DIAGNÓSTICO PRECOCE DO AUTISMO: IMPORTÂNCIA E DIFICULDADES

REGISTRO DOI: 10.5281/zenodo.7633374


Cristina Gusmão Santiago
Edílio Póvoa Lemes Neto
Isadora Xiples Rodrigues de Paula
Maria Luiza da Paz Sousa
Vitória Moura Rodrigues Veiga
Rita de Kassia Leopoldo Claudino da Silva
Vitor Franco Moreira
Júlia Zanusso Pontes Muniz
Taisa Dias Sanson
Hayani Yuri Ferreira Outi


RESUMO 

A precocidade do diagnóstico do transtorno do espectro autista (T.E.A) é de  suma importância, visto que quanto antes se tem o diagnóstico mais cedo inicia se a terapêutica. Para que seja possível diagnosticar o T.E.A os profissionais da  saúde precisam conhecer os critérios clínicos do transtorno em questão, os quais  estarão presentes neste Dentre os critérios pode-se destacar os déficits  qualitativos na socialização e no olhar referencial, padrões de comportamento  repetitivos e estereotipados, atraso no desenvolvimento da fala, deficiência em  expressar afeto e responder pelo nome, interesses e atividades limitadas e  aderência inflexível a rotinas e rituais, agressividade, hipersensibilidade a  estímulos sensoriais. Em crianças maiores, a anamnese que coleta a história do  neurodesenvolvimento e detecta alterações na comunicação, habilidade sociais  e comportamentos restritivos, faz-se suficiente para o diagnóstico do T.E.A. 

Quando são mais jovens ou há dúvidas diagnósticas, o ideal é que o diagnóstico  seja feito por uma equipe multidisciplinar que inclua neurologistas e/ou  psiquiatras infanto-juvenis, psicólogos, fonoaudiólogos e terapeutas  ocupacionais. 

INTRODUÇÃO E OBJETIVOS 

O transtorno do espectro do autismo (TEA) foi descrito pela primeira vez  pelo psiquiatra Leo Kanner em 1943 como um distúrbio em crianças que tinham  problemas de relacionamento com os outros e uma alta sensibilidade às  mudanças em seu ambiente. Embora parecesse ser um distúrbio raro na época,  a prevalência do TEA aumentou constantemente. Este aumento na prevalência  pode ser parcialmente atribuído à evolução dos critérios diagnósticos do DSM 5, ao aumento na consciência social e disponibilidade obrigatória de tratamentos.  

O transtorno do espectro do autismo é um dos distúrbios do  neurodesenvolvimento, que está presente desde o nascimento e dura a vida  toda, mais comuns e desafiadores em crianças. É caracterizado por dificuldade  de comunicação e interação social, e também padrões restritivos e repetitivos de  comportamento, interesse ou atividades. A identificação precoce do TEA é de  extrema importância. 

Porém, os sintomas comportamentais no primeiro ano de vida não são  específicos do TEA, os sintomas que são diagnósticos de TEA se desenvolvem  gradualmente no segundo ano de vida (LANDA, 2013), logo, essa falta de  marcadores comportamentais precoces é um desafio na detecção precoce que  é eficaz na redução de deficiências e gera resultados mais positivos a longo  prazo para a criança. O prognóstico é fortemente afetado pela gravidade do  diagnóstico e pela presença de deficiência intelectual. 

Não há cura farmacológica para TEA, no entanto, o diagnóstico precoce  e a intervenção junto com os serviços corretivos são altamente benéficos para  os pacientes. Os medicamentos podem ser usados como tratamento adjuvante  para comportamentos desadaptativos e condições psiquiátricas comórbidas, mas não existe uma terapia médica única que seja eficaz para todos os sintomas  do transtorno do espectro do autismo. Crianças com resultados ótimos recebem  intervenções comportamentais mais precoces e intensivas e menos tratamento  farmacológico. 

A evolução do conhecimento sobre TEA reflete em avanços de estratégias  para promover a aprendizagem precoce, melhorar a adaptação e aumentar a  qualidade de vida da criança. Este artigo visa fornecer ao leitor uma  compreensão sucinta sobre o transtorno do espectro do autismo e  principalmente sobre a importância e os benefícios de um diagnóstico precoce. 

MATERIAIS E MÉTODOS  

O presente trabalho foi realizado em forma de revisão de literatura. Foram  pesquisados artigos científicos nas bases de dados PubMed, Scielo….. A partir  da busca foram selecionados artigos que possibilitaram a fundamentação teórica  do artigo.  

DISCUSSÃO 

As manifestações do autismo incluem deficiências na comunicação e  interação social, anomalias sensoriais, comportamentos repetitivos e níveis  variados de deficiência intelectual. Além disso, distúrbios psiquiátricos ou  neurológicos concomitantes são comuns em pessoas com TEA como transtorno  de déficit de atenção/hiperatividade (TDAH), depressão, ansiedade e epilepsia  são muito prevalentes (LORD, 2020). 

Apesar de o surgimento de sintomas de TEA nos primeiros 2 anos de vida  estar bem documentado, a maioria das crianças são identificadas após os 3 anos  de idade (MILLER, 2020). 

Em crianças maiores, a anamnese que coleta a história do  neurodesenvolvimento e detecta alterações na comunicação, habilidades sociais  e comportamentos restritivos será o suficiente para fazer o diagnóstico de TEA.  Quando são mais jovens ou há dúvidas no diagnóstico, o ideal é que este seja  feito por uma equipe multidisciplinar que inclua neurologistas e/ou psiquiatras  infanto-juvenis, psicólogos, fonoaudiólogos e terapeutas ocupacionais (ROJAS,  2019) 

Dois testes que são considerados o padrão-ouro para diagnosticar TEA incluem o Autism Diagnostic Observation Schedule e Autism Diagnostic  Interview-Revised. O Autism Diagnostic Observation Schedule é essencialmente  um exame de jogo estruturado no qual o examinador implementar  sistematicamente várias “pressões” sociais com o indivíduo que está sendo  avaliado para evocar interações sociais já o Autism Diagnostic Interview-Revised  é uma entrevista estruturada com um cuidador na qual os sintomas de  desenvolvimento e comportamento são revisados. Estes testes são de maior  qualidade por serem estruturados e exigirem treinamento específico (MILLER,  2020). No entanto, apesar destes testes serem ferramentas de diagnóstico mais  adequados para TEA, a criança requer habilidades motoras suficientes para interagir com o material do instrumento e ser capaz de andar, portanto, esta  avaliação não é aplicável em muitas crianças no limite inferior de 12 meses. Os  testes acima descritos acima costumam ser os mais definitivos quando se trata  de um diagnóstico confiável (MILLER, 2020). 

Há uma combinação de fatores que levam as dificuldades para realizar o  diagnóstico precoce: Alguns comportamentos são normais no início da infância  e só se tornam anormais se persistirem na infância posterior; muitas habilidades  de comunicação social não surgem antes do primeiro ano de vida;  comportamentos anormais, como comportamentos repetitivos, podem surgir  mais tarde, depois que o distúrbio já estiver bem estabelecido (MCCARTY,  2020). 

Os tipos de intervenções usadas mudam ao longo da vida da criança e  incluem intervenções mediadas pelos cuidadores associadas ou não com  intervenções realizadas por terapeutas na infância e estratégias e técnicas  usadas na escola para promover a independência no futuro. As terapias  medicamentosas podem ser usadas para tratar alguns sintomas associados ao  autismo, como irritabilidade e ansiedade. (LORD, 2020) 

CONCLUSÃO 

Com base nem tudo o que foi argumentado neste trabalho, podemos  afirmar que, quanto mais precoce for o diagnóstico do TEA, melhor será a  terapêutica e o prognóstico, dito isso, cabe ao pediatra indicar um neuropediatra  a familia, a familia na grande maioria dos casos é observar os comportamentos  típicos de uma criança autista, como andar nas pontas dos pés, sensibilidade  auditiva e outros sintomas clássicos, uma equipe multidisciplinar é essencial  para a terapêutica da criança autista, neurologistas, psicólogos e o  acompanhamento de um psicopedagogo em toda fase de alfabetização é de  suma importância. 

Acerca dos testes diagnósticos podemos mencionar o Autism Diagnostic  Observation Schedule-Generic este se trata de exame feito através de um jogo  estruturado no qual o examinador implementar sistematicamente várias  “pressões” sociais com o indivíduo que está sendo avaliado para evocar  interações sociais. Outro teste interessante é o Autism Diagnostic Interview 

Revised, este é feito através de uma entrevista estruturada com um cuidador na  qual os sintomas de desenvolvimento e comportamentais são revisados. 

É cabível dizer que estes testes são de maior qualidade por serem  estruturados e exigirem treinamento específico. No entanto, apesar destes testes  serem ferramentas de diagnóstico mais adequados para TEA, a criança requer  habilidades motoras suficientes para interagir com o material do instrumento e  ser capaz de andar, portanto, esta avaliação não é aplicável em muitas crianças  no limite inferior de 12 meses.  

Dito isso conclui-se que os sinais clínicos que mais predizem o diagnóstico  precoce não são necessariamente específicos do T.E.A, mas sim aqueles que  iniciam o processo que posteriormente culmina no diagnóstico. É importante mencionar a necessidade de políticas de inclusão para esta comunidade, além  disso, o conhecimento da equipe médica é de extrema relevância visto que o  diagnóstico precoce ainda não é uma realidade para muitos.  

REFERÊNCIAS 

1 – BAHMANI, M. Autism: Pathophysiology and Promising Herbal Remedies. Current  Pharmaceutical Design, v. 22, n. 3, p. 277-285, 2016. Disponível em:  <https://pubmed.ncbi.nlm.nih.gov/26561063/>. Acesso em: 25 nov. 2022.  

2 – ROJAS, V.; RIVERA, A.; NILO, N. Actualización en diagnóstico e intervención  temprana del Trastorno del Espectro Autista. Revista Chilena de Pediatria, v. 90, n. 5,  p. 478-484, out. 2019. Disponível em:  <https://www.scielo.cl/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0370-41062019005001102&lng=en&nrm=iso&tlng=en>. Acesso em: 26 nov. 2022. 

3 – MILLER, L. E. et al. Characteristics of toddlers with early versus later diagnosis of  autism spectrum disorder. SAGE journals, v. 24, n. 2, p. 416-428, set. 2020. Disponível  em: <https://journals.sagepub.com/doi/10.1177/1362361320959507?url_ver=Z39.88- 2003&rfr_id=ori:rid:crossref.org&rfr_dat=cr_pub%20%200pubmed>. Acesso em: 26  nov. 2022.

4 – MCCARTY, P.; FRYE, R. E. Early Detection and Diagnosis of Autism Spectrum  Disorder: Why Is It So Difficult?. Seminars in Pediatric Neurology, v. 35, out. 2020.  Disponível em: <https://pubmed.ncbi.nlm.nih.gov/32892958/>. Acesso em: 27 nov.  2022. 

5 – DAN, B. Very Early Diagnosis of Autism Spectrum Disorder. Developmental  Medicine & Child Neurology, v. 60, n. 11, p. 1066-1066, out. 2018. Disponível em:  <https://pubmed.ncbi.nlm.nih.gov/30294778/>. Acesso em: 27 nov. 2022.  

6 – SICHERMAN, N. et al. Clinical Signs Associated With Earlier Diagnosis of Children  With Autism Spectrum Disorder. BMC Pediatrics, v. 21, n. 1, p. 96, fev. 2021. Disponível  em: <https://pubmed.ncbi.nlm.nih.gov/33632186/>. Acesso em: 28 nov. 2022.  

7 – KANNER, L. Autistic disturbances of affective contact. Nervous Child, v. 2, p. 217- 250, 1943. 

8 – LANDA, R. J. et al. Developmental trajectories in children with and without autism  spectrum disorders: the first 3 years. Child Dev, v. 84, n. 2, p. 429-442. 

9 – SHEN, M. D.; PIVEN, J. Brain and behavior development in autism from birth through  infancy. Dialogues in Clinical Neuroscience, v. 19, n. 4, p. 325-333, dez. 2017. 

10 – LORD, C. et al. Autism spectrum disorder. Nature reviews disease primers, v. 6,  n. 1, p. 5, 2020.