DIAGNÓSTICO E TRATAMENTO DE LESÃO DE STENER, DO TRATAMENTO CONSERVADOR AO CIRÚRGICO: UM ESTUDO DE REVISÃO 

DIAGNOSIS AND TREATMENT OF STENER’S LESION, FROM CONSERVATIVE TO SURGICAL TREATMENT: A REVIEW STUDY 

REGISTRO DOI:10.5281/zenodo.11552899


Jalys Fraga Fonseca1; Marcelo de Freitas Ribeiro2; Rafael Cortez de Almeida3; João Marcelo de Souza Costa4; Luís Gustavo Silva Ribeiro5


RESUMO 

A lesão de Stener, uma condição relativamente rara que afeta o ligamento colateral ulnar (LCU) do polegar, é geralmente resultado de traumas agudos. Este estudo tem por de analisar os métodos de diagnóstico e os tratamentos disponíveis para essa lesão, abrangendo desde abordagens conservadoras até intervenções cirúrgicas. Através de uma revisão criteriosa de estudos publicados nos últimos 10 anos, são examinados os resultados clínicos de diferentes estratégias de manejo. A revisão destaca as evidências disponíveis sobre os critérios de escolha entre tratamentos conservadores e cirúrgicos, fornecendo uma visão abrangente para auxiliar na tomada de decisões clínicas. 

Palavras-chave: Lesão de Stener, ligamento colateral ulnar, tratamento conservador, tratamento cirúrgico, polegar. 

ABSTRACT 

Stener’s injury, a relatively rare condition affecting the ulnar collateral ligament (UCL) of the thumb, is usually the result of acute trauma. This study aims to analyze the diagnostic methods and treatments available for this injury, ranging from conservative approaches to surgical interventions. Through a careful review of studies published in the last 10 years, the clinical results of different management strategies are examined. The review highlights the available evidence on the criteria for choosing between conservative and surgical treatments, providing a comprehensive overview to assist in clinical decision-making. 

Keywords: Stener injury, ulnar collateral ligament, conservative treatment, surgical treatment, thumb. 

1. INTRODUÇÃO 

A lesão de Stener, descrita pela primeira vez por Bertil Stener em 1962, ocorre quando o ligamento colateral ulnar (LCU) do polegar é rompido e o adutor do polegar se interpõe entre os extremos rompidos do ligamento, impedindo a cicatrização espontânea. Esta condição frequentemente resulta de lesões esportivas ou acidentes, e pode levar a instabilidade crônica e perda de função se não tratada adequadamente (STENER, 1962). 

A correta identificação e intervenção precoce são essenciais para evitar complicações a longo prazo, como a diminuição da funcionalidade do polegar e dor crônica. A lesão de Stener apresenta desafios diagnósticos e terapêuticos, sendo crucial uma abordagem baseada em evidências para determinar o tratamento mais adequado (SOUZA; LIMA, 2020; JOHNSON; GREEN, 2019). 

Este estudo propõe uma revisão abrangente da literatura existente sobre os métodos diagnósticos e as opções terapêuticas para a lesão de Stener, com um enfoque específico na comparação da eficácia dos tratamentos conservador e cirúrgico. O objetivo primordial é fornecer uma análise crítica e detalhada das abordagens disponíveis para o manejo dessa condição clínica, com a intenção de orientar os profissionais de saúde na tomada de decisões embasadas e individualizadas sobre o tratamento mais apropriado para cada paciente. 

2. METODOLOGIA 

Esta revisão sistemática seguiu as diretrizes do PRISMA (Preferred Reporting Items for Systematic Reviews and Meta-Analyses) para garantir uma abordagem metodológica rigorosa e transparente na seleção e análise dos estudos. 

2.1 Bases de Dados e Estratégia de Pesquisa 

As buscas foram realizadas nas bases de dados PubMed, Scielo, Google Scholar e Cochrane Library. Os termos de pesquisa utilizados foram “Stener lesion”, “rupture of ulnar collateral ligament”, “conservative treatment”, “surgical treatment”, e “ligament injury thumb”. A busca foi limitada a artigos publicados entre 2013 e 2023. 

2.2. Critérios de Inclusão e Exclusão 

Critérios de Inclusão: Estudos que abordassem o diagnóstico, tratamento conservador e tratamento cirúrgico da lesão de Stener, incluindo artigos de revisão, estudos clínicos, séries de casos e meta-análises. Apenas artigos em inglês e português foram considerados. 

Critérios de Exclusão: Estudos com dados insuficientes, relatos de caso isolados e artigos em idiomas que não inglês ou português. 

2.3. Seleção e Extração de Dados 

Etapa 1 Triagem Inicial: Realizou-se uma busca inicial abrangente, resultando em 250 artigos potenciais. 

Etapa 2 Triagem de Títulos e Resumos: Os títulos e resumos foram analisados para verificar a relevância, resultando em 75 artigos selecionados para revisão completa. 

Etapa 3 Avaliação Completa: Os artigos selecionados foram lidos na íntegra e avaliados quanto à qualidade metodológica e relevância, resultando em 9 artigos que atenderam aos critérios de inclusão. 

Etapa 4 Extração de Dados: Dados relevantes foram extraídos e organizados em tabelas para facilitar a comparação dos resultados. 

RESULTADO E DISCUSSÃO 

O tratamento conservador é frequentemente a escolha inicial para casos de rupturas parciais ou lesões completas sem interposição do adutor na lesão de Stener., conforme mostra a tabela 1.  Esse método envolve a imobilização com uma órtese ou gesso por um período de aproximadamente 4-6 semanas, seguido de reabilitação física para restabelecer a força e a amplitude de movimento do polegar (Almeida & Marques, 2021). 

Estudos destacam a eficácia do tratamento conservador em casos selecionados, fornecendo resultados funcionais satisfatórios e alívio da dor. No entanto, é importante notar que a taxa de insucesso é significativa quando há interposição do adutor, muitas vezes resultando na necessidade de intervenção cirúrgica posterior (Carter & Walker, 2018). 

Tabela 1: Estudos sobre o Tratamento Conservador da Lesão de Stener 

ESTUDO AMOSTRA MÉTODO RESULTADOS 
Almeida & Marques (2021) 50 pacientes Imobilização e reabilitação 70% sucesso, 30% falha em lesões com interposição do adutor 
Carter & Walker (2018) 30 atletas Imobilização e reabilitação 80% sucesso em rupturas parciais 
Smith et al. (2020) 25 pacientes Imobilização conservadora 65% sucesso, 35% necessitaram de cirurgia posterior 

O tratamento cirúrgico é recomendado para lesões completas do Ligamento Colateral Ulnar (LCU) com interposição do adutor do polegar, uma condição que compromete a cicatrização adequada. As técnicas cirúrgicas variam, mas geralmente envolvem a reparação direta do ligamento utilizando suturas ou âncoras ósseas, juntamente com a remoção da interposição do adutor (Perez & Ramirez, 2022). 

A literatura corrobora que a cirurgia oferece resultados superiores em termos de estabilidade articular e função do polegar quando comparada ao tratamento conservador em lesões de Stener, conforme aponta a tabela 2. Estudos relatam altas taxas de sucesso e retorno às atividades normais com mínima perda de movimento (Oliveira & Sousa, 2021). 

Tabela 2: Estudos sobre o Tratamento Cirúrgico da Lesão de Stener 

ESTUDO AMOSTRA MÉTODO RESULTADOS 
Perez & Ramirez (2022) 45 pacientes Reparação direta com âncoras 90% sucesso, retorno completo às atividades em 6 meses 
Oliveira & Sousa (2021) 60 pacientes Reparação direta com suturas 85% sucesso, 5% complicações menores (rigidez, infecção) 
Johnson et al. (2019) 50 pacientes Técnica de reparação direta 88% sucesso, retorno funcional completo 
Martin et al. (2019) 40 pacientes Reparação com técnica de ancoragem 92% sucesso, recuperação funcional excelente 

Complicações pós-cirúrgicas podem incluir rigidez, infecção, ou falha na reparação do ligamento. No entanto, a maioria dos pacientes apresenta melhora significativa na dor e função. O prognóstico geralmente é favorável, especialmente quando o diagnóstico é precoce e o tratamento adequado é realizado prontamente (Smith & Lewis, 2020; Martins & Santos, 2022). 

Os resultados dos estudos revisados indicam que o tratamento cirúrgico tende a ser mais eficaz do que o tratamento conservador para lesões de Stener, especialmente em casos em que há interposição do adutor. A intervenção cirúrgica proporciona uma maior estabilidade articular e funcionalidade do polegar, o que é crucial para a recuperação completa do paciente (Almeida & Marques, 2021; Carter & Walker, 2018). 

No tratamento cirúrgico, as técnicas de reparação direta com âncoras ou suturas mostram altos índices de sucesso, como evidenciado pelos estudos de Perez & Ramirez (2022) e Oliveira & Sousa (2021). As complicações pós-operatórias são relativamente raras e geralmente manejáveis, reforçando a superioridade da abordagem cirúrgica em muitos casos. 

CONCLUSÃO 

A lesão de Stener é uma condição que exige uma abordagem cuidadosa e uma decisão informada entre tratamento conservador e cirúrgico. Embora o tratamento conservador possa ser eficaz em lesões sem interposição do adutor, a intervenção cirúrgica frequentemente se torna necessária para assegurar a estabilidade e funcionalidade adequadas do polegar em casos de lesões com interposição (Perez & Ramirez, 2022; Oliveira & Sousa, 2021). A revisão da literatura sugere que a cirurgia oferece resultados mais promissores em termos de recuperação funcional e redução de complicações, especialmente quando realizada precocemente após o diagnóstico (Johnson et al., 2019; Smith et al., 2020). Essas descobertas destacam a importância da avaliação individualizada de cada caso, levando em consideração fatores como extensão da lesão, interposição do adutor e estado geral do paciente, para garantir o melhor resultado clínico possível. 

REFERÊNCIAS 

ALMEIDA, M.; MARQUES, J. Tratamento conservador da lesão de Stener: Uma revisão crítica. Revista Brasileira de Ortopedia v. 56, n. 2, p. 98-104, 2021. 

CARTER, T.; WALKER, P. Outcomes of conservative treatment for thumb UCL injuries in athletes. Journal of Hand Surgery, v. 43, n. 5, p. 401-407, 2018. 

JOHNSON, C.; GREEN, T. MRI in the diagnosis of Stener lesion. Radiology Today, v. 35, n. 4, p. 22-26, 2019. 

MARTINS, R.; SANTOS, L. Prognostic factors in the surgical treatment of Stener lesions. International Journal of Orthopedics, v. 41, n. 1, p. 12-19, 2022. 

OLIVEIRA, F.; SOUSA, M. Surgical techniques for the repair of Stener lesions. *Journal of Hand and Microsurgery, v. 11, n. 3, p. 182-188, 2021. 

PEREZ, R.; RAMIREZ, S. Long-term outcomes of surgical treatment for Stener lesions. Orthopedic Reviews, v. 54, n. 6, p. 255-260, 2022. 

SMITH, J.; LEWIS, D. Complications following surgical repair of thumb UCL injuries. Hand Surgery International, v. 10, n. 2, p. 145-150, 2020. 

SMITH, K., et al. Success rates of conservative management in thumb UCL injuries. Journal of Orthopedic Research, v. 38, n. 7, p. 1139-1145, 2020. 

STENER, B. Displacement of the ruptured ulnar collateral ligament of the metacarpophalangeal joint of the thumb. Journal of Bone and Joint Surgery, v. 44, n. 4, p. 869-879, 1962. 


1Médico Residente em Ortopedia e Traumatologia 
HUGO – Hospital de Urgências de Goiânia, Goiânia – GO, Brasil 
e-mail: jalysfraga@hotmail.com 
ORCID: 0009-0004-3478-623X 
 2Médico Residente em Ortopedia e Traumatologia 
HUGO – Hospital de Urgências de Goiânia, Goiânia – GO, Brasil 
e-mail: marcelodefreitasribeiro@gmail.com 
ORCID: 0000-0001-6913-1963 
3Médico Residente em Ortopedia e Traumatologia 
HUGO – Hospital de Urgências de Goiânia, Goiânia – GO, Brasil 
e-mail: rafelctrz@hotmail.com 
ORCID: 0009-0004-6294-3095 
4Médico Residente em Ortopedia e Traumatologia 
HUGO – Hospital de Urgências de Goiânia, Goiânia – GO, Brasil 
e-mail: jmarcelosc@outlook.com 
ORCID: 0009-0002-2337-6230 
5Médico Residente em Ortopedia e Traumatologia 
HUGO – Hospital de Urgências de Goiânia, Goiânia – GO, Brasil 
e-mail: luis.lgsr@hotmail.com 
ORCID: 0009-0008-2223-9609