TYPE 2 DIABETES MELLITUS AS A RISK FACTOR FOR COVID-19 IN THE BRAZILIAN POPULATION: A SYSTEMATIC REVIEW
REGISTRO DOI: 10.69849/revistaft/ni10202411141357
André Elias Duque de Matos1; Daniel Junio Rodrigues Ferreira1; Fábio Machado De Sales1; Radcliffe de Souza Lima1; Amanda Carvalho Bezerra2; Leandro Fernandes Pontes2
RESUMO
INTRODUÇÃO: O novo coronavírus, denominado SARS-CoV-2, é o agente etiológico da COVID-19, uma doença infecciosa altamente contagiosa que afeta principalmente o trato respiratório inferior, e a diabetes mellitus tipo 2 pode ser um fator de agravamento dessa condição.
OBJETIVO: Identificar a prevalência do diabetes mellitus como fator de risco para COVID-19 no Brasil entre 2019 e 2023, avaliar a gravidade dos casos em diferentes estados, analisar os fatores sociodemográficos que afetam o prognóstico e esclarecer o papel do farmacêutico no monitoramento e manejo terapêutico desses pacientes.
METODOLOGIA: Trata-se de um estudo de revisão sistemática usando o método PRISMA, dividido em quatro etapas. A primeira etapa consistiu na busca por trabalhos científicos para responder à pergunta sobre a frequência do agravamento de casos de COVID-19 associados ao diabetes mellitus tipo 2 no Brasil. As bases de dados consultadas foram Scielo, PubMed e Biblioteca Virtual em Saúde (BVS), utilizando palavras-chave como “Diabetes mellitus”, “COVID-19”, “Brasil”, “Agravamento” e “Óbito”.
RESULTADOS: Foram selecionados 17 artigos que atenderam aos critérios de inclusão. Os estudos apontam que o diabetes mellitus é um importante fator de risco para a gravidade e mortalidade pela COVID-19 no Brasil, com taxas de mortalidade entre 40% e 55% entre pacientes diabéticos. Além disso, a doença associada a outras comorbidades, como hipertensão e obesidade, e contribuiu para a necessidade de internação em UTIs e maior tempo de internação.
CONCLUSÃO: O DM II é um fator significativo de risco para complicações e mortalidade em pacientes com COVID-19. Isso resulta em maior taxa de internações em UTIs e óbitos, destacando a necessidade de controle rigoroso da glicemia. A atuação do farmacêutico é fundamental para monitorar níveis glicêmicos e educar pacientes sobre o tratamento, contribuindo para a redução de complicações e melhora dos desfechos clínicos.
PALAVRAS-CHAVE: Agravamento, Brasil, SARS-Cov-2, Diabetes, óbito.
ABSTRACT
INTRODUCTION: The novel coronavirus, named SARS-CoV-2, is the etiological agent of COVID-19, a highly contagious infectious disease that primarily affects the lower respiratory tract. Type 2 diabetes mellitus may be a factor worsening this condition. OBJECTIVE: To identify the prevalence of diabetes mellitus as a risk factor for COVID-19 in Brazil from 2019 to 2023, assess the severity of cases in different states, analyze the sociodemographic factors affecting prognosis, and clarify the role of pharmacists in monitoring and managing the therapy of these patients.
METHODOLOGY: This is a systematic review study using the PRISMA method, divided into four stages. The first stage involved searching for scientific works to answer the question about the frequency of worsening COVID-19 cases associated with type 2 diabetes mellitus in Brazil. The databases consulted were Scielo, PubMed, and the Virtual Health Library (BVS), using keywords such as “Diabetes mellitus,” “COVID-19,” “Brazil,” “Worsening,” and “Death.”
RESULTS: Seveteen articles that met the inclusion criteria were selected. The studies indicate that diabetes mellitus is a significant risk factor for the severity and mortality of COVID-19 in Brazil, with mortality rates between 40% and 55% among diabetic patients. Additionally, the disease is associated with other comorbidities, such as hypertension and obesity, contributing to the need for ICU admissions and longer hospital stays.
CONCLUSION: Type 2 diabetes mellitus is a significant risk factor for complications and mortality in COVID-19 patients, resulting in higher ICU admission rates and deaths, highlighting the need for rigorous glycemic control. The pharmacist’s role is essential in monitoring glycemic levels and educating patients about treatment, contributing to reducing complications and improving clinical outcomes.
KEYWORDS: Aggravation, Brazil, SARS-Cov-2, Diabetes, death.
1. Introdução
O novo coronavírus, denominado SARS-CoV-2, é o agente etiológico da COVID-19, uma doença infecciosa altamente contagiosa que afeta principalmente o trato respiratório inferior. De acordo com a OMS, os primeiros casos foram relatados na China em 2019. Desde então, o vírus se espalhou por todo o mundo, causando consequências significativas para a saúde e a economia global. A OMS declarou o surto como emergência de saúde pública de interesse internacional em 30 de janeiro de 2020 e como pandemia em 11 de março de 2020 (Matar-Khalil; Rubio-Sandoval, 2021; Mendonça-Galaio et al., 2021).
Os principais sinais e sintomas associados à COVID-19 incluem tosse seca, febre e cansaço. No entanto, a doença também pode apresentar outros sintomas menos comuns, como perda de olfato e paladar, conjuntivite, congestão nasal, dores musculares, cefaleia, náuseas e vômitos. Além disso, podem surgir sintomas mais graves, como dor no peito, dificuldade para respirar ou falta de ar, e perda de fala ou mobilidade (Ministério da Saúde, 2021).
Quando o vírus chega ao hospedeiro, o período de incubação dura, em média, 5 dias, até que os sintomas comecem a aparecer. Aproximadamente 80 a 85% dos casos são leves e não requerem hospitalização, embora cuidados sejam sempre recomendados, principalmente para jovens e crianças. No entanto, cerca de 15% dos casos evoluem para formas mais graves, exigindo internação e cuidados especiais. Esses casos graves ocorrem com mais frequência em idosos e pessoas com doenças crônicas. A principal manifestação clínica da COVID-19 grave é a deterioração pulmonar. Isso geralmente ocorre em indivíduos com altos níveis de citocinas pró-inflamatórias, nos quais se acredita que uma “tempestade de citocinas” conduza a patogênese da doença (Sousa et al., 2020)
Outro mecanismo fisiopatológico associado ao agravamento da infecção pelo SARS-CoV-2 é a participação da enzima conversora de angiotensina 2 (ECA2). Esta enzima, presente em vários tecidos como o coração, os rins e os pulmões, é fundamental para a entrada do coronavírus nas células do hospedeiro, por meio da interação com glicoproteínas e da clivagem da ECA2 por proteases. A regulação positiva da ECA2 é mais comum em pacientes com doenças cardiovasculares, hipertensão e diabetes, especialmente aqueles que utilizam inibidores da ECA ou bloqueadores dos receptores da angiotensina II tipo I. Esse aumento na expressão da ECA2 pode contribuir para a maior carga viral e a progressão mais rápida da COVID-19 nesses pacientes (Almeida et al., 2020).
Nesse sentido, o diabetes mellitus (DM) tipo 2 é uma das comorbidades mais frequentes entre pessoas que faleceram devido à Covid-19, e sua fisiopatologia parece favorecer o desenvolvimento de quadros mais graves da doença. O DM altera a morfologia e o funcionamento das células pancreáticas, reduzindo a quantidade de grânulos secretores de insulina e prejudicando a secreção deste hormônio em resposta à glicose. A baixa eficácia da insulina leva ao estado de hiperglicemia nos diabéticos, e a infecção pelo SARS-CoV-2 pode agravar a resistência à insulina. Essa resistência é caracterizada por uma desregulação entre a quantidade de insulina produzida e sua capacidade de funcionar adequadamente, comprometendo a capacidade da insulina de captar glicose e integrá-la nas células do organismo (Porcheddu, 2020).
Diante da problemática abordada, este trabalho é relevante para uma melhor compreensão sobre o impacto do diabetes no agravamento e óbito por COVID-19 no território brasileiro, bem como o papel do farmacêutico no monitoramento e manejo desses casos. Os objetivos deste trabalho são identificar a prevalência de diabetes mellitus como fator de risco para COVID-19 no Brasil entre 2019 e 2023, avaliar a gravidade destes casos nos diferentes estados brasileiros, verificar os fatores sociodemográficos que influenciam o agravamento do prognóstico desses indivíduos, além de elucidar o papel do farmacêutico no monitoramento e manejo terapêutico dessa população.
2. Metodologia
Trata-se de uma revisão sistemática que segue o método PRISMA (Preferred Reporting Items for Systematic Reviews and Meta-Analyses) e é baseada na identificação, seleção e análise da literatura científica. O estudo foi dividido em quatro etapas principais. A primeira etapa envolveu a busca por trabalhos científicos para responder à pergunta: “Qual é a frequência do agravamento dos casos de COVID-19 associados ao Diabetes Mellitus (DM) no Brasil?”.
Foi utilizada as plataformas de base de dados Scielo, PubMed e Biblioteca Virtual em Saúde (BVS). A busca foi realizada em artigos publicados tanto em português quanto em inglês. Utilizamos as seguintes palavras-chave: “Diabetes mellitus AND COVID-19 AND Brasil”, “Diabetes mellitus AND COVID-19 AND Brasil AND Agravamento”, “Diabetes mellitus AND COVID-19 AND Brasil AND Fator de risco” e “Diabetes mellitus AND COVID-19 AND Brasil AND Óbito”. Em inglês, utilizamos: “Diabetes mellitus AND COVID-19 AND Brazil”, “Diabetes mellitus AND COVID-19 AND Brazil AND Aggravation”, “Diabetes mellitus AND COVID-19 AND Brazil AND Risk factor” e “Diabetes mellitus AND COVID-19 AND Brazil AND Death”.
A segunda etapa consistiu na aplicação de filtros de inclusão e exclusão para refinar a busca e garantir que os estudos selecionados fossem pertinentes ao tema. Isso incluiu a restrição ao período de 2019 a 2023 e a seleção de artigos publicados em português ou inglês. Estudos que estivessem fora dos objetivos estabelecidos ou que não estivessem disponíveis para leitura foram excluídos. Na terceira etapa, realizamos a triagem dos artigos resultantes da busca inicial. A quarta etapa envolveu a leitura e análise dos artigos selecionados. Foram incluídos na análise apenas estudos originais que abordassem a relação entre Diabetes Mellitus e COVID-19 no Brasil, especificamente aqueles que discutiram o agravamento da condição, fatores de risco e taxas de mortalidade. Foram coletadas informações sobre os objetivos do estudo, a região ou estado de desenvolvimento, a amostragem utilizada e os principais achados. Todos os dados foram tabulados e apresentados em forma de gráficos e tabela.
3. Resultados e discussão
A princípio, foram identificados 980 artigos, publicados nos bancos de dados de dados PubMed (479), BVS (452) e Scielo. Destes, 294 estudos foram excluídos por estarem duplicados, levando ao número total de 686 artigos selecionados. Deste quantitativo, após leitura do resumo, foram descartados 294 trabalhos por estarem fora do tema e objetivos propostos nesta análise, levando a um total de 392 artigos de relatos em texto completo avaliados para elegibilidade. Em seguida, verificou-se que 219 artigos estavam fora do idioma desejado e 155 eram artigos de revisão, levando a um total de 18 artigos incluídos para síntese qualitativa e quantitativa.
Todos os estudos incluídos nesta análise foram elencados em tabela, organizada em quatro colunas. A primeira é dedicada à citação, onde inclui os autores e o ano da publicação. A segunda destaca o tipo de estudo desenvolvido. A terceira descreve o objetivo geral das análises, esclarecendo o que se pretende estudar. E, por fim, a quarta e última coluna apresenta os resultados e conclusões, destacando os principais achados e suas implicações, especialmente acerca do impacto do Diabetes Mellitus II, no prognóstico de pacientes com COVID-19.
Foram explorados 17 estudos para compor o estudo, na tabela abaixo (Tabela 1), observa-se uma síntese de cada um destes estudos, evidenciando o tipo de estudo rastreado, os objetivos propostos e resultados e conclusões obtidos nestes.
Tab. 1: Artigos originais, considerados para síntese quantitativa.
Citação | Tipo de estudo | Objetivos | Resultados e conclusões |
Pagamicce, Andrechuk, Oliveira, Taninaga, Guerreiro, Pavan, Trevisane e Rodrigues, 2023 | Coorte retrospectivo | Avaliar o desfecho de piora clínica e variáveis demográficas, ocupacionais e clínicas de trabalhadores com COVID-19 no sudeste do Brasil. | A presença de DM, junto com hipertensão, obesidade e dislipidemia, esteve associada a um pior prognóstico, contribuindo para a piora clínica em alguns pacientes. |
Silva, Sousa, Pascoal, Rolim, Santos e Neto, 2023 | Transversal | Descrever características clínico-epidemiológicas dos casos de COVID-19 em profissionais de enfermagem e analisar fatores associados aos óbitos. | Foram registrados 2.116 casos de COVID-19 em profissionais de enfermagem, principalmente técnicos (63,23%), mulheres (86,48%), e de raça preta/parda (48,20%). A idade média era de 38,11 anos. A hipertensão arterial sistêmica foi a comorbidade mais comum (62,03%). Fatores de risco para óbito incluíram idade acima de 60 anos e comorbidades como hipertensão, obesidade e DM. |
Oliveira, Silva, Santos, Pascoal, Yamamura, Santos, Costa, Rolim, Lobato, Santos, Bezerra, Sousa, Aragão, Santos e Neto, 2020 | Transversal | Determinar os fatores associados às mortes por COVID-19 no estado do Maranhão, Brasil. | Entre os 10.986 óbitos registrados, 29,45% dos indivíduos tinham diabetes mellitus como comorbidade. Na análise ajustada, a presença de diabetes mellitus foi identificada como um fator de risco significativo para a morte, com um odds ratio (OR) de 5,75 (IC 95%: 4,45–7,15). |
Cruz, Martins, Neto, Araújo, Dellalibera-Joviliano e Barbosa, 2021 | Coorte observacional e retrospectivo | Investigar os fatores de risco idade, sexo e 11 comorbidades para mortalidade atribuída à COVID-19 entre brasileiros. | A DM foi uma das comorbidades mais prevalentes entre pacientes tratados e falecidos, com uma taxa de 6,26%. A análise de regressão logística multivariada revelou que a presença de diabetes mellitus aumentou significativamente o risco de mortalidade por COVID-19, com um odds ratio variando de 1,84 a 5,47. |
Silva, Valente, Monteiro, Lima, Farias e Studart, 2023 | Transversal, de abordagem quantitativa | Analisar os fatores intervenientes no tempo de internação hospitalar de pacientes com COVID-19 internados em unidade de terapia intensiva. | A maioria (92,4%) dos participantes eram considerados do grupo de risco para a doença, sendo a Hipertensão Arterial Sistêmica (38,7%) e o Diabetes Mellitus (36,1%) as comorbidades mais prevalentes. No modelo final da regressão, os pacientes com Diabetes Mellitus, assim como os do sexo masculino (p<0,001), em uso de cloroquina (p=0,013) e intubados (na admissão), permaneceram internados por tempo superior a 10 dias. |
Andrade, Geumaro, Borges e Jacomossi, 2020 | Transversal | Comparar os desfechos clínicos de pessoas com e sem Diabetes Mellitus tipo 2 (DM 2), infectadas pelo SARS-CoV-2, que desenvolveram Síndrome Respiratória Aguda Grave (SRAG) no Brasil. | Dos 384.805 pacientes, 111.046 eram diabéticos. Entre eles, 98,2% foram hospitalizados, 43,7% foram admitidos em UTI e 44,6% evoluíram a óbito. Comparativamente, 97,3% dos não-diabéticos necessitaram de hospitalização, 37,2% foram admitidos em UTI e 35,7% evoluíram a óbito. A análise revelou uma diferença estatisticamente significativa entre os grupos (p<0,001). |
Sansone, Boschiero, Valencise, Palamim e Marson, 2022 | Transversal e retrospectivo | Avaliar o impacto das características raciais na mortalidade de indivíduos hospitalizados com COVID-19 no Brasil, descrever o perfil clínico das cinco principais raças brasileiras e identificar os fatores de risco associados à mortalidade. | Dentre 585.655 indivíduos hospitalizados com COVID-19 no Brasil, identificou-se que o diabetes mellitus é um fator de risco significativo para a mortalidade. Com um odds ratio de 1,40 (IC 95%: 1,37-1,42), os pacientes com diabetes têm 40% mais chances de vir a óbito em comparação aos sem a condição. Esse risco é superior ao de comorbidades como cardiopatia e doença renal, mas menor do que distúrbios imunossupressores e síndrome de Down |
Garces, Sousa, Cestari, Florêncio, Damasceno, Pereira e Moreira, 2020 | Transversal | Analisar a associação entre diabetes mellitus e óbito hospitalar por COVID-19 no Brasil, de fevereiro a agosto de 2020. | Foram analisados dados de 397.600 casos hospitalizados, dos quais 32,0% (n = 127.231) evoluíram a óbito. A prevalência de óbito entre pessoas com diabetes foi de 40,8% (RP = 1,41; IC95% 1,39;1,42). Após ajustes por variáveis sociodemográficas e comorbidades, observou-se que o óbito foi 1,15 vez mais frequente entre aqueles com diabetes (IC95% 1,14;1,16). |
Nienkotter, Gambetta, da Rocha, Medeiros, Schweitzer, Prado e Deschamps. 2023 | Coorte observacional, retrospectivo | Analisar o perfil clínico-epidemiológico, possíveis preditores de risco e desfechos de pacientes com doença do coronavírus 2019 internados na enfermaria de um hospital terciário no sul do Brasil. | Entre os 502 pacientes hospitalizados, as comorbidades mais comuns foram obesidade, hipertensão arterial sistêmica e diabetes mellitus. O diabetes foi uma das principais comorbidades. A maioria dos pacientes (98,4%) utilizou corticoides e 82,5% receberam alta domiciliar. |
Tonietto, Bortolini, Figueiró, Raupp, Côcco, Coser, Lima e Fighera, 2023 | Transversal | Identificar os parâmetros clínicos e laboratoriais em pacientes com síndrome respiratória aguda e infecção confirmada por coronavírus 2 da síndrome respiratória aguda grave. | Cerca de 30% dos pacientes com COVID-19 tinham diabetes. Quase metade dos pacientes internados precisou de insulina devido ao efeito hiperglicemiante dos corticosteroides usados no tratamento. Pacientes com diabetes e outras condições metabólicas, como obesidade, enfrentam maior risco de desfechos adversos, destacando a importância de monitorar e controlar rigorosamente a glicemia. |
Jesus , Boell, Reckziegel, Ávila, Piccolin, Silva e Lorenzini, 2023 | Tranversal retrospectivo | Investigar preditores de óbitos associados à COVID-19 em pacientes internados em dois hospitais do estado de Santa Catarina, Brasil. | A maioria dos participantes era do sexo masculino (57,9%), branco (93,4%), idoso (41,5%). As comorbidades mais prevalentes foram hipertensão arterial sistêmica (34,2%) e diabetes mellitus (54,2%). A mortalidade foi de 19,6%, e os pacientes com diabetes mellitus apresentaram uma alta prevalência de complicações graves como insuficiência renal aguda e sepse. O estudo encontrou que a mortalidade aumentava com o tempo de internação hospitalar e a necessidade de diálise. Embora o diabetes não tenha sido um preditor independente de mortalidade no modelo final, ele foi associado a uma maior carga de doenças crônicas e complicações graves, especialmente em pacientes com 65 anos ou mais. |
Souza, Quintão, Soares, Mendes, Freitas, Siman, Toledo. | Longitudinal | Analisar a sobrevida de pacientes com diabetes mellitus internados por SRAG por COVID-19 em diferentes regiões do Brasil. | Foram identificados 114.144 casos de diabetes mellitus entre pacientes hospitalizados com SARS devido ao COVID-19 no Brasil. A mortalidade entre esses pacientes foi de 45%, resultando em 51.378 óbitos. A prevalência de diabetes foi maior nas regiões Nordeste (56,5%) e Norte (54,3%), com uma taxa de letalidade mais alta nessas regiões. Pacientes com diabetes e SARS que sobreviveram tiveram uma média de sobrevida de 35,7 dias. Os pacientes com diabetes foram mais propensos a necessitar de internação em Unidade de Terapia Intensiva (UTI) e ventilação mecânica, além de apresentarem sintomas graves como dispneia e distresse respiratório. |
Sardinha, Sá, Rodrigues, Freitas, Brodeur, Loiola, Lima, Souza e Lima, 2022 | Coorte retrospectiva | Identificar os preditores clínicos e o desfecho da COVID-19 grave em pacientes hospitalizados com e sem DCV nesta região da Amazônia brasileira | Dentre 9.223 pacientes hospitalizados com COVID-19 em 2020, revelou-se que a diabetes é um fator determinante na gravidade e mortalidade da doença. A mortalidade geral foi de 45,68%, mas foi significativamente maior para pacientes com diabetes, atingindo 55,51%, em comparação com 40,42% para aqueles sem diabetes. Pacientes com diabetes também apresentaram mais sintomas graves e uma maior necessidade de ventilação invasiva, o que foi um preditor importante de mortalidade. |
Silva, Oliveira, Escalante, Almirón, Tsuha, Sato, Menezes, Paula, D’Agostini e Croda, 2023 | Transversal | Descrever os fatores de risco para morte entre pacientes hospitalizados com casos confirmados de COVID-19. | Foram analisados 120.804 pacientes . A idade media dos pacientes foi de 60 anos, com predominância masculina e branca. Dentre os pacientes, 66,1% tinham uma ou mais comorbidades e 27,4% faleceram. Os dados evidenciam que o diabetes mellitus foi um dos fatores de risco significativos para a mortalidade por COVID-19, com uma razão de risco de 1,14 (intervalo de confiança de 95%, 1,11-1,18). |
Prado, Gimenes, Lima, Prado, Soares e Amaral, 2021 | Coorte retrospectiva | Analisar fatores de risco para óbito em indivíduos com síndrome respiratória aguda grave por COVID-19. | Entre os casos positivos de COVID-19, 5,9% apresentavam comorbidades, sendo a principal cardiopatia (3,3%), seguida de diabetes mellitus (1,7%) e doença respiratória crônica (0,7%). A análise ajustada identificou que os fatores de risco para óbito incluíam a presença de diabetes mellitus, com um hazard ratio (HR) de 1,66 (IC95% 1,07;2,59), indicando um aumento significativo no risco de mortalidade associado a essa condição. |
Andrade, Gomes, Lima, Duque, Melo, Góes, Ribeiro, Peixoto, Souza e Santos, 2020 | Ecológico | Analisar a distribuição espaço-temporal da mortalidade por COVID-19 em Sergipe, Nordeste, Brasil. | Observou-se que, entre os 391 óbitos registrados, 31% dos indivíduos tinham diabetes mellitus, tornando esta condição uma das comorbidades mais frequentes entre os falecidos. A diabetes mellitus foi identificada como um fator significativo associado à mortalidade |
Barone, Harnik, de Luca, Lima, Wieselberg, Ngongo, Pedrosa, Pimazoni-Netto, Franco, de Souza, Malta e Giampaoli, 2020 | Amostragem de conveniência | identificar as principais barreiras enfrentadas por pessoas vivendo com diabetes no Brasil durante a pandemia de COVID-19. | No estudo, observou-se que 59,4% dos participantes com diabetes monitoraram alterações na glicose durante a pandemia, com variações significativas nos níveis. Além disso, 38,4% adiaram consultas médicas e exames, e 59,5% reduziram a atividade física. O grupo com diabetes tipo 1 (DT1) teve maior propensão a apresentar sintomas de COVID-19, enquanto o grupo com diabetes tipo 2 (DT2) mostrou uma maior prevalência de comorbidades adicionais, aumentando o risco de gravidade da doença. |
Pagamicce (2023) e colaboradores destacam em uma análise que investigou a relação entre variáveis demográficas, ocupacionais e clínicas com o agravo no quadro clínico de trabalhadores com COVID-19 que, entre 2020 e 2021, dentre 1.459 trabalhadores sintomáticos, a média de idade foi de 41,1 anos, com uma predominância de mulheres (71,1%). O estudo revelou que 19,9% dos participantes apresentavam obesidade e 17,0% hipertensão. Os sintomas mais comuns foram cefaleia (75,3%) e tosse (74,9%), enquanto apenas 3,4% dos casos evoluíram para uma piora clínica. Entre os fatores associados a essa piora, o diabetes mellitus se destacou como um agravo significativo, além de outros fatores como sexo, categoria profissional, hipertensão, obesidade, dislipidemia, distúrbios do olfato, tosse, febre e dispneia. A análise de regressão de Poisson indicou que a prevalência de agravos clínicos aumentou com a idade, obesidade, febre e dispneia, ressaltando o diabetes como um fator crítico no agravamento da condição dos pacientes. Os autores concluíram que o acompanhamento clínico foi eficaz na detecção precoce e no manejo da COVID-19, enfatizando a relevância das estratégias de atenção primária à saúde (Pagamicce et al., 2023).
Silva e colaboradores (2023) realizaram um estudo com o objetivo de descrever as características clínico-epidemiológicas dos casos de COVID-19 entre profissionais de enfermagem e analisar os fatores associados aos óbitos. O estudo abrangeu casos e óbitos registrados no Maranhão entre abril de 2020 e março de 2021. A análise revelou 2.116 casos de COVID-19, predominando técnicos de enfermagem (63,23%), mulheres (86,48%) e indivíduos de raça/cor preta ou parda (48,20%). A faixa etária mais afetada foi de 31 a 40 anos, com uma média de idade de 38,11 anos. A hipertensão arterial sistêmica destacou-se como a principal comorbidade, presente em 62,03% dos casos. Os fatores de risco mais relevantes para óbito incluíram idade superior a 60 anos, além de comorbidades como hipertensão, diabetes mellitus e obesidade. Os autores concluíram que esses dados podem guiar intervenções em saúde mais eficazes, visando minimizar os riscos de infecção e os danos à saúde desses trabalhadores (Silva et al., 2023).
Oliveira e colaboradores (2023) desenvolveram uma análise com o objetivo de identificar os fatores associados à mortalidade por COVID-19 no estado do Maranhão, no nordeste do Brasil. O estudo de caráter transversal e analítico, avaliou pacientes com diagnóstico confirmado de COVID-19 que faleceram entre março de 2020 e janeiro de 2022. Durante o período, foram registrados 386.567 casos, dos quais 10.986 resultaram em óbito. Os fatores de risco associados a essas mortes incluíram sexo masculino, idade acima de 30 anos, resultado positivo em teste de RT-PCR, laudo positivo de tomografia computadorizada e a presença de uma ou mais comorbidades. Entre as comorbidades, diabetes mellitus, doenças neurológicas e obesidade mostraram-se as mais relacionadas a uma maior propensão ao óbito. Os autores concluem que os achados do estudo podem orientar a implementação de ações estratégicas por parte dos profissionais de saúde e gestores, visando a redução da incidência dos fatores de risco para mortalidade por COVID-19 em Maranhão (Oliveira et al., 2020)
Cruz e colaboradores (2023) realizaram um estudo para investigar os fatores de risco, como idade, gênero e 11 comorbidades, associados à mortalidade por COVID-19 entre brasileiros, analisando 1.804.151 indivíduos a partir de dados do Portal de Estatísticas do Estado de São Paulo. A pesquisa revelou que doenças cardíacas (9,37%) e diabetes (6,26%) foram as comorbidades mais comuns. O modelo de regressão multivariada indicou que homens (OR = 1,819), pessoas mais velhas (OR por ano = 1,081) e aqueles com comorbidades apresentaram um risco significativamente maior de morte (OR variando de 1,84 a 5,47). Além disso, a análise estratificada por idade destacou diferenças no impacto das comorbidades entre crianças, adultos e idosos, oferecendo insights valiosos para a tomada de decisões durante a pandemia (Cruz et al., 2021).
Silva e colaboradores (2023) realizaram um estudo com o objetivo de analisar os fatores que influenciam o tempo de internação hospitalar de pacientes com COVID-19 em uma unidade de terapia intensiva. O estudo transversal incluiu 119 pacientes de um hospital público no nordeste brasileiro, com a coleta de dados sociodemográficos e clínicos. A análise revelou que 92,4% dos participantes eram considerados do grupo de risco, com hipertensão arterial sistêmica (38,7%) e diabetes mellitus (36,1%) como as comorbidades mais comuns. Dentre os internados, 75 pacientes (63%) permaneceram no hospital por até 10 dias. O modelo final de regressão logística indicou que pacientes do sexo masculino (p<0,001), aqueles em uso de cloroquina (p=0,013) e os intubados na admissão tiveram um tempo de internação superior a 10 dias. Os autores concluíram que o tempo de permanência hospitalar foi influenciado por variáveis como sexo, tipo de tratamento e suporte de oxigenoterapia, destacando a importância de conhecer esses fatores para aprimorar as práticas assistenciais e potencialmente reduzir o tempo de internação (Silva et al., 2023).
Andrade e colaboradores (2022) versam em uma análise que teve o objetivo de comparar os desfechos clínicos de pessoas com e sem Diabetes Mellitus tipo 2 (DM2) infectadas pelo SARS-CoV-2 que desenvolveram Síndrome Respiratória Aguda Grave (SRAG) no Brasil que, dentre 384.805 pacientes notificados entre fevereiro de 2020 e maio de 2021, 111.046 eram diabéticos e 273.759 não diabéticos. Os resultados mostraram que 98,2% dos diabéticos foram hospitalizados, 43,7% necessitaram de admissão em Unidade de Terapia Intensiva (UTI) e 44,6% evoluíram a óbito. Em comparação, entre os não-diabéticos, 97,3% foram hospitalizados, 37,2% admitidos em UTI e 35,7% faleceram. A análise estatística revelou diferenças significativas (p<0,001) entre os grupos, indicando que a presença de DM2 está associada a um pior prognóstico da COVID-19 (Andrade et al., 2022).
Sansone e colaboradores (2023) descrevem em uma análise epidemiológica que avaliou como a raça da população brasileira influencia os desfechos em pacientes hospitalizados com COVID-19, destacando também o papel das comorbidades, como a diabetes. A pesquisa relata que entre 585.655 pacientes, 52,9% se identificaram como brancos e 40,1% como de múltiplas raças. Os resultados mostraram que as raças não brancas, especialmente negros (OR=1,43), indivíduos de múltiplas raças (OR=1,36) e indígenas (OR=1,91), apresentaram maior risco de morte em comparação aos brancos. Além disso, a diabetes mellitus foi identificada como uma comorbidade significativa, associada a um aumento do risco de mortalidade (OR=1,40). Fatores como sexo masculino, idade avançada e a presença de infecções nosocomiais também contribuíram para a mortalidade. Os achados ressaltam a importância de abordar tanto as desigualdades raciais quanto as comorbidades nas estratégias de saúde pública voltadas para a COVID-19 (Sansone et al., 2022).
Garces e colaboradores (2023) analisaram a associação entre diabetes mellitus e óbitos hospitalares por COVID-19 no Brasil, entre fevereiro e agosto de 2020. O estudo, de caráter transversal, utilizou dados de 397.600 casos hospitalizados notificados como síndrome gripal. Dentre esses, 32,0% (127.231) resultaram em óbito, com uma prevalência de 40,8% entre os diabéticos (RP = 1,41; IC95% 1,39-1,42). Após ajustes para variáveis sociodemográficas e outras comorbidades, os resultados indicaram que o óbito foi 1,15 vezes mais frequente entre indivíduos com diabetes (IC95% 1,14-1,16). Constatou-se que três em cada 20 óbitos por COVID-19 ocorreram em pacientes diabéticos, ressaltando a vulnerabilidade dessa população e a importância do controle da diabetes como estratégia de saúde (Garces et al., 2020).
Nienkotter e colaboradores (2022) realizaram um estudo observacional e retrospectivo com o objetivo de analisar o perfil clínico-epidemiológico, preditores de risco e desfechos de pacientes com COVID-19 admitidos em um hospital terciário no sul do Brasil. A pesquisa, que abrangeu dados de 502 pacientes hospitalizados entre abril de 2020 e dezembro de 2021, revelou que 60,2% eram homens, com uma idade mediana de 56 anos, e 31,7% tinham mais de 65 anos. Os principais sintomas incluíram dispneia (69,9%) e tosse (63,1%). As comorbidades mais frequentes foram obesidade, hipertensão arterial e diabetes mellitus. A análise mostrou que 55,8% dos pacientes apresentaram PaO2/FiO2 < 300 mmHg na admissão, e 46,0% tiveram uma relação neutrófilo/linfócito > 6,8. A oxigenoterapia foi utilizada em 34,7% dos pacientes, enquanto 98,4% receberam corticosteroides, resultando em alta hospitalar para 82,5% dos casos. O estudo concluiu que idade acima de 65 anos e comprometimento pulmonar maior que 50% são preditores de pior prognóstico, embora a corticoterapia tenha mostrado benefícios no tratamento (Nienkotter et al., 2023).
Tonietto e colaboradores (2022) discorrem em uma análise que visou identificar parâmetros clínicos e laboratoriais em pacientes com síndrome respiratória aguda e infecção confirmada por SARS-CoV-2. que a hipertensão, diabetes e obesidade foram observadas em 58%, 33% e 32% dos pacientes, respectivamente. Aqueles admitidos em unidade de terapia intensiva (UTI) eram mais velhos e apresentaram piora significativa nos exames de tomografia de tórax, além de receberem doses mais altas de corticosteroides. Parâmetros hematológicos mostraram-se inferiores nos pacientes críticos, especialmente no quinto dia de internação. A mortalidade foi significativamente maior na UTI (62,8%) em comparação com a unidade de cuidados básicos (12,2%). O estudo conclui que comorbidades metabólicas e cardiovasculares, junto com anormalidades hematológicas, são comuns entre pacientes com síndrome respiratória severa relacionada à COVID-19 (Tonietto et al., 2023).
Jesus e colaboradores (2022) realizaram um estudo retrospectivo para investigar os preditores de morte associados à COVID-19 em 799 pacientes admitidos em dois hospitais em Santa Catarina, Brasil, durante 2020. A coleta de dados foi realizada entre novembro de 2020 e janeiro de 2021, utilizando prontuários eletrônicos. Os resultados mostraram predominância de pacientes do sexo masculino (57,9%), brancos (93,4%) e idosos (41,5%), com idade média de 61,5 anos. As comorbidades mais comuns foram Diabetes Mellitus (54,2%) e hipertensão (34,2%). Dentre os pacientes, 27,8% foram internados na UTI e 19,6% faleceram. A análise indicou uma correlação entre a morte e variáveis sociodemográficas e clínicas, destacando que a idade é um fator de risco independente, com mortalidade 13 vezes maior em indivíduos acima de 80 anos em comparação com os mais jovens. O estudo conclui que a presença de doenças pré-existentes e a idade avançada estão associadas a um maior risco de óbito por COVID-19 (Jesus et al., 2023).
Souza e colaboradores (2020) realizaram um estudo longitudinal para analisar a sobrevivência de pacientes com diabetes mellitus hospitalizados por COVID-19 em diferentes regiões do Brasil. Utilizando dados do Sistema de Vigilância Epidemiológica da Influenza, o estudo revelou que 51,4% dos internados apresentavam diabetes, com uma taxa de letalidade de 45,0%. As regiões Nordeste e Norte mostraram as maiores proporções de pacientes com diabetes e letalidade, sendo a média de sobrevivência estimada em 35,7 dias. A pesquisa identificou que pacientes não brancos, aqueles que necessitaram de internação em UTI e apresentaram sintomas respiratórios graves tiveram uma menor taxa de sobrevivência. O estudo conclui que a diabetes mellitus é um fator significativo de morbidade e mortalidade entre os internados, especialmente em regiões vulneráveis, destacando a necessidade de intervenções direcionadas para essa população (Souza et al., 2020).
Na análise de sardinha e colaboradores (2022), o diabetes mellitus foi identificado como um importante preditor de mortalidade em pacientes hospitalizados com COVID-19. A odds ratio para a diabetes foi de 1,267 (IC 95%: 1,050–1,528), indicando que os pacientes diabéticos tinham uma maior probabilidade de morte em comparação aos não diabéticos. Esse achado ressalta a relevância do diabetes como fator de risco em conjunto com outras condições, especialmente entre os portadores de doenças cardiovasculares, que já apresentavam uma menor taxa de sobrevivência. A pesquisa enfatiza a necessidade de atenção especial para pacientes com diabetes em contextos de infecções severas como a COVID-19 (Sardinha et al., 2022).
No estudo realizado por Silva e colaboradores (2021), foram analisadas as características e os resultados de 120.804 pacientes hospitalizados com COVID-19 em São Paulo, entre fevereiro e outubro de 2020. Os pesquisadores descobriram que a diabetes mellitus se destacou como um fator de risco importante para a mortalidade, com uma probabilidade 14% maior de morte para os pacientes diabéticos em comparação aos não diabéticos. Além da diabetes, outros grupos também mostraram maior risco, incluindo homens, idosos e pessoas com doenças cardiovasculares, pulmonares ou neurológicas crônicas. Esses resultados enfatizam a diabetes como uma comorbidade relevante, que pode agravar os desfechos em pacientes afetados pela COVID-19 (Silva et al., 2023).
Prado e colaboradores (2020) realizaram um estudo abrangente para investigar os fatores de risco associados ao óbito em pacientes com síndrome respiratória aguda grave por COVID-19 no estado do Acre, analisando dados de 57.700 indivíduos entre março e setembro de 2020. Os resultados mostraram que homens e pessoas com 60 anos ou mais estavam particularmente vulneráveis, assim como aqueles que apresentavam dispneia e multimorbidade, especialmente com doenças cardíacas e diabetes mellitus. Esses fatores aumentaram significativamente o risco de morte, destacando a importância de um cuidado especial para esses grupos durante crises de saúde pública. A pesquisa ressalta a necessidade de intervenções direcionadas para proteger os mais afetados e melhorar os desfechos clínicos nessa população (Prado et al., 2021).
Andrade e colaboradores (2020) conduziram um estudo para analisar a distribuição espaço-temporal da mortalidade por COVID-19 em Sergipe, no Nordeste do Brasil, abrangendo todos os óbitos confirmados entre 2 de abril e 14 de junho de 2020. Com uma abordagem ecológica, os pesquisadores calcularam as taxas de mortalidade por 100 mil habitantes e analisaram as tendências temporais utilizando um modelo log-linear segmentado. A análise espacial, por sua vez, foi realizada por meio do estimador Kernel e as taxas de mortalidade foram suavizadas pelo método Bayesiano empírico. Durante o estudo, foram registrados 391 óbitos, a maioria entre pessoas com 60 anos ou mais (62%) e do sexo masculino (53%). As comorbidades mais prevalentes incluíram hipertensão (40%), diabetes (31%) e doenças cardiovasculares (15%). Observou-se uma tendência crescente de mortalidade em todo o estado, especialmente nas áreas rurais, além da identificação de um cluster espaço-temporal ativo na área metropolitana e cidades vizinhas. Os resultados indicam que a mortalidade por COVID-19 em Sergipe estava aumentando, com uma distribuição heterogênea das mortes, ressaltando a importância das técnicas de análise espacial para a vigilância e controle da pandemia (Andrade et al., 2020).
Barone e colaboradores (2020) realizaram um estudo para identificar as principais barreiras enfrentadas por pessoas com diabetes no Brasil durante a pandemia de COVID-19. A pesquisa, baseada em uma amostra de conveniência, coletou dados de 1.701 indivíduos com 18 anos ou mais, sendo 75,54% mulheres, 60,73% com diabetes tipo 1 (T1D) e 30,75% com diabetes tipo 2 (T2D), entre 22 de abril e 4 de maio, por meio de um questionário anônimo contendo 20 perguntas de múltipla escolha sobre aspectos socioeconômicos, estado de saúde e hábitos de vida durante a pandemia. Os resultados mostraram que 95,1% dos participantes reduziram a frequência de saídas de casa; entre aqueles que monitoravam a glicemia em casa (91,5%), a maioria (59,4%) relatou aumento, diminuição ou maior variabilidade nos níveis de glicose. Além disso, 38,4% adiaram consultas médicas e/ou exames de rotina, e 59,5% reduziram a atividade física. O grupo T1D, que era mais jovem, apresentou maior susceptibilidade a sintomas de COVID-19, mesmo sem realização de testes, enquanto o grupo T2D tinha uma maior frequência de comorbidades que aumentam o risco de gravidade da COVID-19. O estudo revela a gravidade do impacto da pandemia sobre os hábitos de vida dos indivíduos com diabetes no Brasil, o que pode afetar negativamente a glicemia e aumentar os riscos de complicações agudas e crônicas da diabetes em caso de infecção pelo SARS-CoV-2 (Barone et al., 2020).
Conclusão
Neste estudo, destacamos a relação da DM tipo 2 como um fator significativo de risco para piora clínica e mortalidade entre pacientes com COVID-19. Dentre as complicações resultantes dessa relação, observa-se com maior intensidade internações em unidades de terapia intensiva e maior taxa de óbitos. Os dados revelam que a prevalência de DM entre os casos de COVID-19 varia entre 30% e 54%, dependendo da população analisada. Estes achados reforçam a gravidade da condição, que não só eleva o risco de complicações, mas também demanda um controle rigoroso da glicemia. Nesse sentido, destaca-se a importância do profissional farmacêutico pois são fundamentais no monitoramento dos níveis glicêmicos e na educação dos pacientes sobre a importância do controle da diabetes para minimizar riscos associados à COVID-19. A atuação do farmacêutico na orientação sobre o uso de medicamentos, monitoramento de sintomas e adesão ao tratamento pode ajudar a reduzir complicações e melhorar os desfechos clínicos.
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1Discente do Centro Universitário FAMETRO, Manaus-AM, Brasil;
2Docente do Centro Universitário FAMETRO, Manaus-AM, Brasil.