TYPE 1 DIABETES MELLITUS: AN INTEGRATIVE REVIEW ON NEW TECHNOLOGIES FOR GLYCEMIC MONITORING, ADHERENCE TO TREATMENT AND IMPACT ON QUALITY OF LIFE
Graduação em Bacharelado em Medicina – Universidade Brasil – Fernandópolis/SP
REGISTRO DOI: 10.69849/revistaft/cl10202410241532
Amanda Silva Silvestre1; Iure Dimitre Nogueira Assunção2; Janaina Alves Lima3; Jennyffer da Silva Leite Rosa4; Lucas Augusto Pastro Alves5; Marcos de Oliveira Gonçalves6; Morgana Bezerra Bispo Caldas7; Nathalia Maria Marques Domingues8; Nicolas Justino Pedroso9; Pablo Cristiano Machado10; Queila Miguel11; Rogério Mateus Costa12; Tatiana Badke13; Thiago Foltran Scucato14; Viviane Tontini Costa15.
RESUMO
O Diabetes Mellitus Tipo 1 (DM1) é uma doença autoimune crônica que exige monitoramento contínuo da glicose e administração exógena de insulina. Nos últimos anos, tecnologias inovadoras como os monitores contínuos de glicose (CGM), bombas de insulina e sistemas de circuito fechado (pâncreas artificial) têm transformado o manejo da doença. Este artigo de revisão integrativa analisa o impacto dessas tecnologias na melhoria do controle glicêmico, na adesão ao tratamento e na qualidade de vida dos pacientes com DM1, especialmente crianças e adolescentes. As evidências sugerem que essas tecnologias promovem maior autonomia, reduzindo o estresse emocional associado ao controle da doença. No entanto, desafios como o custo elevado e o acesso limitado continuam a ser barreiras significativas para a adoção dessas inovações. O estudo conclui que as tecnologias são eficazes no aprimoramento da gestão do DM1, mas é necessário maior foco em acessibilidade e custo-benefício para populações mais vulneráveis.
Palavras-chave: Diabetes Mellitus Tipo 1; Monitoramento glicêmico; Bombas de insulina; Pâncreas artificial; Adesão ao tratamento; Qualidade de vida.
ABSTRACT
Type 1 Diabetes Mellitus (T1DM) is a chronic autoimmune disease that requires continuous glucose monitoring and exogenous insulin administration. In recent years, innovative technologies such as continuous glucose monitors (CGMs), insulin pumps, and closed-loop systems (artificial pancreas) have revolutionized the management of the disease. This integrative review article analyzes the impact of these technologies on improving glycemic control, treatment adherence, and the quality of life of patients with T1DM, particularly children and adolescents. Evidence suggests that these technologies promote greater autonomy, reducing the emotional stress associated with disease management. However, challenges such as high costs and limited access remain significant barriers to the widespread adoption of these innovations. The study concludes that these technologies are effective in enhancing T1DM management, but more focus is needed on accessibility and cost-effectiveness for vulnerable populations.
Keywords: Type 1 Diabetes Mellitus; Glycemic monitoring; Insulin pumps; Artificial pancreas; Treatment adherence; Quality of life.
1. INTRODUÇÃO
O Diabetes Mellitus Tipo 1 (DM1) é uma doença autoimune crônica caracterizada pela destruição das células beta pancreáticas, resultando em uma deficiência total de produção de insulina. Essa condição exige a administração exógena de insulina para o controle glicêmico, sendo fundamental um monitoramento rigoroso da glicose no sangue para prevenir complicações agudas, como hipoglicemia e hiperglicemia, e crônicas, como nefropatias, retinopatias e doenças cardiovasculares (BRASIL, 2013). A prevalência de DM1 entre crianças e adolescentes é significativa, e sua gestão adequada é crucial para garantir uma qualidade de vida aceitável a longo prazo (DUNCAN BB et al., 2012).
Nos últimos anos, houve grandes avanços tecnológicos no tratamento de DM1, com o desenvolvimento de dispositivos como os monitores contínuos de glicose (CGM), que permitem o acompanhamento em tempo real dos níveis glicêmicos, e as bombas de insulina, que oferecem uma administração mais precisa e controlada do hormônio. A introdução do pâncreas artificial, uma combinação de CGM e bombas de insulina em um sistema de circuito fechado, representa uma inovação no controle automático da glicose, reduzindo a necessidade de intervenção manual e melhorando os resultados clínicos (BRASIL, 2013). Essas inovações não apenas simplificam o manejo da doença, mas também têm potencial para diminuir o risco de complicações associadas ao controle inadequado da glicemia.
Além de melhorar o controle glicêmico, as novas tecnologias têm um impacto direto na adesão ao tratamento e na qualidade de vida dos pacientes, especialmente em populações vulneráveis como crianças e adolescentes. Pacientes com DM1 enfrentam desafios constantes para manter os níveis glicêmicos dentro da faixa alvo, o que pode levar ao esgotamento físico e emocional. O uso dessas tecnologias tem demonstrado aumentar a adesão ao tratamento, pois tornam o controle do diabetes mais fácil e eficiente, reduzindo o estresse e proporcionando maior autonomia aos pacientes (DUNCAN BB et al., 2012). Consequentemente, esses dispositivos também melhoram a qualidade de vida ao permitir que os pacientes vivam com mais liberdade e menos preocupações sobre as complicações diárias da doença.
O objetivo desta revisão integrativa é analisar as novas tecnologias para o monitoramento glicêmico, o impacto na adesão ao tratamento, e como essas ferramentas influenciam a qualidade de vida de pacientes com Diabetes Mellitus Tipo 1. Este estudo busca integrar as evidências mais recentes sobre o uso de CGM, bombas de insulina e pâncreas artificial, destacando os benefícios e desafios de sua implementação na prática clínica, com foco especial em crianças e adolescentes (SOUZA MT, et al., 2010).
2. NOVAS TECNOLOGIAS DE MONITORAMENTO GLICÊMICO NO DM1
Os Monitores Contínuos de Glicose (CGM) representam um avanço significativo no manejo do Diabetes Mellitus Tipo 1. Esses dispositivos permitem o monitoramento em tempo real dos níveis de glicose no líquido intersticial, fornecendo leituras frequentes e alertas sobre tendências de hipoglicemia e hiperglicemia. Ao fornecer dados contínuos, os CGMs ajudam os pacientes a compreenderem melhor as flutuações glicêmicas ao longo do dia, facilitando ajustes mais precisos na terapia e na dieta. Isso contribui para a prevenção de episódios agudos e para a manutenção de níveis glicêmicos dentro da faixa desejada (APABLAZA et al., 2017).
2.1. Bombas de Insulina
As bombas de insulina são dispositivos portáteis que administram insulina de forma subcutânea contínua, simulando a secreção fisiológica do pâncreas. Essa precisão na dosagem reduz a variabilidade glicêmica e diminui o risco de hipoglicemias e hiperglicemias. As bombas oferecem flexibilidade no gerenciamento do tratamento, melhorando a qualidade de vida dos pacientes ao reduzir a necessidade de múltiplas injeções diárias (APABLAZA et al., 2017).
2.2. Pâncreas Artificial
O pâncreas artificial é uma tecnologia emergente que integra o CGM e a bomba de insulina em um sistema de circuito fechado (closed-loop). Esse sistema utiliza algoritmos avançados para automatizar a administração de insulina com base nas leituras contínuas de glicose, ajustando as doses em tempo real para manter os níveis glicêmicos dentro da faixa alvo. Isso reduz significativamente a carga de autocuidado dos pacientes e melhora o controle glicêmico, diminuindo o risco de complicações agudas e crônicas associadas ao DM1 (APABLAZA et al., 2017).
2.3. Evidências Clínicas
Estudos clínicos demonstram a eficácia dessas tecnologias no aprimoramento do controle glicêmico em pacientes com DM1. De acordo com Apablaza et al. (2017), o uso de CGMs está associado a uma redução nos níveis de hemoglobina glicada (HbA1c) e a uma diminuição na incidência de eventos hipoglicêmicos. As bombas de insulina, por sua vez, proporcionam um melhor controle glicêmico em comparação com regimes de múltiplas injeções diárias, além de melhorar a satisfação e a qualidade de vida dos pacientes.
Em relação ao pâncreas artificial, os sistemas de circuito fechado têm mostrado resultados promissores. Esses dispositivos automatizados conseguem manter os níveis glicêmicos dentro da faixa desejada por períodos mais longos, reduzindo o tempo em hiperglicemia e hipoglicemia. Isso se traduz em um controle metabólico mais estável e em uma potencial redução das complicações a longo prazo do DM1 (APABLAZA et al., 2017).
2.4. Barreiras à Implementação
Apesar dos benefícios comprovados, a adoção ampla dessas tecnologias enfrenta várias barreiras. O custo elevado dos dispositivos é um dos principais obstáculos, limitando o acesso para muitos pacientes, especialmente em países com recursos limitados. Além disso, a necessidade de treinamento especializado para o uso eficaz desses dispositivos pode ser um desafio. Pacientes e profissionais de saúde precisam estar aptos a lidar com a complexidade técnica envolvida, o que requer investimento em educação e suporte contínuo (SILVA et al., 2020).
Outra barreira significativa é a infraestrutura dos sistemas de saúde. Muitos locais carecem de recursos adequados para fornecer suporte técnico e manutenção para esses dispositivos. Questões relacionadas à aderência do paciente também podem surgir, como resistência ao uso de tecnologia avançada ou dificuldades em incorporar os dispositivos na rotina diária. É fundamental abordar essas barreiras por meio de políticas de saúde que promovam o acesso, subsidiem custos e invistam em programas de educação para pacientes e profissionais (SILVA et al., 2020).
3. DESAFIOS DE ADESÃO AO TRATAMENTO CONVENCIONAL
Pacientes com Diabetes Mellitus Tipo 1 (DM1) enfrentam desafios significativos ao aderirem ao tratamento convencional, que envolve múltiplas injeções diárias de insulina e monitoramento manual dos níveis de glicose no sangue. Esse regime pode ser fisicamente e emocionalmente exaustivo, especialmente para crianças e adolescentes que precisam lidar com a rotina rigorosa enquanto conciliam atividades escolares e sociais. A complexidade do tratamento tradicional frequentemente leva a lapsos na adesão, aumentando o risco de complicações como hipoglicemia e hiperglicemia. De acordo com Flora e Gameiro (2016), adolescentes enfrentam uma carga emocional adicional devido à necessidade de autocuidado constante, o que dificulta o cumprimento de todas as etapas do tratamento e pode gerar frustração e ansiedade. O uso adequado da insulina e o monitoramento preciso dos níveis de glicose são essenciais para a manutenção do controle glicêmico, mas a natureza invasiva e constante dessas práticas torna a adesão desafiadora.
3.1. Impacto das novas tecnologias na adesão
As tecnologias emergentes, como os monitores contínuos de glicose (CGM), bombas de insulina e pâncreas artificial, estão transformando o manejo do DM1, facilitando a adesão ao tratamento. Estas ferramentas têm demonstrado um impacto positivo ao reduzir a necessidade de monitoramento manual e injeções múltiplas, promovendo um controle glicêmico mais automatizado e eficiente. O estudo de Collet et al. (2018) destaca como a introdução dessas tecnologias durante a transição da infância para a adolescência ajuda a aumentar a consistência do tratamento, especialmente em momentos críticos de crescimento e desenvolvimento. O CGM, por exemplo, permite aos pacientes e cuidadores monitorarem as variações glicêmicas em tempo real, oferecendo alertas para evitar eventos de hipoglicemia ou hiperglicemia, o que facilita a adesão.
Além disso, as bombas de insulina proporcionam uma administração contínua e precisa da insulina, reduzindo a necessidade de múltiplas injeções e aumentando a aceitação do tratamento entre os adolescentes. As evidências mostram que, ao integrar o CGM com as bombas de insulina em um sistema de circuito fechado (pâncreas artificial), o controle glicêmico torna-se ainda mais estável, o que aumenta a confiança dos pacientes no tratamento e melhora a adesão (Pereira et al., 2020). Esse tipo de automação não apenas facilita o gerenciamento da glicose, mas também reduz a carga emocional e física associada ao autocuidado manual.
3.2. Fatores que influenciam a adesão
Vários fatores influenciam a adesão ao tratamento no DM1, incluindo educação e treinamento, aspectos psicossociais e o suporte familiar.
- Educação e treinamento: Para que as novas tecnologias sejam eficazes, é essencial que pacientes e familiares sejam adequadamente treinados em seu uso. Isso envolve a compreensão não apenas de como utilizar os dispositivos, mas também de como interpretar os dados fornecidos por eles. Programas de educação em diabetes, que incluem treinamento sobre o uso de CGMs e bombas de insulina, são fundamentais para melhorar a adesão ao tratamento, especialmente em adolescentes (Collet et al., 2018).
- Aspectos psicossociais: O suporte familiar é um fator crucial que influencia a adesão ao tratamento. Famílias que estão engajadas no processo de cuidado tendem a melhorar a adesão dos pacientes, especialmente entre crianças e adolescentes. O estudo de Flora e Gameiro (2016) mostra que a aceitação das tecnologias pode ser desafiadora para alguns pacientes, especialmente em fases de transição, como a adolescência. No entanto, quando o suporte familiar é forte e há uma comunicação eficaz entre o paciente e seus cuidadores, a adesão ao tratamento tende a aumentar.
3.3. Estudos sobre a adesão
Diversos estudos apontam que o uso de tecnologias avançadas no tratamento do DM1 está associado a uma melhora significativa na adesão ao tratamento. A pesquisa de Pereira et al. (2020) utiliza questionários validados para avaliar a relação entre o uso de CGM e bombas de insulina e a percepção de qualidade de vida dos pacientes. Os resultados indicam que, além de melhorar o controle glicêmico, essas tecnologias aumentam a satisfação dos pacientes com o tratamento, o que, por sua vez, contribui para uma adesão mais consistente.
Da mesma forma, Vargas et al. (2016) destacam que a adesão ao tratamento é fundamental para a evolução clínica de crianças e adolescentes com DM1. O uso das novas tecnologias permite que esses pacientes mantenham níveis glicêmicos mais estáveis, o que reduz as complicações a longo prazo e melhora os resultados clínicos. Estudos clínicos e epidemiológicos confirmam que, ao reduzir a carga do autocuidado manual e automatizar parte do processo de controle glicêmico, os pacientes se tornam mais envolvidos no tratamento, resultando em uma adesão mais eficaz.
4. IMPACTO DAS TECNOLOGIAS NA QUALIDADE DE VIDA
A qualidade de vida relacionada à saúde (QVRS) em pacientes com Diabetes Mellitus Tipo 1 (DM1) refere-se ao impacto que o controle da doença tem no bem-estar físico, mental e social dos indivíduos. Para avaliar esse conceito, são utilizadas escalas de qualidade de vida, como o PedsQL 3.0 Diabetes Module, que foi validado no Brasil por Garcia et al. (2018). Essas ferramentas medem vários domínios, incluindo função física, emocional, social e escolar, proporcionando uma visão abrangente do impacto do DM1 na vida dos pacientes. Os parâmetros de QVRS são fundamentais para monitorar como o manejo da doença, incluindo o uso de tecnologias, afeta o bem-estar geral dos pacientes.
4.1. Impacto psicológico e emocional
As novas tecnologias, como os monitores contínuos de glicose (CGM) e as bombas de insulina, têm um efeito profundo no estado psicológico e emocional dos pacientes com DM1. Estudos demonstram que o uso dessas tecnologias reduz significativamente a ansiedade relacionada ao controle glicêmico, pois os pacientes se sentem mais seguros ao monitorar suas flutuações glicêmicas em tempo real (COSTA LMFC, VIEIRA SE, 2015). A sensação de autonomia aumenta com o uso de CGMs, uma vez que os pacientes não precisam depender de medições manuais constantes, o que reduz o estresse e melhora a confiança no tratamento. Além disso, as bombas de insulina permitem maior liberdade na administração de doses, o que contribui para uma melhor adaptação emocional ao regime de tratamento.
4.2. Impacto nas atividades diárias
As tecnologias como CGM e bombas de insulina também melhoram significativamente a capacidade dos pacientes de realizar suas atividades diárias sem interrupções causadas por episódios de hipoglicemia ou hiperglicemia. Como mostrado por Cruz et al. (2018), a monitorização contínua da glicose e a administração precisa de insulina permitem que os pacientes planejem suas atividades com mais confiança, sabendo que terão menos interrupções relacionadas ao controle inadequado da glicose. Isso é particularmente importante para adolescentes e adultos jovens, que desejam participar de atividades sociais e físicas com menos preocupações sobre crises hipoglicêmicas inesperadas.
4.3. Diferenças entre faixas etárias
O impacto das tecnologias na qualidade de vida varia de acordo com a faixa etária dos pacientes. Crianças e adolescentes geralmente enfrentam mais desafios emocionais relacionados ao tratamento, como o medo de se destacarem em público ou a frustração com as exigências de autocuidado (COSTA LMFC, VIEIRA SE, 2015). As tecnologias podem reduzir esses sentimentos, dando-lhes mais independência e controle sobre sua condição. Para adultos, as preocupações são mais relacionadas à rotina de trabalho e vida familiar. O estudo de Martins et al. (2018) mostra que, em jovens adultos, o uso dessas tecnologias contribui para um melhor gerenciamento do tempo e menos preocupações com emergências glicêmicas, o que melhora o bem-estar geral.
4.4. Evidências clínicas
Estudos clínicos indicam que a introdução de CGMs e bombas de insulina está associada a uma melhora significativa na qualidade de vida dos pacientes com DM1. Paula et al. (2017) destacam que o automonitoramento contínuo da glicose melhora a percepção de bem-estar dos pacientes, resultando em uma redução do estresse relacionado ao controle da doença e maior satisfação com o tratamento. Esses dispositivos fornecem uma visão contínua dos níveis de glicose, permitindo que os pacientes façam ajustes mais precisos em seu tratamento, o que se traduz em melhor controle glicêmico e, consequentemente, menos complicações.
Apesar dos benefícios claros das tecnologias no manejo do DM1, existem desafios e limitações. Um dos principais obstáculos é a aceitação inicial das tecnologias por alguns pacientes. Para muitos, o uso de dispositivos como CGM ou bombas de insulina pode parecer invasivo ou complicado, especialmente no início do tratamento. Além disso, a complexidade do uso de algumas dessas tecnologias pode causar frustração nos primeiros estágios de adaptação. Como observado por Cruz et al. (2018), a aceitação e a usabilidade podem ser desafiadoras, exigindo treinamento contínuo e suporte dos profissionais de saúde. O custo elevado dos dispositivos também representa uma barreira significativa, limitando o acesso a esses avanços para pacientes de baixa renda. Além disso, há a necessidade de manutenção e acompanhamento regular dos dispositivos, o que pode ser um desafio em áreas com infraestrutura de saúde limitada.
5. DISCUSSÃO
Os resultados apresentados nas seções anteriores indicam que as novas tecnologias, como monitores contínuos de glicose (CGM), bombas de insulina e o pâncreas artificial, não apenas melhoram o controle glicêmico em pacientes com Diabetes Mellitus Tipo 1 (DM1), mas também promovem uma melhora significativa na adesão ao tratamento e na qualidade de vida. O CGM, ao fornecer dados em tempo real sobre os níveis de glicose, facilita a tomada de decisões rápidas e eficazes, evitando episódios de hipoglicemia e hiperglicemia. Isso permite que os pacientes ajustem suas doses de insulina com precisão e desenvolvam uma maior compreensão de suas flutuações glicêmicas, o que se traduz em um melhor controle metabólico.
Além disso, as bombas de insulina fornecem doses contínuas e ajustáveis de insulina, aliviando a necessidade de múltiplas injeções diárias. Essa administração mais precisa ajudar a manter os níveis glicêmicos dentro da faixa desejada, melhorando a consistência no tratamento. O uso de sistemas de circuito fechado, como o pâncreas artificial, proporciona uma automatização ainda maior no manejo do diabetes, reduzindo o fardo do autocuidado e permitindo que os pacientes tenham mais liberdade e menos preocupações com o controle diário de sua glicemia. Isso foi evidenciado por estudos que mostraram uma redução significativa na ansiedade relacionada ao tratamento, além de uma melhora na sensação de autonomia e bem-estar (COSTA & VIEIRA, 2015; CRUZ et al., 2018).
Os achados desta revisão estão em linha com as evidências anteriores que destacam os benefícios das novas tecnologias para o controle do DM1 e para a qualidade de vida dos pacientes. Estudos prévios, como o de Collet et al. (2018), mostraram que o uso de CGMs e bombas de insulina contribui para um melhor manejo da doença, especialmente durante a transição da infância para a adolescência, quando a adesão ao tratamento pode ser desafiadora. Da mesma forma, o estudo de Garcia et al. (2018) validou a eficácia do PedsQL 3.0 Diabetes Module como uma ferramenta para medir a qualidade de vida relacionada à saúde em crianças e adolescentes, reforçando os benefícios do uso dessas tecnologias.
Entretanto, embora os achados confirmem a promessa das novas tecnologias, eles também apontam desafios significativos que ainda precisam ser superados. Estudos anteriores também levantam a questão de barreiras à adesão, como a complexidade no uso inicial das bombas de insulina e do CGM, o que pode desestimular alguns pacientes, principalmente aqueles que não recebem um treinamento adequado (FLORA & GAMEIRO, 2016). Além disso, embora os resultados clínicos mostrem melhorias significativas no controle glicêmico, é necessário que haja mais estudos longitudinais para compreender o impacto dessas tecnologias a longo prazo e em diferentes populações.
Embora os benefícios dessas tecnologias sejam evidentes, os desafios futuros envolvem principalmente a acessibilidade e a equidade no acesso a esses dispositivos. O custo elevado do CGM, das bombas de insulina e do pâncreas artificial continua sendo uma barreira substancial para muitos pacientes, particularmente aqueles em regiões com recursos limitados ou em populações de baixa renda. Além do custo inicial dos dispositivos, os custos de manutenção e reposição de sensores e insumos podem se tornar proibitivos. Em áreas remotas, o acesso a serviços de saúde especializados e o fornecimento adequado de tecnologia também são limitados, o que restringe o impacto positivo dessas inovações (CRUZ et al., 2018; PAULA et al., 2017).
Outro desafio é o treinamento dos pacientes e profissionais de saúde. O uso eficaz dessas tecnologias requer educação contínua, tanto para o paciente quanto para os profissionais envolvidos no manejo da doença. A falta de suporte técnico ou de programas educacionais bem estruturados pode comprometer a adesão ao tratamento e a eficácia das tecnologias, levando ao abandono do uso dos dispositivos. Programas de educação em diabetes precisam ser expandidos para garantir que os pacientes possam usar essas tecnologias de maneira adequada e eficaz (PEREIRA et al., 2020).
Além disso, mais pesquisas longitudinais são necessárias para avaliar o impacto a longo prazo do uso dessas tecnologias, particularmente em relação à redução das complicações crônicas do diabetes e à melhoria da expectativa de vida dos pacientes. Embora os estudos até agora mostrem uma melhora clara no controle glicêmico e na qualidade de vida, é fundamental entender se esses benefícios persistem ao longo de décadas de uso contínuo e como essas tecnologias podem ser integradas de maneira sustentável nas rotinas de tratamento em contextos variados (MARTINS et al., 2018).
6. CONCLUSÃO
Os avanços tecnológicos no tratamento do Diabetes Mellitus Tipo 1 têm demonstrado um impacto significativo no manejo da doença. Esta revisão integrativa evidenciou que o uso de monitores contínuos de glicose (CGM), bombas de insulina e o desenvolvimento do pâncreas artificial aprimoram o controle glicêmico, reduzem a variabilidade dos níveis de glicose e diminuem a incidência de episódios de hipoglicemia e hiperglicemia. Essas tecnologias não apenas facilitam a adesão ao tratamento, ao simplificar e automatizar aspectos cruciais do manejo diário, mas também melhoram a qualidade de vida dos pacientes, reduzindo o estresse associado ao controle constante da glicemia e proporcionando maior autonomia.
Os estudos analisados demonstram que a integração dessas tecnologias na rotina dos pacientes com DM1 resulta em benefícios clínicos e psicossociais. Houve um aumento na consistência do tratamento e uma melhoria significativa nos indicadores de qualidade de vida relacionada à saúde, especialmente entre crianças e adolescentes. No entanto, apesar dos benefícios comprovados, ainda existem barreiras substanciais que impedem a adoção ampla dessas tecnologias.
As implicações futuras desta revisão apontam para a necessidade de mais pesquisas que abordem aspectos de custo-benefício, acessibilidade e implementação dessas tecnologias em populações diversas, incluindo aquelas em áreas remotas ou de baixa renda. Estudos longitudinais são essenciais para avaliar o impacto a longo prazo no controle do DM1 e na prevenção de complicações crônicas. Além disso, é fundamental investigar estratégias para superar as barreiras de aceitação e usabilidade, bem como desenvolver programas educacionais eficazes para pacientes e profissionais de saúde.
Como recomendações clínicas, sugere-se que os profissionais de saúde considerem a incorporação dessas tecnologias como parte integrante do plano de tratamento de pacientes com DM1. A seleção de dispositivos deve ser individualizada, levando em conta as necessidades específicas de cada paciente, sua capacidade de utilizar a tecnologia e os recursos disponíveis. É importante que os sistemas de saúde e os formuladores de políticas públicas trabalhem para tornar essas tecnologias mais acessíveis, seja por meio de subsídios, inclusão nos sistemas de reembolso ou programas governamentais de saúde.
A educação continuada para pacientes e profissionais é crucial para maximizar os benefícios das tecnologias. Programas de treinamento devem ser implementados para garantir que os usuários estejam aptos a operar os dispositivos de forma eficaz e segura. Além disso, o suporte psicológico deve ser oferecido para ajudar os pacientes a lidarem com as mudanças associadas à adoção de novas tecnologias e para melhorar a adesão ao tratamento.
Em suma, as novas tecnologias para o monitoramento glicêmico e administração de insulina representam uma oportunidade significativa para melhorar o manejo do Diabetes Mellitus Tipo 1. Embora os desafios persistam, a integração dessas ferramentas na prática clínica tem o potencial de transformar positivamente a experiência dos pacientes com DM1, promovendo um controle glicêmico otimizado, maior adesão ao tratamento e uma melhor qualidade de vida.
REFERÊNCIAS
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