DIABETES MELLITUS AND THE IMPORTANCE OF PHARMACEUTICAL CARE IN THE TREATMENT AND CONTROL OF THE DISEASE¹
REGISTRO DOI: 10.69849/revistaft/ch10202411291048
Geraldo Valadão Pereira Neto2;
Orientador: Prof. Me. Marcelo da Silva Freitas3;
Co-orientador: Prof. Me. Antônio de Freitas Gonçalves Júnior4
Resumo
O Diabetes Mellitus (DM) é uma desordem metabólica de etiologia variada, frequente na população adulta, provocada por falhas na secreção e ação da insulina que leva a complicações agudas e crônicas. Ademais, o DM é uma doença que necessita de um diagnóstico precoce e um tratamento adequado para que o êxito no prognóstico seja alcançado. No entanto, alguns problemas como hospitalizações, perda de produtividade, despesas com medicamentos e mortes são associados com frequência ao DM. Dessa forma, atualmente, o farmacêutico precisa atuar dentro da Atenção Farmacêutica a fim de relacionar-se diretamente com o paciente e acompanhar a farmacoterapia do mesmo. Esta revisão bibliográfica visa identificar a correlação entre o DM e a Atenção Farmacêutica. Para isso, será realizada uma pesquisa bibliográfica através de livros, estudos de casos, revisões de literatura e artigos disponíveis nas bases de dados Pubmed Scielo, Biblioteca Virtual em Saúde e Google Acadêmico. Diante desse cenário, fica nítida a importância do profissional farmacêutico, já que ele consegue garantir uma farmacoterapia adequada ao paciente, melhorando sua adesão ao tratamento e, consequentemente, proporcionando uma maior qualidade de vida.
Palavra chave: Atenção farmacêutica, Diabetes Mellitus, Complicações do diabetes, Cuidados farmacêuticos.
Abstract
Abstract: Diabetes Mellitus (DM) is a metabolic disorder of varied etiology, common in the adult population, caused by failures in insulin secretion and action that lead to acute and chronic complications. Furthermore, DM is a disease that requires early diagnosis and adequate treatment for a successful prognosis to be achieved. However, some problems such as hospitalizations, loss of productivity, medication expenses and deaths are frequently associated with DM. Thus, currently, the pharmacist needs to work within Pharmaceutical Care in order to relate directly to the patient and monitor their pharmacotherapy. This bibliographic review aims to identify the correlation between DM and Pharmaceutical Care. For this, a bibliographic search will be carried out through books, case studies, literature reviews and articles available in the Pubmed, Scielo, Virtual Health Library and Google Scholar databases. Given this scenario, the importance of the pharmaceutical professional becomes clear, since he/she can ensure adequate pharmacotherapy for the patient, improving their adherence to treatment and, consequently, providing a better quality of life.
Keywords: Pharmaceutical care, Diabetes Mellitus, Diabetes complications, Pharmaceutical care.
1 – INTRODUÇÃO
Entende-se por diabetes mellitus (DM) uma desordem metabólica cuja etiologia é variada. Ademais, ele é caracterizado por hiperglicemia crônica provocada não somente por falhas na secreção, mas também na ação da insulina (DE CASTRO, et al. 2021). A saber, no ano de 2007 o DM foi considerado um problema de saúde pública pela Assembleia Geral da Organização das Nações Unidas (ONU), uma vez que o número de pessoas com a doença é preocupante, principalmente quando se trata de idosos (American Diabetes Association, 2005).
Atualmente, o Ministério da Saúde (2006) diferencia essa doença em duas formas gerais: classificação etiológica (envolve os tipos de diabetes) e classificação em estágios de desenvolvimento. Para mais, a American Diabetes Association (2005) ressalta que os mais frequentes são o diabetes tipo 1, tipo 2 e gestacional.
Em tese, o diabetes tipo 1, também chamado de diabetes insulinodependente (DMID), diz respeito à destruição da célula beta que ocasionalmente provoca o estágio de deficiência absoluta de insulina (SMELTZER e BARE, 2002). Sobretudo, de acordo com De Castro, et al. et al. (2021) o desaparecimento das células beta é gerado normalmente por um processo autoimune intermediado por células como macrófagos e linfócitos T. Assim sendo, o DM tipo 1 resulta da formação de anticorpos contra as células beta pancreáticas, provocando a deficiência de insulina (SBEM, 2016).
Por outro lado, o DM tipo 2 é considerado uma deficiência casual de insulina, ou seja, acontece uma resistência à ação e secreção da insulina, porém nesse caso mais razoável que no DM tipo 1 (BRASIL, 2013). A idade de forma separada não determina a classificação do DM2, portanto pode sugerir o tipo de diabetes quando estiver interligada com a ausência de cetoacidose ou a obesidade (MENDANHA, et al. 2016). Ademais, nesse a captação de glicose em tecidos insulinodependentes é diminuída, sendo que no começo da doença é notória uma hiperinsulinemia compensatória que perdura por meses ou anos (DE CASTRO, et al. 2021).
A atenção farmacêutica é considerada uma prática cujo foco é potencializar o tratamento farmacológico, prevenir danos relacionados ao uso irracional de medicamentos e, consequentemente, melhorar a qualidade de vida do paciente (usuário ou não de medicamentos) (ANGONESI e SEVALHO, 2010). Diante do exposto, vale ressaltar que as diretrizes e propriedades instituídas pela Política Nacional de Medicamentos (2001) salienta a promoção do uso racional de medicamentos, bem como a reorientação da assistência farmacêutica e a organização das respectivas atividades de vigilância sanitária de medicamentos.
Diante do exposto, observa-se a relevância do profissional farmacêutico na orientação de pacientes com diabetes mellitus, haja visto que pacientes com essa doença podem manifestar vários tipos de sintomas psíquicos, fadiga, doença cardiovascular e outros. Dessa maneira, torna-se imprescindível a presença do profissional farmacêutico no tratamento dessa patologia e nos seus sinais e sintomas.
2 – METODOLOGIA
Este trabalho consiste em uma revisão de literatura, realizada através do levantamento de dados bibliográficos e literários, utilizando artigos científicos publicados sobre o diabetes mellitus e a importância da atuação do profisisonal farmacêutico no tratamento e controle da doença.
Para o levantamento bibliográfico foram selecionados artigos científicos, publicados entre os anos de 1994 a 2024, indexados em sites de pesquisa como Scielo – Scientific Eletronic Library Online, Pubmed – Medline da United States National Library of Medicine, BVS – Biblioteca Virtual em Saúde e Google acadêmico. Além das bases de dados foram usados, também, sites, cartilhas, diretrizes do Ministério da Saúde do Governo Federal e das associações relacioadas ao diabetes. As palavras-chaves utilizadas para a pesquisa foram: “Diabetes Mellitus”, “Complicações do diabetes” e “Cuidados farmacêuticos”. Além disso, para a confecção do trabalho foram utilizados artigos nos idiomas português e inglês.
Os critérios de inclusão aplicados foram: Pesquisas publicadas nos idiomas português e inglês que partilhem da temática e o objetivo apresentado no trabalho, além de pesquisas atuais entre os anos de 1994 a 2024. Quanto aos critérios de exclusão evidenciam-se: Estudos incompletos, artigos em formato de resumo que não cite assuntos relevantes, e também artigos que antecedem o ano de 1994.
3 – RESULTADOS E DISCUSSÃO
A saber, dentre os fatores de risco que favorecem o aparecimento do diabetes mellitus estão o sedentarismo, o histórico familiar, o aumento da dieta calórica e industrializada, o sobrepeso, a obesidade, entre outros (BRASIL, 2001). Quando o assunto é idade, a prevalência de DM é aumentada conforme o envelhecimento, principalmente após os 40 anos de idade, visto que cerca de um quinto da incidência é em pessoas com mais 60 anos por conta do estilo de vida das mesmas (ORTIZ e ZANETTI, 2001).
Como a prevenção é essencial em qualquer tipo de doença, no DM não é diferente e, o profissional da saúde deve atuar a fim de melhorar a qualidade de vida e evitar possíveis complicações é necessário seguir algumas orientações. Dentre os níveis de prevenção do diabetes mellitus estão a remoção dos fatores de risco (prevenção primária) por meio da educação, campanhas e conscientização da população a respeito do diagnóstico, da obesidade, do sedentarismo, do tabaco, da alimentação saudável e da importância de um correto acompanhamento e tratamento (BRASIL, 2002; BRASIL, 2013).
Para mais, é de grande importância que seja feito o diagnóstico e tratamento precoce do DM2 (prevenção secundária) para atrasar a avanço do quadro clínico e aparecimento de complicações, assim como mesmo conseguir a melhora da doença. Por fim, na prevenção terciária objetiva-se postergar o progresso das complicações agudas e crônicas advindas do DM e, então, livrar os pacientes de mortes precoce (BRASIL, 2013).
Diante disso, os principais sintomas do DM são perda involuntária de peso, fraqueza, polidipsia, poliúria, letargia, fadiga, polifagia, balanopostite, infecções e prurido cutâneo e vulvar, assim como complicações mais severas – retinopatia, doença cardiovascular aterosclerótica e neuropatia. No entanto, de acordo com a Sociedade Brasileira de Diabetes (2014), em boa parte dos casos, o diabetes é assintomático e pode ser diagnosticado por exames laboratoriais como, por exemplo, glicemia em jejum, glicemia casual e teste oral de tolerância à glicose, podendo ser analisado com base nos seguintes valores: normal – <100; tolerância à glicose diminuída – >100 a <126; DM – ≥126 (ambos em jejum), ou normal – <140; tolerância à glicose diminuída – ≥140 a <200; DM – ≥200 (2h após 75g de glicose).
Para Mendanha et al. (2016), assim que se estabelece o diagnóstico do DM, faz-se necessário dar início em vários tipos de tratamento a fim de controlar a hiperglicemia e alcançar o controle metabólico com níveis de glicose em jejum ou pós-prandial adequados (<110µg/dl ou <140µg/dl, respectivamente). Contudo, na maioria das vezes que o diagnóstico do diabetes mellitus é feito, já está em estado avançado e é preciso lançar mão do uso de fármacos anti-hiperglicêmicos, insulinas e antidiabéticos orais, visto que esse último é a primeira escolha para o DM2 (GUYTON e HALL, 2002).
Ao iniciar o tratamento do diabetes tipo 2, é preciso analisar diversos fatores, tais como idade, grau de descontrole diabético, efetividade e custo do tratamento, condição do paciente e preferência deste para, em seguida, determinar qual a combinação ideal de agentes hipoglicemiantes (BRASIL, 2006). Dentre os antidiabéticos orais estão os agentes que aumentam a secreção da insulina (ex.: repaglinida), agentes que reduzem a resistência à insulina (ex.: metformina) e agentes que atrasam pós-prandial de glicose (ex.: inibidores de alfaglicosidase) (BRASIL, 2001).
Vale ressaltar que a depender do caso de DM2, o paciente pode precisar de terapia com insulina assim que diagnosticado ou ao longo do tratamento (ALMEIDA, 2018). A metformina é o medicamento oral de escolha na maioria dos casos de pacientes portadores de diabetes mellitus tipo 2 (início em doses baixas – 500mg), e contraindicado em indivíduos com diabetes tipo 1, com insuficiência renal e histórico de acidose láctica. Já a insulina, deve ser iniciada com a dose de 10 unidades e os ajustes feitos com base nas medidas de glicemias (BRASIL, 2001; BRASIL, 2002).
Os medicamentos orais possuem alcance no controle da glicemia e boa aceitação por parte dos pacientes pelo fato de evitar complicações advindas da doença e são de fácil prescrição (BRASIL, 2013). Porém, atualmente, é muito comum observar a ausência ou inatividade do farmacêutico nas drogarias, já que os donos, balconistas ou funcionários estão exercendo o papel de orientadores e prescritores. Para isso, a participação do farmacêutico na equipe multiprofissional tem sido estabelecida de modo que seja possível observar sua proximidade com a comunidade, pois é a partir desse hábito que os projetos de promoção à saúde são implantados e a Atenção Farmacêutica é aplicada (PERETTA e CICCIA, 1998)
4 – CONCLUSÃO
Baseando-se nos artigos estudados, os conceitos fojam esclarecidos e foi possível mostrar como as complicações advindas do DM se contrastam com a doença de base. Além disso, compreendeu-se como o farmacêutico pode agir para se aproximar da comunidade e implementar novos projetos de promoção à saúde, bem como aprimorar a qualidade de vida do paciente que faz uso de medicamentos. Desse modo, o estudo abrangeu melhor a patologia de modo que serviu de fundamento para a prática profissional.
Portanto, conclui-se que o profissional farmacêutico é indispensável no auxílio do tratamento dos sintomas em pacientes portadores de diabetes mellitus, pois o mesmo pode sanar dúvidas que possam surgir durante a farmacoterapia medicamentosa advertindo sobre possíveis danos a saúde e principalmente sobre o uso irracional de medicamentos.
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1Trabalho realizado no Centro Universitário UniBRAS Montes Belos como exigência parcial para receber o título de Bacharel em Farmácia;
2Acadêmico, Centro Universitário UniBRAS Montes Belos, curso de farmácia;
3Orientador do trabalho de conclusão de curso, Centro Universitário UniBRAS Montes Belos;
4Co-orientador do trabalho de conclusão de curso, Centro Universitário UniBRAS Montes Belos