REGISTRO DOI: 10.5281/zenodo.10994235
Milena Luisa Silva de Carvalho1;
Gabriel Kieling Carballo2.
Resumo:
A riqueza nutricional do leite é indiscutível, sendo um produto desfrutado tanto em sua forma fluida quanto em forma de derivados, igualmente difundidos pelo mundo inteiro. O leite de cabra é utilizado pelo ser humano a mais de 10 mil anos atrás, e com o passar dos anos, o Brasil estabeleceu novas legislações fundamentadas em testes e rigores para manutenção da sanidade e qualidade do leite, desde a sua produção até a sua comercialização para o consumidor final. Portanto, a presente pesquisa teve como objetivo principal analisar a microbiota do leite cru caprino, oriundo da região do Distrito Federal. Foram feitas análises de 25 amostras de diferentes ordenhas, para avaliar a presença de microrganismos deteriorantes e/ou patogênicos e benéficos, sendo eles: Psicrotróficos Proteolíticos, Fungos, Lactobacillus Lactis e Streptococcus Lactis. Os resultados das análises foram adicionados a Tabela 1, onde foi observado elevados níveis de microrganismos deteriorantes, indicando que há uma deficiência no manejo e higienização, para isso foram feitas propostas de melhorias visando promover maior controle sanitário no intuito de elevar a qualidade da matéria prima impedindo assim, perdas econômicas e futuros problemas de saúde pública.
Palavras-chave: microbiologia; leite; higiene; cabra.
Abstract:
The nutritional richness of milk is indisputable, being a product enjoyed both in its fluid form and in the form of derivatives, equally widespread throughout the world. Goat’s milk has been used by humans for more than 10 thousand years, and over the years, Brazil has established new legislations based on tests and rigors to maintain the health and quality of the milk, from its production to its sale to the final consumer. Therefore, the main objective of this research was to analyze the microbiota of raw goat milk, originating from the Federal District region. Analyzes of 25 samples from different milkings were carried out to evaluate the presence of spoilage and/or pathogenic and beneficial microorganisms, namely: Proteolytic Psychrotrophs, Fungi, Lactobacillus Lactis and Streptococcus Lactis. The results of the analyzes were added to Table 1, where high levels of spoilage microorganisms were observed, indicating that there is a deficiency in handling and hygiene. For this reason, improvement proposals were made to promote greater sanitary control in order to increase the quality of the raw material. thus preventing economic losses and future public health problems.
Keywords: microbiology; milk; hygiene; goat.
1 INTRODUÇÃO
A caprinocultura vem se expandindo pelo Brasil, sendo mais difundida nas regiões Norte e Nordeste, onde o Nordeste lidera com cerca de 94,5% do rebanho nacional (MAGALHÃES, 2019) e de acordo com ROHENKOHL (2011), “A produção de leite caprinos e de ovinos representa aproximadamente 3,5% de todo o leite produzido mundialmente”.
A produção de caprinos e ovinos do Nordeste brasileiro tem um papel importante no caráter nutricional e econômico para muitas populações rurais, a maioria desses produtores rurais estão em região do semiárido brasileiro, com clima e solo desfavorecidos, no qual há poucos animais que conseguem produzir sem precisar de auxílio de tecnologias e dietas específicas. Os caprinos conseguem sobreviver e produzir por serem animais rústicos, com capacidade de se reproduzir em terras que outros animais têm dificuldades. As necessidades de alimento para esses animais é, em média, 10% das necessidades de bovinos e seu ciclo de reprodução é muito mais favorável (VOLTOLINI, 2011).
Por terem um manejo relativamente simples em comparação com a bovinocultura, os caprinos não necessitam de espaço e tecnologias específicas, optando-se por animais de menor exigência nutricional, onde utilizam-se mais o sistema extensivo nas regiões do sertão brasileiro (SENAR, 2020).
Entretanto, mesmo com esse crescimento da caprinocultura, ainda não se vê uma grande procura pelos seus produtos, que são mais explorados por pessoas intolerantes ao leite de vaca, que apresentam problemas na digestão das moléculas de açúcar do leite (lactose), por haver deficiência ou falta na produção da enzima lactase (BVS, 2018).
Na gordura do leite de cabra são encontrados duas vezes mais os ácidos capróico, caprílico e cáprico, que são indicados para os pacientes em tratamento da síndrome de má-absorção de alimentos e nos distúrbios intestinais (BARROS, 2023). De acordo com Araújo (2019) o leite caprino apresenta propriedades já conhecidas em relação ao leite de vaca, como melhor digestibilidade, devido a seus glóbulos de gordura menores, menor alergenicidade, além de altos teores de micronutrientes (cálcio, fósforo, etc).
No Sudeste, utiliza-se tecnologias mais avançadas do que no Nordeste, eles procuram um mercado consumidor mais específico, onde vendem produtos mais elaborados agregando assim maior valor ao produto final, como é o caso de queijos, iogurte, doces, carnes, roupas e diferentes tipos de cosméticos (SENAR, 2020).
Para alcançar bons resultados com os derivados do leite de cabra, é essencial que se trabalhe com leite de boa qualidade, para isso ocorrer, deve-se ficar atenta às condições de higiene do local, dos utensílios utilizados, do manejo, antes, no momento e depois da ordenha (CHAPAVAL, 2017).
Conforme a IN 76 (2018), o leite cru refrigerado deve apresentar características sensoriais como líquido branco opalescente homogêneo e odor característico. Não podendo apresentar substâncias estranhas à sua composição.
O leite é um líquido muito nutritivo, com proteínas de alto valor biológico, carboidratos, triglicerídeos importantes e vitaminas, tornando-se um meio de cultura ideal para as bactérias, principalmente, que se multiplicam rapidamente (BELOTI, 2015).
De acordo com Brito (2021) as bactérias que contaminam o leite podem ser divididas em três grupos principais: mesófilas, que crescem em temperatura média de 30ºC, incluindo altas totalidades de bactérias patogênicas, as termodúricas, que se multiplicam em temperaturas menores que 100ºC e psicrotróficas, que se multiplicam em temperatura entre 15 e 5ºC, que altera o leite para um sabor indesejável.”
Conforme informa a cartilha sobre boas práticas para serviços de alimentação, tem-se como objetivo principal evitar a proliferação de microrganismos patogênicos, que podem levar a doenças provocadas pelo consumo de alimentos contaminados. Durante a manipulação as chances de haver contaminação são maiores caso não obedeçam as práticas de higiene. As contaminações podem ser classificadas em: física, química e biológica, como por exemplo: cabelo, inseticida e bactérias, respectivamente (BRASIL, 2004).
Portanto, objetivou-se com a pesquisa, analisar a microbiota do leite cru caprino, oriundo da região do Distrito Federal.
2 MATERIAIS E MÉTODOS
A fim de relatar a importância das práticas que evitem ou minimizem a multiplicação de microrganismos deteriorantes e/ou patogênicos em alimentos, foi feita análise de leite cru caprino, avaliando a presença de microrganismos Psicrotróficos Proteolíticos e Fungos, e foram feitas também análises de microrganismos benéficos, Lactobacillus Lactis e Streptococcus Lactis.
2.1 Coleta, armazenamento e transporte
A coleta do leite cru caprino foi realizada em uma propriedade localizada na região do Distrito Federal, nos meses de agosto a outubro de 2023. Foram coletadas no total 25 amostras do leite. A coleta foi realizada pelos tratadores dos animais, por ordenha manual, realizada normalmente como é feita na propriedade no cotidiano.
Após o término da ordenha foram coletados do galão, 500ml do leite e imediatamente armazenados em recipientes estéreis e acondicionados em geladeira, em temperatura de 5 a 7ºC, para serem transportados no outro dia para a realização das análises. Já para o transporte, foi acondicionado em caixa isotérmica, contendo gelo e então transportados para o laboratório de microbiologia da UNICEPLAC para a realização das análises.
2.2 Análise microbiológica
Utilizou-se 25 ml de cada amostra de leite cru, que foram distribuídos para recipientes estéreis contendo 225 mL de solução salina, salina 0,85% também estéril e realizadas diluições decimais seriadas até 10-4. A partir das diluições realizadas para análise de microorganismos benéficos, deteriorantes e/ou patogênicos, foi inoculado 0,1 mL da diluição 10-2 utilizando a técnica de Spread-Plate, realizada em duplicata, no qual seus resultados foram expressos em UFC/mL. Todas as análises foram realizadas dentro da capela de fluxo laminar.
Para as placas de Lactobacillus Lactis, utilizou ágar M.R.S (KASVI®), armazenado em meio anaeróbico (Jarra Anaeróbica) e incubado em estufa a 35ºC por 72 horas. Já nas placas de Streptococcus Lactis, foi utilizado o ágar M-17 (SIGMA-ALORICH®), armazenado em estufa a 35ºC por 48 horas.
Para as placas de Fungos, foi utilizado ágar batata (KASVI®), incubados em estufa de 25ºC por 5 dias. Já nas placas de psicrotróficos proteolítico, utilizou-se ágar PCA leite a 10% (FIRSTLAB®), de leite desnatado em pó, a incubação foi feita tanto em geladeira a 5ºC quanto em estufa a 21ºC, ambas armazenadas de 7 a 10 dias (PINTO, 2015).
3 RESULTADO E DISCUSSÃO
Os resultados das análises dos microrganismos Psicrotróficos Proteolíticos, Fungos, Lactobacillus Lactis e Streptococcus Lactis, estão descritos na Tabela 1 a seguir.
Tabela 1 – análise microbiológica de leite cru caprino para microrganismos deteriorantes e/ou patogênicos e benéficos
Nº | PSI 21ºC(UFC/mL) | PP 21ºC (UFC/mL) | PSI 5ºC (UFC/mL) | PP 5ºC(UFC/mL) | F 25ºC (UFC/mL) | LL 35ºC(UFC/mL) | SL 35ºC (UFC/mL) |
1º | 1×105 | 4,5×104 | 1,3×104 | 1×103 | 3,5×10³ | 7,3×104 | 1,3×105 |
2º | 3×103 | 2,5×10³ | 3×10³ | 5×10² | 5×10² | 2×103 | 1×103 |
3º | 1,4×105 | 3,5×104 | 2,3×104 | 1,2×103 | 1,1×105 | 1,3×105 | 1,1×1053 |
4º | 1,3×105 | 1,2×104 | 3,5×103 | 1,5×103 | 6,1×105 | 1,5×104 | 6,7×104 |
5º | 5×102 | 5×102 | 0 | 0 | 2,7×106 | 5×10² | 1×10³ |
6º | 1,3×105 | 1×104 | 2,5×103 | 2×103 | 1,7×104 | 5×10² | 5,1×104 |
7º | 2,4×105 | 1,4×104 | 5×10² | 5×10² | 1×10³ | 2,8×104 | 2,1×105 |
8º | 6,3×105 | 1,5×104 | 0 | 0 | 5×10³ | 4,8×104 | 3,9×105 |
9º | IN | IN | IN | IN | 2,9×104 | 1,1×105 | 1,3×105 |
10º | IN | IN | IN | IN | 5×102 | 5×104 | 1,5×10³ |
11º | IN | IN | IN | IN | 3,1×104 | 1,5×105 | 1,5×105 |
12º | 1,6×105 | 1×105 | 1,2×103 | 5×102 | 2,2×104 | 2,1×104 | 1,7×105 |
13º | 1,8×104 | 1,5×103 | 1×102 | 0 | 7,2×104 | 8,5×103 | 1,3×104 |
14º | 8,3×104 | 3,7×104 | 4×104 | 2,5×103 | 3,4×104 | 2,1×104 | 6,8×104 |
15º | 1,7×105 | 3×103 | 3,8×104 | 1,9×103 | 1,2×105 | 7,8×104 | 1,8×105 |
16º | IN | IN | 3×103 | 1,5×103 | 3,9×104 | 1,2×106 | 2×105 |
17º | IN | IN | 2×103 | 1×102 | 4,5×104 | 1×106 | 2,2×105 |
18º | 2,5×105 | 2×104 | 0 | 0 | 4,6×104 | 1,7×104 | 2,9×104 |
19º | 8,5×103 | 4,5×103 | 0 | 0 | 1,7×104 | 3,5×103 | 1,5×103 |
20º | 1,7×104 | 7,5×103 | 4,5×103 | 2×102 | 1,3×104 | 5×103 | 1,9×104 |
21º | 2,9×104 | 1,1×104 | 5×102 | 0 | 1,9×104 | 1,5×104 | 1,2×104 |
22º | 1,6×104 | 7,5×103 | 0 | 0 | 1,7×105 | 1×103 | 4×103 |
23º | 1,9×105 | 6,4×104 | 0 | 0 | 2,2×105 | 2×104 | 1,4×105 |
24º | 2,1×104 | 1,2×104 | 0 | 0 | 4×103 | 1,9×105 | 1,5×103 |
25º | 9,5×103 | 5,5×103 | 0 | 0 | 4,5×103 | 6,2×104 | 2×103 |
Legenda: P – PSICROTRÓFICO; PP – PSICROTRÓFICO PROTEOLÍTICO; F – FUNGOS; LL – LACTOBACILLUS LACTIS; SL – STREPTOCOCCUS LACTIS; IN – INCONTÁVEIS; (*) – PRESENÇA DE LARVA NO LEITE
Fonte: elaboração própria, 2023
3.1 Discussão das análises dos microrganismos deteriorantes e/ou patogênicos
Os resultados de psicrotróficos descritos na tabela acima, apresentaram resultados de 5×102 a 6,3×105 UFC/mL com uma média de 1,1×105 UFC/mL para as 20 amostras armazenadas em estufa a 21ºC, onde das 25 amostras totais 5 apresentaram resultados incontáveis (IN). Já para as armazenadas em geladeira a 5ºC, os resultados foram de 5×102 a 4×104 UFC/mL, com uma média de 6,1×103 UFC/mL, onde das 25 amostras totais 3 apresentaram resultados incontáveis (IN), na qual também não foram adicionadas a essa média. Em 8 amostras não houve crescimento de nenhuma colônia nas placas, e nas amostras 13º e 21º, não foi possível observar presença de halos nas colônias por serem muito pequenas, por isso, não pode-se afirmar se há ou não a presença de enzimas proteolíticas, já que o que confirma é a região mais clara em volta da colônia, que mostra que as bactérias ali presentes degradam as proteínas do leite.
Para as bactérias psicrotróficas proteolíticas, foi observado a presença de halos em 17,33% para as armazenadas em estufa e 9,94% para as armazenadas em geladeira. Com isso, os resultados mostraram uma elevada contagem de UFC/mL para as bactérias psicrotróficas proteolíticas, armazenadas em estufa com temperatura acima de 20ºC, quando em comparação com as análises armazenadas em geladeira a 5ºC.
Desta forma, pode-se afirmar a importância de se armazenar o leite e seus derivados em geladeira, pois assim, pode-se diminuir ou zerar a proliferação desses microrganismos no produto e de suas enzimas proteolíticas, assim fazendo com que a qualidade se mantenha durante sua vida útil.
Os microrganismos deteriorantes e/ou patogênicos como os psicrotróficos proteolíticos, podem levar à degradação de proteínas e/ou lipídios, havendo perda nutricional do alimento, no qual apresentam odor e sabor desagradáveis (SOUZA, 2019). Além disso, as bactérias psicrotróficas são as principais responsáveis pela deterioração do leite, elas são capazes de se multiplicarem no leite antes ou depois da pasteurização, durante a refrigeração e suas toxinas são resistentes ao calor (SILVA, 2019), portanto, deve-se priorizar a prevenção para que não haja contaminação por tais microrganismos.
Segundo relato de Silva (2016), os resultados encontrados em sua pesquisa para as análises de leite cru refrigerado, apresentaram uma média de 1,24×104 de contagem de psicrotróficos armazenadas em geladeira, entretanto, 53,1% apresentaram potencial proteolítico, ou seja, presença de halos, resultados maiores do que encontrados no presente trabalho para os armazenados também em geladeira.
Já as análises de Pinto (2006), em que foram encontrados resultados entre 8,9×102 UFC/mL e 3,2×106 UFC/mL onde foram armazenadas também em geladeira, apresentou resultados próximos dos encontrados neste trabalho para as armazenadas em estufa a 21ºC. De acordo com o mesmo autor, mesmo não existindo um limite máximo na legislação para esses microrganismos, quando os resultados forem superiores a 5,0×106 UFC/mL, não é adequado utilizar esse leite para fabricação de derivados.
Ademais, Paulo (2021) aponta que uma elevada contaminação por bactérias psicrotróficas pode levar a diminuição do rendimento no processamento de seus derivados, principalmente na fabricação de queijos, além de provocar sabor amargo e gelificação no leite UHT, alterando a sua qualidade durante a sua vida útil.
Conforme os resultados de Silva (2010), as contagem de microrganismos psicrotróficos apresentaram uma média de 7,8×106 UFC/mL e 11,7×107 UFC/mL para os laticínios A e B respectivamente, resultados superiores aos encontrados no presente trabalho. De acordo com o mesmo, a contaminação pode acontecer por diferentes causas, como água de qualidade inferior, inadequado processamento da higienização, doenças não tratadas no rebanho, entre outros.
Portanto, apesar das bactérias psicrotróficas terem uma faixa ótima de crescimento ≤ 7ºC (BARREIROS, 2010), as mesmas apresentaram bom crescimento em temperatura acima de 20ºC, no qual foi observado neste trabalho um maior crescimento nas amostras em estufa (21ºC) em comparação as armazenadas em geladeira.
É importante ressaltar que na presente pesquisa não foi testado presença de lipases, porém, alguns microrganismos psicrotróficos proteolíticos também podem produzir lipases, então caso seja testado, pode ser comprovada também a presença de enzimas que consomem gordura, caracterizando um prejuízo ainda maior para a indústria (SILVA, 2016).
Embora não haja um limite máximo na legislação atual para psicrotróficos em leite cru, a instrução normativa 76 (2018) informa que “o leite cru refrigerado de tanque individual ou de uso comunitário deve apresentar médias geométricas trimestrais de Contagem Padrão em Placas de no máximo 300.000 UFC/mL”.
Os resultados das análises fúngicas observados na tabela acima, apresentou um elevado número de fungos nas amostras de leite cru caprino da região de estudo, no qual as 25 amostras apresentaram resultados entre 5,0×102 e 2,7×106. Foi feita também a coloração com azul de Metileno, o que mostrou um maior crescimento de leveduras nas amostras e em poucas amostras apresentou também crescimento de fungos filamentosos.
De acordo com os resultados de Júnior (2007) no qual foram feitas análises de 240 amostras de leite, apenas 39 apresentaram crescimento fúngico, entretanto neste trabalho, apresentou presença de fungos em todas as 25 amostras. Em concordância com os resultados de Ruz-Peres (2010), das 340 estirpes de fungos isolados de leite cru, 275 eram leveduras e 27 eram filamentosos que está em conformidade do que foi relatado por Picoli (2014) onde seus resultados também houve prevalência de fungos isolados nas amostras de leite cru, com destaque para leveduras do gênero Candida, que foram isoladas em 15,7% das amostras. Os resultados das pesquisas destes autores confirmam os resultados do presente trabalho, que também apresentou um número consideravelmente maior de leveduras.
Os fungos são microrganismos que além de causar degradação do alimento, podem liberar esporos e/ou micotoxinas, que são danosas ao organismo dos humanos e dos animais (MAGALHÃES, 2019). Segundo Lima (2020), foi observado presença de fungos no leite de tanques de refrigeração, informando o alto potencial da produção de micotoxinas e também notificou que a mesma, apresenta um provável efeito inibidor de bactérias no leite, no qual apresentou contagem de bactérias totais (CBT) menores em leites positivos com presença de fungos. Alegando que esses resultados podem mascarar uma CBT elevada, produtos em não conformidade com os padrões microbiológicos estabelecidos pela legislação correm o risco de ser vendidos sem a real comprovação de sua carga microbiana. Assim, se comprova a importância de se fazer análises fúngicas com mais eficiência e com maior frequência.
Segundo Ruz-Peres (2010), diferentes fungos podem estar associados a várias afecções no ser humano, apesar de ser menos frequente do que bactérias, alguns fungos podem produzir micotoxinas, na qual pode levar a diferentes patologias, principalmente para indivíduos que apresentam alguma imunodeficiência, tendo em vista que esses microrganismos podem se multiplicar e causar doenças, muitas vezes fatais para esses indivíduos. Estes microrganismos, como muitos outros, podem estar presentes no leite vindos de vários locais, como da lavagem dos equipamentos de ordenha, das mãos do ordenhador, do ambiente ou dos próprios animais. Por isso, medidas higiênicas adequadas devem ser muito bem implementadas, pois caso contrário pode facilitar a contaminação e/ou proliferação de bactérias e fungos, acarretando em alterações no leite, redução da sua vida útil, além de levar a problemas de saúde pública.
Também não há um limite máximo na legislação atual para esses microrganismos em leite cru, mas é informado que o leite deve apresentar limite máximo de CPP de 300.000 UFC/mL (BRASIL, 2018).
3.3 Discussão das análises de microrganismos benéficos
No presente trabalho, apresentou resultados entre 5,0×10² e 1,2×106 para bactérias do gênero Lactobacillus. Bactérias muito importantes para a indústria de alimentos, como na produção de iogurte, promovendo ação de probiótico, auxiliando assim a composição da microbiota intestinal do consumidor. Em ORTOLANI (2009) também foram encontrados resultados semelhantes, onde apresentou-se resultados entre 10² e 106 UFC/mL. O mesmo autor relata que as bactérias ácido láticas, como os Lactobacilos, apresentam substâncias antimicrobianas, principalmente contra bactérias Gram positivas.
Entretanto, segundo Virgolino (2022), foi relatado em sua pesquisa que os resultados que apresentaram isolamento de bactérias ácido láticas (BAL) não caracterizados como Lactobacillus spp., apresentou resultados entre 121.000 UFC/mL e 2.236 UFC/mL para mesófilos e psicrotróficos respectivamente, sendo menores do que as que apresentaram isolados de BAL caracterizados como Lactobacillus spp., apresentando resultados entre 432.000 UFC/mL e 22.333 UFC/mL para contagens de mesófilos e psicrotróficos respectivamente.
Contudo, um estudo feito por Paixão (2016) onde foi inoculado Salmonella Typhi e Lactobacillus rhamnosus em queijo (A) e em outro queijo (B) somente foi feita a inoculação da Salmonella Typhi, no qual em seu resultado apresentou uma diminuição da S. Typhy no queijo (A), inoculado com L. Rhamnosus e S. Typhi, diminuindo ao longo dos 20 dias que ficaram armazenados. Conforme já relatado em outros estudos, as BAL produzem substâncias antimicrobianas, que auxiliam na diminuição e/ou prevenção do crescimento de patógenos em alimentos, o que sugere que diferentes bactérias patogênicas são afetadas por BAL específicos, necessitando de estudos mais aprofundados sobre o assunto.
Os resultados observados na tabela 1 para as bactérias do gênero Streptococcus, foram de 1×103 a 3,9×105. De acordo com Picoli (2014), a presença de Streptococcus spp, tem grande importância na etiologia das mastites, no qual foi feito a diferenciação dentro desse gênero, como Streptococcus agalactiae foi isolado em 6,2% das Unidades Produtoras de Leite (UPL), Streptococcus dysgalactiae (37,2% das UPL), Streptococcus uberis (16,8% das UPL) e Streptococcus bovis (6,9% das UPL). Nos estudos do mesmo, foi relatado que dois autores já haviam informado quanto aos isolamentos das bactérias do gênero Streptococcus, onde destacou-se a bactéria S. agalactiae que é um organismo altamente contagioso, capaz de causar fibrose e abscesso na glândula mamária, além de elevar drasticamente a Contagem de Células Somáticas (CCS). Contudo, não foram feitas análises mais aprofundadas a fim de informar quais bactérias desse gênero foram encontradas no presente trabalho.
Para as análises de leite cru caprino, foi realizada a contagem de microrganismos benéficos: Streptococcus Lactis e Lactobacillus Lactis, que em doses adequadas auxiliam na microbiota intestinal, evitando assim o crescimento de outras bactérias patogênicas (LEUCAS, 2012).
Conforme Arcuri (2006), seus resultados apresentaram 12/24 (50%) para Streptococcus Agalactiae e 22/24 (91,7%) para Staphylococcus aureus, microrganismos com grande importância para a saúde pública. Apesar de não ter sido feito análises que informe qual espécie foi encontrado no presente trabalho, por haver grande aparecimento em diferentes trabalhos e regiões, tem grandes chances de apresentar a bactéria Streptococcus Agalactiae nesta pesquisa, sendo interessante para a saúde pública que análises mais aprofundadas sejam feitas, pois para mulheres gestantes e recém nascidos, essa bactéria é considerada atualmente, como grande responsável por infecções como meningite, pneumonia, sepse neonatal, óbito neonatal, aborto séptico, sepse puerperal, entre outras (AGOSTINHO, 2021).
Entretanto, dentro do gênero Streptococcus, também é utilizado na produção de iogurtes o microrganismo S. thermophilus, juntamente com Lactobacillus bulgaricus, que são bactérias benéficas, utilizadas para que ocorra a fermentação láctea desejada. Em concordância, Bruno (2009) afirma que o papel das BAL na fermentação de alimentos é duplo, elas contribuem tanto para a extensão da vida útil do alimento, por meio da degradação dos carboidratos presentes na matéria prima, onde assim à diminuição do pH do produto, quanto para a diminuição de microrganismos deterioradores e patogênicos, com sua ação antimicrobiana (ORTOLANI, 2009).
4 CONSIDERAÇÕES FINAIS
Conclui-se que a partir do resultados da pesquisa, o leite cru caprino da propriedade avaliada apresentou alta deficiência de qualidade, exigindo que medidas de manejo, higiene e sanitização sejam o foco de treinamentos que devem ser realizados juntos aos funcionários que executam a ordenha e a higienização dos equipamentos e utensílios utilizados no processo da obtenção do leite. Além disso, é essencial a presença de um profissional Médico Veterinário na propriedade para que ocorra o acompanhamento e orientação adequada e constante da saúde dos animais e da obtenção do leite de forma adequada.
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1 Graduanda do Curso de Medicina Veterinária, do Centro Universitário do Planalto Central Apparecido dos Santos (Uniceplac) – mileninha4444@gmail.com
2Graduando do Curso de Medicina Veterinária, do Centro Universitário do Planalto Central Apparecido dos Santos (Uniceplac) – gabrielkieling.gkc@gmail.com