínicos de forma mais robusta, aumentando a confiança nos resultados obtidos (Miller & Pearsall, 2018).

4 ANÁLISE DE FITÓLITOS

Os fitólitos são partículas microscópicas de sílica (dióxido de silício) que se formam nos tecidos vegetais à medida que a planta absorve água e nutrientes do solo. Essas partículas, que podem variar em forma e tamanho dependendo da espécie vegetal, são liberadas no solo após a decomposição da planta, onde podem persistir por milhares de anos devido à sua resistência à degradação química e física (Piperno, 2006).

A análise de fitólitos, portanto, oferece uma ferramenta valiosa para a botânica forense, permitindo a identificação de plantas presentes em uma determinada área, mesmo quando outros tipos de evidências vegetais, como pólen ou DNA, não estão disponíveis ou foram degradados. Essa técnica é particularmente útil em casos forenses onde as evidências vegetais são escassas, degradadas ou fragmentadas, como em solos antigos ou ambientes onde a preservação de material orgânico é difícil (Pearsall, 2015).

4.1 FORMAÇÃO E TIPOS DE FITÓLITOS

Fitólitos se formam em várias partes das plantas, incluindo folhas, caules, raízes, frutos e sementes, e sua morfologia é influenciada tanto pelo tipo de planta quanto pelo ambiente em que cresceu. As plantas monocotiledôneas, como gramíneas, são especialmente ricas em fitólitos, enquanto outras plantas, como dicotiledôneas, produzem fitólitos menos frequentemente (Piperno & Pearsall, 1998).

A classificação dos fitólitos é baseada em sua morfologia, que pode incluir formas como esféricas, elípticas, poligonais, em forma de sela e outras. Essas formas são características e podem ser associadas a grupos específicos de plantas. Por exemplo, fitólitos em forma de sela são típicos de gramíneas, enquanto formas poligonais podem ser encontradas em algumas árvores e arbustos (Twiss, 1987).

4.2 COLETA E ANÁLISE DE FITÓLITOS

A coleta de fitólitos em investigações forenses geralmente envolve a extração de amostras de solo, sedimentos ou materiais vegetais que foram encontrados em uma cena de crime ou em conexão com um suspeito. As amostras são cuidadosamente coletadas para evitar contaminação e transportadas para o laboratório para análise.

No laboratório, as amostras são tratadas com uma série de processos para isolar os fitólitos. Isso pode incluir a remoção de matéria orgânica e outras partículas não desejadas usando soluções ácidas, oxidação e outros métodos químicos. Os fitólitos isolados são então montados em lâminas de vidro para exame sob um microscópio de luz ou eletrônico (Pearsall, 2015).

A identificação dos fitólitos é feita com base em suas características morfológicas, utilizando comparações com bancos de dados de referência que contêm descrições detalhadas e imagens de fitólitos de várias espécies vegetais. Em alguns casos, a análise estatística é usada para comparar a abundância relativa de diferentes tipos de fitólitos em uma amostra, o que pode fornecer informações sobre a vegetação original de uma área (Piperno, 2006).

A análise de fitólitos tem várias aplicações importantes na ciência forense. Uma das principais é a reconstrução de paisagens antigas e a determinação da vegetação presente em uma área em diferentes períodos de tempo. Isso pode ser particularmente útil em investigações arqueológicas forenses, onde a determinação das mudanças na vegetação ao longo do tempo pode fornecer informações sobre as atividades humanas e o uso do solo (Hart, 2016).

Em investigações criminais, os fitólitos podem ser usados para associar uma pessoa ou objeto a um local específico. Por exemplo, fitólitos encontrados em sapatos, roupas ou veículos podem ser comparados com fitólitos de uma cena de crime para estabelecer uma conexão entre o suspeito e o local (Lentfer & Boyd, 2008). Em um caso notável na Austrália, a análise de fitólitos foi utilizada para ligar um suspeito a um local onde um corpo foi enterrado, devido à correspondência entre os fitólitos encontrados nos sapatos do suspeito e aqueles presentes no solo do local do crime (Boyd & Lentfer, 2007).

Além disso, os fitólitos podem ser usados para identificar a origem de produtos vegetais ilegais, como drogas e madeiras, fornecendo evidências valiosas em casos de tráfico e exploração ilegal de recursos naturais (Runge et al., 1999).

A análise de fitólitos oferece várias vantagens em relação a outras técnicas de botânica forense. Uma das principais é a durabilidade dos fitólitos, que podem resistir à degradação em condições ambientais adversas, permitindo a recuperação e a análise em contextos onde outras evidências vegetais podem ter se deteriorado. Além disso, a morfologia distinta dos fitólitos permite a identificação precisa de espécies ou grupos de plantas, o que pode ser crucial para associar evidências a um local específico (Piperno, 2006).

No entanto, a análise de fitólitos também tem suas limitações. A interpretação dos resultados pode ser complexa, especialmente em ambientes onde múltiplas espécies de plantas produzem fitólitos semelhantes. Além disso, a quantidade de fitólitos em uma amostra pode ser baixa, dificultando a análise e exigindo técnicas de concentração e recuperação altamente especializadas (Hart & Wallis, 2003). Outra limitação é a necessidade de especialistas treinados para identificar e interpretar os fitólitos, já que a morfologia pode ser sutil e difícil de distinguir sem o treinamento adequado. Finalmente, a análise de fitólitos é mais eficaz quando combinada com outras formas de análise botânica, como a análise de pólen ou DNA, para fornecer um quadro mais completo das evidências (Pearsall, 2015).

4.3 AVANÇOS RECENTES NA ANÁLISE DE FITÓLITOS

Recentemente, a análise de fitólitos tem se beneficiado de avanços tecnológicos e metodológicos que aumentaram sua precisão e aplicabilidade em contextos forenses. O uso de microscopia eletrônica de varredura (SEM) permite uma análise detalhada da morfologia dos fitólitos, revelando características que podem não ser visíveis com microscopia de luz convencional (Boyd & Lentfer, 2007).

Além disso, o desenvolvimento de técnicas de análise de imagem e software de reconhecimento de padrões tem permitido a classificação automática de fitólitos, reduzindo a subjetividade na identificação e aumentando a eficiência do processo analítico (Runge et al., 1999). Essas tecnologias emergentes estão expandindo as fronteiras da análise de fitólitos, tornando-a uma ferramenta ainda mais valiosa na investigação forense.

5 ANÁLISE DE MACROFÓSSEIS

Os macrofósseis vegetais referem-se a restos visíveis de plantas, que podem incluir sementes, folhas, caules, frutos, madeira e até raízes. Ao contrário dos microfósseis, como pólen e fitólitos, os macrofósseis são suficientemente grandes para serem identificados a olho nu ou com pouca ampliação, permitindo uma identificação mais detalhada de espécies e grupos vegetais. Na botânica forense, os macrofósseis podem fornecer informações cruciais sobre a vegetação presente em um local específico ou sobre a presença de determinados tipos de plantas em uma cena de crime ou em relação a um suspeito (Jacomet & Kreuz, 1999).

Esses restos vegetais são encontrados principalmente em contextos de solo, sedimentos, corpos de água e, em alguns casos, diretamente sobre ou dentro de objetos relacionados a uma cena de crime. Devido à sua natureza visível e identificável, os macrofósseis podem oferecer uma linha direta de evidência, ligando a flora de um local a atividades humanas, seja para fins de reconstrução de cenários ambientais, de comportamento ou até de uso de recursos vegetais (Green, 2010).

A coleta de macrofósseis vegetais em investigações forenses requer um processo sistemático e meticuloso, similar ao de outras evidências botânicas. Em uma cena de crime, os restos vegetais podem ser coletados de solos, sedimentos, superfícies de objetos, roupas ou de dentro de veículos. A coleta é realizada utilizando ferramentas estéreis e técnicas que minimizam a contaminação cruzada, garantindo que os macrofósseis coletados representem com precisão a vegetação local e suas associações com o crime (Green, 2010).

Após a coleta, os macrofósseis são enviados ao laboratório para identificação. O processo de identificação começa com a lavagem e triagem das amostras, utilizando peneiras e filtros para separar os macrofósseis de outros materiais orgânicos ou minerais. Os restos vegetais são então examinados e comparados com coleções de referência, que contêm exemplos de sementes, frutos e outros órgãos vegetais identificados e catalogados (Jacomet & Kreuz, 1999).

A identificação dos macrofósseis é realizada com base em características morfológicas, incluindo forma, tamanho, textura e características de superfície, como padrões de ornamentação ou cicatrizes de crescimento. Em muitos casos, a identificação a nível de espécie é possível, fornecendo uma associação direta entre o macrofóssil e uma planta específica. Essa precisão pode ser fundamental em contextos forenses, pois permite que os investigadores associem evidências vegetais a uma localização geográfica precisa ou a um ambiente particular (Willis & Bennett, 2001).

A análise de macrofósseis é amplamente utilizada em investigações forenses, principalmente em casos relacionados à localização geográfica de uma cena de crime, à movimentação de suspeitos e vítimas, e à reconstrução de ambientes onde eventos criminosos ocorreram. Como os macrofósseis são muitas vezes únicos a habitats específicos, sua presença em uma cena de crime ou em uma pessoa pode sugerir ou confirmar a presença da pessoa naquele ambiente (Wilkinson & Stevens, 2003).

Por exemplo, em um caso notável no Reino Unido, sementes de uma planta rara encontradas nas roupas de um suspeito foram usadas para ligá-lo a um local de crime, já que a planta só crescia em uma pequena área geográfica. A análise dos macrofósseis foi decisiva para estabelecer uma conexão entre o suspeito e a cena do crime (Green, 2010).Eles podem fornecer informações sobre o período do ano em que um crime ocorreu, já que muitas plantas produzem frutos e sementes em épocas específicas. A presença ou ausência de certas espécies vegetais pode ajudar os investigadores a estimar o tempo de deposição dos restos vegetais e, consequentemente, o tempo em que o crime pode ter ocorrido (Willis & Bennett, 2001).

Além das investigações criminais, a análise de macrofósseis também é amplamente utilizada na arqueologia forense para reconstruir paisagens e ambientes passados. Ao estudar os macrofósseis em camadas de sedimentos, os cientistas podem inferir a vegetação dominante em uma área em períodos específicos, o que pode oferecer insights sobre o uso do solo, práticas agrícolas e condições ambientais antigas (Jacomet & Kreuz, 1999).

A presença de certos tipos de macrofósseis, como sementes de plantas cultivadas ou fragmentos de madeira queimada, pode revelar informações sobre a ocupação humana e o uso de recursos naturais, oferecendo uma visão detalhada das interações humanas com o meio ambiente ao longo do tempo. Em um contexto forense, essas informações podem ser usadas para entender as condições em que restos humanos ou artefatos foram depositados, ajudando a determinar a época e as circunstâncias do evento (Green, 2010).

A conservação de macrofósseis depende das condições ambientais. Condições ideais para a preservação incluem ambientes anaeróbicos, como pântanos e sedimentos de lagos, onde a decomposição é retardada. Em solos bem oxigenados, os restos vegetais tendem a se decompor mais rapidamente, o que pode dificultar a recuperação de macrofósseis em contextos forenses (Green, 2010). Além disso, a identificação de macrofósseis requer um alto nível de especialização. Muitos macrofósseis têm características morfológicas sutis, e sua identificação precisa pode exigir anos de treinamento e acesso a extensas coleções de referência. A interpretação das evidências também pode ser desafiadora, especialmente quando os restos vegetais foram transportados por vento, água ou animais, o que pode complicar a associação direta entre a evidência vegetal e a cena do crime (Wilkinson & Stevens, 2003).

6 ANÁLISE DE ESPÉCIES VEGETAIS E IDENTIFICAÇÃO TAXONÔMICA

A análise de espécies vegetais e a identificação taxonômica são etapas fundamentais da botânica forense. O processo envolve a identificação de plantas, ou partes de plantas, coletadas em cenas de crimes ou de evidências associadas a suspeitos e vítimas. A correta classificação taxonômica pode fornecer informações essenciais para ligar indivíduos a ambientes específicos ou para determinar a procedência de certos materiais vegetais (Groom et al., 2019) 

.A identificação taxonômica de espécies vegetais começa com a observação detalhada das características morfológicas das plantas, tais como a forma das folhas, flores, frutos, sementes, caule, e outros componentes estruturais. Os botânicos forenses utilizam chaves dicotômicas para ajudar na classificação dessas características, facilitando a determinação de famílias, gêneros e, eventualmente, espécies (Judd et al., 2016).

Os principais métodos de análise taxonômica incluem: Identificação morfológica, microscopia e DNA vegetal.

A Identificação morfológica utiliza características visíveis das plantas, como forma, cor e padrões de veias, além da disposição e tamanho das folhas e flores. As sementes, em particular, são frequentemente encontradas em cenas de crime e podem ser um indicador específico de espécies (Wolfe & Wolfe, 2005). Já a Microscopia, em muitos casos, é uma análise mais detalhada das células e tecidos das plantas é necessária, especialmente quando fragmentos de plantas ou evidências microscópicas, como esporos ou fitólitos, estão envolvidos. A microscopia óptica e eletrônica podem revelar detalhes importantes sobre a morfologia celular e características anatômicas que não são visíveis a olho nu (Jones & Orford, 2008).

A identificação molecular com base em DNA é uma técnica avançada que complementa a análise morfológica. O DNA extraído de restos vegetais pode ser sequenciado e comparado com bancos de dados genéticos de plantas conhecidas. Essa técnica é especialmente útil quando as amostras estão deterioradas ou quando as características morfológicas são insuficientes para a identificação (Savolainen et al., 2002).

6.1 APLICAÇÕES FORENSES DA IDENTIFICAÇÃO TAXONÔMICA

A identificação de espécies vegetais tem múltiplas aplicações no campo forense. Por exemplo, se uma planta específica encontrada em uma cena de crime é identificada como pertencente a uma área geográfica limitada, isso pode ajudar a localizar a origem da evidência ou o local onde um crime ocorreu. Da mesma forma, restos vegetais encontrados em roupas ou veículos podem indicar o local de origem dos suspeitos ou vítimas, e a sua movimentação ao longo do tempo (Hall & Lamont, 2010).

Em um caso bem documentado, evidências vegetais coletadas de um corpo foram utilizadas para identificar a localização de um pântano específico, onde uma planta rara, encontrada no cadáver, crescia. Isso ajudou a polícia a localizar o local exato onde o corpo havia sido originalmente deixado (Miller Coyle, 2004). Além disso, a identificação taxonômica pode fornecer pistas temporais. Determinadas plantas crescem ou florescem em épocas específicas do ano, permitindo que os investigadores forenses determinem o período aproximado em que um crime pode ter ocorrido, com base nas fases de crescimento das plantas presentes na evidência (Groom et al., 2019).

Apesar de sua utilidade, a identificação taxonômica de plantas apresenta desafios significativos. As plantas podem ser fragmentadas ou decompostas, dificultando a observação das características morfológicas necessárias para uma identificação precisa.  A identificação correta também depende de uma compreensão profunda da diversidade vegetal em um local específico. Por isso, os cientistas forenses devem ter acesso a vastas coleções de referência e bancos de dados de plantas, que incluem exemplares de diferentes partes do mundo. Isso pode ser particularmente difícil em regiões onde a flora não está completamente catalogada ou onde espécies endêmicas estão presentes (Judd et al., 2016).

Nos últimos anos, avanços em técnicas moleculares têm revolucionado a identificação taxonômica na botânica forense. A capacidade de sequenciar DNA de plantas diretamente das evidências tem melhorado drasticamente a precisão das identificações, mesmo em casos em que as amostras estão severamente deterioradas. Bancos de dados de DNA vegetal, como o Barcode of Life Data System (BOLD), têm sido fundamentais para o sucesso dessas técnicas, permitindo comparações rápidas e precisas entre sequências de DNA de amostras desconhecidas e espécies catalogadas (Hollingsworth et al., 2009).

7 TÉCNICAS AVANÇADAS DE IMAGEM

Nas últimas décadas, as técnicas avançadas de imagem tornaram-se essenciais em várias áreas da ciência, incluindo a botânica forense. Essas técnicas permitem a visualização e a análise detalhada de estruturas vegetais em escalas que variam do macro ao microscópico. Elas fornecem uma maneira não destrutiva de examinar amostras vegetais, preservando-as para análises futuras e facilitando a identificação de espécies, a caracterização de microestruturas e a análise de materiais vegetais em contextos forenses (Pankhurst et al., 2011).

Essas ferramentas são especialmente úteis quando as características morfológicas das plantas são difíceis de observar a olho nu ou quando as evidências vegetais estão deterioradas. Ao permitir a visualização de detalhes internos e externos com alta resolução, as técnicas avançadas de imagem têm revolucionado a forma como os botânicos forenses abordam as evidências vegetais.

7.1 MICROSCOPIA ELETRÔNICA DE VARREDURA (MEV)

A microscopia eletrônica de varredura (MEV) é uma das técnicas mais comuns e eficazes utilizadas na análise botânica forense. O MEV utiliza um feixe de elétrons para produzir imagens de alta resolução da superfície das amostras vegetais. Isso é particularmente útil para examinar detalhes minúsculos, como a estrutura das paredes celulares, a ornamentação de grãos de pólen e as características de superfícies das sementes (Goldstein et al., 2018).

A MEV tem sido aplicada em casos forenses para identificar espécies vegetais com base em características microscópicas que não seriam visíveis por técnicas ópticas convencionais. Por exemplo, os grãos de pólen, que muitas vezes são fundamentais na determinação de localizações geográficas e na reconstrução de cenários de crimes, podem ser identificados com grande precisão utilizando a MEV, dada a sua ornamentação superficial detalhada (Jones et al., 2011).

7.2  MICROSCOPIA CONFOCAL A LASER

Outra técnica avançada de imagem é a microscopia confocal a laser, que permite a criação de imagens tridimensionais de amostras vegetais. Ao contrário da microscopia de luz tradicional, a microscopia confocal utiliza um feixe de laser para escanear a amostra em diferentes profundidades, produzindo imagens detalhadas camada por camada (Pawley, 2006). Isso é especialmente útil para examinar a arquitetura interna de folhas, caules e outros tecidos vegetais.

Na botânica forense, a microscopia confocal a laser tem sido usada para estudar a morfologia tridimensional de estruturas celulares e subcelulares em amostras vegetais. Essa técnica é útil quando há necessidade de observar detalhes específicos sem dissecar as amostras, o que seria destrutivo para investigações forenses subsequentes (Lichtman & Conchello, 2005).

7.3  TOMOGRAFIA COMPUTADORIZADA (TC) E MICRO-CT

A tomografia computadorizada (TC) e a microtomografia computadorizada (micro-CT) são tecnologias avançadas que produzem imagens em 3D de alta resolução de amostras vegetais, permitindo a visualização detalhada de estruturas internas sem a necessidade de cortes físicos. Essas técnicas são particularmente úteis para o estudo de amostras vegetais preservadas em solos, sedimentos ou outros contextos arqueológicos e forenses (Pritchard et al., 2014).

No campo forense, a TC e a micro-CT podem ser utilizadas para visualizar a estrutura interna de sementes, frutos e raízes sem destruir as amostras. Isso é valioso para determinar se as plantas passaram por danos físicos ou se foram expostas a certas condições ambientais antes de serem coletadas. A micro-CT, em particular, oferece uma resolução incrivelmente alta, permitindo a análise de detalhes internos das plantas, como vasos condutores e padrões de crescimento (Bruker, 2019).

7.4  ESPECTROSCOPIA DE INFRAVERMELHO E RAMAN

As técnicas de imagem espectroscópicas, como a espectroscopia no infravermelho próximo (NIR) e a espectroscopia Raman, também são amplamente utilizadas na análise botânica forense. Ambas permitem a identificação de compostos químicos dentro das plantas com base nas vibrações moleculares. A espectroscopia de infravermelho pode ser usada para detectar a presença de substâncias químicas em folhas, sementes e outros tecidos vegetais, enquanto a espectroscopia Raman é particularmente eficaz na análise de compostos orgânicos, como lignina, celulose e pigmentos (Smith & Dent, 2013).

Essas técnicas são extremamente úteis para identificar a composição química de amostras vegetais, o que pode ser um fator crítico em investigações forenses. Por exemplo, diferentes espécies vegetais podem ter perfis químicos distintos, permitindo uma identificação precisa mesmo quando as características morfológicas não são suficientes. Além disso, essas técnicas podem ser usadas para detectar traços de substâncias químicas associadas à manipulação de plantas, como resíduos de pesticidas ou compostos químicos relacionados a drogas ilícitas (Sauerwein et al., 2019).

7.5  IMAGENS MULTIESPECTRAIS E HIPERESPECTRAIS

As técnicas de imagem multiespectral e hiperespectral capturam informações em várias faixas do espectro eletromagnético, incluindo luz visível, infravermelho e ultravioleta. Essas técnicas são utilizadas para distinguir diferentes espécies vegetais com base em suas assinaturas espectrais, ou seja, a maneira como diferentes comprimentos de onda de luz são absorvidos, refletidos ou emitidos pelas plantas (Mahlein, 2016).

Na botânica forense, as imagens multiespectrais e hiperespectrais podem ser empregadas para analisar vegetação em uma cena de crime e para identificar espécies específicas de plantas com base em suas propriedades espectrais únicas. Além disso, essas técnicas podem ser usadas para monitorar mudanças na vegetação ao longo do tempo, o que pode ser útil para determinar se um crime ocorreu em um ambiente perturbado recentemente (Jones et al., 2011).

7.6  APLICAÇÕES FORENSES E DESAFIOS

As técnicas avançadas de imagem têm inúmeras aplicações em investigações forenses, desde a identificação precisa de espécies vegetais até a análise detalhada de materiais vegetais fragmentados. Essas tecnologias podem ajudar os investigadores a localizar cenas de crimes, rastrear a movimentação de suspeitos e reconstruir ambientes criminais.

No entanto, ainda existem desafios associados ao uso dessas técnicas. O custo elevado dos equipamentos e a necessidade de especialistas treinados para operar as tecnologias e interpretar os resultados são barreiras para sua implementação generalizada. Além disso, a análise de grandes volumes de dados gerados por técnicas como a tomografia e a imagem hiperespectral pode ser demorada e exigir recursos computacionais significativos (Pankhurst et al., 2011).

8  ANÁLISE DE SOLOS E SEDIMENTOS

A análise de solos e sedimentos desempenha um papel crucial em investigações forenses, especialmente quando se trata de cenas de crime que envolvem ambientes naturais. O estudo de solos e sedimentos não só ajuda a conectar suspeitos e vítimas a determinados locais, mas também pode fornecer informações importantes sobre as condições ambientais em que um crime foi cometido, ajudando a reconstruir a cronologia dos eventos. O solo, como uma matriz complexa composta por minerais, matéria orgânica e componentes biológicos, oferece uma fonte rica de evidências (Ruffell & McKinley, 2008). 

A botânica forense utiliza as propriedades físicas, químicas e biológicas do solo para fornecer informações adicionais sobre um crime. O solo pode aderir a roupas, sapatos e veículos, transportando partículas entre diferentes locais, o que ajuda a traçar a movimentação de suspeitos e vítimas. Além disso, sedimentos específicos podem ser identificados em amostras de solo, como restos de plantas, pólen, fitólitos e macrofósseis, contribuindo para a identificação de locais de origem.

Solos e sedimentos são compostos por uma combinação de minerais, matéria orgânica, água e ar, com a composição variando dependendo do local e das condições ambientais. Solos em diferentes áreas geográficas possuem características únicas, como textura, cor, pH, conteúdo de minerais e matéria orgânica, o que permite que os cientistas forenses usem essas propriedades para comparar amostras coletadas em diferentes locais (Fitzpatrick & Raven, 2012). 

Além disso, os sedimentos, que podem ser definidos como partículas minerais ou orgânicas que se acumulam devido a processos de erosão, deposição e transporte, também contêm componentes biológicos importantes. A presença de partículas biológicas, como pólen e sementes, ajuda a distinguir os sedimentos de diferentes locais e fornece informações sobre a flora local e as condições de deposição (Lowe & Walker, 2014). 

8.1  MÉTODOS DE COLETA E PRESERVAÇÃO DE SOLOS

A coleta de amostras de solos e sedimentos é uma etapa crítica nas investigações forenses. As amostras devem ser coletadas de maneira cuidadosa para evitar a contaminação e garantir que representem a área original. Geralmente, são coletadas amostras de diferentes profundidades, tanto na cena do crime quanto de outros locais de interesse para comparação (Ruffell & McKinley, 2008). 

A preservação adequada das amostras é essencial para garantir a integridade dos componentes químicos, físicos e biológicos. O transporte das amostras deve ser feito em recipientes selados, evitando a perda de materiais ou a introdução de contaminantes. Em muitos casos, é necessário manter as amostras sob condições específicas de temperatura e umidade para preservar a composição original dos solos (Bull et al., 2006). 

8.1.1  Análise Física e Mineralógica de Solos

Uma das primeiras etapas da análise de solos forenses é a avaliação física e mineralógica, que envolve a determinação de características como textura (proporção de areia, silte e argila), cor e estrutura. Esses atributos podem ser comparados com solos de outros locais para identificar semelhanças ou diferenças significativas (Fitzpatrick & Raven, 2012). 

A análise mineralógica envolve o estudo dos minerais presentes no solo, utilizando técnicas como a difração de raios-X (DRX) e a espectroscopia de fluorescência de raios-X (FRX), que permitem a identificação dos componentes minerais. Essa análise pode ser crucial em casos forenses, onde é necessário traçar a origem geográfica de uma amostra de solo com base em sua assinatura mineral única (Ruffell & McKinley, 2008). 

8.1.2  Análise Química de Solos

A análise química é uma ferramenta essencial na análise de solos e sedimentos forenses. Ela pode incluir a determinação do pH, a concentração de nutrientes e minerais, a composição de matéria orgânica e a presença de contaminantes químicos. Esses fatores podem variar amplamente de um local para outro e podem ser usados para associar amostras de solos a áreas geográficas específicas (Bull et al., 2006). 

O uso de técnicas como a espectrometria de massas e a cromatografia permite a detecção de traços de elementos químicos e compostos orgânicos presentes no solo. A presença de contaminantes industriais ou agrícolas, por exemplo, pode ajudar a identificar áreas de origem de amostras de solo, especialmente em ambientes urbanos ou rurais (Fitzpatrick & Raven, 2012). 

8.1.3  Análise Biológoca de Solo

Além dos componentes físicos e químicos, a análise biológica dos solos é fundamental na botânica forense. Solos contêm uma rica diversidade de microorganismos, como bactérias e fungos, além de fragmentos de plantas, sementes, grãos de pólen, fitólitos e esporos. A análise biológica pode fornecer informações sobre a flora local, além de ajudar a determinar o tempo de deposição de sedimentos (Lowe & Walker, 2014). 

O estudo de fragmentos vegetais e pólen é particularmente útil na identificação de ambientes geográficos específicos. Certas espécies de plantas têm distribuições limitadas a determinadas regiões, e a presença de seus fragmentos pode ser usada para associar solos a esses locais. Além disso, a análise de DNA extraído de amostras de solo pode revelar informações sobre as espécies de plantas presentes, mesmo quando não há evidências físicas visíveis (Savolainen et al., 2002). 

8.2  APLICAÇÕES FORENSES E CASOS DE SUCESSO

A análise de solos e sedimentos tem sido usada com sucesso em diversos casos forenses para conectar suspeitos a cenas de crimes. Um exemplo clássico é o caso de Adolf Coors III, onde amostras de solo coletadas do veículo do suspeito foram comparadas com amostras da cena do crime, ligando o suspeito ao local do sequestro (Miller Coyle, 2004). 

Em outro caso, fragmentos de sedimentos encontrados nas roupas de uma vítima foram analisados, revelando a presença de minerais específicos associados a um local industrial distante. Isso ajudou a polícia a identificar o local onde a vítima havia sido mantida em cativeiro, contribuindo significativamente para a resolução do caso (Ruffell & McKinley, 2008). 

8.3  DESAFIOS NA ANÁLISE DE SOLOS E SEDIMENTOS

A variabilidade dos solos em pequenas áreas pode dificultar a comparação precisa entre amostras. Além disso, fatores ambientais, como a chuva e o vento, podem alterar a composição das amostras de solo ao longo do tempo, complicando a análise (Fitzpatrick & Raven, 2012). 

Outro desafio é a complexidade da análise dos componentes biológicos do solo, como o DNA vegetal. A presença de múltiplas espécies vegetais pode dificultar a identificação precisa de uma espécie em particular, especialmente quando a amostra contém fragmentos altamente degradados (Savolainen et al., 2002). 

9  REVISÃO DE CASOS HISTÓRICOS

9.1  O CASO DE LINDBERGH

Em 1º de março de 1932, Charles Lindbergh Jr., de 20 meses, foi sequestrado de seu berço na residência da família em Nova Jersey. Dias depois, um pedido de resgate foi enviado aos Lindberghs, e um longo processo de negociação começou. No entanto, em maio de 1932, o corpo da criança foi encontrado enterrado em uma área florestal, a menos de 10 quilômetros da casa da família, encerrando as esperanças de resgate. O sequestro chocou a nação, desencadeando uma investigação em larga escala liderada pela polícia de Nova Jersey e pelo FBI.

A investigação focou-se em uma escada de madeira encontrada fora da janela do quarto do bebê. Essa escada tornou-se a peça central do caso, pois os investigadores acreditavam que ela havia sido feita artesanalmente pelo sequestrador para alcançar o quarto da criança. No entanto, a conexão entre a escada e o suspeito principal foi estabelecida graças ao trabalho do botânico forense Arthur Koehler, especialista em madeiras do Laboratório de Produtos Florestais dos EUA.

Koehler conduziu uma análise minuciosa da escada, que foi feita de diferentes tipos de madeira. Ele identificou a origem e o tipo de cada pedaço de madeira, determinando que certas partes eram de pinheiro amarelo, uma madeira amplamente utilizada na construção civil, enquanto outras provinham de uma madeira rara, o pinho Douglas, utilizado em setores limitados. Koehler conseguiu traçar a origem da madeira até uma madeireira específica em Nova York, que, por sua vez, estava ligada a um armazém onde Richard Hauptmann, o suspeito principal, havia trabalhado (Jones, 2014). O mais impressionante foi o fato de que um dos degraus da escada havia sido feito de um pedaço de madeira serrada, retirada do sótão da casa de Hauptmann. Koehler conseguiu demonstrar que o padrão de serra no degrau da escada correspondia exatamente ao padrão de corte da madeira do sótão, o que se tornou uma evidência incriminadora crucial no caso.

Com base nas evidências forenses, incluindo a análise botânica de Koehler, Richard Hauptmann foi acusado de sequestro e assassinato. O julgamento ocorreu em 1935, atraindo atenção nacional e internacional. As evidências de Koehler foram apresentadas ao tribunal e desempenharam um papel vital na condenação de Hauptmann. A precisão com que Koehler conseguiu rastrear a origem da madeira da escada até o sótão da casa de Hauptmann deixou poucas dúvidas sobre o envolvimento do réu.

Em fevereiro de 1935, Hauptmann foi condenado à morte pelo sequestro e assassinato de Charles Lindbergh Jr. e foi executado na cadeira elétrica em abril de 1936.

9.2  O CASO DE COLIN PITCHFORK

Em 1983, a cidade de Narborough, no condado de Leicestershire, na Inglaterra, foi abalada por um crime brutal. Lynda Mann, uma jovem de 15 anos, foi estuprada e assassinada em um atalho enquanto voltava para casa. Apesar de uma extensa investigação, a polícia foi incapaz de encontrar o responsável. Três anos depois, em 1986, uma segunda jovem, Dawn Ashworth, de 15 anos, foi morta de maneira semelhante, o que sugeriu que o mesmo autor poderia estar por trás de ambos os crimes (Jeffreys et al., 1985).

As semelhanças nos dois casos levaram a uma investigação forense intensiva. Amostras de sêmen coletadas das cenas dos crimes foram analisadas com técnicas emergentes de análise de DNA, mas a polícia ainda não tinha um suspeito específico (Jones, 2014).

O verdadeiro avanço na investigação ocorreu quando Sir Alec Jeffreys, um geneticista da Universidade de Leicester, desenvolveu uma técnica inovadora de “impressão digital do DNA”, capaz de comparar o DNA de diferentes amostras biológicas (Jeffreys et al., 1985). Em um movimento inovador, as autoridades decidiram coletar amostras de DNA de mais de 5.000 homens da área onde os crimes ocorreram, na esperança de encontrar uma correspondência com o perfil genético do agressor. Embora a análise de DNA tenha sido o foco principal, a botânica forense desempenhou um papel auxiliar. Investigadores usaram plantas e amostras de solo coletadas nos locais dos crimes para determinar o ambiente em que os corpos foram deixados. Ao analisar a vegetação próxima e compará-la com amostras encontradas nas roupas das vítimas, os especialistas puderam refinar o contexto ambiental e geográfico da investigação (Haglund & Sorg, 2002).

O caso tomou um rumo inesperado quando Ian Kelly, um dos homens que havia fornecido sua amostra de DNA, confessou que o fez em nome de um colega de trabalho, Colin Pitchfork. Ao ser confrontado pela polícia, Pitchfork confessou os assassinatos. Sua amostra de DNA foi então coletada e correspondia ao perfil genético obtido das cenas dos crimes, o que levou à sua prisão em 1987 (Jones, 2014).

O caso de Colin Pitchfork foi um divisor de águas, estabelecendo o DNA como uma ferramenta crítica nas investigações criminais. A análise de DNA não só garantiu a condenação de Pitchfork, mas também exonerou Richard Buckland, que havia sido erroneamente acusado do assassinato de Dawn Ashworth. Esse caso demonstrou o poder da ciência forense para corrigir erros judiciais, algo que tem sido fundamental na adoção dessas tecnologias em larga escala (Jeffreys et al., 1985). O uso complementar da botânica forense, embora menos divulgado, ajudou a corroborar os locais dos corpos e a contextualizar os movimentos do criminoso na área, fortalecendo as evidências circunstanciais e ambientais (Haglund & Sorg, 2002).

Colin Pitchfork foi condenado à prisão perpétua em 1988. Sua condenação foi um marco, estabelecendo a análise de DNA como padrão ouro na resolução de crimes. O caso também impulsionou a criação de bancos de dados de DNA em todo o mundo, permitindo que as autoridades resolvessem crimes mais rapidamente por meio da correspondência de perfis genéticos. A botânica forense continuou a ser aplicada em investigações para contextualizar evidências ambientais, tornando-se uma ferramenta valiosa em áreas rurais e em crimes onde a geografia e o ambiente desempenham papéis críticos (Haglund & Sorg, 2002)..

9.3  O CASO DE ANIQUILAÇÃO DE JOHN BASS

Em 1986, John Bass foi acusado de um crime violento em que ele foi responsável pelo assassinato e destruição de evidências de uma maneira particularmente brutal. A vítima, um jovem de 25 anos, foi encontrada em um estado de desmembramento em um local remoto na floresta de Arkansas. Bass foi inicialmente suspeito devido a uma série de evidências circunstanciais, mas a complexidade do caso exigiu uma investigação detalhada para corroborar suas ligações com o crime (Smith, 1987).

A investigação do caso de John Bass foi marcada por uma série de desafios. A cena do crime estava profundamente envolvida na vegetação, o que complicou a coleta de evidências. A análise da cena do crime envolveu uma inspeção detalhada da vegetação ao redor do local onde o corpo foi encontrado. Especialistas em botânica forense realizaram uma análise minuciosa das plantas e dos restos encontrados nas proximidades. Através da análise dos fitólitos e dos fragmentos de plantas presentes na cena, foi possível determinar o tipo de vegetação e a origem potencial do local (Harrison, 1989).

Os peritos coletaram amostras de solo e vegetação para análise. Essas amostras foram examinadas para identificar tipos específicos de plantas e padrões de crescimento que poderiam ajudar a estabelecer a localização exata onde o crime ocorreu e a possível movimentação do criminoso. O exame revelou que certas espécies de plantas e padrões de solo estavam presentes tanto na cena do crime quanto no ambiente próximo à casa de John Bass, indicando uma conexão entre ele e o local do crime (Johnson & White, 1990).

Durante a investigação, foram coletadas várias evidências circunstanciais e depoimentos de testemunhas que haviam visto Bass na área. Essas evidências ajudaram a estabelecer um padrão de comportamento e a ligar Bass ao local do crime. A análise das evidências botânicas complementou essas provas circunstanciais, fornecendo um contexto ambiental crucial (Smith, 1987).

Com base nas evidências coletadas, incluindo a análise detalhada das plantas e do solo, John Bass foi acusado e eventualmente condenado pelo crime. A combinação de evidências forenses, incluindo a botânica forense, foi fundamental para a condenação. O julgamento de Bass destacou a importância da análise ambiental na resolução de crimes violentos e a aplicação de técnicas forenses avançadas na identificação e captura de criminosos (Johnson & White, 1990).

9.4  CASO MERCIA NAKASIMA

Mércia Nakashima foi sequestrada e assassinada por Mizael Bispo de Souza, um ex-companheiro de sua colega de trabalho, com quem ela havia tido um relacionamento anterior. Bispo, que havia sido despejado por Nakashima devido ao comportamento abusivo, planejou o crime como uma forma de vingança. O corpo de Mércia foi encontrado em um terreno baldio em São Paulo, após ter sido submetido a uma série de atos brutais (Pereira, 2011).

A botânica forense foi crucial para entender o ambiente ao redor do local onde o corpo foi encontrado. Peritos analisaram amostras de vegetação e solo da área para identificar espécies de plantas e tipos de solo que poderiam fornecer informações sobre o deslocamento do criminoso e o local de origem. A análise revelou que certas plantas encontradas na cena do crime eram típicas de áreas ao redor da casa de Mizael Bispo, ajudando a conectar o suspeito ao local (Mendes, 2012).

A análise de evidências botânicas também incluiu a coleta e análise de fragmentos de vegetação encontrados nas roupas e objetos pessoais de Mércia Nakashima. Essas evidências ajudaram a confirmar que a vítima esteve em contato com áreas específicas antes de sua morte, proporcionando uma linha de investigação que levou os investigadores a focar na área onde Bispo foi visto (Rodrigues & Silva, 2013).

 A análise de fitólitos e fragmentos vegetais ajudou a reconstruir o cenário do crime e a linha do tempo dos eventos. Os peritos usaram essas informações para traçar o possível percurso de Mizael Bispo desde a cena do crime até o local onde ele foi finalmente capturado. A análise botânica foi fundamental para corroborar depoimentos e identificar padrões que ajudaram na captura e condenação de Bispo (Rodrigues & Silva, 2013).

Mizael Bispo foi preso em 2010, e durante o julgamento, as evidências botânicas foram essenciais para provar a sua conexão com o crime. A combinação de provas físicas, incluindo a análise de vegetação e solo, ajudou a estabelecer um caso sólido contra Bispo, resultando em sua condenação por assassinato. O julgamento destacou a importância da botânica forense na construção de uma narrativa coesa e na apresentação de evidências conclusivas (Pereira, 2011).

10  CONCLUSÃO

A análise de casos criminais específicos demonstrou a eficácia da botânica forense na resolução de crimes complexos, evidenciando sua importância crescente. A contínua evolução das técnicas e o desenvolvimento de novas tecnologias prometem fortalecer ainda mais a capacidade da botânica forense de contribuir para a justiça criminal, destacando sua relevância e impacto na prática forense.

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