REGISTRO DOI: 10.5281/zenodo.8381455
1Flavia de Albuquerque Leão Costa,2 Jorge Andres Cardoso,3Thalia Araújo dos Santos,4Pedro Lucas de Oliveira Franco,5Leonardo Santos Assis,6Sâmilly Campos Gomes,7Alan Sonda,8Luan Ferreira Saldivar de Castro, 9Julia Dorilêo Castanha,10Isabela de Campos Maymone,11Bruna Zanatta Sansão,12Wander Costa Matos,13Heitor Mac Lorran Pinheiro de Araujo,14Thaynã Barbosa Lima, 15Edilane Henrique Leôncio,16Martha Eliana Waltermann
RESUMO
Introdução: O diagnóstico da Síndrome de Cushing tem sido aprimorado significativamente, graças ao avanço da tecnologia médica e à compreensão crescente das suas causas e mecanismos subjacentes. No entanto, o processo diagnóstico continua sendo um desafio, uma vez que os sintomas podem variar consideravelmente e se assemelhar a outras condições médicas. Objetivo: Apresentar os desafios e avanços recentes no diagnóstico e tratamento da Síndrome de Cushing. Metodologia: Realizou-se uma revisão integrativa da literatura em Setembro de 2023, por meio de um levantamento de dados nas bases científicas: LILACS, SCIELO e MEDLINE. Resultados e Discussões: Avanços recentes estão melhorando o processo de diagnóstico. A tecnologia de imagem avançada, como a ressonância magnética e a tomografia computadorizada, permite uma avaliação mais precisa das glândulas suprarrenais e da hipófise, facilitando a identificação de tumores e anomalias que podem causar a Síndrome de Cushing. Além disso, métodos aprimorados de dosagem de ACTH, o hormônio adrenocorticotrófico, têm se mostrado úteis na determinação da causa etiológica da síndrome, ajudando a distinguir entre causas pituitárias e suprarrenais. Conclusão: No que diz respeito ao tratamento, a identificação da causa subjacente da síndrome permanece como um desafio, mas a cirurgia minimamente invasiva e o desenvolvimento de medicamentos específicos representam avanços notáveis na gestão da Síndrome de Cushing. Essas inovações oferecem alternativas valiosas ao tratamento convencional, melhorando a qualidade de vida dos pacientes e reduzindo os riscos associados à cirurgia.
Palavras-Chaves: Doença de Cushing; Síndrome de Cushing; Tratamento.
INTRODUÇÃO
A Síndrome de Cushing, uma condição endócrina rara e complexa, continua a intrigar médicos e pesquisadores há décadas. Nomeada após o neurocirurgião Harvey Cushing, que a descreveu pela primeira vez no início do século XX, esta síndrome é caracterizada pelo excesso de cortisol no organismo. O cortisol, muitas vezes chamado de “hormônio do estresse”, desempenha um papel crucial no funcionamento normal do corpo humano. No entanto, quando ocorre em excesso, pode desencadear uma ampla gama de sintomas debilitantes que afetam a qualidade de vida dos pacientes (Gonçalves et al., 2022).
Nos últimos anos, o diagnóstico da Síndrome de Cushing tem sido aprimorado significativamente, graças ao avanço da tecnologia médica e à compreensão crescente das suas causas e mecanismos subjacentes. No entanto, o processo diagnóstico continua sendo um desafio, uma vez que os sintomas podem variar consideravelmente e se assemelhar a outras condições médicas. Portanto, a abordagem diagnóstica, conhecida como diagnóstico sindrômico e etiológico, desempenha um papel fundamental na identificação precisa da Síndrome de Cushing, na determinação das suas causas subjacentes e na definição do plano de tratamento adequado (Córdova et al., 2021).
O diagnóstico sindrômico da Síndrome de Cushing envolve a identificação desses sintomas característicos, bem como a realização de testes laboratoriais para medir os níveis de cortisol no sangue e na urina. No entanto, outros distúrbios endócrinos e condições médicas podem mimetizar os sintomas da Síndrome de Cushing, tornando a diferenciação precisa essencial para o tratamento adequado (Almeida, 2022).
A segunda parte do diagnóstico, a abordagem etiológica, concentra-se em determinar a causa subjacente do excesso de cortisol. As causas mais comuns incluem tumores nas glândulas suprarrenais (adenomas ou carcinomas) ou a produção excessiva de hormônio adrenocorticotrófico (ACTH) pela glândula pituitária, estimulando as suprarrenais a produzirem cortisol (Almeida, 2022).
Os sintomas da Síndrome de Cushing podem variar amplamente e podem ser sutis no início, tornando o diagnóstico um desafio. Entre os sintomas mais comuns estão a obesidade central (acúmulo de gordura na região abdominal), fraqueza muscular, pele fina e frágil, equimoses facilmente, acne, aumento da pressão arterial, diabetes, irregularidades menstruais nas mulheres e perda de libido em homens. Além disso, muitos pacientes com Síndrome de Cushing experimentam mudanças emocionais, como depressão e ansiedade, devido aos efeitos do excesso de cortisol no cérebro (Gonçalves et al., 2022).
OBJETIVO
Apresentar os desafios e avanços recentes no diagnóstico e tratamento da Síndrome de Cushing.
METODOLOGIA
Para a realização deste estudo, foi feita uma revisão integrativa da literatura em Setembro de 2023, cujo intuito foi obter dados que respondessem à questão norteadora. A elaboração desta pesquisa ocorreu mediante a estratégia metodológica proposta por Mendes;
Silveira; Galvão (2008), onde as etapas seguidas foram respectivamente 1)escolha do tema e questão de pesquisa, 2) delimitação dos critérios de inclusão e exclusão, 3) extração e limitação das informações dos estudos selecionados, 4) análise dos estudos incluídos na revisão, 5) análise e interpretação dos resultados e 6) apresentação da revisão ou síntese do conhecimento.
A pergunta norteadora emergiu em: Quais os os desafios e avanços recentes no diagnóstico e tratamento da Síndrome de Cushing?
Para alcançar os objetivos propostos por esta revisão integrativa foram realizadas buscas de estudos através das bases de dados científicas: Literatura Latino-Americana e do Caribe em Ciências da Saúde (LILACS), Scientific Electronic Library Online (SCIELO) e Medical Literature Analysis and Retrievel System Online (MEDLINE), intermediados pelos Descritores em Ciências da Saúde (DeCS): Doença de Cushing, Síndrome de Cushing e Tratamento, por aplicabilidade do operador booleano AND.
Para a seleção dos artigos que compuseram a amostra, foram definidos como critérios de inclusão: Trabalhos disponíveis e completos, publicados nos idiomas português, espanhol e inglês dos últimos 5 anos. Já os critérios de exclusão corresponderam a: teses, dissertações, artigos duplicados em mais de uma base de dados e que não correspondem ao tema em questão.
Assim, por meio do levantamento de dados, emergiram na literatura 52 estudos referentes ao tema proposto. Por meio da aplicabilidade dos critérios de elegibilidade, este número reduziu para 14 que com a leitura dos títulos e resumos, diminuiu para 10 e com a leitura na íntegra, foram selecionados 6 para compor a amostra dos resultados.
RESULTADOS E DISCUSSÕES
Nos últimos anos, tem havido avanços substanciais na compreensão dessa síndrome, proporcionando uma abordagem mais precisa e eficaz. No que diz respeito ao diagnóstico, um dos principais desafios é a variedade de sintomas associados à Síndrome de Cushing. Os pacientes podem apresentar desde obesidade central e fraqueza muscular até distúrbios emocionais, tornando o diagnóstico inicial frequentemente complexo (García et al., 2022).
Além disso, os exames laboratoriais tradicionais para medir os níveis de cortisol no sangue e na urina podem produzir resultados ambíguos, uma vez que os níveis de cortisol podem variar ao longo do dia e em resposta ao estresse. Existem condições médicas que imitam os sintomas da Síndrome de Cushing, como a obesidade metabólica, síndrome metabólica e depressão, o que torna a diferenciação entre essas condições um desafio crucial para evitar diagnósticos incorretos (Tavares et al., 2021).
No entanto, avanços recentes estão melhorando o processo de diagnóstico. A tecnologia de imagem avançada, como a ressonância magnética e a tomografia computadorizada, permite uma avaliação mais precisa das glândulas suprarrenais e da hipófise, facilitando a identificação de tumores e anomalias que podem causar a Síndrome de Cushing. Além disso, métodos aprimorados de dosagem de ACTH, o hormônio adrenocorticotrófico, têm se mostrado úteis na determinação da causa etiológica da síndrome, ajudando a distinguir entre causas pituitárias e suprarrenais (Pintado et al., 2021).
Novos testes de supressão de cortisol, como o teste de supressão de dexametasona, fornecem informações mais confiáveis sobre a produção excessiva de cortisol, contribuindo para um diagnóstico sindrômico mais preciso. No que diz respeito ao tratamento da Síndrome de Cushing, identificar a causa subjacente é crucial, mas isso pode ser desafiador, especialmente quando a condição é causada por tumores pequenos ou ectópicos. As opções de tratamento têm sido limitadas, geralmente envolvendo a remoção cirúrgica de tumores ou o uso de medicamentos para reduzir a produção de cortisol (Gonçalves et al., 2022).
No entanto, alguns casos de Síndrome de Cushing podem ser refratários ao tratamento convencional. Avanços notáveis estão surgindo no campo do tratamento. A cirurgia minimamente invasiva, como a laparoscopia e a cirurgia robótica, demonstrou eficácia na remoção de tumores das glândulas suprarrenais, reduzindo o tempo de recuperação e melhorando os resultados cirúrgicos (Córdova et al., 2021).
Nesse contexto, o desenvolvimento de medicamentos específicos para o tratamento da Síndrome de Cushing, como inibidores de receptores de cortisol e moduladores do receptor de melatonina, está se mostrando promissor como alternativa ao tratamento cirúrgico. Desse modo, a Síndrome de Cushing permanece como um desafio no campo da endocrinologia devido à sua complexidade diagnóstica e terapêutica (Almeida, 2022).
CONCLUSÃO
Os desafios no diagnóstico da Síndrome de Cushing, como a variedade de sintomas e resultados de exames ambíguos, continuam a ser uma barreira significativa para a identificação precoce da condição. No entanto, os avanços tecnológicos, como a ressonância magnética e a dosagem de ACTH, têm contribuído para uma avaliação mais precisa e eficaz dos pacientes, permitindo um diagnóstico sindrômico mais confiável.
No que diz respeito ao tratamento, a identificação da causa subjacente da síndrome permanece como um desafio, mas a cirurgia minimamente invasiva e o desenvolvimento de medicamentos específicos representam avanços notáveis na gestão da Síndrome de Cushing. Essas inovações oferecem alternativas valiosas ao tratamento convencional, melhorando a qualidade de vida dos pacientes e reduzindo os riscos associados à cirurgia.
REFERÊNCIAS
ALMEIDA, Tobias Skrebsky de. Avaliação do papel da desmopressina no gradiente central/periferia do ACTH no cateterismo de seios petrosos inferiores para o diagnóstico da doença de Cushing. 2022.
CÓRDOVA, María Valle et al. Diagnóstico del síndrome de cushing: un desafío de agudeza clínica. Sindrome Cardiometabólico, v. 11, n. 1, p. 29-33, 2021.
FISCHER, Laís. Diagnóstico diferencial da síndrome de Cushing ACTH dependente: Doença de Cushing e ACTH ectópico. Relato de dois casos, revisão da literatura e sugestão de algoritmo diagnóstico. Medicina-Pedra Branca, 2020.
GARCÍA, Clara et al. Importancia del cateterismo de senos petrosos inferiores en el diagnóstico de síndrome de Cushing, a propósito de un caso. Advances in Laboratory Medicine/Avances en Medicina de Laboratorio, v. 3, n. 4, p. 411-414, 2022.
GONÇALVES, Yasmin et al. Aspectos clínicos e laboratoriais no diagnóstico diferencial da síndrome de cushing. 2022.
MENDES, K. D. S., Silveira, R. C. D. C. P., & Galvão, C. M. (2008). Revisão integrativa: método de pesquisa para a incorporação de evidências na saúde e na enfermagem. Texto & contexto-enfermagem, 17, 758-764.
PINTADO, Mariana et al. Cateterismo de senos petrosos en el diagnóstico etiológico de síndrome de Cushing: primera experiencia en Uruguay. Revista Médica del Uruguay, v. 37, n. 2, 2021.
TAVARES, Francisco Rômulo Soares et al. Efeitos deletérios do uso crônico de corticoides: uma abordagem do desenvolvimento da Síndrome de Cushing. Research, Society and Development, v. 10, n. 4, p. e12310413487-e12310413487, 2021.
1 Médica, UNIPAC, Araguari, MG E-mail: fla.albuquerque@hotmail.com
2 Medicina pela FAMP, Mineiros, Goiás E-mail: Jorge-ac98@hotmail.com ORCID: https://orcid.org/0000-0002-3263-7079
3 Medicina pelo Centro Universitário de Mineiros, UNIFIMES, GO E-mail: thaliadossantos@hotmail.com ORCID: https://orcid.org/0000-0002-1816-0999
4 Medicina pelo Centro Universitário de Mineiros, UNIFIMES, GO E-mail: pedrolucasfranco97@gmail.com ORCID: https://orcid.org/0009-0008-1136-3268
5 Medicina pelo Centro Universitário de Mineiros, UNIFIMES, GO E-mail: Leonardosassis97@gmail.com ORCID: https://orcid.org/0009-0009-9106-1100
6 Medicina pelo Centro Universitário do Pará (Cesupa), Belém, Pará E-mail: samillycamposgomes@gmail.com ORCID: https://orcid.org/0009-0000-2760-2317
7 Medicina pela FAMP, Mineiros, Goiás E-mail: alansonda@hotmail.com ORCID: https://orcid.org/0009-0002-0718-3826
8 Médico pela UNIVAG, Várzea Grande, MT E-mail: luansaldivar@gmail.com ORCID: https://orcid.org/0009-0009-6015-6377
9 Médica pela UNIC, Cuiabá, MT E-mail: judorileo@gmail.com ORCID: https://orcid.org/0009-0008-3887-5976
10 Médica pela Universidade de Cuiabá – UNIC, Cuiabá, MT E-mail: isabelacmaymone@gmail.com ORCID: https://orcid.org/0009-0006-2838-3981
11 Médica pela Universidade de Várzea Grande, Várzea Grande, Mato Grosso – UNIVAG E-mail: brunasansao@hotmail.com ORCID: https://orcid.org/0009-0007-7207-9570
12 Médico pela Universidad Cristiana de Bolivia, Santa Cruz de la Sierra E-mail: Drwandercm@gmail.com ORCID: https://orcid.org/0009-0009-4422-9695
13 Médico pela Universidad Cristiana de Bolivia, Santa Cruz de la Sierra E-mail: heitormac@hotmail.com ORCID: https://orcid.org/0009-0002-9966-0254
14 Médico pela UDABOL – Universidade de Aquino Bolívia; Revalidação de Diploma pela Universidade Federal Do Mato Grosso – UFMT. E-mail: thaynanbandeira@gmail.com ORCID: https://orcid.org/0009-0004-2192-3952
15 Bacharelado em Enfermagem, Uni Novafapi Teresina, PI E-mail: edilanehl@hotmail.com ORCID: https://orcid.org/0000-0002-4696-963X
16 Mestra em Promoção da Saúde, Desenvolvimento Humano e Sociedade, Universidade Luterana do Brasil E-mail: martha.waltermann@ulbra.br ORCID: https://orcid.org/0000-0002-1780-888