DIAGNÓSTICO ENDODÔNTICO

ENDODONTIC DIAGNOSIS

REGISTRO DOI: 10.69849/revistaft/cl10202509301048


Mário Conde1
Orientadora: Profa. Me. Luciana Freitas Bezerra2


Resumo

O diagnóstico endodôntico é uma etapa essencial para o sucesso do tratamento de canal, pois permite identificar com precisão a condição pulpar e periapical, orientando o planejamento e a conduta terapêutica adequada. O trabalho tem como objetivo realizar uma revisão de literatura sobre o diagnóstico endodôntico, destacando sua importância clínica e os principais métodos utilizados na prática odontológica. A metodologia empregada baseou-se em uma revisão narrativa, com busca de artigos publicados entre 2012 e 2025 nas bases de dados SciELO, PubMed e Google Acadêmico, em português e inglês. Os resultados evidenciam que, apesar dos avanços tecnológicos e da disponibilidade de exames complementares, o diagnóstico endodôntico ainda depende fortemente da interpretação criteriosa do profissional e da correlação entre os achados clínicos e radiográficos. Testes de sensibilidade pulpar, como os térmicos, continuam sendo fundamentais para a diferenciação entre as condições pulpares reversíveis e irreversíveis. Conclui-se que um diagnóstico preciso é indispensável para o êxito do tratamento endodôntico, prevenindo falhas terapêuticas, reduzindo custos e garantindo o prognóstico favorável do dente tratado.

Palavras-chave: Diagnóstico Endodôntico, Endodontics Diagnostics, Teste de Vitalidade Pulpar.  

1. INTRODUÇÃO  

O objetivo deste estudo é fazer uma revisão de literatura sobre diagnóstico endodôntico, este requer do profissional uma análise criteriosa das informações coletadas do paciente e uma interpretação cuidadosa dos exames complementares. Assim, são consideradas quatro fases importantes para o diagnóstico endodôntico, sendo estas: a queixa principal, a anamnese, o exame clínico (intraoral e extraoral) e os exames complementares. O Cirurgião-Dentista (CD) ou o Endodontista deve proceder de forma organizada ao sintetizar as informações e prosseguir em busca de um diagnóstico preciso. Como ponto de partida, o profissional deve determinar se a queixa principal é de origem odontogênica ou não odontogênica. O que se segue revisará aspectos do processo para o diagnóstico e servirá como um guia para o CD ou endodontista (GONÇALVES et al., 2021).  

O diagnóstico endodôntico é um processo fundamental na odontologia, especialmente quando se trata de identificar problemas relacionados à polpa dental e aos tecidos periapicais. Esse diagnóstico envolve uma série de etapas, incluindo a avaliação dos sintomas do paciente, como dor, sensibilidade ao calor ou frio e inchaço. Além disso, exames clínicos e radiográficos são essenciais para determinar a extensão da lesão e a presença de infecções (GONÇALVES et al., 2021; DINIZ, 1977).  

2. OBJETIVOS  

Apresentar uma revisão de literatura sobre o diagnóstico endodôntico, destacando sua importância para o sucesso do tratamento e os principais métodos utilizados na prática clínica.  

2.1 OBJETIVO GERAL  

Analisar a importância do diagnóstico endodôntico para o sucesso do tratamento de canal, destacando os principais métodos.  

2.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS  

a) Identificar a condição: Realizar uma análise detalhada para identificar corretamente a condição pulpar e periapical, como pulpites, necrose pulpar ou abscessos, garantindo um diagnóstico preciso. 

b) Minimizar as complicações: Reduzir a ocorrência de erros diagnósticos que possam resultar em tratamentos inadequados, complicações clínicas ou falhas terapêuticas. 

c) Racionalizar os recursos: Promover o uso eficiente dos recursos clínicos e financeiros, evitando procedimentos desnecessários e otimizando o tempo e os materiais empregados no tratamento endodôntico. 

3. JUSTIFICATIVA  

O tratamento endodôntico, também conhecido como tratamento de canal, é realizado para salvar um dente comprometido devido a infecção, inflamação ou necrose da polpa dentária — o tecido mole dentro do dente que contém nervos e vasos sanguíneos. Um diagnóstico correto reduz custos e salva vidas. 

4. METODOLOGIA  

A abordagem metodológica adotada no presente trabalho, consiste em uma revisão narrativa (também conhecida como revisão tradicional).   

Foram utilizados como base durante a pesquisa, a coleta dos artigos nas plataformas de bases de dados: Scientific Electronic Library Online (Scielo), Google Acadêmico (e- acadêmica) e PubMed de 2012 à 2025 nas línguas portuguesa e inglesa.  

5. REVISÃO DE LITERATURA  

O diagnóstico endodôntico consiste na determinação das condições pulpares e periapicais por meio da integração entre anamnese, exame clínico, testes de sensibilidade pulpar e exames radiográficos. A correta interpretação dos sinais e sintomas é essencial para diferenciar patologias pulpares e periapicais (SOUZA et al., 2020).   

De acordo com LOPES E SIQUEIRA (2015), o diagnóstico constitui a base para a tomada de decisão clínica, sendo indispensável para o sucesso do tratamento endodôntico. Além disso, COHEN E HARGREAVES (2021) destacam que o diagnóstico correto depende da correlação entre achados clínicos, testes de vitalidade pulpar e exames radiográficos adequados, permitindo uma conduta terapêutica previsível.   

Segundo SILVA ET AL. (2022), os testes de sensibilidade pulpar — como o teste térmico e elétrico — são fundamentais para avaliar a condição da polpa dental, auxiliando na distinção entre pulpite reversível, ou pulpite irreversível e necrose pulpar.  

6. DISCUSSÃO  

Os resultados encontrados evidenciam que ainda existem divergências significativas no diagnóstico endodôntico, especialmente em situações clínicas que não apresentam sinais e sintomas clássicos. Essa variabilidade pode estar relacionada a fatores como a experiência profissional, a interpretação subjetiva dos testes de sensibilidade e a resposta individual do paciente. De acordo com GLICKMAN (2009), mesmo com documentos de consenso, há falta de uniformidade em muitos casos clínicos, especialmente quando as condições são intermediárias ou controversas, o que reforça a importância de um julgamento clínico criterioso aliado ao uso de exames complementares confiáveis.  

A literatura demonstra que a combinação de métodos clínicos e exames complementares aumentam a precisão diagnóstica. Apesar dos avanços tecnológicos, o diagnóstico endodôntico ainda depende fortemente da experiência do profissional e da interpretação clínica criteriosa. O uso da tomografia computadorizada de feixe cônico deve ser reservado a casos complexos, devido à maior dose de radiação (SANTOS et al., 2024).  

O diagnóstico endodôntico é o marco zero do tratamento. Havendo uma necessidade criteriosa de observação, correlação de dados clínicos em especial a anamnese, exames complementares e interpretação baseada em conhecimento biológico e fisiopatológico da polpa e dos tecidos periapicais (SANTOS et al., 2024).  

Testes intraorais que auxiliam na avaliação da vitalidade pulpar e contribuem para a definição do diagnóstico endodôntico:  

1 – Teste de sensibilidade ao frio: consiste na aplicação de um estímulo térmico sobre o dente suspeito, avaliando-se a resposta dolorosa do paciente. A dor que cessa imediatamente após a remoção do estímulo indica uma resposta pulpar normal ou reversível, enquanto a dor que persiste sugere comprometimento pulpar de caráter irreversível (LOPES; SIQUEIRA JR., 2021). Este teste tem como objetivo avaliar a vitalidade da polpa dentária. O teste térmico pode ser realizado com o uso de estímulos de frio (como gelo, dióxido de carbono ou spray refrigerante) e de calor (como guta-percha aquecida). O teste elétrico de sensibilidade pulpar também pode ser utilizado, medindo a resposta neural da polpa. Respostas exacerbadas, prolongadas ou ausentes podem indicar inflamação pulpar ou necrose (INOUE; IWASAKI, 2022).  

2 – Os testes de percussão vertical e horizontal auxiliam na identificação do dente afetado e na determinação do grau de sensibilidade, devendo ser realizado primeiramente nos dentes vizinhos e, posteriormente, no dente suspeito (LOPES; SIQUEIRA JUNIOR, 2021).

3 – Análise gengival:  investigue a situação da gengiva, tocando a região e buscando ferimentos, bolsas e outras alterações (GONÇALVES et al., 2021).  

4 – Mobilidade dentária: deve-se verificar a presença de dentes amolecidos, o que pode indicar comprometimento do suporte periodontal e auxiliar no diagnóstico endodôntico (LOPES; SIQUEIRA JR., 2021).

5 – Teste de palpação: Realizado por meio de pressão digital sobre a mucosa adjacente à raiz dentária, com o objetivo de detectar dor, sensibilidade ou tumefações, que podem indicar a presença de inflamação ou abscesso periapical (AMORIM et al., 2021).  

6 – Teste de cavidade: realizado quando o diagnóstico não é conclusivo. Consiste em iniciar o acesso cavitário sem anestesia; a ausência de dor indica necrose pulpar (LOPES; SIQUEIRA JUNIOR, 2021).  

7 – Exames de imagem em Endodontia: incluem radiografias periapicais, interproximais, oclusais e panorâmicas, utilizadas para avaliar coroa, raiz e tecidos perirradiculares (LOPES; SIQUEIRA JUNIOR, 2021).

O diagnóstico endodôntico representa uma das etapas mais críticas do tratamento, pois orienta todas as decisões terapêuticas subsequentes. Um diagnóstico incorreto pode levar a intervenções desnecessárias, falhas terapêuticas ou até à perda do elemento dental (SILVA, E. L. et al 2020).  

O diagnóstico endodôntico representa uma das etapas mais críticas do tratamento endodôntico, pois orienta todas as decisões terapêuticas subsequentes. Um diagnóstico incorreto pode levar a intervenções desnecessárias, falhas terapêuticas ou até à perda do elemento dental (SIQUEIRA & RÔÇAS, 2020). Dessa forma, a precisão diagnóstica depende da integração entre anamnese detalhada, exame clínico minucioso e exames complementares.  

7. CONCLUSÃO  

O diagnóstico endodôntico é uma etapa fundamental para o sucesso do tratamento endodôntico, pois permite identificar com maior precisão a origem da dor, o estado pulpar e periapical, bem como a necessidade e o tipo de intervenção indicada (GONÇALVES et al., 2021; AZIM; MERDAD; PETERS, 2022). A correta interpretação dos sinais e sintomas clínicos, associada a exames complementares adequados — como testes de sensibilidade, radiografias e, quando necessário, tomografia computadorizada — garante maior segurança e previsibilidade ao plano de tratamento (GLICKMAN, 2009). Dessa forma, um diagnóstico preciso não apenas orienta a conduta terapêutica mais apropriada, mas também contribui para a preservação da estrutura dentária e para o prognóstico favorável do dente comprometido. 

8. REFERÊNCIAS  

AMORIM, L. F. et al. Importância do diagnóstico diferencial em Endodontia. Revista Brasileira de Odontologia, v. 78, n. 3, p. 1–8, 2021.

AZIM, A. A.; MERDAD, K.; PETERS, O. A. Diagnosis consensus among endodontic specialists and general practitioners: an international survey and a proposed modification to the current diagnostic terminology. International Endodontic Journal, v. 55, n. 11, p. 1202–1211, 2022.

COHEN, S.; HARGREAVES, K. M. Pathways of the Pulp. 12. ed. St. Louis: Elsevier, 2021.

DINIZ, A. Diagnóstico endodôntico. São Paulo: Artes Médicas, 1977.

GLICKMAN, G. Terminologia diagnóstica recomendada pela conferência de consenso da AAE. Journal of Endodontics, v. 35, p. 1634–1640, 2009.

GONÇALVES, L. S. et al. Métodos diagnósticos em Endodontia: uma revisão de literatura. Archives of Health Investigation, v. 10, n. 2, p. 237–243, 2021.

INOUE, N.; IWASAKI, K. Diagnostic considerations in endodontics: a review. Dental Clinics of North America, v. 66, n. 1, p. 1–16, 2022.

LOPES, H. P.; SIQUEIRA JUNIOR, J. F. Endodontia: Biologia e Técnica. 5. ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2021.

SANTOS, Oliveira. Dor na prática endodôntica: revisão de literatura. 2014. Tese (Doutorado) – Universidade Estadual de Campinas.

SILVA, E. L. da et al Microbiology and Treatment of Endodontic Infections. 2. ed. Cham: Springer, 2020.

SOUZA, F. L. et al. Diagnóstico das alterações pulpares e periapicais. Revista Odontológica do Brasil Central, v. 29, n. 1, p. 33–40, 2020.


1Acadêmico curso de odontologia
2Especialista em Prótese Dentária, Especialista em DTM e Dor Orofacial e Mestre em Ciências da Saúde.