REGISTRO DOI: 10.69849/revistaft/th10249061625
Joab Gabriel do Nascimento Santos1
Louise Bárbara Azevedo da Silva2
Ingrid Sayonara Silva3
Maria Eduarda Meira Lima Matos4
Jessica Spinardi5
Amanda Vanessa Silva Souza6
Mayara Domênica Teixeira da Silva7
Larissa Rodrigues Soares8
Isabelle Ferreira de Souza9
Matheus Henrique Albuquerque de Lima10
Jayne Beatriz Gomes Costa11
José Neilton de Araujo Júnior12
Maria Julia Pimentel Fragoso13
Laryssa Maria Barbosa de Aguiar14
Fabiana Santos Cerqueira15
Thiago Roberto da Silva16
Débora Lacerda Fernandes de Miranda17
Resumo
A queilite actínica é uma condição causada pela exposição prolongada aos raios ultravioleta. Esta condição afeta principalmente o lábio inferior por ser uma região anatomicamente mais exposta ao sol e por possuir maior sensibilidade devido a fina camada de proteção. Essa lesão causa alterações na textura e na coloração da pele, incluindo descamação, vermelhidão e, em casos mais graves, lesões crostosas ou ulcerativas. Objetivo: Analisar o diagnóstico e tratamento para Queilite Actínica. Relato de caso: Paciente do sexo feminino, procurou atendimento no Posto de Saúde da Família relatando uma lesão persistente que não regride ao decorrer do tempo em região de lábio inferior, com evolução de seis meses. ao exame físico, os lábios apresentavam características como pele do lábio seca e com fissuras, formação de crostas e descamação constante na área afetada, e os lábios estavam sensíveis ao toque. Metodologia: Para tanto a literatura foi baseada por meio de artigos científicos encontrados na base de dados PubMed/Medline, LILACS e BVS, em que foram aplicados os descritores “Queilite”, “Biópsia”, “Estomatologia”. Foram incluídos 11 estudos cientícos, dentre os quais o critério de tempo de publicação foi entre os anos 2004 até 2023, disponíveis na integra e escritos em inglês, português e espanhol. Conclusão: A queilite actínica é uma condição tratável com diagnóstico precoce e estratégias adequadas de conscientização sobre o uso de proteção solar. Com a educação sobre os riscos da exposição solar e o monitoramento regular dos lábios são essenciais para promover a saúde e evitar a evolução progressiva dessa e de possíveis futuras lesões.
Palavras – Chave: Queilite. Biópsia. Estomatologia.
1 INTRODUÇÃO
A queilite actínica, também conhecida como queilite solar, é uma condição inflamatória crônica que afeta principalmente o lábio inferior, resultante da exposição prolongada e cumulativa à radiação ultravioleta (UV), que afeta preferencialmente indivíduos do sexo masculino, leucodermas e superior 40 anos. É considerada uma lesão pré-maligna, dado o seu potencial para evoluir para carcinoma espinocelular, uma forma de câncer de pele (Neville et al., 2016)
A radiação ultravioleta induz uma série de alterações celulares e moleculares no epitélio labial. A exposição crônica ao sol provoca danos diretos ao DNA, formação de dímeros de pirimidina e a produção de espécies reativas de oxigênio (EROs), que levam a mutações genéticas e disfunção celular. O acúmulo dessas alterações pode resultar na atipia queratinocítica, uma característica marcante da queilite actínica. Além disso, a exposição UV crônica induz uma resposta inflamatória que exacerba o processo degenerativo do tecido labial (Gonzaga et al., 2020)
Clinicamente, a queilite actínica se apresenta como uma área difusa de eritema, descamação e atrofia no lábio inferior. Com o tempo, a lesão pode evoluir para uma aparência
endurecida, com a presença de fissuras, crostas e áreas de leucoplasia (placas brancas) que indicam atipia celular. Em casos mais avançados, pode-se observar a formação de úlceras ou áreas endurecidas que levantam suspeita de malignização (Markopoulo; Albanidou‐Farmaki; Kayavis, 2004).
A razão pela qual o lábio inferior é a área mais acometida pela queilite actínica está relacionada à sua maior exposição ao sol. Diferente do lábio superior, o lábio inferior é mais protuberante e, portanto, recebe diretamente mais radiação solar. Além disso, a pele do lábio inferior é mais fina e menos pigmentada, o que reduz sua capacidade de proteger-se contra os efeitos nocivos do sol. A melanina age como uma barreira natural, absorvendo e dissipando parte da radiação. A menor quantidade desse pigmento no lábio inferior significa que essa região é mais vulnerável aos efeitos nocivos do sol, facilitando o desenvolvimento de lesões actínicas (Maceis et al., 2021)
2 RELATO DE CASO
Paciente do sexo feminino, procurou atendimento no Posto de Saúde da Família relatando uma lesão persistente que não regride ao decorrer do tempo em região de lábio inferior, com evolução de seis meses. A paciente relatou queixa dolorosa e secreção purulenta na região da lesão, com isso foi encaminhado para o bucomaxilofacial. Paciente classificado como ASA I, sem alergias medicamentosas ou doenças de base.
Com isso, ao exame físico, os lábios apresentavam características como pele do lábio seca e com fissuras, formação de crostas e descamação constante na área afetada, e os lábios estavam sensíveis ao toque. A estrutura anatômica do labia ainda se apresentavam preservadas.
Figura 1 – Imagem do exame físico extraoral do paciente, em norma frontal.
A partir disso, a hipótese diagnóstica clínica foi Queilite Actínica e a conduta exercida foi a realização de uma biópsia excisional com remoção total da lesão na região do lábio inferior com margem de segurança. Assim, foi coletado a amostra e encaminhado para biópsia.
Figura 2 – Imagem da biópsia excisional, em norma frontal.
Após 7 dias, foi realizado a remoção dos pontos e foi confirmado o diagnóstico pelo laboratório de queilite actinica .
Figura 3 – (A) Imagem da cicatrização após 7 dias do procedimento cirúrgico antes da remoção da sutura, em norma lateral. (B) Imagem da cicatrização após 7 dias do procedimento cirúrgico e após a remoção da sutura, em norma frontal.
3 METODOLOGIA
Esta revisão científica foi realizada com base em artigos científicos dispostos nas bases de dados MEDLINE via PubMed (Medical Literature Analysis and Retrieval System Online), LILACS (Literatura Latino-Americana e do Caribe em Ciências da Saúde) e Biblioteca Virtual em Saúde (BVS).
Para a seleção dos estudos foram utilizados, como critérios de inclusão, artigos que estivessem dentro da abordagem temática, disponíveis na íntegra e de forma gratuita, nos idiomas inglês, português e espanhol. Como parâmetros de exclusão foram retirados artigos duplicados e que fugiam do tema central da pesquisa. Para busca dos artigos foram utilizadas as palavras-chave “Queilite”; “Biópsia” e “Estomatologia”, indexadas aos Descritores em Ciência da Saúde (DeCS).
4 REVISÃO DA LITERATURA
O diagnóstico da queilite actínica baseia-se, primariamente, em uma avaliação clínica detalhada, que envolve a observação cuidadosa das lesões labiais e a análise da história do paciente. Os pacientes com queilite actínica tipicamente relatam uma história prolongada de exposição solar, o que é um fator de risco significativo para o desenvolvimento dessa condição. Durante o exame físico, o clínico observa o lábio, geralmente o inferior, em busca de sinais
característicos como eritema difuso, descamação, atrofia e a presença de áreas esbranquiçadas (leucoplasia). Em estágios mais avançados, podem ser identificadas fissuras, crostas e áreas endurecidas que sugerem atipia celular e possível malignização (Regezi et al., 2017)
Embora o diagnóstico inicial seja clínico, uma biópsia é frequentemente indicada para confirmar o diagnóstico, especialmente em casos onde há suspeita de evolução para carcinoma espinocelular. A análise histopatológica das lesões geralmente revela atrofia epitelial, elastose solar e displasia epitelial. A displasia pode variar de leve a severa, e a presença de displasia severa ou invasão estromal sugere um risco aumentado de malignidade. É importante diferenciar a queilite actínica de outras condições que podem apresentar sintomas semelhantes, como queilite irritativa de contato, queilite glandular, e líquen plano. A diferenciação é crítica, pois o manejo de cada condição pode variar substancialmente (Neville et al., 2016)
O tratamento da queilite actínica tem como principais objetivos a remoção das lesões pré-malignas e a prevenção da progressão para carcinoma espinocelular. A escolha do tratamento depende da extensão e gravidade das lesões, bem como das características individuais do paciente. A prevenção é uma parte fundamental do manejo da queilite actínica. A educação do paciente sobre os riscos da exposição solar e o uso contínuo de protetores solares labiais são essenciais. Chapéus de aba larga e evitar a exposição solar durante os horários de pico também são recomendados (Nóbrega et al., 2023)
A crioterapia, que utiliza nitrogênio líquido para congelar e destruir as células danificadas, é uma opção eficaz para lesões pequenas ou moderadas. No tratamento da QA, o agente criogênico mais utilizado é o nitrogênio líquido, que atinge temperaturas em torno de – 196°C. A aplicação de nitrogênio líquido provoca a formação de cristais de gelo intracelulares, resultando na ruptura das membranas celulares e consequente necrose das células tratadas. Além disso, o congelamento induz uma resposta inflamatória local que contribui para a remoção dos tecidos danificados e a posterior cicatrização da lesão (Trancoso, 2021)
A eletrocauterização, frequentemente combinada com curetagem, é outra opção para o tratamento de lesões pré-malignas. Esse procedimento envolve a aplicação de corrente elétrica através de um eletrodo metálico, que é aquecido e utilizado para destruir tecido alvo por meio de calor. A eletrocauterização promove uma remoção controlada das áreas afetadas, com o objetivo de eliminar as células displásicas presentes na superfície labial, evitando a progressão para malignidade e permitindo a remoção precisa das áreas displásicas, minimizando a injúria aos tecidos circundantes. Além disso, a eletrocauterização induz uma coagulação eficiente, reduzindo o risco de sangramento durante e após o procedimento (Vasilovici et al., 2022).
A terapia fotodinâmica tem se mostrado uma alternativa promissora para o tratamento da queilite actínica, especialmente em pacientes que desejam evitar métodos mais invasivos. Este tratamento envolve a aplicação de um agente fotossensibilizante na área afetada, seguido da exposição a uma luz de comprimento de onda específico, que ativa o agente e destrói as células danificadas. Seus mecanismos de ação incluem efeitos anti-inflamatórios, imunomoduladores e antimicrobianos. A luz ultravioleta (UV), por exemplo, pode reduzir a atividade inflamatória ao induzir a apoptose de células T na pele, enquanto a luz visível, como a luz vermelha e azul, pode atuar diretamente sobre agentes infecciosos e modular a resposta inflamatória. No contexto da queilite, especialmente a queilite actínica, a fototerapia pode ajudar a reparar o dano celular induzido pela radiação UV solar, promovendo a regeneração tecidual e reduzindo a inflamação crônica (Lai et al., 2019).
Em casos mais graves ou quando há suspeita de transformação maligna, pode ser indicada a vermelhectomia, que é a remoção cirúrgica da borda vermelha do lábio. É uma técnica cirúrgica amplamente utilizada no tratamento da queilite actínica, especialmente em casos mais avançados ou resistentes a tratamentos menos invasivos. Esta técnica envolve a remoção de toda a camada superficial do vermelhão labial, incluindo a mucosa danificada pela radiação UV, com a posterior reconstrução do lábio utilizando tecido saudável. Esse procedimento garante a remoção completa do tecido afetado, proporcionando uma margem de segurança contra a progressão e magnilização da doença (Shah; Doherty; Rosen, 2010).
O prognóstico da queilite actínica depende da precocidade do diagnóstico e da eficácia do tratamento. Quando tratada adequadamente, a queilite actínica tem um bom prognóstico, com baixa taxa de recorrência. A prevenção é a chave para reduzir a incidência da condição. No entanto, a falta de tratamento ou o diagnóstico tardio aumentam significativamente o risco de progressão para carcinoma espinocelular, uma neoplasia maligna com potencial de invasão local e metástase (Carvalho et al., 2020)
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS
A queilite actínica é uma condição que requer atenção clínica cuidadosa devido ao seu potencial de transformação maligna. O diagnóstico precoce, baseado em uma avaliação clínica detalhada e, quando necessário, confirmado por biópsia, é essencial para evitar a progressão para o carcinoma espinocelular. A diversidade de abordagens terapêuticas disponíveis permite
que o tratamento seja adaptado às características individuais do paciente e à gravidade das lesões. Desde métodos menos invasivos, como a crioterapia e a terapia fotodinâmica, até opções cirúrgicas, como a vermelhectomia, o objetivo é a remoção completa das áreas danificadas, prevenindo complicações mais graves. Além do tratamento, a prevenção desempenha um papel crucial no manejo da queilite actínica. A educação dos pacientes sobre os riscos da exposição solar e a adoção de medidas preventivas, como o uso regular de protetores solares labiais, são fundamentais para reduzir a incidência e a recorrência dessa condição. O acompanhamento regular dos pacientes é igualmente importante para monitorar a eficácia do tratamento e identificar precocemente qualquer sinal de progressão maligna.
REFERÊNCIAS
Carvalho GAO, Souza JR, Câmara JVF, Ribeiro ADOP, Pierote JJA. Aspectos clínicos, histopatológicos e tratamento de pacientes diagnosticados com queilite actínica: revisão de literatura. Research, Society and Development. 2020; 9(7):e557974407-e557974407.
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Lai M, Pampena R, Cornacchia L, Pellacani G, Peris K, Longo C. Treatments of actinic cheilitis: A systematic review of the literature. J Am Acad Dermatol. 2020 Sep;83(3):876-887.
Maceis LR, Santos PS, Hoffmam SMS, TherezaBussolaro C. Epidemiologia, fatores de risco, manejo e prevenção da queilite actínica. Craniofacial Research Connection Journal. 2021; 1(1):41-51.
Markopoulos A, Albanidou‐Farmaki E, Kayavis I. Actinic cheilitis: clinical and pathologic characteristics in 65 cases. Oral diseases. 2004; 10(4):212-216
Neville BW, Damm DD, Allen CM, Chi AC. Patologia oral e maxilofacial. 4a ed. Elsevier; St Louis; 2016.
Nóbrega MRS, Moreira FSR, Maniçoba AK, Costa ABL, Medeiros MR, Silveira EJD. Queilite actínica conduta e acompanhamento: uma série de caso. Revista de odontologia da unesp.2023.
Regezi J, Sciubba JJ, Jordan RC. Patologia oral: correlações clinicopatológicas. Elsevier; Brasil; 2017.
Shah AY, Doherty SD, Rosen T. Actinic cheilitis: a treatment review. Int J Dermatol. 2010 Nov;49(11):1225-34.
Trancoso VAF. Abordagens terapêuticas não-cirúrgicas para a queilite actínica. Scientific- Clinical Odontology. 2021.
Vasilovici A, Ungureanu L, Grigore L, Cojocaru E, Şenilă S. Actinic Cheilitis – From Risk Factors to Therapy. Front Med (Lausanne). 2022 Feb 15;9:805425.
1 Discente do curso superior de Odontologia do Centro Universitário Maurício de Nassau (UNINASSAU) –Campus Graças, Recife – PE, Brasil. E-mail: gabriel1999nsm@gmail.com;
2 Discente do curso superior de Odontologia do Centro Universitário Maurício de Nassau (UNINASSAU) –Campus Graças, Recife – PE, Brasil. E-mail: louiseazevedo.odonto@gmail.com;
3 Formada no curso superior de Odontologia pela Universidade Federal de Pernambuco (UFPE) –Campus Recife, Recife– PE, Brasil. E-mail: ingridxs711@gmail.com;
4 Formada no curso superior de Odontologia da Faculdade Independente do Nordeste (FAINOR) – Campus Vitória da Conquista , Salvador – BA, Brasil. E-mail: mariaemlima7@gmail.com;
5 Formada no curso superior de Odontologia do UniCesumar (UNICESUMAR) – Campus Curitiba, Curitiba – PR, Brasil. E-mail: jessicaspinardi@gmail.com;
6 Formada no curso superior de Odontologia pela Universidade Federal do Pará (UFPA) – Campus Bélem, Bélem – PA, Brasil. E-mail: amanda.vanessa513@gmail.com;
7 Discente do curso superior de Odontologia da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE) – Campus Recife, Recife – PE, Brasil. E-mail: mayara.teixeira@ufpe.br;
8 Discente do curso superior de Odontologia da Faculdade Pernambucana de Saúde (FPS) – Campus Imbiribeira, Recife – PE, Brasil. E-mail: larissasoares.odonto@gmail.com;
9 Formada no curso superior de Odontologia pela Universidade de São Paulo (USP) – Campus Bauru, Bauru – São Paulo, Brasil. E-mail: isaasouzaf@gmail.com;
10 Discente do curso superior de Odontologia do Centro Universitário Maurício de Nassau (UNINASSAU) –Campus Graças, Recife – PE, Brasil. E-mail: matheus00henriquelima@gmail.com;
11 Discente do curso superior de Odontologia do Centro Universitário Maurício de Nassau (UNINASSAU) –Campus Graças, Recife – PE, Brasil.E-mail: jaynebeatriz@hotmail.com;
12 Discente do curso superior de Odontologia pela Faculdade de Odontologia do Recife (FOR) – Campus Santo Amaro, Recife – PE, Brasil. E-mail: jnaraujo84@gmail.com;
13 Discente do curso superior de Odontologia pela Faculdade de Odontologia do Recife (FOR) – Campus Santo Amaro, Recife – PE, Brasil. E-mail: julhinhapimentel@gmail.com;
14 Discente do curso superior de Odontologia pela Faculdade de Odontologia do Recife (FOR) – Campus Santo Amaro, Recife – PE, Brasil. E-mail: laryssamaria0305@gmail.com;
15 Formada no curso superior de Odontologia pela Universidade Maurício de Nassau (UNINASSAU) – CampusPituba, Salvador – BA, Brasil. E-mail: fsccerqueira@gmail.com;
16 Discente do curso superior de Odontologia pelo Centro Universitário Tiradentes (UNIT) – Campus Imbiribeira, Recife – PE, Brasil. E-mail: thiagoroberto_rds@hotmail.com;
17 Discente do curso superior de Odontologia da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE) – Campus Recife, Recife – PE, Brasil. E-mail: debora.lacerdam@ufpe.br.