DIFICULDADE NA RETENÇÃO DOS PROFISSIONAIS DO SETOR TECNOLÓGICO EM DECORRÊNCIA DO REGIME HOME OFFICE

REGISTRO DOI: 10.5281/zenodo.7396715


Daniela Costa Lima
Thaina Kelly Sousa Leite
Maria Helena Veloso Salgado


RESUMO. O home office tornou-se um dos regimes de trabalho mais praticados, em especial em período de pandemia. O home office também foi um dos fatores, que possibilitou diversas empresas manterem seus profissionais ativos, sem paralisação total das atividades durante a pandemia advinda da COVID-19 conforme (TECH, 2021), o que forçou a adequação de forma imediata, por parte das organizações, algo que era praticado apenas por empresas com cultura flexível, para efeito da comprovação desse artigo foi feita análises com os profissionais da área de Tecnologia, que mesmo antes da pandemia já praticava a jornada de trabalho híbrida com home office. Porém, essa prática antes sendo considerada benefício, após a pandemia modificou a compreensão de muitos profissionais e principalmente dos que compõem o setor tecnológico, que hoje estabelece o home office como fator de decisão, motivando-os a permanecer ou mudar de empresa. Através do presente artigo, pode-se expor, aspectos que vem fazendo a gestão de pessoas, repensarem algumas estratégias na retenção de talentos do setor tecnológico. Os dados foram coletados por meio de pesquisa, com formulário validado com profissionais de diversas empresas do setor de tecnologia, e os resultados obtidos podem servir de parâmetros para estratégias de retenção utilizadas pelos gestores de pessoas.

Palavras-chave. Home Office, Tecnologia, Retenção, Regime de Jornada. 

ABSTRACT. The home office has become one of the most practiced work regimes, especially in a pandemic period . The home office was also one of the factors that allowed several companies to keep active professionals without total stoppage of activities during the pandemic resulting from COVID-19, which forced organizations to adapt immediately and something that was only practiced for companies with a flexible culture. One of the observations and analysis that will be presented in this article is also about how professionals in the technology sector, which even before the pandemic, already practiced the hybrid workday with home office. However, this practice, before being considered a benefit after the pandemic, changed the understanding of many professionals and especially those who make up the technological sector, which today has established the home office as a decision factor motivating the permanence or change of the company, and through the present goes on to expose aspects that have been making people management rethink some strategies for retaining talent in the technology sector. Data were collected through a survey with a validated form with professionals from several companies in the information technology sector, and the results obtained can serve as parameters for retention strategies used by people managers.

Keywords. Home Office, Technology, Retention, Working Hours.

1. introdução

O presente artigo tem por objetivo observar, por meio de pesquisas e análises realizadas, com os profissionais da tecnologia,  em relação às oportunidades, o regime home office, fator decisório para permanência ou não em uma organização. Evidenciando os motivos para despertar a discussão em relação aos estímulos e fatores que tem fomentado tal comportamento.

Bem como, apresentar o conceito do regime home office, fatores de retenção de talentos e profissionais do setor de tecnologia. Por meio de pesquisas científicas de campo, observar o crescente número de adeptos desse regime e quais aspectos fortaleceram o comportamento. Para este estudo foram adotados os procedimentos de questionário, a pesquisa enriquecida com a coleta de dados, em que o questionário já validado em artigo científico por meio  eletrônico submetido a profissionais da área da tecnologia, o roteiro da pesquisa se dá por perguntas fechadas e abertas relevantes para o estudo.  Ressalta-se ainda, que a pesquisa foi aplicada seguindo os seguintes critérios; os pesquisados devem ser profissionais da área de tecnologia; que estejam no mercado de trabalho e se enquadre  no regime home office, ou presencial. 

Vale destacar, que esse  artigo, está baseado em estudos já realizados, sobre o regime home office que evidenciam aspectos relacionados aos benefícios desse regime, potencializando motivos como fator de retenção de profissionais que atuam na área de tecnologia. 

Diante do exposto, pode-se entender que as organizações têm um desafio, assim como os departamentos de gestão de pessoas, na compreensão dos aspectos que têm gerado mudanças e influenciado profissionais do setor da tecnologia a deixar o regime presencial, para continuar contribuindo para o crescimento da organização a qual pertence. No entanto, alguns pontos são necessários serem analisados como a questão da dificuldade de criar estratégias, promover adequações e possibilidades de manter tais profissionais, garantindo a qualidade de vida no trabalho.

2. Fundamentação teórica

Em 2020 diversas organizações precisaram buscar adaptações para enfrentar a pandemia da Covid-19, para que fosse possível a manutenção e continuidade do trabalho. A tecnologia foi uma das grandes aliadas para que organizações permanecem ativas e ainda que de forma restritiva mantivesse suas atividades e seus profissionais é o que afirma (SOUZA, 2022)

Além da tecnologia e ferramentas digitais que permitiram essa continuidade das atividades laborais, outro fator de relevância foi essencial para esse momento que foi a jornada de trabalho a distância, o Home Office, pautado em regulamentações do teletrabalho, com isso o que era apenas realidade em algumas organizações com cultura mais flexíveis e funções consideradas mais estratégicas, se tornou um fato para grande parte dos trabalhadores principalmente os profissionais da área tecnológica.

Passados mais de 2 anos desde o início da pandemia e com retorno das atividades presenciais, uma nova percepção quanto a jornada tem ganhado cada vez mais força entre diversas áreas, principalmente no setor de tecnologia, em que os profissionais desta área têm feito diversas organizações repensarem às condições de trabalho no que refere a jornada. Assim, evidencia que a relação de trabalho não é mais a presença física, como diz (HAUBRICH, 2020; apud MELEK, 2017).

Com o avanço da tecnologia estabeleceu-se um novo conceito, no qual as pessoas podem trabalhar fora do escritório da empresa, (BASSO; BARRETO, 2018), defende que as formas de trabalho se modificaram em decorrência da evolução da sociedade, que progrediu da atividade manual para intelectual. Há alguns aspectos importantes a serem considerados para que o home office seja implantado, como a questão de função e da atividade empresarial.

Um dos principais motivos para que diversos setores tivessem que adotar o home office, durante os 2 anos de pandemia, estava relacionado exatamente ao fato de evitar a circulação e aglomeração de pessoas nas dependências da empresa, evitando a contaminação além de promover o isolamento social.

Dentro de todas essas perspectivas pós pandemia da COVID-19, a preferência pelo regime home office ou migração para outra instituição que possua tal regime de trabalho, o que permite entender aspectos e reivindicações desses profissionais.

2.1 O SURGIMENTO  HOME OFFICE

O Home Office, teve seu surgimento em 1857, ainda na forma de trabalho a distância com, John Edgar Thompson, da empresa Penn Railroad, quando passou a utilizar um Sistema privado de telegrafia para controlar os trabalhos e os equipamentos nos canteiros remotos de obra da construção da Estrada de ferro, em que a transmissão e recepção  de mensagens eram feitas por meio da eletricidade, enviando mensagens codificadas através dos fios, assim para tal atividade não importava onde o operador estivesse, bastava ter a infraestrutura necessária de acordo com (SILVA, 2020).

Desta forma, sem imaginar que estava iniciando o conceito de gerenciamento remoto, o que passou a ser conhecido como teletrabalho tempos depois e atualmente sendo identificado como o home office. Sabendo que o home office é a flexibilização do trabalho, com o tempo, espaço e comunicação sendo uma questão de social e organizacional (SILVA, 2009)

Embora as primeiras iniciativas relacionadas ao home office tenham surgido desta forma tímida, outras iniciativas começaram a surgir a partir da década de 70, muito disso advindos da crise do petróleo e os gastos que as empresas tinham com o deslocamento de seus colaboradores, gerando despesas de grandes impactos, levando as organizações a considerarem o home office como uma alternativa viável e vantajosa para algumas atividades. Assim lembra (SILVA, 2009) nos Estados Unidos e Europa, várias companhias iniciaram teletrabalho em escalas pequenas como exemplo a University of California (USC) para substituição do transporte por telecomunicações, programas como, South Coast Air Quality Management District in Southern California a Hewlett-Packard e empresas líderes no campo da tecnologia como a (IBM) e (AT&T), que com o desenvolvimento que vinham tendo em telecomunicações aplicaram o teletrabalho em suas organizações.

2.2 BENEFÍCIOS DO HOME OFFICE 

Os benefícios do home office podem ser classificados em duas categorias de acordo com Haubrich e Froehlich, (2020) sendo essas categorias técnicas, profissionais e pessoais. Os benefícios técnicos profissionais são visivelmente encontrados quando se trata da melhoria de produtividade, no planejamento das atividades, disponibilidade em plano de ação e estudos. Já os benefícios pessoais, são perceptíveis na qualidade de vida, por gerar menos estresse, possibilidade de administrar o tempo de acordo com suas necessidades, ter mais tempo com a família e ganho de tempo em deslocamento. 

A redução do absenteísmo é um benefício considerável para organização, tendo em vista, que colaboradores que trabalham no regime home office possuem menos faltas justificadas ou injustificadas, deixando de estar ausentes em seus postos de trabalho, não necessitando de licenças do trabalho afirma   Haubrich e Froehlich, (2020).

Em concordância com Leite et al., (2020) que os benefícios pessoais para os colaboradores podem ser listados como qualidade de vida em família, organização do tempo livre, menos estresse no trânsito, e redução de gastos com alimentação, vestuário e deslocamento. Já os benefícios profissionais, são classificados como melhora na competência individual, agilidade, produtividade, responsabilidade, maior concentração, flexibilidade, aumento de satisfação do trabalho, menor número de interrupções, e aumento da produtividade

Para a organização os benefícios são aumento de produtividade, diminuição do absenteísmo e rotatividade, maior amplitude no recrutamento de pessoas, maior motivação e redução de custos com infraestrutura. (LEITE et al., 2020). 

2. 3 PROFISSIONAIS DE TECNOLOGIA DA INFORMAÇÃO 

De acordo com Wolff et al (2021), o setor de Tecnologia da informação no Brasil, é considerado um dos maiores do mercado, tendo em vista, que ocupa a 9ª posição do ranking mundial de acordo com a Associação Brasileira das Empresas de Software (ABES, 2019), e com mais de 1.196.000, novos profissionais no mercado. É um mercado em crescimento e desafios constantes, tanto na perspectiva de inovação tecnológica, quanto na forma de se relacionar com novas tecnologias, processos e negócios. 

O mercado tecnológico possui um ambiente muito competitivo, as organizações precisam potencializar estratégias para atrair, desenvolver e reter esse profissional, promovendo ambientes mais saudáveis com intuito de gerar maior vínculo, gerando confiança dos colaboradores e garantindo melhores locais de trabalho para esses profissionais, como aborda Wolf, Porto e Andretta (2021).

3. Materiais e métodos

Para efeito deste estudo, tem como abordagem a pesquisa descritiva, como recomenda Gil (2008), o objetivo básico desta pesquisa está relacionado ao estudo da característica de uma população, e suas variáveis, levantando opiniões, ações, concepções e ideias, em concordância com Godoi (2014), a construção da estrutura foi feita por meio de estratégia de investigação qualitativa, utilizando técnicas de questionários e coleta de dados.

Conforme Gambin, (2020), o desenvolvimento desse questionário eletrônico, foi realizado por meio do Google Forms, com questões subdivididas por seções, iniciando com a análise demográfica, seguindo para análise de trabalho, análise quanto a questão do home office, analisada a motivação e satisfação no trabalho e por fim o impacto do novo coronavírus na vida dos profissionais da Tecnologia da Informação. O questionário aplicado registra a autorização de forma voluntária e garante o anonimato dos participantes. A maioria das perguntas já possui valores pré-definidos, podendo por meio de opções adicionais, realizar algum comentário. Porém, para incentivar e motivar os participantes a serem o mais sincero possível, ao final da pesquisa, perguntas com respostas abertas foram aplicadas.

Sua forma foi qualitativa, mensurada por métodos estatísticos. Adotou-se um caráter exploratório descritivo com levantamento bibliográfico, já que a pesquisa científica demanda a revisão de livros, revistas, artigos científicos, e diversos outros meios disponíveis de pesquisa.

Além disso, conta com a característica das pesquisas descritivas e técnica padronizada da coleta de dados, através dos questionários de observação sistemática, que somadas permitem que o pesquisador obtenha novas percepções sobre a realidade já conhecida (MATIAS; PEREIRA, 2016).

4. RESULTADOS E DISCUSSÃO

A análise dos dados qualitativos desse estudo, segundo García Jiménez, E., Gil Flores, J. y Rodríguez Gómez, G. (1994). envolve um conjunto de reflexões com propósito de apresentar significados relevantes para o problema de pesquisa fazendo uso da base teórica, que consiste em comparar os dados obtidos com o referencial teórico. 

Nesse sentido Vergara, (2000) defende que a pesquisa descritiva expõe as características de determinada população ou fenômeno, estabelecendo as correlações entre variáveis e definindo sua natureza. Também defende que a pesquisa não tem o compromisso de justificar os fenômenos que descreve, embora possa utilizar como forma de explicar.

4.1 INSTRUMENTO DE COLETA DE DADOS

A aplicação do questionário iniciou-se em 22 de setembro de 2022, tendo seu encerramento em 22 de outubro de 2022. O instrumento qualitativo utilizado, teve um total de 31 questões, em que versava sobre os objetivos proposto neste estudo, por meio do questionário já validado, sendo possível obter uma amostra de 11 respostas.  Define Gambin, (2020), a amostragem utilizada foi do tipo bola de neve, sendo aplicada uma técnica não probabilística, os respondentes convidados respondem o questionário e convidam novos possíveis respondentes. 

4.1.1 ANÁLISE DEMOGRÁFICA

De acordo com EXAME (2022), estudos demonstram que mulheres representam 20 % do setor tecnológico. Os dados da pesquisa quanto ao gênero, foram os seguintes conforme Tabela 1:

Tabela 1 – Distribuição por gênero na área de T.I

Fonte: Dados da pesquisa (2022)

Os dados coletados revelaram a predominância masculina com 30% dos respondentes se identificando como gênero feminino. Quanto a identificação segue os resultados conforme Tabela 2:

Tabela 2 – Distribuição por identificação de cor

Fonte: Dados da pesquisa (2022)

Outro ponto que foi possível identificar nos dados foi predominância dos respondentes que se identificam como pardos com 50% no total.

Os dados sobre a faixa etária dos profissionais entrevistados conforme a Tabela 3:

Tabela 3 – Distribuição por faixa etária na área de T.I

Fonte: Dados da pesquisa (2022)

Nessa questão da faixa etária os resultados ficaram distribuídos de forma equilibrada, em que se obteve 20% para quase todas as faixas etárias, ou seja, dentre os participantes existem diversas idades que atuam na área. Um único ponto chamando atenção foi os 10% para faixa etária acima dos 45 anos, embora tenha sido o menor percentual não ficou tão longe dos demais percentuais considerando a amostragem.

Sobre o estado civil dos participantes: 

Tabela 4 – Distribuição por estado civil

Fonte: Dados da pesquisa (2022)

Quanto ao estado civil dos participantes 30% são solteiros (as), 30% casados(as), 10% divorciados (as) e 30% em união estável como demonstra a Tabela 4.

Tabela 5 – Distribuição por filhos

Fonte: Dados da pesquisa (2022)

Analisando as respostas dos participantes 70% informam que têm filhos e 30% que não tem conforme a Tabela 5.

E para finalizar o bloco sobre a análise demográfica, foi questionado sobre a formação dos profissionais, e os resultados foram os seguintes:

Tabela 6 – Distribuição de profissionais da Tecnologia por titularidade

Fonte: Dados da pesquisa (2022)

Nessa questão, observa-se que entre os participantes 49,90%, tem o tecnólogo na área de T.I., considerando que a maior parte possui formação na área é possível perceber que investimentos em especializações vêm ocorrendo.

4.2 A OPINIÃO OU PREFERÊNCIA EM RELAÇÃO AO MODELO DE TRABALHO HOME OFFICE.

Com relação ao modelo home office, é notório a preferência dos profissionais entrevistados, frente aos demais regime de trabalho (misto entre home office e presencial), como demonstra a Tabela 7:

Tabela 7 – Interesse em mudar de área

Fonte: Dados da pesquisa (2022)

Conforme dados coletados nessa pesquisa, fica evidenciado que 70% dos participantes, preferem o regime home office, reforçando o tema deste artigo e demais pesquisas realizadas com dados científicos.

4.3  QUANTO AO TRABALHO ATUAL E O MODELO DE TRABALHO HOME OFFICE

Dando continuidade à pesquisa, foi questionado quanto a situação atual de trabalho dos profissionais participantes da pesquisa conforme Tabela 8:

Tabela 8 – Preferência em relação ao modelo de trabalho

Fonte: Dados da pesquisa (2022)

Ficou perceptível que os profissionais que trabalhavam em home office mesmo antes da pandemia, os que trabalharam de forma híbrida e os que iniciaram o trabalho no regime home office, somaram 50%, contudo 30% responderam que trabalharam apenas durante a pandemia, mas não deram continuidade, indicando desafios enfrentados pelos profissionais que queiram continuar nesse regime nas organizações. 

Seguindo com a pesquisa foi questionado aos participantes como os mesmos avaliavam as suas condições de trabalho no regime home office com relação à alguns aspectos como, espaço físico, equipamentos, ergonomia e a compreensão das famílias e obtivemos os seguintes resultados:

Tabela 9 – Qualidade do espaço físico em Home Office

Fonte: Dados da pesquisa (2022)

Das respostas obtidas relacionadas às condições de trabalho do home office, foi possível observar que alguns itens  avaliados, tiveram variação entre ser bom e ser ótimo, sendo o mais considerado pelos pesquisados, o que mais chama a atenção está no item relacionado à compreensão familiar que através da amostra coletada as avaliações foi considerando ótima para tal requisito. Em seguida os itens, 

0 equipamento e espaço físico com 5 avaliações cada um, considerando esses itens como bom. Já o item ergonomia foi considerado regular na avaliação dos participantes.

Ainda dentro das avaliações quanto às condições do home office, foi apresentado questões envolvendo a empresa, ou seja, como avaliavam as condições da empresa e o home office, o que podemos observar através da Tabela 10:

Tabela 10 – Qualidade das ferramentas disponíveis  pela empresa para o home office

Fonte: Dados da pesquisa (2022)

Em seguida, foi questionado aos participantes da pesquisa que já trabalhavam ou que passaram a trabalhar no regime home office como eles avaliavam a cultura organizacional da empresa em que trabalham, conforme os seguintes resultados:

Tabela 11 – Avaliação da cultura organizacional 

Fonte: Dados da pesquisa (2022)

No tocante a cultura organizacional sobre home office, embora a comunicação não tenha sofrido alterações significativas, houve uma melhora relevante com a gestão do tempo. Podemos destacar ainda, que a produtividade e a organização tiveram ganhos.

Ao final foi proposta uma questão aberta, em que os participantes responderam de forma individual a sua percepção com relação ao futuro do Trabalho na área de tecnologia e os impactos que pode haver principalmente com relação ao trabalho home office pós pandemia, algumas respostas obtidas da amostra foram as seguintes:

Tabela 12 – Opinião sobre o home office

Fonte: Dados da pesquisa (2022)

“O participante 1 (2022), descreve que home office é tendência pra sempre.”

A fala do participante 1, fortalece o pensamento sobre o regime home office, como é possível observar através da resposta do participante fortalecendo a adoção desse modelo de trabalho. 

No mesmo sentido o participante 2 respondeu “acredito que o TI por ser uma área que atua em parte fisicamente seja prejudicada nesse sentido, mas a maior parte do trabalho, por ser feita usando software pode ser feita de maneira remota”. (PARTICIPANTE 2, 2022).

É possível observar na fala o participante 2, que embora acredite que haverá prejuízo para os profissionais em razão da parte física (hardware), ao mesmo passo entende, que a maior parte do trabalho é desenvolvida por meio software sendo possível ser feita de forma remota, assim o home office não traria tantos danos.

Assim como o participante 2 informou que haveria prejuízo em relação a parte física da área da tecnologia, se fosse totalmente home office, o participante 3 pensa que poderia ter alguns problemas quanto a saúde mental dos colaboradores como ocorreu durante o período de pandemia da COVID-19: “Apenas agilizou a evolução da área, mas a adaptação dos profissionais foi muito brusca e repentina talvez gerando alguns problemas de saúde mental etc.” (PARTICIPANTE 3, 2022).

Não há como não salientar que toda mudança causa desconforto, e com relação ao regime home office durante a pandemia não foi diferente, fez-se necessário por questão de preservação da vida e do próprio trabalho em muitas organizações sem preparação prévia para tal mudança, mas de algum modo necessitavam tomar medidas como essas, da adoção urgente e abrupta do home office. Assim, com o cenário pós pandêmico, muitas empresas estão buscando se adequar inclusive tornando tal modalidade de home office um meio de manter o colaborador da tecnologia em suas organizações.

Dentro desse cenário de implantação do regime home office a resposta do participante 4 diz o seguinte “Na minha opinião só reforçou que a tecnologia é um fator muito importante, para situações como as de pandemia, principalmente no quesito digital, como aplicativos websites e sistemas web, os aplicativos de comunicação e delivery foram cruciais neste período(PARTICIPANTE 4, 2022).

Na resposta do participante 6 foi possível observar uma semelhança no posicionamento quanto ao home office, “Creio que se abriu novas alternativas de exercer essa profissão, algo que levaria anos para ser adotado, foi antecipado inesperadamente.” (PARTICIPANTE 6, 2022).

Ambos os pontos de vista do participante 4 e 6 fica explícito que o regime adotado na pandemia já era algo que teria possibilidade de acontecer algum tempo depois com os avanços da tecnologia e todo desenvolvimento que decorreria desse avanço, sendo assim, o home office era algo esperado pelos profissionais de tecnológica, e com a questão da COVID-19, apenas acelerou o processo e toda sua aplicação nas organizações, como também respondeu o participante 7: “Acredito que a pandemia acelerou o processo de trabalho na modalidade home office pela necessidade do momento. O futuro do profissional de TI é o trabalho home office, no entanto, muitas empresas ainda insistem em manter o formato presencial.” (PARTICIPANTE 7, 2022).

Como o participante 7 menciona, o home office teve uma rápida adoção em decorrência da realidade universal enfrentada com pandemia da COVD-19, e ao final a compreensão sobre o home office, passou a ganhar prioridade para muitos na área de tecnologia, possibilitando e até estabelecendo o regime Home office de forma definitiva nas organizações, como podemos ver a seguir na fala do participante 9:

Já passou da hora das pessoas adotarem o sistema 100% home office. O ganho de tempo que pode ser aplicado para atualização do profissional, para atividades físicas, para momentos de relaxamento e antiestresse são fundamentais e é uma pena esse precioso tempo ser perdido em deslocamentos desnecessários. (PARTICIPANTE 9, 2022)

Na fala do participante acima, é possível identificar vantagens e benefícios que profissionais da área da tecnologia vivenciava com a implantação do home office tais como, momentos de lazer, tempo para capacitação e qualidade de vida no seio familiar, parâmetro que tem peso relevante na tomada de decisão, para permanecer na empresa. O que necessariamente leva as organizações a terem que reavaliar suas prioridades, principalmente no que diz respeito a manter profissionais da tecnologia na empresa, como bem lembrou o participante 8 (2022) “Quem não se adaptar, está fora do mercado”.

5. CONCLUSÃO

No presente estudo, apresentou-se a pesquisa referente ao tema das dificuldades de retenção dos profissionais da tecnologia devido o home office. Desta forma, destinou-se apresentar análise de fatores que envolvem o home office e a percepção dos profissionais da área, em relação a adoção desse regime pelas organizações, algo que devido a pandemia da COVID-19, foi implantada como forma de manter diversas atividades dos setores da tecnologia. A partir disso, muitos profissionais da tecnologia, passaram a adotar o home office, como algo definitivo bem como estabelecendo tal regime como um fator decisório, para permanecer nas organizações, gerando um comportamento dentro da área de profissionais da tecnologia, que não desejam voltar a rotina diária de trabalho presencial no escritório da empresa.

Com base nos estudos de artigos científicos e pesquisas, observou-se o quanto o home office importante para profissionais que atuam com a tecnologia e como é essencial uma estrutura tecnológica para que não ocorra prejuízos no desempenho das atividades, bem como o suporte que as organizações precisam prestar para esses profissionais, algo que durante a pandemia do novo coronavírus não foi bem planejado, nem mesmo desenvolvido, uma vez, que se tratava de algo emergencial e imediato. Mas após todo cenário de pandemia, muitas organizações do setor tecnológico como a IBM (International Business Machines Corporation) e TecnoSpeed estudam e planejam não só a disseminação, como também o aperfeiçoamento e a melhoria para garantir que seus profissionais, possam continuar no modelo home office, garantindo qualidade de vida no trabalho para esses colaboradores e não perder seus profissionais em razão do regime presencial.

Assim, que embora seja um comportamento orgânico e que profissionais estabeleçam o home office como fator decisório para se manter nas organizações, faz-se necessário às empresas se adequarem com melhor planejamento para o modelo home office, uma vez que as transformações e mudanças no mundo da tecnologia tem promovido benefícios de motivação e retenção dentro das mesmas, mas além disso gera uma referência e modelo de bons resultados, uma vez que profissionais da área tecnológica irão buscar desenvolver cada vez mais suas competências e se comprometer com a organização em que estão inseridos, agregando valor a empresa. Mas além de todo preparo da estrutura e ferramentas torna-se imprescindível ações estratégicas preservando questões sociais, econômicas e sustentáveis, a fim de garantir a saúde e qualidade de vida do profissional, além de manter, o senso de pertencimento e coletividade, que foi mencionado por alguns dos participantes da pesquisa deste estudo.

Destaca-se como limitação do estudo realizado, a não generalização da população, por se tratar de amostra obtida por meio de formulário digital, com base na percepção dos próprios participantes do estudo.

Como sugestão para futuras pesquisas, recomenda-se que seja estudada e analisada de forma ativa tendo em vista que a amostra que se obteve, não expressa a totalidade dos profissionais da tecnologia; e verificar ações que as empresas dos setores tecnológicos têm tomado para implantar o modelo home office e as estratégias que buscam garantir a permanência dos profissionais da tecnologia na empresa, frente a resistência dos mesmo em aceitar o modelo presencial de trabalho.

AGRADECIMENTOS 

Gostaríamos primeiramente de agradecer a Deus pelo dom da vida e por ter nos proporcionado chegar até aqui. Agradecemos aos nossos familiares pelo incentivo e apoio. Também agradecemos aos docentes Rosana Aparecida Bueno de Novais, Daniel Laurentino de Jesus Xavier, Jadir Perpétuo dos Santos, que estiveram dispostos a ajudar e contribuir para que o presente trabalho fosse realizado com êxito. Agradecemos a todos que participaram da pesquisa pela colaboração e disposição no processo de obtenção de dados, em especial a nossa orientadora Ma. Maria Helena Veloso Salgado, por todo suporte prestado com excelência, e a Profa. Ma. Coordenadora do curso de Recursos Humanos Valéria Rufino Maiellaro, por todo incentivo e recomendações. 

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