DIAGNÓSTICO DE DRENAGEM EM UM CONDOMÍNIO  RESIDENCIAL LOCALIZADO NA CIDADE DE MANAUS/AM – ESTUDO DE CASO 

DRAINAGE DIAGNOSIS IN A RESIDENTIAL CONDOMINIUM  LOCATED IN THE CITY OF MANAUS/AM – CASE STUDY

REGISTRO DOI: 10.5281/zenodo.7951526


Raquel Lima Almeida1
Érika Cristina Nogueira Marques Pinheiro2
Jéssica Godinho de Freitas Castilho3


RESUMO 

A evolução da drenagem é um processo que ocorre ao longo do tempo e foram desenvolvidas  várias técnicas para lidar com a água pluvial, como a construção de canais e valas para drenar  a água para rios e mares. A drenagem para edificações é de extrema importância, pois além de  prevenir danos a estrutura, consequentemente ajuda a prevenir inundações e danos causados  pela água em áreas comuns. Quando a água não é adequadamente drenada, pode se acumular  em áreas inadequadas, causando danos ao piso, paredes, fundações e estruturas do prédio. Esse artigo aborda o diagnóstico de um sistema de drenagem em um condomínio de Manaus.  Este estudo foi elaborado a partir dos conceitos da drenagem, prevendo soluções técnicas, sendo que há uma necessidade de aplicar uma ação de gestão sustentável na drenagem no  condomínio. Esse artigo apresenta meios para que a drenagem seja implantada de forma  efetiva, evitando o transbordamento causado pelas águas pluviais, que ocorre devido a  ocupação desordenada do espaço urbano que impermeabiliza o solo e devido a concepções de  sistemas de drenagem, causando o problema com grande volume escoados. O objetivo é fazer  um diagnóstico sobre drenagem no condomínio e sua viabilidade técnica; conhecer a importância da macrodrenagem e microdrenagem; aplicar sistema de drenagem no  condomínio e analisar as técnicas de drenagem e manejo, bem como suas características e registros fotográficos.  

Palavras-chave: drenagem, diagnóstico, condomínio e pesquisa.  

ABSTRACT 

The evolution of drainage is a process that takes place over time and various techniques have been developed to deal with rainwater, such as the construction of canals and ditches to drain water into rivers and seas. Drainage for buildings is extremely important, as in addition to preventing damage to the structure, it consequently helps to prevent flooding and water damage in common areas. When water is not properly drained, it can collect in inappropriate areas, causing damage to floors, walls, foundations and building structures. This article  addresses the diagnosis of a drainage system in a condominium in Manaus. This study was  prepared from the concepts of drainage, providing technical solutions, and there is a need to  apply a sustainable management action in drainage in the condominium. This article presents  means for the drainage to be implemented effectively, avoiding overflow caused by rainwater,  which occurs due to the disorderly occupation of urban space that waterproofs the soil and  due to the conceptions of drainage systems, causing the problem with large volumes. drained.  The objective is to make a diagnosis about drainage in the condominium and its technical  viability; know the importance of macrodrainage and microdrainage; apply a drainage system  in the condominium and analyze drainage and management techniques, as well as their  characteristics and photographic records. 

Keywords: drainage, diagnosis, condominium and research.

1. INTRODUÇÃO 

Atualmente, no contexto de saneamento ambiental, o sistema de drenagem é o  responsável pela coleta e remoção de água em excesso de uma determinada área, como ruas,  estradas, terrenos e edificações. Ele é projetado para controlar o fluxo de água e evitar o  acúmulo excessivo, prevenindo inundações, erosões e danos às infraestruturas. Dentro dessa  definição, utiliza-se a palavra manejo para dar maior abrangência ao tratamento dado às águas  coletadas. Tradicionalmente, esta etapa se referia, exclusivamente, à condução dos  escoamentos. Recentemente, a condução é uma das possibilidades, mas também se devem  incluir as possibilidades de amortecimento e infiltração. Além disso, o sistema de drenagem  tem um papel importante na proteção do meio ambiente, na conservação dos recursos hídricos  e na promoção do desenvolvimento sustentável. A função da drenagem se mostra essencial no  contexto de uma cidade, pois uma rede de drenagem que apresenta mal funcionamento é  responsável por enchentes severas, com grandes áreas alagadas, causando prejuízos e expondo  a população a riscos diversos.  

Há uma expectativa de aplicação do enfoque sustentável, fazendo com que trabalhe  os seguintes pontos: aumento do tempo de concentração da bacia através de mecanismos de  retenção do escoamento excedente. No meio urbano a principal função da drenagem urbana é  minimizar a presença de excessos de circulação de águas e planejamento da ocupação do  espaço urbano, obedecendo aos mecanismos naturais do escoamento, recuperação da  capacidade natural de infiltração da bacia hidrográfica. 

Os sistemas de drenagem urbana agrega dois subsistemas principais característicos:  a microdrenagem e a macrodrenagem. Por microdrenagem pode-se entender o sistema de  condutos construídos destinados a receber e conduzir as águas das chuvas vindas das  construções, lotes, ruas, praças, etc. Em uma área urbana, a microdrenagem é essencialmente  definida pelo traçado das ruas.  

Já a macrodrenagem corresponde à rede de drenagem natural, pré-existente à  urbanização, constituída por rios e córregos, localizados nos talvegues dos vales, e que pode  receber obras que a modificam e complementam, tais como canalizações e barragens.  

No entanto, com esses entendimentos e definições, essa pesquisa aborda todo o  diagnóstico de um sistema de drenagem do condomínio. A principal importância deste  trabalho é devido a causa de transbordamento quando chove, isso deve-se a ocupação  desordenada do espaço urbano que impermeabiliza o solo e devido a concepções de sistemas  de drenagem, causando o problema com grande volume escoados. 

O objetivo deste artigo é apresentar um diagnóstico sobre drenagem em um  Condomínio Residencial e sua viabilidade técnica. Dentro deste objetivo, também podemos:  conhecer a importância da macrodrenagem e microdrenagem; aplicar sistema de drenagem no  condomínio; estudar sobre a drenagem sustentável e analisar as técnicas de drenagem e  manejo.  

2. METODOLOGIA 

A metodologia desenvolve-se através de diversos tipos de pesquisa, em busca de  embasamento teórico, conceitos, definições e técnicas metodológicas, além disso, foi  realizado o levantamento de dados no local escolhido para a realização dos diagnósticos e das  discussões dos dados. 

A pesquisa foi elaborada sobre a temática da drenagem urbana diante da realidade e dos  problemas enfrentados por várias cidades brasileiras relacionadas ao assunto.  Segundo Vergara (2000, p. 47), a pesquisa descritiva expõe as características de  determinada população ou fenômeno, estabelece correlações entre variáveis e define sua  natureza. Foi analisado através de pesquisa descritiva, com o objetivo de proporcionar maior  familiaridade com o diagnóstico, com vistas a torná-lo mais explícito. Para se obter  levantamento bibliográfico, foram feitas pesquisas em livros, revistas especializadas, artigos  relacionados com o tema, assim como levantamento de campo em toda a área do condomínio,  foi feito registro fotográfico, para maior entendimento do assunto abordado.  Para a realização deste trabalho foi elaborada a temática da drenagem urbana diante da  realidade e dos problemas enfrentados por várias cidades brasileiras relacionadas ao assunto.  A pesquisa é de natureza descritiva quanto aos seus fins, pois procurou a atual situação  no estudo de diagnóstico no Condomínio. 

Figura 1: Fluxograma da metodologia

3. RESULTADOS 

3.1. Histórico 

A hidrologia urbana é uma área de estudo que se dedica ao entendimento dos  processos hidrológicos em áreas urbanizadas, incluindo a interação entre a água e o ambiente  construído. A história da hidrologia urbana pode ser dividida em três períodos: higienismo,  período da racionalização e período científico. Na fase do Higienismo, a grande preocupação  era eliminar rapidamente os focos de água parada ou empoçada que representavam grave  ameaça à saúde pública. 

Com o avanço nos cálculos hidrológicos, no período Racionalista, especialmente  com a criação do método Racional de 1889 para dimensionamento de obras hidráulicas, levou  os administradores a construírem canais urbanos retificados e revestidos com seções  gradativamente maiores a fim de promoverem a rápida evacuação das águas pluviais.  

O conceito de canalização foi melhorado com o advento da utilização dos métodos  computacionais e do avanço técnico e científico, propiciando a separação das águas de chuva  do esgoto sanitário.  

Até meados do século XIX, a drenagem foi tratada como uma prática, quando as  capitais europeias já formavam grandes centros urbanos. As transformações ocorridas no  tratamento da drenagem pluvial na segunda metade do século XIX tiveram sua origem no  século XVIII, quando foi observado na Itália que as águas de banhados e zonas alagadiças  estavam influenciando os seres vivos. Sendo que foi rapidamente levado em consideração na  Inglaterra e na Alemanha, e depois na França.  

De acordo com (SILVEIRA, 2002):  

Nascia o conceito sanitarista-higienista, sendo que as ordens para aterrar ou cobrir as fossas receptoras de esgoto cloacal, e substituí-las por canalizações enterradas. Assim as redes de esgotos deveriam evacuar as águas contaminadas, o mais rapidamente possível, e para mais longe dos locais de sua produção. Nascia a ideia de livrar-se da água nas cidades, seja ela de origem pluvial ou esgoto.  

Diante de uma nova visão ambiental, busca-se incorporar os cursos d’água à  paisagem urbana, despoluindo-os e preservando suas margens de forma que a valorização dos  corpos hídricos passe a ser o paradigma dessa nova concepção. Somente medidas em  harmonia com a natureza levarão ao sucesso. No lugar de direcionar e acelerar as águas das  enchentes rio abaixo, deve-se restabelecer o quanto possível a retenção natural, conservando as áreas de inundação ainda existentes. É preciso quebrar preconceitos e vencer as pressões de  visões ultrapassadas e interesseiras.  

Entretanto, a drenagem pluvial como ação pública não evoluiu em decorrência da  modernização de práticas de engenharia em busca do conforto, mas sim de uma  recomendação de profilaxia médica. Evidentemente coube aos engenheiros e urbanistas a  tarefa de materializá-la em obras e integrá-las ao espaço urbano, mas infelizmente isto só teve  um impulso maior com ocorrência de epidemias de cólera em grandes cidades do mundo no  século XIX, destacando-se na Europa as dos anos 1832 e 1849. O fluxo de pessoas nas  viagens marítimas de então, praticamente globalizaram a epidemia de cólera e muitas cidades  brasileiras sofreram com ela em 1855.  

Muitas cidades importantes do mundo, principalmente as capitais europeias, entre  1850 e o fim do século XIX, foram dotadas de grandes redes subterrâneas unitárias de  esgotos. Sob o comando de seu famoso prefeito Haussmann, Paris torna- se emblemática e  referência mundial por construir uma imponente rede de esgotos, ajudando a cristalizar o  conceito higienista que passa a ser resumido pela expressão “tout à l’égout” no meio técnico  francês da época.  

Em 1864 no Rio de Janeiro, o conceito higienista chegou ao Brasil. Nesta época,  havia no mundo um casamento bem sucedido entre filosofia higienista e o domínio da  hidráulica de condutos e canais que permitia promover o saneamento junto com as reformas  urbanísticas.  

3.2 Hidrologia da cidade de Manaus  

O Serviço Geológico do Brasil, é o órgão que monitora todo o processo de hidrologia  da cidade Manaus, emitindo às autoridades responsáveis, defesa civil e imprensa, relatórios de  fenômenos existentes na cidade, tem como objetivo oferecer às autoridades e demais órgãos  competentes, uma previsão realista de cada acontecimento, com tempo suficiente para que  sejam tomadas as devidas medidas de precauções e assistência aos ribeirinhos, caso  necessário. 

Figura 2: Rua Barão de São Domingos

Fonte: http://www.amazonia.org.br.

Em Manaus, todos os igarapés urbanos estão poluídos, seja por lançamento de  esgotos industriais, seja por esgotos domésticos, seja por lançamento de águas servidas, seja  pela falta de coleta de lixo. Na maioria dos casos, a poluição ocorre pela junção das três  causas. É necessário um trabalho de educação ambiental, além das ações governamentais que  estão sendo realizadas para recuperação dos principais igarapés da cidade de Manaus.  

Para (SANTOS, 2004) afirma que:  

Uma área contaminada pode ser definida como um local onde há comprovadamente poluição ou contaminação, causadas pela introdução de substâncias ou resíduos que nela tenham sido depositados, acumulados, armazenados, enterrados ou infiltrados, de forma planejada ou acidental. Nessa área, os poluentes ou contaminados podem concentrar-se no ar, nas águas superficiais, no solo, nos sedimentos, ou nas águas subterrâneas. Os poluentes ou contaminantes podem ainda ser transportados a partir desses meios, propagando se por diferentes vias, como por exemplo o ar, o próprio solo, as águas subterrâneas e superficiais, alterando suas características naturais ou qualidades e determinando impactos negativos ou riscos sobre os bens a proteger, localizados na própria área ou em seus arredores. 

Figura 3: Hidrograma da área urbanizada x área não urbanizada

 Fonte: TUCCI (2002).

3.3 Sistemas de drenagem em Manaus 

Na cidade de Manaus todo o esgoto despejado irregularmente na rede de drenagem,  consequentemente, acaba poluindo as águas que percorrem toda a cidade. Para solucionar esse  o problema, duas redes de tubulação independentes estão sendo construídas para facilitar o  escoamento das águas.  

Segundo Lima e Fontes (2009) afirma:  

O planejamento ambiental urbano mais a reestruturação das cidades devem considerar a capacidade de sustentação ambiental do ambiente natural sobre o qual a cidade se desenvolve. A ausência de critérios de proteção ambiental urbana resulta na degradação de áreas extremamente importantes do ponto de vista ecológico, tais como “as nascentes urbanas”.  

Constituíram estruturas de tubulações para captação e escoamento de cada rede a  partir das casas dos moradores. As águas pluviais serão escoadas diretamente para igarapé  através da rede de tubulação de drenagem. As águas do esgoto serão escoadas diretamente  para uma estação de tratamento de esgoto (ETE) para ser tratada. Só depois vão ser lançadas  no igarapé.  

Segundo Mendonça et al (2002), a ação antrópica ocorre em maior intensidade nas  áreas urbanas, uma vez que o homem, na busca do progresso econômico causa, na maioria das  vezes, a degradação dos recursos naturais e poucos são os centros urbanos que desfrutam de  fontes hídricas ainda intactas ou em bom estado de conservação.  

Lima e Fontes (2009), ainda afirmam que neste contexto entende-se que o  planejamento e a gestão não são simples, mas envolve atores e agentes complexos os quais  podem dinamizar as tomadas de decisão e daí promoverem o desenvolvimento sustentável da  região.  

Atualmente, já foram executados 1.690 metros da rede de drenagem, equivalente a  52.97% do total da obra, e 30,53% da rede de esgoto, que equivale a 5.998,95 metros do sistema.  

A inundação urbana é uma ocorrência tão antiga quanto às cidades ou qualquer  aglomerado urbano, sendo decorrente das águas dos rios, riachos, galerias pluviais, que saem  do leito de escoamento devido à falta de capacidade de transporte de um destes sistemas e  ocupa áreas de utilização da população (TUCCI et al., 1998). 

Segundo (SILVA, 2008), “estes eventos podem ocorrer devido ao comportamento  natural dos rios ou ampliados pelo efeito de alteração produzido pelo homem na urbanização  pela impermeabilização das superfícies e a canalização”. 

3.4 Clima e condições meteorológicas  

O clima e as condições meteorológicas referem-se às condições atmosféricas de uma  determinada região ao longo do tempo. O clima é determinado por fatores como temperatura,  precipitação, umidade, pressão atmosférica e vento, enquanto as condições meteorológicas  referem-se às variações diárias desses fatores. Os fatores climáticos são divididos em  estatísticos ou geográficos (latitude, relevo, proximidade com o oceano, tipo de uso do solo) e  dinâmicos (sistemas de circulação atmosférica em suas várias escalas) e a interpretação dos  elementos climatológicos deve considerar a atuação simultânea dos mesmos.  

Os dados disponíveis para a caracterização climatológica, da região objeto deste  estudo, foram levantados a partir de informações sobre o município e nas estações  meteorológicas. Os dados também levantados pelo órgão: Instituto Nacional de Meteorologia  (INMET) que disponibiliza as normais climatológicas (médias mensais de 1960 a 1991) para  os parâmetros de temperatura, pressão, umidade relativa e precipitações.  

Dessa forma, os dados selecionados são aqueles considerados representativos para a  localidade. Foram considerados os seguintes parâmetros: Pressão atmosférica; Temperatura  do Ar; Umidade Relativa do Ar; Precipitação; e Calmaria e Velocidade do Vento. 

A previsão de clima tem por finalidade prever, por exemplo, a qualidade da estação  chuvosa como um todo, numa determinada região, num determinado período de tempo.  Embora a previsão climática também seja probabilística, em alguns casos pode ser mais  precisa que a previsão do tempo. Portanto, a previsão meteorológica procura como um todo  antecipar probabilisticamente o que irá acontecer na atmosfera num determinado período de  tempo para uma determinada região. Embora a mesma não apresente uma antevisão exata das  condições do tempo e clima, isso não diminui a importância econômica e social que ela  representa.  

3.5 Método Racional 

O método racional é uma técnica utilizada para estimar a vazão máxima de um  determinado ponto em uma bacia hidrográfica, com base em informações como a área da  bacia, a intensidade de precipitação e a capacidade de infiltração do solo. Esse método é  comumente utilizado em estudos de drenagem, uma vez que permite estimar a vazão de pico  que deve ser considerada no dimensionamento de sistemas de drenagem urbana. 

Mulvaney é usado nos Estados Unidos por Emil Kuichling em 1889 e estabelece  uma relação entre a chuva e o escoamento superficial (deflúvio). O nome método Racional é 

para contrapor os métodos antigos que eram empíricos e não eram racionais. É usado para  calcular a vazão de pico de uma determinada bacia, considerando uma seção de estudo. Na  Inglaterra, Lloyd-Davies fez método semelhante em 1850 e muitas vezes o método Racional é  chamado de Método de Lloyd-Davies. A chamada fórmula racional é a seguinte:  

Q= C . I . A /360 

Sendo:  

Q= vazão de pico (m3/s);  

C= coeficiente de escoamento superficial varia de 0 a 1. C= volume de runoff/ volume total  de chuva  

I= intensidade média da chuva (mm/h);  

A= área da bacia (ha). 1ha= 10.000m2 

Figura 4: Modelo de sistema hidrológico simples

 Fonte: Villela e Mattos, Hidrologia Aplicada,1975.

3.6 Estudo das chuvas 

Toda captação realizada das águas provenientes de chuvas é lançada em cursos d’água naturais, nos oceanos e em lagos e às vezes nos três simultaneamente. As chuvas que  acontecem direto sobre as vias públicas de um modo geral são captadas por elementos de  microdrenagem (bocas de lobo, bueiro, etc.) e escoadas por tubulações que irão conduzir  estas águas até um condutor ou calha de fundo de vale onde o escoamento é topograficamente  bem definido. A esse escoamento de fundo de vale dá-se o nome de macro drenagem.  

A escolha do destino da água pluvial deveria ser feita segundo critérios éticos e  econômicos, após análise cuidadosa e criteriosa das opções existentes. É recomendável  também que esse percurso da água entre sua origem e seu destino seja o mínimo possível.  Além disso, é conveniente que esta seja escoada por gravidade. 

Podemos verificar que os impactos decorrentes do processo de urbanização não se  limitam a problemas de hidrologia. E no caso do Brasil estes outros problemas não  hidrológicos tem grande relevância. A estes problemas pode-se atribuir a ocupação  desordenada das bacias (êxodo rural e proliferação de loteamentos) e o comportamento  político administrativo.  

3.7 Drenagem urbana sustentável  

São necessárias diversas estratégias para solucionar estes problemas que não podem  ser resolvidos simplesmente através da construção de grandes obras de drenagem. Recentes  estudos, realizados principalmente por países desenvolvidos, têm apresentado um novo  conceito sobre projetos de drenagem urbana.  

Trata-se do desenvolvimento sustentável da drenagem urbana, o qual tem o objetivo de imitar o ciclo hidrológico natural. As estratégias de drenagem urbana sustentável incluem  as ações estruturais, que consistem dos componentes físicos ou de engenharia como parte  integrante da infraestrutura, e as ações não estruturais, que incluem todas as formas de  atividades que envolvem as práticas de gerenciamento e mudanças de comportamento.  

Este novo modelo incorpora técnicas inovadoras da engenharia como a construção  de estacionamentos permeáveis e de canais abertos com vegetação a fim de atenuar as vazões de  pico e reduzir a concentração de poluentes das águas de chuva nas áreas urbanas. O modelo  define-se como princípios modernos da drenagem urbana:  

∙ Novos desenvolvimentos não podem aumentar a vazão de pico das condições naturais  (ou prévias) – controle da vazão de saída;  

∙ Planejar o conjunto da bacia para controle do volume;  

∙ Evitar a transferência dos impactos para jusante.  

O controle da drenagem na fonte pode ser executado através de planos de infiltração  e trincheiras, pavimentos permeáveis ou detenção. O princípio é manter a vazão pré-existente,  não transferindo o impacto do novo desenvolvimento para o sistema de drenagem. Como o  volume de água pluvial manejado por estes mecanismos é menor, o cidadão ou empreendedor  tem uma liberdade de escolha maior de como controlar a vazão, desde que a vazão de saída  não ultrapasse o permitido. E tanto a responsabilidade de operar o mecanismo como seu custo  são do empreendedor, não da administração pública, como é feito atualmente.  

Este novo modelo incorpora técnicas inovadoras da engenharia como a construção de  estacionamentos permeáveis e de canais abertos com vegetação a fim de atenuar as vazões de pico e reduzir a concentração de poluentes das águas de chuva nas áreas urbanas. Outra  técnica inovadora, a qual é apropriada para países como o Brasil, é a armazenagem das águas  de chuva em reservatórios de acumulação para posterior reuso em irrigação de jardins e  praças. Neste caso, é necessário o controle da qualidade da água para definir o uso apropriado.  

Para gestão dos recursos hídricos é necessária a integração das diversas agendas que  existem em uma bacia, que estão associados com os recursos hídricos (agenda azul), o meio  ambiente (agenda verde), e a cidade (agenda marrom). Então, essas políticas também têm que  ser compatibilizadas nesta unidade de planejamento geral, que é a bacia hidrográfica. Para  estas técnicas de engenharia serem implementadas e para assegurar a operação sustentável dos  sistemas, novos métodos de planejamento e gerenciamento urbano são necessários.  

3.8 Diretrizes para execução de uma rede pluvial  

 Sem considerar suas limitações, a ocupação do espaço urbano tem causado efeitos  diretos sobre os recursos hídricos no meio ambiente antrópico. O desmatamento, a  substituição da cobertura vegetal natural, a instalação de redes de drenagem artificial, a  ocupação das áreas de inundação, a impermeabilização das superfícies, a redução dos tempos  de concentração e o aumento dos deflúvios superficiais, vistos sob um enfoque “imediatista”  da ocupação do solo, refletem-se diretamente sobre o processo hidrológico urbano, com  alterações drásticas de funcionamento dos sistemas de drenagem urbanos.  

A expressão “produção de água”, segundo Lima (1996), relaciona-se à descarga total  da bacia durante um determinado período. Desta maneira, a produção de água de uma bacia  inclui o deflúvio (volume de água que passa pela secção transversal de um canal ou superfície  por unidade de tempo) e também a variação do armazenamento na bacia, inclusive a recarga  do subsolo e aquífero.  

Os sistemas estruturais compõem uma variedade de estruturas, cuja finalidade é a de  deter e/ou transportar os deflúvios gerados na bacia e também de propiciar a infiltração  localizada. Essas obras têm a finalidade de reduzir os impactos provocados pela urbanização  no hidrograma resultante. 

Figura 5: Urbanização Desordenada e Intensificação do Escoamento

Fonte: Adaptado de Tucci, 2008. 

As bacias de detenção, por exemplo, atuam amortecendo a vazão máxima, reduzindo  os impactos a jusante, uma vez que elas funcionam como estruturas de regulação. Em alguns  países, os sistemas estruturais são usados no tratamento da água escoada, propiciando a  remoção de poluentes presentes na água. Em alguns casos, o dispositivo de tratamento da  água está localizado na entrada da rede de drenagem; em outros, no ponto de lançamento no  corpo receptor. Os sistemas estruturais podem ser classificados em função das categorias  funcionais. 

3.8 Norma técnica 

3.8.1 Norma DNIT 030/2004 – ES 

3.8.1.1 Resumo 

Este documento define a sistemática recomendada para a construção de dispositivos  de drenagem pluvial de rodovias na transposição de áreas urbanas. São também apresentados  os requisitos concernentes a materiais, equipamentos, execução, manejo ambiental, controle  da qualidade, condições de conformidade e não-conformidade e os critérios de medição dos  serviços.

3.8.1.2 Objetivo  

Esta Norma tem como objetivo estabelecer os procedimentos que devem ser seguidos  para a construção de dispositivos de drenagem pluvial urbana, envolvendo galerias, bocas-de lobo e poços de visita, destinados à coleta de águas superficiais e condução subterrânea para  locais de descarga mais favoráveis. 

3.8.1.3 Definições 

3.1 Galerias  

Dispositivos destinados à condução dos deflúvios que se desenvolvem na plataforma  rodoviária para os coletores de drenagem, através de canalizações subterrâneas, integrando o  sistema de drenagem da rodovia ao sistema urbano, de modo a permitir a livre circulação de  veículos.  

3.2 Bocas-de-lobo  

Dispositivos de captação, localizados junto aos bordos dos acostamentos ou meios fios da malha viária urbana que, através de ramais, transferem os deflúvios para as galerias ou  outros coletores. Por se situarem em área urbana, por razões de segurança, são capeados por  grelhas metálicas ou de concreto.  

3.3 Poços de visita  

Caixas intermediárias que se localizam ao longo da rede para permitir modificações  de alinhamento, dimensões, declividade ou alterações de quedas. 

3.8.1.4 Condições gerais  

Os dispositivos abrangidos por esta Especificação serão executados de acordo com as  indicações do projeto. Na ausência de projetos específicos deverão ser utilizados os  dispositivos padronizados pelo DNER que constam do Álbum de projetos–tipo de  dispositivos de drenagem, ressaltando-se ainda que, estando localizados no perímetro urbano,  deverão satisfazer a padronização do sistema municipal. 

4. ESTUDO DE CASO 

Durante o período das pesquisas será acompanho a drenagem no Condomínio,  tratando de uma edificação residencial onde são controladas a contaminação das águas, não  alterando a absorção do solo, e não correndo o risco de inundação. Será observado também o controle do aumento da vazão máxima e melhoria das condições ambientais, apresentando  assim os procedimentos para o dimensionamento da drenagem.  

Figura 6: Localização do Condomínio

Fonte: Google Maps (2023).

4.1 Diagnóstico 

Esta Pesquisa é com intuito de fazer um diagnóstico de drenagem no condomínio,  analisando o sistema de drenagem natural, macrodrenagem e microdrenagem, e verificando  através do projeto de drenagem, seus problemas, existentes e potenciais, especialmente os de  macrodrenagem e microdrenagem.  

 Figura 7: Projeto de Drenagem 01

 Fonte: Construtora resp.

Nessa pesquisa será realizada se houver necessidade medidas estruturais que podem  ser aplicadas diretamente na fonte (lotes, edificações, áreas), sendo as mais viáveis a adoção  de um sistema individual de coleta, armazenamento e infiltração das águas pluviais, através de  caixas/trincheiras de infiltração, assim como a adoção de pavimentos permeáveis.  

 Figura 8: Projeto de Drenagem 02

 Fonte: Construtora resp.

4.2 Resultados 

Foi identificado que no sistema de drenagem sustentável do condomínio, diminui o  fluxo de escoamento de águas das chuvas na superfície.  

• 25 pontos de fluxo de escoamento da rede de drenagem no condomínio.   

Figura 9: a) Boca de lobo simples 01 / b) Boca de lobo simples 02

Figura 10: a) Boca de lobo simples 03 / b) Boca de lobo simples 04

As bocas de lobo são pontos de entrada na rede de drenagem do condomínio, onde a  água da chuva e o escoamento superficial entram no sistema de drenagem. As bocas de lobo  estão localizadas nas ruas do condomínio e possuem grelhas para evitar a entrada de detritos  maiores.

Figura 11: a) Boca de lobo simples 05 / b) Boca de lobo simples 06

• As bocas de lobo de cada via foram posicionada, em projeto, somente depois de  verificada as seguintes condições:  

– Vazão de contribuição na via maior que 240 l/s. 

– Existência de ponto baixo  

– Capacidade hidráulica da via inferior a vazão de contribuição  

– Velocidade do caudal (vazão de contribuição na sarjeta) maior que três m/s.  

• 01 tanque de retardo com capacidade para 240 m³. 

Figura 12: Tanque de retardo

O tanque de retardo permitiu ajustar a taxa de fluxo e regular a entrega de forma  adequada. Além disso, ajudou a reduzir o risco de enchentes no condomínio.  O tanque de retardo regula a vazão da água da chuva que é liberada para o sistema  de drenagem. 

5. CONSIDERAÇÕES FINAIS 

Foi identificado e constatado a formação de vários pontos de alagamento que geram  transtornos ao tráfego de pedestres e veículos em torno do condomínio. Tal problemática está  associada principalmente às características topográficas e climáticas da região e é agravada  pela impermeabilização do solo devido ao processo de urbanização da cidade de Manaus.  Dessa forma, o presente artigo propõe que sejam feitas melhorias no sistema de drenagem  urbana do condomínio.  

No estudo de caso, obtivemos alguns resultados conforme as análises no condomínio,  foram eles: Conformidade em relação ao sistema natural de drenagem e não de conformidade  no sistema de drenagem do condomínio. 

No decorrer das pesquisas in loco e registros fotográficos pode se observar que há  problema, que pode ser resolvido no sistema de drenagem, pois próximo da sarjeta a abertura  é demais grande e isso pode machucar crianças quando houver quedas da mesma, no  momento que estiver brincando ou passando distraidamente ao redor, alguns pontos positivos  também foram levantados, como por exemplo, a existência de áreas verdes no loteamento e a  própria topografia do terreno que apresenta um escoamento natural da água pluvial.  

É importante saber, que o controle de drenagem de águas pluviais em áreas urbanas,  é o disciplinamento do uso e ocupação do solo que tem grande relevância, pois as áreas que  têm maior relação com os recursos hídricos devem ter a ocupação controlada e, em alguns  casos, evitada, de forma que sejam garantidos a infiltração e o escoamento das águas sem  prejuízos ao meio ambiente.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 

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1Engenheira de Produção. Discente de Engenharia Civil pela Universidade Nilton Lins (UNL) Instituição: Universidade Nilton Lins (UNL) E-mail: engraquelalmeida@hotmail.com
2Orientadora – Engenheira Civil e de Segurança do Trabalho Mestre em Engenharia Industrial Especialista em Didática do Ensino Superior – Tutoria e Docência em EAD Docente dos cursos de Engenharia pela Universidade Nilton Lins (UNL) Instituição: Universidade Nilton Lins (UNL) E-mail: erikamarquespinheiro@gmail.com
3Coorientadora – Engenheira Civil Especialização em Engenharia Geotécnica (Cursando) Especialização em Avaliação e Perícia na Construção Civil (Cursando) Instituição: Universidade Nilton Lins (UNL)
E-mail: j-godinho@hotmail.com