DESIGUALDADES SOCIAIS E O ACESSO NA QUALIDADE DOS CUIDADOS DE SAÚDE

SOCIAL INEQUALITIES AND ACCESS TO THE QUALITY OF HEALTH CARE

REGISTRO DOI: 10.5281/zenodo.12710929


Aline Pacheco Eugênio1
Thallita Monalisa Sizenando Souza Lima2
Maura Madalena do Nascimento oliveira3
Ádila Roberta Rocha Sampaio4
Izabela Alencar Nogueira5
Mayara Joice Nunes de Amorim Silva6
Márcio Paulo Magalhães7
Jonathan Cordeiro de Morais8


RESUMO

A desigualdade social tem um impacto significativo no acesso aos serviços de saúde, afetando negativamente indivíduos e comunidades em várias dimensões. Ela pode resultar em disparidades no acesso físico aos serviços de saúde. A desigualdade na assistência à saúde pode ser atribuída a uma série de fatores complexos e inter-relacionados. A renda e o status socioeconômico desempenham um papel crucial na determinação do acesso aos cuidados de saúde. Trata-se de um estudo descritivo, que tem como objeto- a comunicação como importante ferramenta nas orientações prestadas para profissionais de saúde de uma forma geral.Conclui-se que, a desigualdade social tem um impacto profundo no acesso aos serviços de saúde, perpetuando disparidades de saúde entre diferentes grupos populacionais. Para abordar essas desigualdades, é necessário adotar uma abordagem abrangente que reconheça e aborde as causas subjacentes da desigualdade social, promova a equidade em saúde e garanta que todos tenham acesso igualitário a serviços de saúde de qualidade.

Palavras Chave: Desigualdade ; Assistência ; Cuidado.

ABSTRACT

Social inequality has a significant impact on access to health services, negatively affecting individuals and communities in several dimensions. It can result in disparities in physical access to health services. Inequality in health care can be attributed to a number of complex and interrelated factors. Income and socioeconomic status play a crucial role in determining access to health care. This is a descriptive study, whose object is communication as an important tool in the guidance provided to health professionals in general. It is concluded that social inequality has a profound impact on access to health services, perpetuating health disparities between different population groups. To address these inequalities, it is necessary to adopt a comprehensive approach that recognizes and addresses the underlying causes of social inequality, promotes health equity and ensures that everyone has equal access to quality health services.

Keywords: Inequality; Assistance; Careful.

INTRODUÇÃO

A desigualdade social tem um impacto significativo no acesso aos serviços de saúde, afetando negativamente indivíduos e comunidades em várias dimensões. Ela pode resultar em disparidades no acesso físico aos serviços de saúde. Populações em áreas rurais ou urbanas pobres podem ter acesso limitado a instalações de saúde próximas, devido à falta de infraestrutura adequada ou transporte inadequado. Além disso, a falta de seguro saúde ou recursos financeiros pode impedir que as pessoas busquem atendimento quando necessário (Esposti, 2015).

A desigualdade econômica é uma das principais barreiras ao acesso aos serviços de saúde. Indivíduos de baixa renda podem enfrentar dificuldades para pagar por consultas médicas, medicamentos prescritos, procedimentos cirúrgicos e outros serviços de saúde essenciais. Isso pode levar a atrasos no diagnóstico e tratamento, resultando em piores resultados de saúde (Almeida; Araújo;Azevedo, 2021).

Populações marginalizadas muitas vezes enfrentam desigualdades na qualidade dos serviços de saúde disponíveis para elas. Isso pode incluir instalações de saúde subfinanciadas, falta de equipamentos e suprimentos médicos adequados, pessoal de saúde inadequadamente treinado ou sobrecarregado e discriminação por parte dos prestadores de serviços de saúde (Dos Santos e Gerhardt, 2008).

A desigualdade de gênero pode afetar o acesso aos serviços de saúde de várias maneiras. Por exemplo, mulheres podem enfrentar barreiras adicionais ao acesso aos cuidados de saúde reprodutiva, incluindo contracepção, planejamento familiar, pré-natal e parto seguro. Além disso, a violência de gênero pode impedir as mulheres de buscar cuidados de saúde quando necessário. Ela afeta os determinantes sociais da saúde, como habitação, educação, emprego e segurança alimentar, que por sua vez influenciam o acesso aos serviços de saúde. Populações marginalizadas muitas vezes enfrentam condições de vida precárias que aumentam o risco de doenças e lesões e dificultam o acesso a cuidados de saúde preventiva e curativa (Esposti, 2015).

 Grupos étnicos e raciais minoritários frequentemente enfrentam desigualdades no acesso aos serviços de saúde, resultantes de discriminação, racismo estrutural e falta de representação e sensibilidade cultural nos sistemas de saúde. Isso pode levar a desconfiança nos serviços de saúde, falta de adesão ao tratamento e resultados de saúde mais pobres para essas populações (Dos Santos e Gerhardt, 2008).

Enquanto a igualdade se refere à distribuição igualitária dos recursos, a equidade se concentra na distribuição justa e imparcial dos recursos de saúde, levando em consideração as necessidades específicas de diferentes grupos populacionais. Isso significa que a equidade reconhece e aborda as desigualdades de saúde que podem surgir devido a fatores como renda, raça, etnia, gênero, local de residência e estado de saúde (Almeida; Araújo;Azevedo, 2021).

Existem várias barreiras que podem impedir o acesso equitativo aos serviços de saúde. Isso pode incluir barreiras financeiras, como custos de consulta médica, medicamentos e procedimentos; barreiras físicas, como localização geográfica das instalações de saúde e transporte inadequado; barreiras culturais e linguísticas, como falta de sensibilidade cultural por parte dos prestadores de serviços de saúde; e barreiras estruturais, como discriminação e falta de representação em sistemas de saúde (Almeida; Araújo;Azevedo, 2021).

A equidade no acesso aos serviços de saúde está intimamente ligada aos determinantes sociais da saúde, que incluem fatores como habitação, educação, emprego, renda, raça, etnia, gênero e acesso a alimentos saudáveis. Populações marginalizadas ou socialmente desfavorecidas geralmente enfrentam maiores desafios no acesso aos serviços de saúde devido a esses determinantes sociais (Dos Santos e Gerhardt, 2008).

Para garantir que os serviços de saúde sejam equitativos, é importante realizar avaliações regulares e monitoramento do acesso aos serviços de saúde por diferentes grupos populacionais. Isso pode incluir análises de dados demográficos, pesquisas de saúde da população e avaliação do impacto de políticas e programas de saúde na equidade do acesso aos serviços de saúde (Dos Santos e Gerhardt, 2008).

MATERIAIS E MÉTODO

Trata-se de um estudo descritivo, que tem como objeto- a comunicação como importante ferramenta nas orientações prestadas para profissionais de saúde de uma forma geral. Por tratar-se de um estudo reflexivo, na qual não foi utilizada coleta de dados em campo e nem identificação dos participantes, o presente estudo não demandou a submissão ao Comitê de Ética. Entretanto os pesquisadores seguiram os preceitos éticos contidos na Resolução 466/12 do Conselho Nacional de Saúde

DESENVOLVIMENTO

Fatos que levam a desigualdade nos serviços de saúde

A desigualdade na assistência à saúde pode ser atribuída a uma série de fatores complexos e inter-relacionados. A renda e o status socioeconômico desempenham um papel crucial na determinação do acesso aos cuidados de saúde. Pessoas de baixa renda podem enfrentar barreiras financeiras ao acesso aos serviços de saúde, incluindo custos de consultas médicas, medicamentos e procedimentos médicos. Além disso, indivíduos de baixa renda podem ter empregos que não oferecem seguro saúde ou benefícios de saúde adequados, o que limita ainda mais seu acesso aos cuidados de saúde (Souza, 2022).

O acesso aos serviços de saúde pode variar significativamente dependendo da localização geográfica. Populações em áreas rurais ou remotas podem ter acesso limitado a instalações de saúde e profissionais de saúde qualificados devido à falta de infraestrutura adequada e transporte inadequado. Isso pode resultar em atrasos no diagnóstico e tratamento de condições médicas, contribuindo para desigualdades na saúde (Gutierrez, 2021).

Minorias étnicas e raciais muitas vezes enfrentam desigualdades no acesso aos cuidados de saúde devido à discriminação sistêmica, racismo estrutural e falta de representação em sistemas de saúde. Isso pode resultar em falta de confiança nos serviços de saúde, disparidades no tratamento médico e resultados de saúde mais pobres para essas populações (Gutierrez, 2021).

A falta de seguro saúde adequado pode ser uma barreira significativa ao acesso aos cuidados de saúde. Pessoas sem seguro saúde podem adiar ou evitar cuidados médicos necessários devido a preocupações com custos, resultando em piores resultados de saúde a longo prazo. Grupos desfavorecidos, como trabalhadores informais, migrantes e desabrigados, podem enfrentar dificuldades adicionais para acessar o seguro saúde (Souza, 2022).

As desigualdades de gênero também podem afetar o acesso aos cuidados de saúde, especialmente no que diz respeito à saúde reprodutiva e materna. Mulheres podem enfrentar barreiras ao acesso a contraceptivos, cuidados pré-natais, parto seguro e serviços de planejamento familiar devido a normas culturais, falta de educação em saúde e discriminação de gênero (Gutierrez, 2021).

Indivíduos com baixa literacia em saúde podem ter dificuldade em entender informações sobre serviços de saúde, como agendar consultas, seguir instruções médicas e tomar decisões informadas sobre sua saúde. Isso pode levar a subutilização de serviços de saúde preventiva e diagnóstico tardio de condições médicas, aumentando o risco de desigualdades na saúde. Esses fatores trabalham em conjunto para criar e perpetuar desigualdades na assistência à saúde, destacando a necessidade de abordar questões sociais, econômicas e estruturais para promover a equidade em saúde (Souza, 2022).

Estratégias para reduzir a desigualdade no acesso aos serviços de saúde

Reduzir a desigualdade no acesso aos serviços de saúde é fundamental para promover a equidade em saúde e garantir que todas as pessoas tenham acesso igualitário aos cuidados de saúde de que necessitam. Implementar políticas que reduzam as barreiras financeiras ao acesso aos serviços de saúde, como seguros de saúde universais, subsídios ou isenções de taxas para populações de baixa renda, e programas de assistência social para ajudar no pagamento de medicamentos e tratamentos médicos (Haun et al., 2022).

Ampliar a cobertura de saúde para incluir uma gama abrangente de serviços de saúde essenciais, incluindo cuidados preventivos, tratamento de doenças agudas e crônicas, cuidados maternos e infantis, saúde mental e cuidados de longo prazo. Isso pode ser alcançado por meio da expansão de programas de seguro saúde, como o acesso universal à saúde e investir na expansão e melhoria da infraestrutura de saúde, especialmente em áreas rurais e urbanas desfavorecidas, garantindo que as instalações de saúde estejam convenientemente localizadas e sejam acessíveis por transporte público. Isso pode incluir a construção de novos centros de saúde, clínicas móveis e unidades de saúde comunitárias (Tavares,2019).

Por fim, envolver as comunidades no planejamento, implementação e avaliação de serviços de saúde, garantindo que suas necessidades e preocupações sejam consideradas. Isso pode incluir a criação de conselhos de saúde comunitários, grupos de defesa de pacientes e parcerias com organizações comunitárias locais e realizar monitoramento regular e avaliação do acesso aos serviços de saúde por diferentes grupos populacionais, identificando áreas de desigualdade e ajustando políticas e programas conforme necessário. Isso pode incluir análises de dados demográficos, pesquisas de saúde da população e avaliação do impacto de intervenções específicas na equidade do acesso aos serviços de saúde (Haun et al., 2022).

CONCLUSÃO

Conclui-se que, a desigualdade social tem um impacto profundo no acesso aos serviços de saúde, perpetuando disparidades de saúde entre diferentes grupos populacionais. Para abordar essas desigualdades, é necessário adotar uma abordagem abrangente que reconheça e aborde as causas subjacentes da desigualdade social, promova a equidade em saúde e garanta que todos tenham acesso igualitário a serviços de saúde de qualidade.

Logo, faz-se necessário implementar sistemas de saúde que garantam acesso universal aos serviços de saúde, independentemente da capacidade de pagamento ou status socioeconômico. Isso pode ser alcançado por meio da implementação de seguros de saúde universais ou programas de saúde pública que cubram toda a população.

REFERÊNCIAS

ALMEIDA, C.P.F. de; SILVA, J.A. da; ARAÚJO, J.I.F. de; AZEVEDO, A. C.B. de. Assistência ao pré-natal no Rio Grande do Norte: acesso e qualidade do cuidado na atenção básica. Revista Ciência Plural, [S.L.], v. 7, n. 3, p. 61-80, 26 ago. 2021. Universidade Federal do Rio Grande do Norte – UFRN. http://dx.doi.org/10.21680/2446-7286.2021v7n3id22151. Disponível em: https://periodicos.ufrn.br/rcp/article/view/22151.

DOS SANTOS, D. L. narde; GERHARDT, T. E. Desigualdades sociais e saúde no Brasil: produção científica no contexto do sistema único de saúde. Revista Gaúcha de Enfermagem, Porto Alegre, v. 29, n. 1, p. 129, 2008. Disponível em: https://seer.ufrgs.br/index.php/rgenf/article/view/5310. Acesso em: 14 jun. 2024.

ESPOSTI, C.D.D. Desigualdades sociais e geográficas no desempenho da assistência médico-odontológica pré-natal no Sistema Único de Saúde da Região Metropolitana da Grande Vitória, Espírito Santo, Brasil. 2015. 201 f. Tese (Doutorado em Saúde Pública) – Escola Nacional de Saúde Pública Sergio Arouca, Fundação Oswaldo Cruz, Rio de Janeiro, 2015.

GUTIÉRREZ, M.R. S. Desigualdades sociais na velhice e as potencialidades da prática intersetorial em saúde: algumas considerações gerontológicas. O Social em Questão. 2021;24(50):363-386. Disponível em: https://www.redalyc.org/articulo.oa?id=552266675015

HAUN, J.P.C.A. et al. Narrativas de adoecimento e cuidado: um olhar sobre o estigma, as desigualdades sociais e os direitos humanos em hanseníase. in: anais do 13º congresso brasileiro de saúde coletiva, 2022, Salvador. Anais eletrônicos. Campinas, Galoá, 2022. Disponível em: <https://proceedings.science/abrascao-2022/trabalhos/narrativas-de-adoecimento-e-cuidado-um-olhar-sobre-o-estigma-as-desigualdades-so?lang=pt-br>. Acesso em: 14 jun. 2024.

SOUZA, A.S.S. de. Uso de serviços de saúde e multimorbidade: contribuições para o debate sobre desigualdades sociais em saúde. 2022. 124 f. Tese (Doutorado em Saúde Coletiva) – Instituto de Medicina Social Hesio Cordeiro, Universidade do Estado do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, 2022.

TAVARES, D. Saúde e desigualdades sociais: um tema revisitado a partir de uma investigação empírica. Rev Bras Pesq Saúde. 2019;21(2):8-16. Disponível em: https://repositorio.ipl.pt/handle/10400.21/13259


1 Maior Titulação: Mestranda em Saúde Coletiva no Programa de pós graduação em saúde coletiva na UFRN.
Instituição Vinculada: Universidade Federal do Rio Grande do Norte- UFRN
E-mail: alinepachecoeu@hotmail.com.br

2 Maior Titulação: Mestra em Saúde da Família pela Universidade Federal do Rio Grande Norte – UFRN
Instituição Vinculada: Hospital Universitário Dr. Miguel Riet Corrêa Júnior -FURG/ Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares (EBSERH)
E-mail: thallita.lima@ebserh.gov.br

3 Maior Titulação: Especialista em dermatologia e saúde da família
Instituição Vinculada: Hospital das Clínicas UFPE /Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares (EBSERH)
E-mail: mauramadalena65@hotmal.com

4 Maior Titulação: Mestre em Saúde Coletiva
Instituição Vinculada: Hospital Universitário Lauro Wanderley (HULW)/ Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares (EBSERH)
E-mail: adilasampaio@yahoo.com.br

5 Maior Titulação: Especialista em Nutrição Clínica e segurança nutricional e controle de qualidade de alimentos
Instituição Vinculada: UNINASSAU
E-mail: izabela.alencar@hotmail.com

6 Maior Titulação: Formada em estética e cosmética, biomedicina e ciências biológicas
Instituição Vinculada: Faculdade Multivix
E-mail: mayjoi31@gmail.com

7 Maior Titulação: Mestrando do Programa de Pós-Graduação em Saúde Ambiental e Saúde do Trabalhador – Universidade Federal de Uberlândia (PPGAT – UFU)
Instituição Vinculada: Hospital das clínicas UFU/ Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares (EBSERH)
E-mail: marcio.paulo@ebserh.br

8 Maior Titulação: Mestre em saúde coletiva
Instituição Vinculada: Universidade Federal da Paraíba
E-mail: profjonathancm@gmail.com