DESNUTRIÇÃO EM PACIENTES ONCOLÓGICOS HOSPITALIZADOS

REGISTRO DOI: 10.5281/zenodo.10015731


Darlisangela Aparecida de Souza1
Jussara Cavalcante da Silva2
Larissa Campos Leite De Oliveira3
Lucca Farias Pinheiro Espósito4
Luiz Guilherme Mendes Malheiros5
Maria Eduarda Bay6
Nivaldo de Oliveira Sousa7
Rhaygner Dhieggo Amaral8
Vanessa Felix Rodrigues Figueiredo9
Vitória Rocha Diniz10


RESUMO

A desnutrição é a manifestação clínica mais comum encontrada no paciente com câncer e está associada à localização tumoral, estágio da doença, demanda nutricional do tumor, alterações metabólicas causadas pela enfermidade neoplásica e ao tratamento à que estes pacientes são submetidos. O presente estudo, teve por objetivo verificar na literatura disponível a prevalência de desnutrição em pacientes oncológicos hospitalizados. Trata-se de uma revisão de literatura do tipo integrativa. Para busca e seleção dos estudos utilizou-se as seguintes bases de dados: Scielo, Science Direct e Lilacs, houve a seleção de 12 artigos, os quais foram publicados entre os anos de 2015 a 2020. De acordo com os estudos selecionados, observa-se que inúmeras pesquisam pesquisas demonstram presença elevada de desnutrição em pacientes oncológicos hospitalizados, o que é decorrente de inúmeros fatores. Logo verifica-se, que o déficit nutricional causado por esta condição representa efeitos negativos no sistema imunológico e, consequentemente na resposta ao tratamento deste paciente. Portanto, faz-se necessário a inclusão de um profissional nutricionista, pois são habilitados e capacitados a realizar a avaliação nutricional e determinar qual a melhor conduta dietoterápica para alcançar a recuperação e/ou manutenção do estado nutricional, de forma a favorecer a efetividade terapêutica.

Palavras-chave: Oncologia. Desnutrição. Hospitalização.

ABSTRACT

Malnutrition is the most common clinical manifestation found in cancer patients and is associated with tumor location, stage of the disease, nutritional demand of the tumor, metabolic changes caused by neoplastic disease and the treatment to which these patients are submitted. The present study aimed to verify in the available literature the prevalence of malnutrition in hospitalized cancer patients. It is an integrative literature review. To search and select the studies, the following databases were used: Scielo, Science Direct and Lilacs, there was a selection of 12 articles, which were published between the years 2015 to 2020. According to the selected studies, we observed It is known that numerous researches have shown a high presence of malnutrition in hospitalized cancer patients, which is due to numerous factors. Soon it turns out, that the nutritional deficit caused by this condition represents negative effects on the immune system and, consequently, in the response to the treatment of this patient. Therefore, it is necessary to include a professional nutritionist, as they are qualified and qualified to carry out nutritional assessment and determine what is the best dietary approach to achieve recovery and / or maintenance of nutritional status, in order to favor therapeutic effectiveness.

Keywords: Oncology. Malnutrition. Hospitalization.

1 INTRODUÇÃO

Define-se o câncer como uma doença crônica não transmissível (DCNT) de causa multifatorial, a qual é caracterizada pelo crescimento desordenado de células anormais com potencial invasivo. As causas podem classificadas em externas e internas ao organismo, as causas externas relacionadas aos hábitos de vida da população e ao meio ambiente, as causas internas, na maioria das vezes são geneticamente pré-determinadas. Estima-se para o ano de 2030, 21,4 milhões de novos casos de câncer em todo o mundo e 13,2 milhões de óbitos em decorrência do câncer (INCA, 2016).

Segundo estimativas do INCA para o ano de 2020 no Brasil, a previsão é que se alcance o total de 685.960 novos casos. No que se refere ao estado do Maranhão, esse número pode chegar a 10. 560. De uma forma geral, em relação ao tipo, com exceção do câncer de pele não melanoma, estima-se para o sexo masculino uma maior prevalência de câncer de próstata e ao sexo feminino o câncer de mama (INCA, 2019).

            Em pacientes oncológicos é comum a condição de perda de peso e de tecidos, associada à localização e agressividade do tumor presente, também é relacionada à presença e duração de transtornos gastrointestinais como náuseas, vômitos, diarreias e anorexia. O déficit nutricional decorrente desta condição implica diretamente na situação imunológica do indivíduo e na resposta ao tratamento específico (TONEZZER et al., 2012).

A desnutrição associada ao câncer tem inúmeras consequências, como o aumento de complicações e tempo de internação, elevado risco de infecção, redução da cicatrização de feridas, diminuição da tolerância ao tratamento, reduções significativas na função muscular, respiratória e cardíaca e, consequentemente, diminuição da qualidade de vida destes pacientes (MIOLA, 2016).

A ausência de um diagnóstico nutricional correto implica em uma terapia nutricional inadequada e ineficaz, resultando em complicações sérias ao logo do período de internação. A identificação precoce através de programas de triagem ajuda a identificar pacientes em risco nutricional, assegurando o tratamento adequado (ROSA et al., 2014).

O Consenso Nacional de Nutrição Oncológica 2013 orienta a utilização de instrumentos como a Triagem de Risco Nutricional 2002 (TRN-2002), Avaliação Subjetiva Global (ASG), Avaliação Subjetiva Global Produzida pelo Paciente (ASG-PPP) e a Força de Preensão Palmar (FPP) para a realização da triagem e avaliação nutricional em pacientes oncológicos hospitalizados. A avaliação nutricional é imprescindível em pacientes oncológicos, uma vez que o diagnóstico precoce da desnutrição é fundamental para corrigir esse quadro, além de auxiliar na resposta ao tratamento, seja na cirurgia, quimioterapia ou radioterapia (INCA, 2013).

Diante do exposto, o presente estudo tem como objetivo geral realizar uma revisão de literatura sistematizada sobre a prevalência de desnutrição em pacientes oncológicos hospitalizados.

2 MATERIAIS E MÉTODOS  

Trata-se de um estudo de revisão integrativa.

O presente estudo foi estruturado nas seguintes etapas: identificação do tema e seleção da hipótese, amostragem/estabelecimento de critérios para inclusão e exclusão de estudos, categorização dos estudos, avaliação dos estudos, interpretação dos resultados, e por fim, apresentação da revisão e síntese do conhecimento.

            A estratégia PICo, que segundo Akobeng (2005), representa um acrônimo para Paciente (P), Interesse (I) e Contexto (Co), foi utilizada para a construção da questão norteadora desta revisão integrativa da literatura.Para a busca nas bases de dados foi utilizado descritores indexados e cadastrados no banco de dados Descritoresem Ciências da Saúde (DeCS) e Medical Subject Headings (MeSH) (Quadro 1).

Quadro 1. Elementos de estratégia PICo e descritores utilizados.

ElementosDeCSMeSH
P Pacientes oncológicosNeoplasias OncologiaNeoplasms Medical Oncology
I DesnutriçãoDesnutriçãoMalnutrition
Co Hospitalizados PrevalênciaHospitalização PrevalênciaHospitalization Prevalence

Fonte: Dados da pesquisa.

            Para a pesquisa foram utilizadas as seguintes bases de dados: Science Direct, Scielo e Lilacs.  Foi utilizada na estratégia de busca a forma boleana AND e OR, a fim de melhorar a busca dos artigos nas bases de dados. Utilizou-se os seguintes bancos com seus respectivos descritores. Os termos utilizados durante a pesquisa foram classificados e combinados, resultando em estratégias específicas de cada base conforme o quadro 2.

Quadro 2. Estratégias de busca utilizadas nas bases de dados.

Base de dadosEstratégias de buscaAchadosFiltradosSelecionados
Science Direct(”neoplasms” AND “medical oncology”) ” AND “malnutrition” AND “hospitalization” AND “prevalence” AND (“malnutrition” AND “neoplasms” OR “medical oncology”) (“malnutrition” AND “hospitalization” AND (“hospitalization” AND “prevalence”)12.6721973
Scielo(”neoplasias” AND “oncologia”) ” AND “desnutrição” AND “hospitalização” AND “prevalencia” AND (“desnutrição” AND “neoplasias” OR “oncologia”) (“desnutrição” AND “hospitalização” AND (“hospitalização” AND “prevalencia”)15.6463566
Lilacs(”neoplasms” AND “medical oncology”) ” AND “malnutrition” AND “hospitalization” AND “prevalence” AND (“malnutrition” AND “neoplasms” OR “medical oncology”) (“malnutrition” AND “hospitalization” AND (“hospitalization” AND “prevalence”)14.5462453

Fonte: Dados da pesquisa.

.

Para a realização da revisão foram incluídos artigos originais, identificados nas bases de dados mencionadas, publicados em periódicos indexados, nos idiomas português, inglês e espanhol, entre os anos de 2015 a 2020. Foram excluídos os estudos de revisão, que apresentavam sem o resumo. Descartou-se ainda os estudos que não apresentavam o resumo, e não abordavam a temática em estudo, bem como artigos opinativos que não estavam apoiados em dados de pesquisa ou que não apresentavam suporte de uma coleta sistemática de dados. 

Na primeira fase, os artigos foram pré-selecionados segundo os critérios de inclusão e, de acordo com a estratégia de funcionamento e busca de cada base de dados. Na segunda fase, foram analisados de forma independente os títulos e os resumos dos artigos, para verificar se os mesmos estavam condizentes com a temática abordada no estudo.

Ao final, foram selecionados para a análise três (3) artigos na base de dados Lilacs, três (3) artigos na base de dados Science direct e seis (6) artigos na base de dados Scielo (Figura 1).

Figura 1. Fluxograma de identificação, seleção e inclusão dos estudos da revisão integrativa.

Fonte: Dados da pesquisa.

            Os dados analisados proporcionaram o agrupamento do conteúdo, bem como dos resultados.

            Procedeu-se à definição das informações a serem extraídas dos estudos selecionados. Para a análise e posterior síntese dos 12 artigos que atenderam aos critérios de inclusão.

Elaborou-se um instrumento para a coleta das informações visando responder à questão norteadora da revisão, contendo as seguintes informações. Identificação do estudo, autores, ano de publicação, e a amostra do estudo.

Nesta etapa foi realizada a análise das informações coletadas nos 12 artigos selecionados nas bases de dados, observando-se os aspectos metodológicos e a similaridade entre os resultados encontrados.

            A análise e a interpretação dos dados foram realizadas de forma organizada e sintetizada por meio da elaboração de um quadro sinóptico previamente estabelecido. As informações encontradas foram disponibilizadas em quadros, figuras e tabelas para posterior discussão.

Foi feita uma discussão dos principais resultados da pesquisa. Os resultados foram fundamentados na avaliação crítica dos estudos selecionados, sendo realizado comparação dos estudos e da temática abordada frente ao objeto de pesquisa proposto.

Assim, foi observado o conhecimento cientifico acerca da prevalência de desnutrição em pacientes oncológicos hospitalizados. A síntese do conhecimento é apresentada a seguir nos resultados.

3 RESULTADOS E DISCUSSÃO

A apresentação dos resultados está dividida em duas partes. A primeira está relacionada à caracterização dos estudos, a segunda parte à análise da produção científica sobre a prevalência de desnutrição em pacientes oncológicos hospitalizados.

A seguir verifica-se a distribuição temporal dos estudos utilizados para construção da presente pesquisa (Figura 2). 

Figura 2. Recorte temporal dos estudos utilizados para a construção da revisão de literatura.

Fonte: Dados da pesquisa. 

                        Dos 13 estudos selecionados, a maioria foram publicados no ano de 2016 33,00% (n=4), houve menor publicação nos anos de 2017, 2018 e 2020, cada um correspondendo a 8,50% (n=1) do total.

Na tabela 1, observa-se a caracterização dos estudos utilizados pra construção da revisão de literatura sobre a prevalência de desnutrição em pacientes oncológicos hospitalizados, segundo a abordagem, delineamento e idioma de publicação.

Tabela 1. Caracterização dos estudos utilizados para a construção da revisão de literatura, segundo a abordagem, delineamento e idioma de publicação.

VariáveisN%
Abordagem do estudo  
Quantitativo12100,00
Delineamento da pesquisa  
Estudos transversais12100,00
Idiomas  
Português866,50
Inglês325,00
Espanhol18,50
Total12100,00

Fonte: Dados da pesquisa.

Verifica-se que todos os estudos foram de abordagem quantitativa (100,00%), em relação ao delineamento da pesquisa todos transversais (100,00%), publicados nos idiomas português, inglês e espanhol correspondendo a 66,50%, 25,00% e 8,50%, respectivamente.

Na tabela 2 observa-se os estudos selecionados, organizados de acordo com o nome dos periódicos, dispostos em número absoluto e respectivo percentual.

Tabela 2: Estudos incluídos na pesquisa sobre a prevalência de desnutrição em pacientes oncológicos hospitalizados, segundo o periódico de publicação.

Nome do PeriódicoNúmero Absoluto%
Nutrition18,35
Revista Brasileira de Cancerologia216,60
Revista de Medicina da UFC18,35
Arquivos de Gastroenterologia18,35
Revista de Pesquisa em Saúde216,60
Revista de Ciências Médicas de Pinar del Río18,35
Revista Brasileira de Ciências da Saúde18,35
Revista do Hospital Universitário Getúlio Vargas18,35
Revista Brasileira de Nutrição Clinica18,35
Nutrición Hospitalaria18,35
Total12100%

Fonte: Dados da pesquisa.

No quadro 3 observa-se a análise da produção científica acerca da prevalência de desnutrição em pacientes oncológicos hospitalizados.

Quadro 3: Estudos selecionados para a construção da revisão de literatura.

ArtigoAnoAutoresAmostra
Influence of chemoradiotherapy on nutritional status in locally advanced rectal cancer: prospective multicenter study.2020Tomoki et al41 pacientes adultos
Evaluation of Nutritional Risk in Hospitalized Oncohematologic Patients.2019Rodrigues et al127 pacientes adultos
Relação entre a atividade inflamatória e o estado nutricional de pacientes com câncer de pulmão.2019Souza et al58 indivíduos com idade média de 65,02 ± 9,88 anos
Perfil nutricional de pacientes oncológicos: métodos subjetivos e características da alimentação.2018Moraes et al332 pacientes maiores de 20 anos
Estado nutricional de niños com enfermedades oncológicas en hospital pediátrico de Pinar del Río.2017Martínez et al53 pacientes com idade entre 1 e 18 anos
Avaliação nutricional de pacientes oncohematológicos em quimioterapia suplementados com glutamina.2016Campos et al27 pacientes adultos
Indicadores antropométricos em crianças com câncer em um hospital de referência.2016Sousa et al53 crianças com idade de 7 a 10 anos
Avaliação do perfil nutricional dos pacientes internados na oncologia pediátrica do Hospital Santa Casa de Misericórdia de Belo Horizonte–MG.2016Caldeira et al32 pacientes menores de 19 anos
Análise da relação entre avaliação nutricional e incidência de óbitos no pós-operatório de pacientes portadores de neoplasia cerebral de um hospital universitário em Manaus-AM.2016Silva et al26 pacientes maiores de 18 anos
Comparação de dois métodos de avaliação subjetiva global em pacientes oncológicos.2015Schmitt; Paludo; Marcadenti79 pacientes maiores de 20 anos
Avaliação e indicação nutricional em pacientes oncológicos no início do tratamento quimioterápico.2015Vale et al188 pacientes com idade média de 58,4 anos
Patient-Generated Subjective Global Assessment and classic anthropometry: comparison between the methods in detection of malnutrition among elderly with cancer.2015Santos et al96 pacientes idosos

Fonte: Dados da pesquisa.

            Estudo realizado por Tomoki et al (2020), com objetivo de investigar a influência da quimiorradioterapia (TRC) no estado nutricional de 41 pacientes adultos, verificou que 12 pacientes (29,30%) apresentaram desnutrição moderada, observou-se ainda alterações significativas nos níveis séricos de albumina.

            Pesquisa realizada por Rodrigues et al (2019), com 127 pacientes oncológicos adultos hospitalizados, obteve como resultados de acordo com a pontuação da NRS-2002, 70,10% (n=89) apresentavam risco nutricional, 8,70% (n=11) dos pacientes encontravam-se com o Índice de Massa Corporal (IMC) na classificação de desnutrição, valor inferior quando se avaliou a desnutrição por meio da circunferência do braço (CB) 33,90% (n=43).

            Souza et al (2019), avaliando 58 indivíduos com idade média de 65,02 ± 9,88 anos, hospitalizados com câncer de pulmão. Verificou-se desnutrição pela prega cutânea tricipital (PCT) (55,10%) e IMC (37,90%).

            Moraes et al (2018), em estudo com 332 pacientes maiores de 20 anos, utilizando a avaliação subjetiva global produzida pelo paciente (ASG-PPP) verificou pacientes moderadamente desnutridos (24,40%), e gravemente desnutridos (18,60%).

No estudo de Martínez et al (2017), em pesquisa transversal com 53 pacientes abrangendo a faixa etária de 1 a 18 anos que deram entrada em um serviço de oncohematologia, obteve-se como resultados que 34,00% encontravam-se com desnutrição.

Campos et al (2016), em seu estudo com 27 pacientes divididos em dois grupos, verificando o estado nutricional avaliado pela ASG-PPP no início do experimento em 29,41% (n=5) com desnutrição moderada. No grupo 2 apenas 5,88% (n=1) apresentaram desnutrição moderada. Nenhum paciente foi classificado como gravemente desnutrido.

            Sousa et al (2016), avaliando o estado nutricional de 53 crianças com câncer, idade entre 7 e 10 anos, observou em relação ao indicador IMC/idade 20,80% (n=11) de crianças desnutridas, o que também foi evidenciado pelos indicadores Peso/idade 22,60% (n=12) e através da Estatura/idade 6,00% (n=4).

            Caldeira et al (2016), em seu estudo om 32 pacientes menores de 19 anos com tumores hematológicos e sólidos, em relação a variável desnutrição, verificou que, segundo a classificação da WHO os pacientes com tumores hematológicos apresentaram 5,00% de desnutrição e nos pacientes com tumores sólidos 8,30%. Quando classificados através do percentual de adequação da CB os com tumores hematológicos apresentaram por desnutrição leve 16,70% e desnutrição moderada 5,60%. Quanto aos pacientes com tumores sólidos, apresentaram desnutrição leve 33,30%, seguido por percentuais importantes de desnutrição grave 16,70% e desnutrição moderada 8,30%.

            Silva et al (2016), em pesquisa com 26 pacientes maiores de 18 anos de idade, que apresentavam neoplasias cerebrais, verificou que, dos 26 pacientes analisados 50,00% (n=13) apresentaram algum tipo de desnutrição de acordo com a CB.  A circunferência muscular do braço (CMB) demonstrou um total de 61,50% (n=16) desnutridos. De acordo com os dados da PCT 26,90% (n=7) dos indivíduos estavam desnutridos.

De acordo com os estudos de Schmitt; Paludo e Marcadenti (2015), fazendo a comparação entre dois métodos, a avaliação subjetiva global em pacientes oncológicos (ASG) e ASG-PPP, observou que os resultados obtidos através da ASG demonstraram que 10,10% apresentaram desnutrição grave e 26,6% desnutrição moderada. Em relação aos dados obtidos através da ASG-PPP verificou-se que, 6,3% apresentaram desnutrição grave e 38,00% desnutrição moderada.

Estudo realizado por Vale et al (2015), com 188 pacientes oncológicos através da aplicação do método da ASG-PPP, observou que 46,80% e 12,80% foram classificados como moderadamente desnutridos e desnutrição severa, respectivamente. Santos et al (2015), em seu estudo com 96 pacientes idosos, através da aplicação do método ASG-PPP identificou 29,20% de pacientes com desnutrição moderada e 14,60% com desnutrição severa.

O câncer é o principal problema de saúde pública no mundo e já está entre as quatro principais causas de morte prematura (antes dos 70 anos de idade) na maioria dos países. A incidência e a mortalidade por câncer vêm aumentando mundialmente, em parte pelo envelhecimento, crescimento populacional, como também pela mudança na distribuição e na prevalência dos fatores de risco, especialmente aos associados ao desenvolvimento socioeconômico (BRAY et al., 2018).

Os tratamentos mais utilizados são a quimioterapia e a radioterapia. Ambas, irritam a mucosa do trato gastrintestinal, provocando náuseas, vômitos, diarreia, disfagia, estomatites, constipação e desconforto abdominal, também atuam sobre o sistema imunológico levando a imunossupressão. Devido aos transtornos gastrintestinais muitos pacientes deixam de se alimentar, pois muitos apresentam incômodo ao mastigar e deglutir, outros apresentam inapetência ou saciedade precoce, ocasionando anorexia e desnutrição, podendo evoluir a caquexia, interferindo na qualidade de vida (GUIMARÃES; ANJOS, 2012).

Todos esses sintomas repercutem em desnutrição, hipovitaminoses e anemias, por isso o acompanhamento nutricional contribui na prevenção e no tratamento de déficits nutricionais, na intenção de melhorar a tolerância ao tratamento. Além de que, a recuperação e/ou manutenção do estado nutricional pode diminuir o risco de complicações e a necessidade de hospitalizações, melhorando a resposta ao tratamento, oferecendo melhor qualidade de vida a esses indivíduos. O nutricionista regressa esses transtornos combatendo a desnutrição, anorexia e a saciedade precoce (TONEZZER, 2012).

A desnutrição é um termo abrangente que pode ser utilizado para referir-se a qualquer desequilíbrio que ocorra no estado nutricional de um indivíduo (BARKER; GOUT; CROWE, 2011). Caracteriza-se como uma síndrome multicausal, classificada em primária, quando advinda de condição socioeconômica desfavorável e consumo insuficiente de energia e proteínas, secundária quando é ocasionada pela condição clínica do doente ou pela doença primária que intervém no processo de nutrição, ou ainda terciária, adquirida ao longo do período de permanência hospitalar (BRANDÃO; ROSA, 2014).

Embora o câncer seja a 2ª causa de morte no país, 20% dos óbitos de pacientes ocorrem devido à desnutrição causada pelo avanço da doença e impacto do tratamento no organismo do paciente. A desnutrição calórico-proteica que ocorre nos pacientes oncológicos é a mais frequente e está associada às alterações metabólicas que ocorrem no organismo do mesmo. Quanto mais cedo a desnutrição for corrigida, menor é o risco de morte. Grande parte dos pacientes apresenta perda de peso antes do diagnóstico da doença, sendo o motivo pelo qual esses pacientes procuram o serviço de saúde (ARAÚJO; SILVA; FORTES, 2008).

O câncer se caracteriza por ser uma doença agressiva e de rápida evolução, contudo, alguns tipos de tumores podem ter impacto significativo no peso do paciente, como tumores do trato gastrointestinal (TGI) e pulmão. Associado ao tipo de tumor, alguns fatores podem intensificar a perda de peso e levar à desnutrição rapidamente, como infecções, agressividade do tratamento e problemas psicológicos como a depressão (INCA, 2013).

A perda de peso contínua, principalmente de massa magra, associada às alterações metabólicas decorrentes do câncer levam à um quadro debilitado de saúde definido como caquexia (kakos = mau; hexis = condição, estado). A Associação Brasileira de Cuidados Paliativos (ABCP) (2011), define a caquexia do câncer como uma síndrome multifatorial caracterizada por uma perda contínua de massa de músculo esquelético (com ou sem perda de massa gorda) que não pode ser plenamente revertida por suporte nutricional convencional e leva a comprometimento funcional progressivo.

A avaliação nutricional é imprescindível em pacientes oncológicos, uma vez que o diagnóstico precoce da desnutrição é fundamental para corrigir esse quadro, além de auxiliar na resposta ao tratamento, seja na cirurgia, quimioterapia ou radioterapia. É importante saber que a avaliação nutricional é imprescindível no diagnóstico de deficiências nutricionais, que são associadas à antropometria e exames laboratoriais para que seja definida a necessidade de ingestão calórica e ajuste dos nutrientes que estão deficientes em pacientes oncológicos (OLIVEIRA, 2008).

Por causa da alta prevalência de desnutrição entre os pacientes com câncer e os seus efeitos negativos, a intervenção nutricional apropriada e precoce é uma ferramenta importante para o tratamento dessas consequências, devendo ser parte fundamental no tratamento do doente (GUPTA, 2010).

Estudos têm evidenciado que a intervenção precoce e intensiva nos pacientes oncológicos é benéfica em relação à diminuição da incidência e impactos causados pelos efeitos adversos do tratamento e diminuição da perda de peso não intencional, melhora do consumo alimentar, estado nutricional e qualidade de vida dos pacientes, aumento das chances de sobrevivência (ISENRING, 2010).

Uma intervenção nutricional adequada parte de uma boa avaliação do estado nutricional do paciente e tendo como alicerce esta avaliação, podem-se incluir as orientações nutricionais, uma orientação individual com o propósito de amenizar os sintomas do impacto nutricional, favorecer a melhora do consumo alimentar e evitar a perda de peso (SILVEIRA, 2013).

A suplementação nutricional via oral, é usada como complemento da ingestão oral em pacientes que não conseguem atingir suas necessidades nutricionais somente com a alimentação habitual; a nutrição enteral, considera o uso do TGI para o fornecimento da refeição por meio de uma sonda, na qual é recomendada para enfermos que não suprem suas necessidades nutricionais somente por via oral; a nutrição parenteral, o provimento de nutrientes é feito por via intravenosa, utilizada somente em pacientes oncológicos com acentuado grau de desnutrição ou redução exacerbada da ingestão alimentar e perda de peso (BOZZETTI, 2009).

A avaliação do consumo alimentar entre pacientes com câncer deve ser uma rotina, pois a alimentação é parte importante da terapêutica, não apenas por seus aspectos nutricionais, mas também por sua dimensão simbólica e subjetiva (SORENSEN et al., 2012).

4 CONCLUSÃO

Segundo os dados obtidos, observa-se que a desnutrição no paciente oncológico é a complicação mais frequentemente encontrada. Associa-se ao aumento da morbimortalidade, à redução na resposta e à tolerância ao tratamento, com consequente aumento no tempo de internação hospitalar, aumento nos custos e redução na qualidade de vida.

A avaliação do estado nutricional destes pacientes, contribui para a efetividade da conduta terapêutica e para melhoria da qualidade de vida, visto que a desnutrição exerce impacto negativo sobre a evolução da doença e continuidade do tratamento.

Portanto, se faz necessária a introdução de um profissional nutricionista junto aos pacientes oncológicos. Estes profissionais são habilitados e capacitados a realizar a avaliação nutricional e determinar a melhor conduta dietoterápica para obtenção de melhores resultados, bem como recuperação e/ou manutenção do estado nutricional e consequentemente propiciar uma melhoria na qualidade de vida dos mesmos.

Os resultados encontrados no presente estudo podem colaborar para a elaboração de uma avaliação e conduta nutricional mais adequada às necessidades dos indivíduos e que possa minimizar os danos causados pela doença e tratamento oncológico, além de contribuir para a pesquisa na área de Nutrição em Oncologia.

REFERÊNCIAS

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1 Acadêmica de psicologia ( universidade Paulista UNIP- Goiânia) darlisouza@gmail.com

2Acadêmica de Medicina Universidade De Rio Verde Campus Formosa ju12cavalcante@gmail.com

3 Acadêmica de Medicina Universidade de Cuiabá (UNIC) laricamposmed@gmail.com

4 Acadêmico de Medicina Universidade de Cuiabá (Unic) luccafariasesposito@gmail.com

5 Acadêmico de Medicina Universidade de Cuiabá-( unic) luizgmm3000@gmail.com

66Acadêmica de medicina Universidade de Cuiabá (unic) Mila_sorvetes@hotmail.com

7Acadêmico de Medicina Universidade de Rio Verde Campus Formosa nivaldo.o.sousa@academico.unirv.br

8 Acadêmico de Medicina Universidade de Rio Verde Campus Formosa amaralrhaygner@gmail.com

9Acadêmica de Medicina Universidade de Rio Verde Campus Formosa vanessafelixpro@gmail.com

10Acadêmica de Medicina Universidade de Rio Verde Campus Aparecida de Goiania vitoriarochadiniz@gmail.com