SOCIOENVIRONMENTAL DETERMINANTS AND THEIR IMPACT ON NURSING PRACTICE IN URGENCY AND EMERGENCY CONTEXTS: SYSTEMATIC REVIEW
REGISTRO DOI: 10.69849/revistaft/ra10202501310158
Thais Silva Sena 1
Bruno Cassiano de Lima 2
RESUMO
Os determinantes socioambientais, como condições de habitação e acesso a recursos, afetam diretamente a saúde, agravando situações de emergência. A enfermagem deve integrar esses fatores ao cuidado, promovendo ações preventivas e educativas para mitigar desigualdades e melhorar os desfechos. O objetivo geral deste artigo é analisar como os determinantes socioambientais influenciam a prática de enfermagem em contextos de urgência e emergência, identificando os principais desafios e propondo estratégias para melhorar a assistência e a qualidade de vida dos pacientes atendidos nesses serviços. A presente pesquisa adotou a revisão sistemática de literatura como método, buscando analisar de forma rigorosa e abrangente a produção científica sobre os impactos dos determinantes socioambientais na prática de enfermagem em contextos de urgência e emergência. Os critérios de inclusão foram definidos para garantir a relevância e qualidade dos artigos analisados. Foram selecionados estudos publicados entre 2019 e 2024, em português e inglês, disponíveis em bases de dados acadêmicas como PubMed, SciELO e Google Acadêmico. Os determinantes socioambientais impactam a saúde em serviços de urgência e emergência, agravando condições como doenças respiratórias e cardiovasculares. A enfermagem deve adotar uma abordagem holística, considerando esses fatores e capacitando os profissionais para práticas preventivas e educativas. A atuação interdisciplinar e a formação em saúde ambiental são essenciais para melhorar a resposta a emergências, promovendo cuidados mais eficazes.
Palavras-chave: Enfermagem; Determinantes Socioambientais; Urgência e Emergência.
ABSTRACT
Socio-environmental determinants, such as housing conditions and access to resources, directly affect health, worsening emergency situations. Nursing must integrate these factors into care, promoting preventive and educational actions to mitigate inequalities and improve progress. The general objective of this article is to analyze how socio-environmental determinants influence nursing practice in emergency and urgency settings, identifying the main challenges and proposing strategies to improve care and the quality of life of patients treated in these services. This research developed a systematic literature review as a method, seeking to rigorously and comprehensively analyze the scientific production on the impacts of socio environmental determinants on nursing practice in emergency and urgency settings. Inclusion criteria were defined to ensure the relevance and quality of the articles analyzed. Studies published between 2019 and 2024, in Portuguese and English, available in academic databases such as PubMed, SciELO and Google Scholar were selected. Socio-environmental determinants impact health in emergency services, worsening conditions such as respiratory and cardiovascular diseases. Nursing must adopt a holistic approach, considering these factors and training professionals in preventive and educational practices. Interdisciplinary work and training in environmental health are essential to improve emergency response, promoting more effective care.
Key-words: Nursing; Socio-environmental Determinants; Urgency and Emergency.
1 INTRODUÇÃO
Os determinantes socioambientais são fatores que influenciam diretamente a saúde das populações, incluindo condições de habitação, saneamento, acesso à educação e exposição a riscos ambientais. Em contextos de urgência e emergência, esses determinantes podem agravar situações de saúde já comprometidas, aumentando a vulnerabilidade dos pacientes. A desigualdade socioeconômica é um dos principais fatores que condicionam as disparidades no acesso e na qualidade dos serviços de saúde, exigindo práticas de enfermagem que considerem essas variáveis (Nunes et al., 2014).
Os fatores ambientais, como poluição, desastres naturais e urbanização descontrolada, aumentam a incidência de doenças e traumas, sobrecarregando os serviços de urgência e emergência. Estudos indicam que a exposição prolongada a ambientes poluídos pode levar ao aumento de crises respiratórias e cardiovasculares, exigindo intervenções rápidas e eficazes dos enfermeiros (Rocha; Londe, 2021). Além disso, condições ambientais extremas, como enchentes, têm sido associadas à intensificação de doenças infecciosas, sobrecarregando ainda mais os sistemas de saúde (De Souza et al., 2013).
A prática de enfermagem em contextos críticos requer habilidades técnicas e a compreensão de fatores sociais que impactam diretamente os desfechos de saúde. Segundo Santos e Toledo (2020), integrar o conhecimento sobre os determinantes socioambientais ao cuidado de enfermagem permite intervenções mais assertivas, como a orientação para prevenção de agravos relacionados ao ambiente ou à condição socioeconômica. Assim, a enfermagem se torna uma peça-chave na mitigação dos efeitos negativos desses determinantes.
A articulação entre a prática de enfermagem e a vigilância em saúde é fundamental para identificar fatores de risco associados aos determinantes socioambientais. Conforme Sausen e Lacruz (2015), monitorar os impactos do ambiente e das condições sociais na saúde pública possibilita a criação de estratégias preventivas em áreas críticas, como as de urgência e emergência. Esse trabalho conjunto também fortalece a integralidade e a equidade no Sistema Único de Saúde (SUS).
Para enfrentar os desafios impostos pelos determinantes socioambientais, é essencial que os enfermeiros atuem não apenas na assistência direta, mas também na educação em saúde. Almeida e Lopes (2019) destacam que ações educativas voltadas à promoção de hábitos saudáveis e ao acesso a recursos sociais são eficazes na redução das desigualdades de saúde. Essas práticas também ajudam a construir a autonomia dos pacientes, favorecendo a adoção de medidas preventivas e reduzindo a demanda nos serviços de emergência.
O objetivo geral deste artigo é analisar como os determinantes socioambientais influenciam a prática de enfermagem em contextos de urgência e emergência, identificando os principais desafios e propondo estratégias para melhorar a assistência e a qualidade de vida dos pacientes atendidos nesses serviços.
A prática de enfermagem em contextos de urgência e emergência é diretamente impactada por fatores socioambientais, como desigualdades socioeconômicas, precariedade habitacional e condições inadequadas de saneamento. Esses determinantes podem agravar os quadros clínicos dos pacientes e influenciar negativamente os desfechos de saúde. Além disso, a sobrecarga nos serviços de saúde, especialmente em áreas vulneráveis, evidencia a necessidade de uma abordagem integrada que considere essas variáveis.
Este artigo se justifica pela relevância de compreender os impactos dos determinantes socioambientais para orientar políticas públicas e estratégias de gestão que promovam uma assistência mais equitativa e eficaz. A revisão sistemática busca consolidar o conhecimento existente sobre o tema, oferecendo subsídios para que profissionais de enfermagem atuem de forma mais consciente e eficiente no enfrentamento dessas desigualdades, fortalecendo os princípios do Sistema Único de Saúde (SUS) e promovendo a humanização do cuidado.
2 METODOLOGIA
A presente pesquisa adotou a revisão sistemática de literatura como método, buscando analisar de forma rigorosa e abrangente a produção científica sobre os impactos dos determinantes socioambientais na prática de enfermagem em contextos de urgência e emergência. Essa abordagem permitiu identificar, selecionar e sintetizar os estudos mais relevantes sobre o tema, proporcionando uma visão detalhada e atualizada das evidências disponíveis.
Os critérios de inclusão foram definidos para garantir a relevância e qualidade dos artigos analisados. Foram selecionados estudos publicados entre 2019 e 2024, em português e inglês, disponíveis em bases de dados acadêmicas como PubMed, SciELO e Google Acadêmico. Os artigos deveriam abordar diretamente a relação entre determinantes socioambientais e a prática de enfermagem em serviços de urgência e emergência. Foram excluídos estudos fora do período determinado, textos em outros idiomas e artigos que não apresentassem metodologia clara.
As etapas de busca e seleção dos artigos seguiram o protocolo PRISMA (Preferred Reporting Items for Systematic Reviews and Meta-Analyses), amplamente utilizado em revisões sistemáticas. Inicialmente, foram identificados os termos de busca utilizando descritores padronizados (DeCS/MeSH), como “determinantes sociais”, “enfermagem”, “urgência”, “emergência” e “determinantes socioambientais”. As combinações entre os descritores foram feitas com operadores booleanos para refinar os resultados.
Após a identificação inicial, os artigos foram submetidos a uma triagem em duas etapas:
leitura dos títulos e resumos para verificar a aderência ao tema e, posteriormente, análise completa dos textos selecionados. Para garantir maior rigor na seleção, dois revisores independentes participaram do processo, e eventuais divergências foram resolvidas por consenso ou com a participação de um terceiro avaliador.
A análise dos dados seguiu abordagem qualitativa, com categorização dos resultados de acordo com os principais temas emergentes, como as condições socioambientais mais prevalentes, seus impactos na saúde dos pacientes e as estratégias de atuação da enfermagem. As informações extraídas dos estudos foram organizadas em uma tabela, contendo autores, ano de publicação, objetivos, metodologia e principais achados.
Por fim, os resultados foram discutidos à luz da literatura existente, buscando destacar lacunas de conhecimento e propor caminhos para futuras investigações. Essa metodologia rigorosa visou oferecer uma síntese confiável e relevante para apoiar a prática da enfermagem e o desenvolvimento de políticas públicas voltadas à promoção da saúde em contextos de urgência e emergência.
3 RESULTADOS E DISCUSSÃO
Após o processo de busca, seleção, leitura de resumos e textos completos, foram identificadas e selecionadas seis publicações relevantes, que serão apresentadas a seguir.
Quadro 1 – Artigos selecionados para a revisão.
TÍTULO | AUTOR/ ANO | OBJETIVO | METODOLOGIA | CONCLUSÕES |
Saúde ambiental: desafios e possibilidades para o cuidado emancipador pelo enfermeiro | Moniz et al. (2020) | Discutir os desafios e as possibilidades para a construção de práticas emancipatórias de cuidado em Saúde Ambiental pelo enfermeiro. | Análise reflexiva baseada em aspectos conceituais, teóricos e metodológicos do processo de cuidar pelo enfermeiro sob a perspectiva emancipatória e crítica | O enfermeiro como agente educador e ator social deve oferecer práticas em ancipatórias de gerenciamento de riscos, empoderamento e responsabilidade socioambiental compartilhada, com vistas ao resgate de um ideário de bem-estar ecológico e da transformação social, para melhoramento da qualidade ambiental e de vida humana. |
Círculos de cultura sobre determinantes socioambientais: pesquisa ação com agentes comunitárias de saúde de Paraisópolis, SP | Santos; Toledo (2020) | Identificar determinantes socioambientais da saúde, na percepção de agentes comunitárias de saúde, e desenvolver processo de educação em saúde para contribuir no aprimoramento da promoção da saúde. | Pesquisa-ação e qualitativa. | Conhecimentos, valores e habilidades sobre determinantes socioambientais e sua aplicabilidade na Estratégia Saúde da Família, assim como a importância do fortalecimento comunitário para a promoção da saúde e para o enfrentamento de vulnerabilidades e iniquidades em saúde foram desvelados criticamente. |
Conhecimento de graduandos de enfermagem sobre a importância dos serviços públicos para a saúde da criança | Naslausky et al. (2021) | Verificar se houve diferença no conhecimento de graduandos de enfermagem sobre o grau de importância dos serviços públicos para a saúde da criança. | Estudo transversal, observacional, descritivo. | Este fato evidencia que urgem estratégias curriculares voltadas para o processo de ensino-aprendizagem acerca da influência de determinantes ambientais, assim como, o acesso equânime e de qualidade de serviços essenciais à promoção, manutenção, proteção e recuperação da |
saúde da criança na formação do enfermeiro. | ||||
Validação de conteúdo de tecnologia educacional para ensino de enfermagem em saúde ambiental | Souza et al. (2021) | Validar o conteúdo da tecnologia educacional Ecosaúde para ensino em saúde ambiental com graduandos de enfermagem. | Estudo metodológico e descritivo. | A Ecosaúde mostrou-se uma metodologia inovadora e válida para ensino-aprendizagem em saúde ambiental na formação do enfermeiro |
Assistência intra-hospitalar segura em contexto de vulnerabilidade a desastres socioambientais: implicações para a enfermagem | Rocha et al. (2021) | Analisar os fatores intervenientes na assistência intra-hospitalar segura, em contexto de vulnerabilidade a desastres socioambientais e suas implicações para a enfermagem. | Estudo transversal, de natureza descritiva e exploratória. | Para melhor resposta da enfermagem em desastres socioambientais, em cenário intra-hospitalar, devem ser priorizados investimentos para capacitação e educação permanente; previsão e disponibilização adequada de recursos humanos, materiais e tecnológicos; suporte psicológico para profissionais após tais eventos; e apropriação de competências de enfermagem para o desenvolvimento de práticas avançadas em desastres e efetivo gerenciamento de riscos |
A poluição como impacto ambiental na saúde pública sob o olhar dos enfermeiros da atenção primária | Da Conceição Virgens et al.(2019) | Identificar a percepção dos enfermeiros sobre os impactos da poluição na saúde pública no contexto da atenção primária. | Abordagem qualitativa descritiva. | Percebe-se que os enfermeiros abordam de forma superficial sobre a poluição na saúde pública. Isso demonstra a necessidade de a equipe de enfermagem problematizar essa realidade visando ampliar ações de promoção da saúde para que os impactos ambientais, bem como a poluição sejam reduzidos. |
Fonte: Autores, 2024.
A fim de organizar a discussão, esta encontra-se subdividida em 2 tópicos norteadores. Primeiramente é discutido como os determinantes socioambientais, como condições de moradia, acesso a serviços de saúde, educação e condições de trabalho, influenciam a saúde dos pacientes atendidos nos serviços de urgência e emergência. A análise aborda como esses fatores contribuem para a gravidade das condições de saúde dos indivíduos, além de explorar como a desigualdade socioeconômica e a vulnerabilidade social afetam diretamente o prognóstico dos pacientes.
É abordado também como os determinantes socioambientais podem aumentar a incidência de situações de emergência, como acidentes de trânsito, doenças cardiovasculares e respiratórias, e como a prática de enfermagem precisa considerar esses aspectos no atendimento.
Em seguida examinou-se os desafios enfrentados pelos profissionais de enfermagem ao lidar com pacientes cujas condições de saúde são diretamente afetadas por determinantes socioambientais. Neste, buscou-se discutir as estratégias adotadas pelos enfermeiros para fornecer cuidados adequados e eficazes a esses pacientes, considerando suas condições socioeconômicas, culturais e ambientais. Além disso, foi analisado como a formação profissional e a atuação interdisciplinar podem ser aperfeiçoadas para enfrentar esses desafios, melhorando a eficácia do cuidado em serviços de urgência e emergência, e também identificando boas práticas que podem ser aplicadas para mitigar os impactos desses determinantes.
3.1 Impacto dos Determinantes Socioambientais na Saúde dos Pacientes em Contextos de Urgência e Emergência
O impacto dos determinantes socioambientais na saúde dos pacientes em contextos de urgência e emergência está profundamente relacionado com as condições de vida e trabalho das comunidades. Os enfermeiros, ao perceberem essas influências, podem adotar práticas de cuidado que considerem não apenas os aspectos biológicos, mas também as condições ambientais em que os pacientes estão inseridos (Moniz et al., 2020).
A abordagem holística, conforme apontado por Moniz et al. (2020), que inclui a intervenção sobre fatores como a infraestrutura precária, poluição e falta de acesso a serviços básicos, pode melhorar a qualidade do atendimento e promover a saúde de maneira integral. Esses fatores influenciam diretamente a gravidade das condições de saúde e podem ser determinantes na busca por respostas mais rápidas e eficazes em situações de urgência e emergência.
Além disso, as práticas emancipatórias de cuidado, que englobam a compreensão dos determinantes socioambientais, podem ser fundamentais para reduzir os riscos à saúde e melhorar a qualidade de vida. Ao adotar uma perspectiva crítica e educacional, os enfermeiros têm o potencial de engajar as comunidades no enfrentamento das condições adversas que afetam a saúde (Moniz et al., 2020).
A capacitação das equipes de saúde, com ênfase na responsabilidade socioambiental, é essencial para promover atitudes preventivas e interventivas diante de situações de risco. Portanto, é fundamental que as práticas de cuidado sejam sistematizadas e adotadas nas instituições de saúde, para que se possa ampliar a capacidade de resposta em situações de urgência e emergência, minimizando os impactos dos determinantes socioambientais na saúde da população (Moniz et al., 2020).
O impacto dos determinantes socioambientais na saúde dos pacientes em contextos de urgência e emergência é significativo, especialmente em áreas com deficiências de saneamento, moradias insalubres e presença de violência. Fatores como esses aumentam a vulnerabilidade dos pacientes e ampliam a demanda por serviços de emergência. A ausência de infraestrutura adequada dificulta o trabalho dos profissionais de saúde, que enfrentam condições adversas para fornecer cuidados de qualidade (Santos; Toledo, 2020).
Além disso, a integração entre conhecimentos técnicos e saberes tradicionais locais pode ser uma estratégia eficaz para enfrentar os desafios impostos por esses determinantes. A pesquisa-ação, por meio dos Círculos de Cultura, demonstrou como a educação em saúde e o empoderamento da comunidade podem contribuir para a melhoria das condições de saúde. Essa abordagem favorece a transformação das realidades locais, promovendo práticas de saúde mais eficazes e sustentáveis (Santos; Toledo, 2020).
Os determinantes socioambientais, de acordo com Naslausky et al. (2021) têm um impacto direto na saúde dos pacientes, especialmente em contextos de urgência e emergência, como evidenciado pela importância atribuída pelos estudantes aos serviços públicos de saúde infantil. A falta de conhecimento diferenciado entre os anos de formação sobre a relevância desses serviços destaca a necessidade de estratégias curriculares específicas que abordem a influência de fatores ambientais no processo de saúde. Isso é essencial para capacitar os enfermeiros, de modo que possam agir de maneira eficiente em situações de urgência, garantindo não apenas a recuperação imediata, mas também a promoção de saúde ambiental preventiva, fundamental para o bem-estar das crianças.
Os determinantes socioambientais têm um impacto significativo na saúde dos pacientes em contextos de urgência e emergência, especialmente em regiões com alta vulnerabilidade social e ambiental. A tecnologia educacional Ecosaúde tem se mostrado eficaz no ensino de práticas de saúde ambiental, oferecendo uma plataforma interativa que motiva os profissionais de enfermagem a entenderem os riscos ambientais e suas implicações diretas na saúde. Isso é fundamental para promover ações preventivas e mitigadoras em cenários de alta vulnerabilidade (Souza et al., 2021).
Além disso, a metodologia pedagógica utilizada pela Ecosaúde rompe com práticas tradicionais, ao incorporar discussões sobre necessidades humanas e atitudes ambientais, proporcionando uma aprendizagem mais crítica e integrada. Essa abordagem fortalece a formação dos enfermeiros, permitindo-lhes lidar de forma mais eficaz com os desafios socioambientais que afetam a saúde, especialmente em situações de urgência e emergência (Souza et al., 2021).
Os determinantes socioambientais têm um impacto direto na saúde dos pacientes em contextos de urgência e emergência, especialmente durante desastres socioambientais. Situações como o colapso das unidades hospitalares e o deslocamento de pacientes em ambientes comprometidos aumentam os desafios enfrentados pelas equipes de enfermagem. A falta de recursos adequados, tanto humanos quanto materiais, e o estresse dos profissionais durante esses eventos, agravam a capacidade de resposta e a segurança dos cuidados. O estudo destaca a necessidade de uma abordagem integrada e coordenada, considerando os determinantes socioambientais para oferecer uma assistência mais eficaz e segura (Rocha et al., 2021).
Para melhorar a resposta das equipes de enfermagem em desastres, é essencial que as instituições hospitalares invistam em capacitação contínua e em estratégias de gestão de riscos, alinhando competências específicas da enfermagem com práticas avançadas. O desenvolvimento de métodos de aprendizado e gestão, bem como a implementação de planos de preparação e resposta adequados, são fundamentais para maximizar a qualidade do atendimento durante situações emergenciais. Esses investimentos não apenas fortalecem as capacidades das equipes, mas também garantem uma resposta mais eficiente, redução de riscos e uma maior segurança para os pacientes em contextos de desastres (Rocha et al., 2021).
O impacto dos determinantes socioambientais na saúde dos pacientes, especialmente em contextos de urgência e emergência, revela desafios significativos para os profissionais de enfermagem. Durante o estudo, observou-se uma percepção superficial sobre as questões ambientais, como a poluição, que dificulta a atuação efetiva dos enfermeiros diante das adversidades. Essa falta de conhecimento mais aprofundado sobre o impacto ambiental na saúde pública evidencia a necessidade urgente de integração de temas ambientais na formação e prática profissional, principalmente para reduzir os riscos à saúde em cenários de emergência (Da Conceição Virgens et al., 2019).
Para enfrentar esses desafios, é fundamental que o profissional de enfermagem se envolva em ações educativas e de promoção da saúde, buscando refletir criticamente sobre os determinantes socioambientais e suas consequências para a saúde. A capacitação constante e a educação continuada são essenciais, não apenas para aprimorar a assistência técnica, mas também para preparar os enfermeiros a atuar de forma mais abrangente e responsável, contribuindo para a construção de uma sociedade mais consciente e atuante no enfrentamento dos impactos ambientais (Da Conceição Virgens et al., 2019).
A formação em saúde ambiental deve ser integrada ao currículo e às práticas diárias dos profissionais para garantir a efetividade na redução de riscos em contextos de vulnerabilidade.
3.2 Desafios e Estratégias da Enfermagem no Atendimento a Pacientes Impactados por Fatores Socioambientais
Os desafios enfrentados pelos profissionais de enfermagem no atendimento a pacientes impactados por fatores socioambientais são multifacetados e exigem uma abordagem abrangente. A sobrecarga de trabalho, a falta de infraestrutura adequada e as condições de vida precárias das comunidades são fatores que podem dificultar a identificação e a intervenção eficiente em situações de urgência e emergência. Além disso, as condições ambientais, como poluição, saneamento básico deficiente e a escassez de recursos, agravam os quadros clínicos dos pacientes, colocando uma pressão ainda maior sobre os enfermeiros (Moniz et al., 2020).
A compreensão desses determinantes é crucial para a formulação de estratégias de cuidado que vão além do tratamento imediato, incorporando a prevenção e a educação sobre a melhoria das condições de vida e saúde da população atendida.
Uma das principais estratégias que os enfermeiros podem adotar é a implementação de práticas emancipatórias de cuidado, que promovem a capacitação das comunidades e o empoderamento dos pacientes. Isso envolve a educação em saúde, a conscientização sobre os direitos socioambientais e a promoção de hábitos saudáveis, com foco na resolução de problemas que afetam diretamente o bem-estar da população. A formação contínua dos profissionais de enfermagem, aliada ao trabalho interdisciplinar e à integração com outras áreas da saúde e assistência social, também são essenciais para enfrentar esses desafios (Moniz et al., 2020).
Os desafios enfrentados pela enfermagem no atendimento a pacientes impactados por fatores socioambientais são diversos, incluindo a falta de infraestrutura adequada, como saneamento básico e moradias insalubres, que aumentam a vulnerabilidade das populações. A presença de violência, abandono de animais e vetores de doenças também agrava o quadro, exigindo que os profissionais de enfermagem adaptem suas abordagens, levando em consideração o contexto socioambiental do paciente. A sobrecarga de condições adversas exige habilidades e estratégias específicas para identificar e tratar as condições de saúde causadas ou agravadas por esses determinantes (Santos; Toledo, 2020).
Uma estratégia importante adotada pela enfermagem é a educação em saúde comunitária, realizada por meio de práticas como a pesquisa-ação. Isso permite que as equipes de saúde integrem conhecimentos técnicos com os saberes locais, oferecendo cuidados mais contextualizados e eficazes. A valorização do papel dos Agentes Comunitários de Saúde (ACS), além de capacitar as comunidades para a promoção da saúde, fortalece a atuação da enfermagem no enfrentamento das dificuldades socioambientais. Ao empoderar a população e promover ações coletivas, essas estratégias contribuem para melhorar as condições de saúde nas áreas mais vulneráveis (Santos; Toledo, 2020).
Os desafios enfrentados pela enfermagem no atendimento a pacientes impactados por fatores socioambientais são evidentes, especialmente no contexto de saúde infantil. A ausência de conteúdo específicos sobre saúde ambiental nos currículos de enfermagem pode comprometer a formação dos profissionais, dificultando a compreensão de como os determinantes socioambientais influenciam a saúde das crianças. Nesse sentido, é fundamental a implementação de estratégias curriculares que integrem a saúde ambiental nos planos pedagógicos dos cursos de graduação, capacitando os enfermeiros para o enfrentamento de situações emergenciais e urgentes, promovendo a saúde infantil de maneira mais holística e contextualizada (Naslausky et al., 2021).
A enfermagem enfrenta desafios consideráveis ao atender pacientes impactados por fatores socioambientais, especialmente em contextos de alta vulnerabilidade. A tecnologia educacional Ecosaúde oferece uma abordagem inovadora para capacitar enfermeiros, promovendo uma educação ativa e interativa que enfatiza a importância da saúde ambiental. Por meio dessa estratégia, os profissionais de enfermagem podem se preparar melhor para lidar com problemas de saúde derivados de condições ambientais adversas, adotando uma postura crítica e proativa em relação aos determinantes socioambientais e implementando ações preventivas eficazes, tanto no nível local quanto global (Souza et al., 2021).
Os profissionais de enfermagem enfrentam desafios significativos ao atender pacientes impactados por fatores socioambientais, especialmente em contextos de desastres e emergências. A falta de recursos adequados, o estresse das equipes e a infraestrutura hospitalar comprometida dificultam a prestação de cuidados de qualidade. Para superar esses obstáculos, é fundamental que as instituições de saúde invistam em capacitação contínua dos profissionais, além de desenvolverem estratégias de preparação e resposta a desastres (Rocha et al., 2021).
A integração de metodologias avançadas de gestão e o alinhamento das competências da enfermagem com práticas eficazes são essenciais para melhorar a qualidade da assistência e garantir a segurança dos pacientes em cenários de vulnerabilidade socioambiental (Rocha et al., 2021).
Os desafios enfrentados pelos profissionais de enfermagem no atendimento a pacientes impactados por fatores socioambientais são evidentes, especialmente em contextos de urgência e emergência. A percepção superficial de muitos enfermeiros sobre as questões ambientais, como a poluição, dificulta a identificação e atuação efetiva nas situações de risco à saúde pública (Da Conceição Virgens et al., 2019).
A falta de uma visão mais ampla sobre os impactos ambientais nas condições de saúde dos pacientes gera barreiras para a implementação de ações de promoção e educação em saúde. Portanto, é essencial que os enfermeiros integrem esses fatores socioambientais em sua prática diária, desenvolvendo competências que lhes permitam lidar de forma mais eficaz com as adversidades presentes nesses contextos (Da Conceição Virgens et al., 2019).
Para superar esses desafios, é fundamental adotar estratégias que incluam a capacitação contínua dos profissionais de enfermagem, com foco em educação ambiental e práticas pedagógicas voltadas à reflexão crítica sobre os determinantes socioambientais da saúde. A implementação de programas de formação que abordem as relações entre meio ambiente e saúde permitirá aos enfermeiros desenvolver um olhar mais abrangente, não apenas técnico, mas também educativo, favorecendo a promoção da saúde nas comunidades.
Dessa forma, será possível reduzir os impactos adversos causados pelos fatores socioambientais, melhorando a qualidade da assistência prestada aos pacientes, especialmente em cenários de urgência e emergência.
4 CONCLUSÃO
Em conclusão, os determinantes socioambientais têm um impacto profundo na saúde dos pacientes atendidos em serviços de urgência e emergência, sendo influenciados por fatores como condições de moradia, acesso a serviços essenciais e situações de vulnerabilidade social. A análise demonstrou que esses aspectos não apenas agravam as condições de saúde dos indivíduos, mas também contribuem para a maior incidência de emergências, como doenças respiratórias, cardiovasculares e acidentes. Assim, é imprescindível que a prática da enfermagem leve em consideração esses fatores, adotando uma abordagem holística que integre as condições socioambientais no processo de cuidado.
Além disso, a capacitação contínua dos profissionais de enfermagem se mostra essencial para enfrentar os desafios impostos pelos determinantes socioambientais. Estratégias como a educação em saúde, a promoção de hábitos saudáveis e a capacitação das comunidades são fundamentais para reduzir os riscos e melhorar a qualidade de vida.
A formação dos enfermeiros deve, portanto, incorporar uma visão crítica e contextualizada dos determinantes socioambientais, capacitando-os para atuar de forma preventiva e eficaz nas situações de urgência e emergência, sempre considerando a vulnerabilidade social e ambiental das populações atendidas.
Os enfermeiros devem adotar práticas emancipatórias de cuidado, integrando o conhecimento técnico com os saberes locais, especialmente em comunidades com alta vulnerabilidade. A utilização de metodologias inovadoras, como a plataforma Ecosaúde, pode ser uma ferramenta importante para capacitar os profissionais de saúde, permitindo-lhes lidar de forma mais eficaz com os desafios relacionados aos fatores socioambientais.
Além disso, a atuação interdisciplinar é fundamental para garantir um atendimento de qualidade, fortalecendo a resposta em situações emergenciais e promovendo um cuidado mais integrado e eficaz.
Percebe-se que a formação em saúde ambiental e a abordagem interdisciplinar são cruciais para aprimorar o atendimento aos pacientes impactados por determinantes socioambientais. A implementação de estratégias curriculares específicas e a capacitação dos profissionais de saúde em práticas preventivas e interventivas são essenciais para enfrentar os desafios da saúde pública em contextos de vulnerabilidade.
Somente com um compromisso contínuo com a educação e a adaptação das práticas de cuidado será possível mitigar os impactos desses determinantes, promovendo uma resposta mais eficiente e humana nas situações de urgência e emergência.
REFERÊNCIAS
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1Graduação em Enfermagem pela Universidade Estadual de Goiás – UEG (2011); Especialização em Saúde Pública com ênfase em Estratégia Saúde da Família e Docência pelo Instituto Sollus (2012); Especialização em Urgência e Emergência pela PUC Goiás (2016). Tecnologia em Gestão de Saúde Pública pelo Centro Universitário Anhanguera Pitágoras de Niterói (2024). Email: tha_sena_@hotmail.com.
2Graduado em Enfermagem pela Faculdade Evangélica de Goianésia – FACEG (2019); Especialista em Saúde Pública com ênfase em ESF – Estratégia Saúde da Família pela FAVENI (2021) e Mestrando em Saúde Pública pela Universidade Europeia do Atlântico (UNEATLANTICO). E-mail: enfbruno.cassiano@gmail.com.