DIABETES MELLITUS GESTACIONAL: FATORES DE RISCO, COMPLICAÇÕES E TRATAMENTO

GESTATIONAL DIABETES MELLITUS: RISK FACTORS, COMPLICATIONS AND TREATMENT

REGISTRO DOI: 10.69849/revistaft/ar10202410021735


Ana Maria Esteves Cascabulho¹; Catharina Vieira de Lima Alves²; Djalma Gomes Neto³; Giullya Porto Duarte Antunes⁴; João Gabriel de Assis Bastos⁵; João Henrique Balthar Achi Boechat⁶; Lucas Pizano Vieira Beltrão⁷; Melissa Borges de Souza⁸; Victória Santos Torres do Carmo⁹; Wellington Luiz Rodrigues Magalhães¹⁰.


Resumo

O tema deste artigo é a Diabetes Mellitus Gestacional (DMG). Essa doença se caracteriza pela insuficiência na ação do hormônio insulina no período da gravidez. Os quadros de hiperglicemia e distúrbios endócrinos consequentes da DMG podem ser prejudiciais para o desenvolvimento intrauterino do feto, e trazer complicações perinatais para a mãe e o bebê. Sabe-se que alguns fatores podem contribuir para o desenvolvimento da DMG, bem como, os tratamentos adequados podem ajudar a controlar as taxas glicêmicas e amenizar os efeitos negativos da doença. Assim, o objetivo geral deste artigo foi analisar os aspectos envolvidos no desenvolvimento e no controle da DMG. Os objetivos específicos foram: identificar os principais fatores de risco para o desenvolvimento da DMG; elucidar os problemas que esse quadro pode acarretar para a mãe e para o bebê; e apontar as possibilidades de tratamento e controle da doença. Desenvolveu-se uma revisão da literatura sobre o tema, incluindo artigos científicos publicados nos últimos cinco anos (2019-2024). A coleta de dados se deu através do PubMED e SciELO. Os resultados apontaram que fatores hereditários, geográficos e socioeconômicos podem influenciar no desencadeamento da DMG, mas o principal aspecto de risco é o hábito alimentar, a obesidade e o sobrepeso da mãe. Se não controlada, a DMG pode acarretar em malformações e macrossomia fetal. Intercorrências no parto e pós-parto também são comuns. Além disso, os malefícios podem se estender ao longo da vida da mãe e do bebê, aumentando as chances de desenvolvimento de doenças cardiovasculares e endócrinas. Concluiu-se que o consumo adequado de carboidratos e açúcares é a principal medida a ser tomada para combater a DMG e os danos ocasionados por ela. Intervenções farmacológicas também podem potencializar o tratamento, mas ainda é necessário ampliar os estudos nessa área a fim de coletar evidências cientificas mais claras. 

Palavras-chave: Diabetes Mellitus Gestacional. Controle glicêmico. Gravidez. Desenvolvimento materno-fetal.  

Abstract

The topic of this article is Gestational Diabetes Mellitus (GDM). This disease is characterized by insufficient insulin action during pregnancy. Hyperglycemia and endocrine disorders resulting from GDM can be harmful to the intrauterine development of the fetus and cause perinatal complications for the mother and baby. It is known that some factors can contribute to the development of GDM, and appropriate treatments can help control blood glucose levels and mitigate the negative effects of the disease. Thus, the general objective of this article was to analyze the aspects involved in the development and control of GDM. The specific objectives were: to identify the main risk factors for the development of GDM; to elucidate the problems that this condition can cause for the mother and baby; and to point out the possibilities for treatment and control of the disease. A literature review on the subject was developed, including scientific articles published in the last five years (2019-2024). Data collection was carried out through PubMED and SciELO. The results showed that hereditary, geographic and socioeconomic factors can influence the onset of GDM, but the main risk factor is the mother’s eating habits, obesity and overweight. If left unchecked, GDM can lead to malformations and fetal macrosomia. Complications during delivery and postpartum are also common. In addition, the harm can extend throughout the life of the mother and baby, increasing the chances of developing cardiovascular and endocrine diseases. It was concluded that adequate consumption of carbohydrates and sugars is the main measure to be taken to combat GDM and the damage caused by it. Pharmacological interventions can also enhance treatment, but it is still necessary to expand studies in this area in order to collect clearer scientific evidence.

Keywords: Gestational Diabetes Mellitus. Glycemic control. Pregnancy. Maternal-fetal development.

1 INTRODUÇÃO

Aborda-se, neste artigo, as principais implicações da Diabetes Mellitus Gestacional (DMG) para o binômio mãe-bebê. Caracteriza-se, como DMG, qualquer grau de insuficiência na ação do hormônio insulina iniciado no período da gravidez (Silva et al., 2024). A insulina é responsável pela quebra das moléculas de glicose, transformando-as em fonte de energia para o organismo. O resultado da ação ineficiente desse hormônio é um quadro de hiperglicemia e distúrbios endócrinos (Ferreira; De Oliveira; De Oliveira, 2022).

Esse quadro, na gravidez, é preocupante e leva a gestação à um elevado nível de risco, trazendo comprometimentos tanto para a mãe quanto para o feto, além de complicações perinatais (Silva et al., 2024). Na literatura, os principais problemas decorrentes da DMG para a gestante são as complicações no parto (Ferreira; De Oliveira; De Oliveira, 2022). Já para o feto, os registros indicam problemas de malformação (Silva et al., 2024), e macrossomia fetal (Pires et al., 2022). A DMG pode levar ao sofrimento fetal agudo (Amaral et al., 2012), e trazer implicações negativas na saúde e qualidade de vida do bebê a curto e longo prazo (Ferreira; De Oliveira; De Oliveira, 2022).

De acordo com informações da Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia, estudos populacionais recentes mostram que a média mundial de prevalência para a DMG é de 16,2%, podendo chegar até 37,7% em alguns locais. A proporção estimada entre os nascidos afetados pelo desenvolvimento de hiperglicemia na gravidez é de um para cada seis crianças. No Sistema Único de Saúde Brasileiro, os diagnósticos de DMG acometem cerca de 18% das gestantes e neonatos (Febrasgo, 2019)

Esses dados mostram quão alarmante é a situação da DMG no Brasil e no mundo, reforçando os riscos e agravos que podem decorrer desse quadro. Diante desse cenário, urge a necessidade de ampliar estudos capazes de elucidar a temática. Sabe-se que os agravos de saúde e a taxa de mortalidade em função da DMG pode ser reduzida através do controle adequado da glicemia materna durante a gestação (Amaral et al., 2012), no entanto, os aspectos que contribuem para a prevenção e controle dessa doença ainda precisam ser melhor investigados. 

Diante disso, salienta-se que o objetivo geral da pesquisa desenvolvida neste artigo foi analisar os aspectos envolvidos no desenvolvimento e no controle da DMG. Os objetivos específicos foram: identificar os principais fatores de risco para o desenvolvimento da DMG; elucidar os problemas que esse quadro pode acarretar para a mãe e para o bebê; e apontar as possibilidades de tratamento e controle da doença.

2 METODOLOGIA

Realizou-se uma revisão da literatura. Revisões da literatura são pesquisas bibliográficas desenvolvidas com base em informações já publicadas em artigos científicos, livros ou trabalhos acadêmicos. O objetivo desse tipo de pesquisa é sintetizar os achados e conhecimentos existentes a respeito de determinado assunto (Gil, 2002).

A coleta de dados se deu nas bases de dados SciELO e PubMED, durante setembro de 2024. As buscas foram feitas por meio das seguintes palavras-chave: “diabetes mellitus gestacional”; “predisposição”; “fatores de risco”; “complicações”; “tratamento”.

Os critérios de inclusão foram: artigos publicados nos últimos 5 anos (2019-2024); textos completos disponíveis na íntegra; artigos que abordassem os fatores de risco da DMG; artigos que abordassem complicações ocasionadas pela DMG; e artigos que abordassem a eficácia de tratamentos para DMG.

Os critérios de exclusão foram: artigos duplicados; artigos fora do critério temporal estabelecido; artigos que abordavam outros tipos de diabetes; artigos que avaliavam a DMG associada a outra condição; artigos que tratavam apenas do processo de triagem e diagnóstico da DMG.

Os dados coletados foram analisados de forma qualitativa, buscando-se relacionar subjetivamente as variáveis envolvidas e compreender os motivos por detrás dos comportamentos observados. 

3 RESULTADOS E DISCUSSÕES

Um estudo recente a respeito da prevalência de DMG no Brasil demonstrou que o desenvolvimento do estado de hiperglicemia durante a gestação está associado a fatores diversos, como alterações hormonais e metabólicas causadas pela adaptação do organismo da gestante às necessidades do feto, fatores genéticos, e aspectos nutricionais e de estilo de vida (Mocellin et al., 2024).

Segundo Mocellin et al. (2024), há uma grande disparidade entre os índices de prevalência da DMG ao longo de todo o território nacional, que pode variar de 3% até 40% a depender da região analisada. Os autores atribuem esse fato à assimetria nas condições socioeconômicas e ao acesso aos serviços de saúde de cada região brasileira, que podem tanto contribuir para os hábitos alimentares e estilo de vida das gestantes, quanto dificultar o processo de triagem nos territórios.

Assim, compreende-se que a localização geográfica e o índice socioeconômico das gestantes e de suas famílias pode ser considerado um fator de risco para o desenvolvimento da DMG. Condições de moradia precárias, baixa renda familiar, baixo nível de escolaridade, falta de saneamento básico, dificuldade de acesso à água potável, entre outros, aumentam as chances de complicações na gravidez (Mocellin et al., 2024).

Outros fatores de risco ao DMG citados na literatura são o índice de massa corporal da gestante, o histórico familiar, e o histórico de gestações anteriores. Segundo Simas et al. (2023), grande parte das grávidas que desenvolvem DMG encontram-se nas condições de obesidade ou sobrepeso antes da gestação. O surgimento do quadro durante a gravidez também é influenciado pelos antecedentes familiares, grávidas que têm casos de Diabetes Mellitus Tipo 1 ou Tipo 2 na família tem maior chance de desenvolver DMG. Além disso, uma vez diagnosticado o quadro, as chances da DMG se repetir em gestações futuras também é maior (Simas et al., 2023).

Maury-Mena et al. (2023) elencaram uma série de fatores que devem ser monitorados relacionados ao risco de desenvolvimento da DMG. Os principais são a influência da raça ou da etnia, as práticas socioculturais e o estigma social da gestante. Mas, outros critérios também podem contribuir para o surgimento do quadro, altos níveis de estresse e preocupação, má qualidade do sono, ansiedade, depressão, falta de autocuidado, conhecimentos limitados, e mudanças no estilo de vida podem favorecer a DMG.

A falta de recursos financeiros pode dificultar o desenvolvimento de hábitos alimentares saudáveis. A falta de conhecimento a respeito de alimentos alternativos e regulação do apetite também podem ser consideradas barreiras para a adesão ao tratamento. Em outra vertente, limitações físicas como a sensação de cansaço, de fome e sede frequentes, foram associadas ao risco da DMG já que agem contra o desejo de seguir a dieta e praticar atividades físicas (Maury-Mena et al., 2023).

Garcia-Alvarado et al. (2024) salienta que, durante a gravidez, aumentam as necessidades de nutrientes e de oxigênio no organismo. O equilíbrio das espécies reativas de oxigênio nos tecidos maternos e fetais leva a uma gravidez saudável, mas sua desordem pode contribuir para intercorrências como a DMG, pois o um desequilíbrio no sistema oxidante e antioxidante intensifica a resistência à insulina.

O consumo de carboidratos está diretamente ligado a esse processo e, por isso, a dieta desempenha um papel fundamental no controle glicêmico durante a gestação. A alta ingestão de carboidratos, principalmente sacarose, produtos industrializados e bebidas com adição de açúcares, contribui de forma ativa para o ganho de peso, descontrole glicêmico e desenvolvimento de complicações como a DMG (Garcia-Alvarado et al., 2024).

Um estudo realizado por Dos Santos et al. (2020) demonstra que gestantes com três ou mais gestações prévias, têm duas vezes mais chances de desenvolver DMG do que mulheres que estão na sua primeira gravidez. O risco de DMG também aumenta com a idade, de forma que mulheres com 35 anos ou mais têm até três vezes mais chances de desenvolver o quadro do que as mais jovens.

 Como pode-se observar, os fatores associados ao desenvolvimento da DMG são variados, e todos devem ser considerados e acompanhados pelo sistema de saúde e seus profissionais, a fim de evitar agravos na gravidez e no parto.

Um estudo realizado por Silva et al. (2024) reuniu as principais complicações de malformação fetal associadas ao DMG. Os autores notaram que as malformações ocasionadas pela hiperglicemia gestacional podem afetar todos os órgãos e sistemas do organismo do feto. Os casos mais comuns são os distúrbios respiratórios, cardiovasculares, gastrointestinais, e no sistema nervoso. Além disso, problemas oculares e nos sistemas esquelético e urinário também são relatados.

Em relação às malformações cardiovasculares, os filhos de mães com DMG têm três vezes mais chances de desenvolver defeitos cardíacos congênitos como irregularidades no septo atrial, estenose da valva pulmonar, e tetralogia de Fallot. Essas malformações se originam dentro das primeiras dez semanas da gestação e, por isso, é tão importante priorizar o rastreamento precoce da DMG já no primeiro trimestre da gravidez, para minimizar os possíveis impactos da doença (Silva et al., 2024).

No que diz respeito às complicações relacionadas ao neurodesenvolvimento do feto, a DMG aumenta as chances da ocorrência de paralisias cerebrais, atrasos mentais, crises convulsivas, divergências e problemas na fala, alterações comportamentais, dificuldade de aprendizagem e de leitura, e até mesmo surdez (Chagas et al., 2022).

Pires et al. (2022) chamam a atenção para um outro grande problema relacionado à DMG, que é a macrossomia fetal, ou seja, o feto com crescimento exacerbado e/ou grande para a idade gestacional. A DMG é considerada a principal causa da macrossomia por interferir diretamente no fornecimento de nutrientes maternos para o feto, que acaba sendo desregulado.

Essa condição é preocupante porque está associada a um elevado índice de morbimortalidade. Além disso, o crescimento anormal do feto pode ser um fator preditivo para traumas no parto, necessidade de cesarianas de emergência e hemorragias pós-parto. Não obstante, a macrossomia traz implicações negativas para a saúde metabólica do bebê a curto e longo prazo (Pires et al., 2022).

A macrossomia fetal também aumenta as chances de ocorrer distocia de ombro. Modzelewski et al. (2021) explicam que a DMG pode incentivar a disposição demasiada de tecido adiposo na parte superior do corpo do feto. Isso leva a um aumento no diâmetro bisacrominal e a condição de distocia de ombro, muito comumente associada a DMG.

Filhos de mães com DMG têm chances aumentadas de desenvolver doenças endócrinas como a própria Diabetes Mellitus. A exposição a elevados níveis de glicose na vida intrauterina acarreta em bebês com mais chances de desenvolver obesidade ou sobrepeso durante a infância e/ou vida adulta (Ferreira; Pinto, 2022).

No mais, em relação às complicações da DMG para o neonato, Nascimento (2023) faz menção ao surgimento de hipertensão arterial e hipercalcemia. A primeira situação pode levar a problemas cardíacos e/ou renais mais graves. Já a hipercalcemia pode causar irritabilidade e levar a quadros de desidratação do recém-nascido. 

Os problemas ocasionados pela DMG não se limitam apenas ao feto. As mães que sofrem com essa condição também estão mais propícias a sofrerem com complicações obstétricas. Os riscos significativamente maiores de hipertensão gestacional e de pré-eclâmpsia são os exemplos mais recorrentes (Menezes et al., 2024).

As chances de cesariana também são aumentadas com a DMG, o que acarreta em maior risco de complicações pós-operatórias e prolonga o período de recuperação pós-parto. A DMG pode trazer implicações a longo prazo para as gestantes, aumentando as chances de desenvolver Diabetes Mellitus Tipo 2, quadros de hipertensão crônica e outros problemas cardiovasculares (Menezes et al., 2024).

Chagas et al. (2022) ressalta que a gestante que preza pelo controle dos índices glicêmicos, mesmo diante do diagnóstico de DMG, pode reduzir a ocorrência dos problemas e complicações supracitados. Os tratamentos para controle da DMG, em sua maioria, variam entre intervenções dietéticas e/ou no estilo de vida, e intervenções farmacológicas.

Segundo Chahed et al. (2022), as dietas para DMG devem ser baseadas no consumo de carboidratos mais saudáveis, redução do açúcar, adequação do tamanho das porções, e inserção de frutas variadas na alimentação diária.

Rasmussen et al. (2020) salientam que a dieta recomendada para mulheres com DMG deve conter macronutrientes e micronutrientes suficientes para amparar o desenvolvimento materno e fetal adequado. Como os episódios de hiperglicemia estão associados a ingestão de carboidratos, os aconselhamentos nutricionais devem ser focados no tipo, na quantidade, e na distribuição desse grupo alimentar na dieta.

A intervenção dietética deve ser a primeira linha de tratamento adotada para a DMG. Para atingir o controle glicêmico, sem comprometer a nutrição e o crescimento fetal, as mulheres com DMG devem ser orientadas a consumir carboidratos ricos em amidos com alto teor de fibras alimentares, como os legumes, os vegetais, as frutas, e os grãos integrais. É importante que a ingestão alimentar seja bem distribuída, em porções reduzidas, ao longo do dia, para evitar picos glicêmicos. O aumento da ingestão de proteínas vegetais e carnes magras, como peixes e mariscos, têm mostrado resultados positivos (Rasmussen et al., 2020). 

Além de adequações na dieta, é importante inserir também a prática de atividades físicas na rotina das mulheres com DMG. Desde que não haja restrições, os exercícios auxiliam no controle glicêmico e na redução mais rápida das taxas de insulina. Tanto os exercícios aeróbicos como os treinamentos de força podem ser benéficos e potencializar os resultados das intervenções dietéticas (Keating et al., 2022).

Alguns estudos têm demonstrado resultados benéficos mediante à adição de suplementos probióticos às dietas para controle da DMG. Os probióticos podem ser consumidos através da ingestão de iogurtes, alimentos fermentados ou suplementos em cápsula, e funcionam como um tratamento adjunto, que potencializa o controle glicêmico das dietas (Kijmanawat et al., 2019).

Apesar da intervenção dietética ser fundamental para o controle da DMG, uma parcela significativa de mulheres não consegue obter sucesso no tratamento apenas modificando os hábitos alimentares. A primeira via farmacológica a ser considerada em mulheres com DMG que não obtiveram o controle glicêmico desejado mediante adequações na dieta e mudanças de hábitos é a aplicação de insulina. Apesar de existir um certo consenso quanto ao uso da insulina, as restrições dessa terapia ainda podem ser muito significativas para algumas mulheres, prejudicando a adesão ao tratamento (Affres et al., 2021).

Além disso, os benefícios do tratamento com insulina não se estendem à prevenção da hipoglicemia neonatal (Brzozowska et al., 2023). Diante disso, tem surgido muitas pesquisas que buscam comparar a eficácia da insulina com outras farmacoterapias de uso oral, como a metformina e a gliburida (Shuster et al., 2020).

Um estudo realizado por Affres et al. (2021) demonstrou que o controle glicêmico durante a gravidez melhora de forma semelhante quando o tratamento é feito com insulina ou com gliburida. No entanto, a gliburida pode elevar ainda mais as chances de hipoglicemia. A eficácia da metformina foi comparada à insulina por Brzozowska et al. (2023). Os autores não observaram diferenças no peso ao nascer, número de distocia de ombro, casos de dificuldade respiratória, hemorragia pós-parto, taxas de parto prematuro ou neonatos grandes para a idade gestacional entre os tratamentos, com redução dos episódios hiperglicêmicos quando foi usado metformina em vez de insulina.

Brzozowska et al. (2023) trazem ainda a possibilidade da adoção de um tratamento misto, com metformina e insulina, que pode ser introduzido em mulheres que não obtêm as respostas almejadas apenas com metformina.

Shuster et al. (2020) avaliaram o desempenho do controle glicêmico da gliburida em comparação à metformina, analisando três grupos de pacientes com DMG: um que fez uso monoterápico da gliburida, outro que fez uso monoterápico da metformina, e um terceiro que fez uso convidado desses dois fármacos. A resposta farmacológica, em termos de sensibilidade à insulina, foi de 56% entre as gestantes que fizeram uso apenas da gliburida, em comparação à 87% para metformina e 90% para a terapia combinada. Esses dois últimos grupos também apresentaram melhor desempenho quanto ao índice de disposição das gestantes e uma diminuição maior nas concentrações de picos de glicose, em comparação ao que foi tratado apenas com gliburida.

Apesar desses outros medicamentos terem apresentado resultados similares à insulina quanto ao controle das mazelas da DMG para o binômio materno-fetal, sua segurança e critérios de falhas ainda precisam ser melhor investigados. É necessário ampliar a curva de conhecimento desses tratamentos, estabelecendo, com maior cautela, parâmetros associados às dosagens adequadas, tempo de administração, entre outros (Affres et al., 2021; Brzozowska et al., 2023).

4 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Foi possível concluir que hábitos de vida saudáveis estão diretamente ligados ao combate e controle da DMG. Esse quadro, se não for diagnosticado e tratado adequadamente, pode ocasionar grandes riscos à saúde tanto materna quanto fetal. Priorizar uma alimentação balanceada, com consumo reduzido de açúcares e carboidratos parece ser a principal via para se evitar o surgimento da DMG, bem como para conter os danos da doença caso ela se instaure durante e após a gestação. Em casos mais severos, intervenções farmacológicas com insulina ou outros fármacos dietéticos podem auxiliar nesse processo. No entanto, as evidências disponíveis na literatura acerca dos tratamentos para DMG ainda são baixas, necessitando-se de desfechos que analisem as questões envolvidas na temática de forma mais clara.

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¹Instituição: Hospital São José do Avaí
Rua Cel. Luiz Ferraz 397, Itaperuna, RJ, CEP: 28300-000
Email: anacascabulho@hotmail.com
https://orcid.org/0000-0003-2493-7183
²Instituição: Universidade Iguaçu – UNIG Campus V
BR-356, 02 – Cidade Nova, Itaperuna – RJ, 28300-000
Email: catha_vieira@hotmail.com
https://orcid.org/0009-0003-2250-885X
³Instituição: Hospital São José do Avaí
Rua Cel. Luiz Ferraz 397, Itaperuna, RJ, CEP: 28300-000
Email: dgneto@yahoo.com.br
https://orcid.org/0000-0003-3044-1109
⁴Instituição: Universidade Iguaçu – UNIG Campus V
BR-356, 02 – Cidade Nova, Itaperuna – RJ, 28300-000
Email: giullya_@hotmail.com
https://orcid.org/0009-0008-1645-7108
⁵Instituição: Hospital São José do Avaí
Rua Cel. Luiz Ferraz 397, Itaperuna, RJ, CEP: 28300-000
Email: j_g_bastos@hotmail.com
https://orcid.org/0009-0002-8416-8873
⁶Instituição: Universidade Iguaçu – UNIG Campus V
BR-356, 02 – Cidade Nova, Itaperuna – RJ, 28300-000
Email: joaohbalthar@gmail.com
https://orcid.org/0009-0003-7365-7118
⁷Instituição: Universidade Iguaçu – UNIG Campus V
BR-356, 02 – Cidade Nova, Itaperuna – RJ, 28300-000
Email: lucasvieira094@gmail.com
https://orcid.org/0009-0006-2116-6001
⁸Instituição: Universidade Iguaçu – UNIG Campus V
BR-356, 02 – Cidade Nova, Itaperuna – RJ, 28300-000
Email: melissaborgess@icloud.com
https://orcid.org/0009-0009-1106-1283
⁹Instituição: Universidade Iguaçu – UNIG Campus V
BR-356, 02 – Cidade Nova, Itaperuna – RJ, 28300-000
Email: vyvytorres@hotmail.com
https://orcid.org/0009-0005-0375-2819
¹⁰Instituição: Hospital São José do Avaí
Rua Cel. Luiz Ferraz 397, Itaperuna, RJ, CEP: 28300-000
Email: wlrmagalhaes@gmail.com
https://orcid.org/0000-0001-9818-9937