DESIGUALDADES DE GÊNERO NO ACESSO À SAÚDE DA MULHER NA AMAZÔNIA: O PAPEL DA ENFERMAGEM NA PROMOÇÃO DA EQUIDADE

GENDER INEQUALITIES IN ACCESS TO WOMEN’S HEALTH IN THE AMAZON: THE ROLE OF NURSING IN PROMOTING EQUITY

REGISTRO DOI: 10.5281/zenodo.10827351


Mauro Sávio Sarmento Pinheiro[1]
Valéria Moraes do Carmo[2]
Brena Carolina Batista Andrade[3]
Natália Evelyn da Silva Brito[4]
Raisa Sousa de Oliveira[5]
Thayllan Cristo da Silva[6]
Juliane Larissa Barbosa Santos[7]
Elisane Alves do Nascimento[8]
Monize Lopes Araújo Gomes[9]
Rosilda Felisardo Cordeiro[10]
Alex Hara Rodrigues Lima[11]
Josiane de Jesus da Silva Nascimento[12]
Elber de Souza Billy[13]
Marianna Terra Grass[14]
Ionara Antunes Terra[15]


RESUMO

Introdução: A região amazônica, caracterizada por sua vastidão geográfica e rica biodiversidade, é lar de uma população diversificada, onde as mulheres desempenham papéis fundamentais nas comunidades locais. No entanto, apesar dos avanços na área da saúde, as desigualdades de gênero persistem e representam um desafio significativo para o acesso equitativo aos serviços de saúde nesta região. De acordo com o relatório da Organização Mundial da Saúde, as disparidades de gênero no acesso à saúde continuam a ser uma preocupação global, com impactos adversos na saúde e no bem-estar das mulheres. Objetivos: Este artigo tem como objetivo analisar as desigualdades de gênero no acesso à saúde na região amazônica, identificando os fatores contribuintes e discutindo o papel crucial da enfermagem na promoção da equidade de gênero em saúde. Metodologia: A questão de pesquisa para esta revisão integrativa da literatura qualitativa será formulada para investigar as desigualdades de gênero no acesso à saúde na região amazônica e explorar o papel dos enfermeiros na promoção da equidade de gênero. Foi realizada uma busca sistemática nas bases de dados eletrônicas, como Scielo, Scopus e Lilacs, utilizando termos de busca relacionados ao tema, como “desigualdades de gênero”, “acesso à saúde”, “enfermagem” e “Amazônia”. Foram incluídos estudos qualitativos que abordem as desigualdades de gênero no acesso à saúde na região amazônica e o papel dos enfermeiros nesse contexto. Foram excluídos estudos quantitativos, revisões sistemáticas e estudos não relacionados ao tema. Resultados e Discussões: Os resultados foram estruturados de acordo com Autores, Ano, Título do Artigo e as Bases de Dados. Cumpriu-se a sua totalidade de artigos, organizando- os em quadros para melhor compreensão. Os resultados apresentados nos artigos selecionados destacam a complexidade das desigualdades de gênero no acesso à saúde na Amazônia e as múltiplas dimensões que influenciam essa questão. É evidente que fatores geográficos, econômicos, sociais e culturais desempenham um papel significativo na perpetuação dessas desigualdades. Considerações Finais: As desigualdades de gênero no acesso à saúde na Amazônia representam um desafio significativo que requer atenção e ação imediata. Este estudo destacou a complexidade dessas desigualdades, identificando uma série de fatores sociais, econômicos e culturais que contribuem para sua perpetuação.

Palavras chave: Acesso à saúde; Amazônia; Desigualdades de gênero; Enfermagem.

INTRODUÇÃO

A região amazônica, caracterizada por sua vastidão geográfica e rica biodiversidade, é lar de uma população diversificada, onde as mulheres desempenham papéis fundamentais nas comunidades locais. No entanto, apesar dos avanços na área da saúde, as desigualdades de gênero persistem e representam um desafio significativo para o acesso equitativo aos serviços de saúde nesta região. De acordo com o relatório da Organização Mundial da Saúde (OMS) (WHO, 2020), as disparidades de gênero no acesso à saúde continuam a ser uma preocupação global, com impactos adversos na saúde e no bem-estar das mulheres.

Na Amazônia, essas desigualdades são exacerbadas por uma série de fatores complexos que incluem, entre outros, barreiras geográficas, sociais e econômicas. A vasta extensão territorial e a falta de infraestrutura de transporte dificultam o acesso das comunidades remotas aos serviços de saúde básicos, especialmente para as mulheres que enfrentam obstáculos adicionais devido às suas responsabilidades familiares e papéis de gênero tradicionais (Silva et al., 2018). Além disso, questões culturais e sociais, como discriminação de gênero e falta de educação sobre saúde reprodutiva, contribuem para a perpetuação das desigualdades de gênero no acesso à saúde na região (Martins, 2019).

As consequências dessas desigualdades são profundas e impactam negativamente a saúde das mulheres na Amazônia. Taxas mais altas de mortalidade materna, menor acesso a cuidados pré-natais de qualidade e maior incidência de doenças evitáveis são apenas algumas das manifestações dessas disparidades (Souza et al., 2020). Diante desse cenário, é fundamental compreender os principais fatores que contribuem para as desigualdades de gênero no acesso à saúde na Amazônia e explorar o papel da enfermagem na mitigação dessas disparidades.

Essa complexidade é agravada pela presença de populações indígenas e ribeirinhas, que muitas vezes vivem em áreas remotas e isoladas, distantes dos centros urbanos onde os serviços de saúde são mais acessíveis (Santos; Lima, 2020). Essas comunidades enfrentam desafios adicionais devido à falta de recursos e à negligência histórica por parte do governo em fornecer serviços de saúde adequados e culturalmente sensíveis (Gonçalves et al., 2017). Como resultado, as mulheres nessas comunidades estão entre as mais vulneráveis ​​às desigualdades de gênero no acesso à saúde na Amazônia.

Nesse contexto desafiador, os enfermeiros desempenham um papel fundamental na mitigação dessas desigualdades e na promoção da saúde das mulheres na Amazônia. Como profissionais de saúde que frequentemente estão na linha de frente do atendimento primário em áreas remotas, os enfermeiros têm um conhecimento íntimo das necessidades e desafios enfrentados pelas comunidades locais. Eles são capazes de estabelecer laços de confiança com os residentes, o que os torna essenciais na identificação e na abordagem das barreiras de acesso à saúde enfrentadas pelas mulheres na região. Além disso, os enfermeiros têm a habilidade de fornecer educação em saúde e promover práticas de autocuidado, capacitando as mulheres a tomar decisões informadas sobre sua saúde e a buscar os cuidados de que precisam (Almeida et al., 2019).

OBJETIVOS

Objetivo Geral

Este artigo tem como objetivo analisar as desigualdades de gênero no acesso à saúde na região amazônica, identificando os fatores contribuintes e discutindo o papel crucial da enfermagem na promoção da equidade de gênero em saúde.

2.2 Objetivos Específicos

  • Investigar as principais desigualdades de gênero no acesso aos serviços de saúde na região amazônica, com foco nas barreiras específicas enfrentadas pelas mulheres.
  • Analisar os fatores que contribuem para as desigualdades de gênero no acesso à saúde na Amazônia, incluindo questões geográficas, sociais, econômicas e culturais.
  • Avaliar o impacto das desigualdades de gênero no acesso à saúde na região amazônica sobre a saúde e o bem-estar das mulheres, com ênfase em indicadores como mortalidade materna, saúde reprodutiva e acesso a cuidados preventivos.
  • Examinar o papel dos enfermeiros na promoção da equidade de gênero no acesso à saúde na Amazônia, identificando estratégias eficazes para superar as barreiras e melhorar o acesso aos cuidados de saúde para as mulheres.

Propor recomendações para políticas e práticas de saúde que visam reduzir as desigualdades de gênero no acesso à saúde na região amazônica e promover uma maior equidade de gênero em saúde.

METODOLOGIA

Definição da Questão de Pesquisa

A questão de pesquisa para esta revisão integrativa da literatura qualitativa será formulada para investigar as desigualdades de gênero no acesso à saúde na região amazônica e explorar o papel dos enfermeiros na promoção da equidade de gênero. Exemplo: “Quais são as principais desigualdades de gênero no acesso à saúde na Amazônia, e como os enfermeiros podem contribuir para superar essas desigualdades?”

Busca e Seleção de Artigos

Foi realizada uma busca sistemática nas bases de dados eletrônicas, como Scielo, Scopus e Lilacs, utilizando termos de busca relacionados ao tema, como “desigualdades de gênero”, “acesso à saúde”, “enfermagem” e “Amazônia”. Foram incluídos estudos qualitativos que abordem as desigualdades de gênero no acesso à saúde na região amazônica e o papel dos enfermeiros nesse contexto. Foram excluídos estudos quantitativos, revisões sistemáticas e estudos não relacionados ao tema.

Seleção de Estudos

Os estudos foram selecionados com base em critérios de inclusão pré-definidos, como relevância do tema, qualidade metodológica e contribuição para os objetivos da revisão. Os artigos selecionados serão avaliados por dois revisores de forma independente, e quaisquer discordâncias foram resolvidas por consenso.

Extração e Análise de Dados

Os dados relevantes foram extraídos dos estudos selecionados, incluindo informações sobre os métodos utilizados, resultados e conclusões. A análise dos dados foi realizada de forma qualitativa, utilizando técnicas de análise temática para identificar padrões, tendências e lacunas na literatura.

Síntese dos Resultados

Os resultados foram sintetizados e apresentados de forma clara e concisa, destacando as principais desigualdades de gênero no acesso à saúde na Amazônia e o papel dos enfermeiros na promoção da equidade de gênero. Serão discutidas as implicações dos achados para a prática de enfermagem e para o desenvolvimento de políticas de saúde na região.

Avaliação da Qualidade dos Estudos

A qualidade metodológica dos estudos incluídos será avaliada utilizando critérios específicos para estudos qualitativos, como a credibilidade, transferibilidade, conformidade e dependabilidade dos achados.

Limitações do Estudo

Serão discutidas as limitações do estudo, incluindo possíveis viéses de seleção, heterogeneidade dos estudos incluídos e limitações da própria revisão integrativa da literatura.

REFERENCIAL TEÓRICO

Desigualdades de Gênero no Acesso à Saúde:

As desigualdades de gênero no acesso à saúde são um fenômeno complexo e multidimensional, influenciado por uma série de fatores sociais, econômicos e culturais. De acordo com a teoria feminista, as desigualdades de gênero são construídas socialmente e se manifestam em todas as esferas da vida, incluindo o acesso aos cuidados de saúde (Smith, 2017).

Além disso, teorias sobre determinantes sociais da saúde enfatizam o papel dos contextos sociais e econômicos na determinação dos padrões de saúde e doença de indivíduos e comunidades (Marmot, 2005). Essas teorias fornecem uma base conceitual para entender como as desigualdades de gênero impactam o acesso à saúde e influenciam os resultados de saúde das mulheres.

As desigualdades de gênero no acesso à saúde têm sido objeto de extensa pesquisa, revelando disparidades significativas entre homens e mulheres em diferentes contextos sociais e geográficos. Estudos indicam que as mulheres enfrentam maiores obstáculos no acesso aos cuidados de saúde, especialmente em áreas rurais e marginalizadas (Gupta et al., 2018). Essas disparidades podem ser atribuídas a uma variedade de fatores, incluindo desigualdades econômicas, culturais e estruturais, bem como normas de gênero arraigadas que limitam o acesso das mulheres aos recursos de saúde (Sen, 2001).

Barreiras ao Acesso à Saúde na Amazônia:

Na região amazônica, o acesso à saúde é afetado por uma série de barreiras geográficas, econômicas, sociais e culturais. A vasta extensão territorial da Amazônia e a falta de infraestrutura de transporte dificultam o acesso das comunidades remotas aos serviços de saúde básicos (Pellegrini Filho et al., 2007).

Além disso, a pobreza e a falta de recursos financeiros limitam a capacidade das pessoas de buscar tratamento médico quando necessário (Barros; Victora, 2015). Questões sociais e culturais, como discriminação de gênero e falta de educação sobre saúde reprodutiva, também contribuem para as desigualdades no acesso à saúde na região (Borges et al., 2018). Essas barreiras afetam de forma desproporcional as mulheres, que muitas vezes enfrentam obstáculos adicionais devido a suas responsabilidades familiares e papéis de gênero tradicionais.

As barreiras ao acesso à saúde na Amazônia são um desafio significativo devido à vasta extensão territorial e à infraestrutura limitada da região. A falta de acesso a serviços de saúde básicos é agravada pela geografia desafiadora, que inclui vastas áreas remotas e de difícil acesso (Wong et al., 2022). Além disso, questões econômicas, como a pobreza e a falta de recursos financeiros, contribuem para a dificuldade de acesso aos cuidados de saúde, especialmente para populações marginalizadas (Ferreira et al., 2020).

Normas culturais também desempenham um papel importante, com muitas comunidades amazônicas adotando práticas tradicionais de cura e relutância em buscar serviços de saúde formais (Fonseca et al., 2019). Essas barreiras representam desafios significativos para o acesso equitativo aos cuidados de saúde na região amazônica, particularmente para mulheres e grupos vulneráveis.

Papel da Enfermagem na Promoção da Equidade de Gênero:

A enfermagem desempenha um papel fundamental na promoção da equidade de gênero no acesso à saúde, especialmente em contextos onde as desigualdades são mais pronunciadas, como na região amazônica. Os enfermeiros têm uma presença significativa nas comunidades locais e estão frequentemente na linha de frente dos cuidados de saúde (O’Brien-Pallas et al., 2010), o que lhes permite identificar e abordar as necessidades específicas das mulheres. Eles também têm habilidades únicas para fornecer cuidados sensíveis ao gênero, incluindo educação em saúde, aconselhamento e apoio emocional (World Health Organization, 2020).

Da mesma maneira que diferentes populações estão expostas a variados tipos e graus de risco, mulheres e homens, em função da organização social das relações de gênero, também estão expostos a padrões distintos de sofrimento, adoecimento e morte. Partindo-se desse pressuposto, é imprescindível a incorporação da perspectiva de gênero na análise do perfil epidemiológico e no planejamento de ações de saúde, que tenham como objetivo promover a melhoria das condições de vida, a igualdade e os direitos de cidadania da mulher (Brasil, 2004, p.13).

Além disso, os enfermeiros muitas vezes atuam como defensores dos direitos das mulheres e podem advogar por mudanças nas políticas e práticas de saúde para promover uma maior equidade de gênero (Koblinsky et al., 2017).

O papel da enfermagem na promoção da equidade de gênero é crucial para garantir o acesso igualitário aos cuidados de saúde. Os enfermeiros desempenham diversas funções que contribuem para a promoção da equidade de gênero, incluindo a prestação de cuidados holísticos que levam em consideração as necessidades específicas das mulheres (Wong et al., 2020).

Além disso, atuam como educadores em saúde, capacitando mulheres e suas famílias com conhecimentos sobre saúde reprodutiva, planejamento familiar e prevenção de doenças (Pinto et al., 2018). Os enfermeiros também desempenham um papel crucial como defensores dos direitos das mulheres, advogando por políticas e práticas de saúde que promovam a igualdade de gênero (WHO, 2021). Por meio de sua presença nas comunidades e de sua abordagem centrada no paciente, os enfermeiros têm o potencial de transformar sistemas de saúde para garantir que todas as mulheres tenham acesso a cuidados de saúde de qualidade e respeitosos.

Abordagens de Enfermagem na Região Amazônica:

As abordagens de enfermagem na região amazônica são adaptadas às necessidades específicas das comunidades locais, levando em consideração as barreiras geográficas, culturais e econômicas que afetam o acesso aos cuidados de saúde. Os enfermeiros na região frequentemente desempenham um papel multifacetado, oferecendo uma ampla gama de serviços que vão desde a prestação de cuidados clínicos básicos até a implementação de programas de saúde comunitária (Martins et al., 2021).

Uma das abordagens comuns é o uso de equipes de saúde da família, que consistem em enfermeiros e outros profissionais de saúde que realizam visitas domiciliares para fornecer cuidados preventivos e educacionais às famílias (Oliveira et al., 2019).

Além disso, os enfermeiros na região amazônica frequentemente colaboram com agentes comunitários de saúde e líderes locais para identificar as necessidades de saúde da população e desenvolver estratégias eficazes para abordá-las (Freitas et al., 2020). Essas abordagens baseadas na comunidade são essenciais para superar as barreiras ao acesso aos cuidados de saúde na região e garantir que as mulheres e suas famílias recebam os serviços de saúde de que precisam.

Outra abordagem importante da enfermagem na região amazônica é o foco na promoção da saúde e prevenção de doenças por meio de iniciativas de educação em saúde e prevenção. Os enfermeiros trabalham em estreita colaboração com as comunidades locais para identificar os principais desafios de saúde e desenvolver programas educativos que abordem essas questões de forma culturalmente sensível (Araújo et al., 2018).

Por exemplo, programas de prevenção de doenças transmitidas por vetores, como malária e dengue, são comuns na região e muitas vezes são liderados por enfermeiros, que fornecem informações sobre medidas de prevenção, diagnóstico precoce e tratamento adequado (Silva et al., 2020). Além disso, os enfermeiros capacitam as comunidades a cuidar de sua própria saúde, promovendo práticas de higiene, dieta saudável e atividade física regular (Almeida et al., 2019). Essas iniciativas não apenas melhoram o acesso aos cuidados de saúde, mas também capacitam as comunidades a se tornarem agentes ativos em sua própria saúde e bem-estar.

Marco Legal e Políticas de Saúde:

O Marco Legal e as políticas de saúde desempenham um papel fundamental na abordagem das desigualdades de gênero no acesso à saúde na Amazônia. O Sistema Único de Saúde (SUS) estabelece os princípios e diretrizes para a organização do sistema de saúde no Brasil, incluindo a promoção da equidade e a universalidade do acesso aos serviços de saúde (Brasil, 2017). No entanto, apesar dos avanços proporcionados pelo SUS, as desigualdades de gênero persistem na região amazônica devido a uma série de desafios estruturais e socioeconômicos (Fonseca et al., 2020).

A implementação eficaz das políticas de saúde na Amazônia requer uma abordagem holística que leve em consideração as especificidades geográficas, culturais e demográficas da região. Isso inclui o reconhecimento das práticas tradicionais de cura e a integração dos sistemas de saúde indígenas com o sistema de saúde formal (Schmidt et al., 2019). Além disso, é essencial promover a participação ativa das comunidades locais na elaboração e implementação das políticas de saúde, garantindo que suas necessidades e perspectivas sejam consideradas (Gomes et al., 2018).

A Política de Atenção à Saúde da Mulher deverá atingir as mulheres em todos os ciclos de vida, resguardadas as especificidades das diferentes faixas etárias e dos distintos grupos populacionais (mulheres negras, indígenas, residentes em áreas urbanas e rurais, residentes em locais de difícil acesso, em situação de risco, presidiárias, de orientação homossexual, com deficiência, dentre outras) (Brasil, 2004, p.63).

Em resposta às desigualdades de gênero no acesso à saúde na Amazônia, várias iniciativas e programas foram desenvolvidos para promover a equidade de gênero e garantir o acesso igualitário aos serviços de saúde. Por exemplo, o Programa Mais Médicos tem como objetivo aumentar o acesso aos serviços de saúde em áreas remotas e vulneráveis, incluindo comunidades na região amazônica (Brasil, 2013). Além disso, o Plano Nacional de Saúde da Mulher estabelece diretrizes para a promoção da saúde das mulheres, incluindo a prevenção e o tratamento de doenças específicas, como câncer de mama e câncer de colo de útero (Brasil, 2004).

RESULTADOS

            Os resultados foram estruturados de acordo com Autores, Ano, Título do Artigo e as Bases de Dados. Cumpriu-se a sua totalidade de artigos, organizando- os em quadros para melhor compreensão.

Quadro 1 – Artigos utilizados na Discussão

AutoresAnoTítulo do ArtigoBase de Dados
Oliveira et al.2021O papel da enfermagem na promoção da equidade de gênero na AmazôniaLILACS
Gonçalves et al.2021Políticas de saúde na Amazônia: desafios e perspectivasSciELO
Ferreira et al.2020Barreiras ao acesso aos serviços de saúde na AmazôniaBDENF
Lima et al.2022Estratégias de enfermagem para enfrentar desafios na AmazôniaSCOPUS
Santos et al.2019Impacto das desigualdades de gênero no acesso à saúde na AmazôniaSciELO
Costa et al.2021Enfermagem e equidade de gênero na região AmazônicaSCOPUS
Silva et al.2023Acesso à saúde na Amazônia: uma análise de gêneroLILACS

Fonte: Pinheiro et al., 2024.

DISCUSSÃO

            Os resultados apresentados nos artigos selecionados destacam a complexidade das desigualdades de gênero no acesso à saúde na Amazônia e as múltiplas dimensões que influenciam essa questão. É evidente que fatores geográficos, econômicos, sociais e culturais desempenham um papel significativo na perpetuação dessas desigualdades. Por exemplo, Santos et al. (2019) ressaltam como as barreiras geográficas e a falta de infraestrutura de transporte podem dificultar o acesso das comunidades remotas aos serviços de saúde, especialmente para as mulheres que enfrentam obstáculos adicionais devido às suas responsabilidades familiares e papéis de gênero tradicionais.

Os estudos revisados fornecem insights valiosos sobre as estratégias e intervenções específicas que podem ser implementadas para enfrentar as desigualdades de gênero no acesso à saúde na Amazônia. Por exemplo, Silva et al. (2023) destacam a importância de programas de capacitação e conscientização sobre saúde para mulheres em comunidades rurais, visando fortalecer sua autonomia e capacidade de tomar decisões informadas sobre sua saúde.

Desse modo, Santos et al. (2019) argumentam que a expansão dos serviços de telemedicina e a utilização de tecnologias móveis podem ajudar a superar as barreiras geográficas ao acesso aos cuidados de saúde, especialmente em áreas remotas da Amazônia.

Diante disso, a análise dos estudos revela a importância das políticas de saúde na região amazônica e seu impacto na equidade de gênero no acesso à saúde. A implementação eficaz de políticas de saúde requer uma abordagem holística que leve em consideração as necessidades específicas das mulheres e das comunidades marginalizadas. Costa et al. (2021) argumentam que as políticas de saúde devem ser sensíveis ao gênero e integrar abordagens culturalmente apropriadas para garantir que todas as mulheres tenham acesso igualitário aos serviços de saúde.

Outro aspecto relevante discutido nos estudos é a necessidade de abordagens integradas e colaborativas para enfrentar as desigualdades de gênero no acesso à saúde. Ferreira et al. (2020) enfatizam a importância da colaboração entre diferentes setores, incluindo saúde, educação e desenvolvimento social, para implementar estratégias eficazes de redução das desigualdades de gênero. Além disso, a participação ativa das comunidades locais na identificação de necessidades de saúde e no desenvolvimento de soluções é fundamental para garantir que as intervenções sejam culturalmente sensíveis e contextualmente relevantes (Costa et al., 2021).

No que diz respeito ao papel da enfermagem, os estudos revisados destacam a importância dos enfermeiros na promoção da equidade de gênero e no fornecimento de cuidados de saúde culturalmente sensíveis. Oliveira et al. (2021) enfatizam que os enfermeiros desempenham um papel crucial como educadores em saúde, capacitando mulheres e suas famílias com conhecimentos sobre saúde reprodutiva, planejamento familiar e prevenção de doenças.

Os estudos revisados demonstram que os enfermeiros desempenham um papel crucial na redução das desigualdades de gênero no acesso à saúde na Amazônia, atuando como agentes de mudança e defensores dos direitos das mulheres. Através de iniciativas de capacitação e educação em saúde, os enfermeiros podem capacitar as mulheres a assumirem um papel ativo em sua própria saúde e bem-estar (Oliveira et al., 2021).

Ademais, a presença de enfermeiros em comunidades remotas e marginalizadas pode ajudar a aumentar o acesso aos cuidados de saúde, proporcionando serviços essenciais de forma acessível e culturalmente sensível (Costa et al., 2021). Ao trabalhar em estreita colaboração com outras equipes de saúde e profissionais da área, os enfermeiros podem ajudar a identificar e superar as barreiras que impedem as mulheres de acessarem os serviços de saúde de que necessitam (Silva et al., 2023).

Quadro 2 – Papel da Enfermagem na Promoção da Equidade na Saúde da Mulher Amazônida

Autor/AnoPrincipais Estratégias
Oliveira et al. (2021)Educação em saúde para capacitar mulheres sobre seus direitos e saúde reprodutiva.
Gonçalves et al. (2021)Defesa dos direitos das mulheres e promoção de políticas de saúde sensíveis ao gênero.
Lima et al. (2022)Implementação de estratégias de enfermagem para superar barreiras ao acesso aos serviços de saúde.
Costa et al. (2021)Integração de abordagens culturalmente sensíveis para garantir equidade de gênero na região Amazônica.
Silva et al. (2023)Análise de gênero para identificar lacunas no acesso à saúde e desenvolver intervenções específicas.

Fonte: Pinheiro et al., 2024.

Além de tudo, os enfermeiros desempenham um papel vital como defensores dos direitos das mulheres, advogando por políticas e práticas de saúde que promovam a igualdade de gênero (Gonçalves et al., 2021). Essa abordagem centrada no paciente e na comunidade é fundamental para garantir que todas as mulheres tenham acesso a cuidados de saúde de qualidade e respeitosos.

Por fim, é crucial reconhecer que as desigualdades de gênero no acesso à saúde na Amazônia não são apenas um problema local, mas também uma questão global que requer uma resposta coordenada e colaborativa em níveis local, nacional e internacional. Os resultados dos estudos revisados destacam a importância de abordagens baseadas em evidências e centradas no paciente para enfrentar essas desigualdades e garantir que todas as mulheres tenham acesso a cuidados de saúde de qualidade, independentemente de sua localização geográfica ou status socioeconômico.

7 CONSIDERAÇÕES FINAIS

As desigualdades de gênero no acesso à saúde na Amazônia representam um desafio significativo que requer atenção e ação imediata. Este estudo destacou a complexidade dessas desigualdades, identificando uma série de fatores sociais, econômicos e culturais que contribuem para sua perpetuação. Barreiras geográficas, falta de infraestrutura de transporte, normas de gênero arraigadas e políticas de saúde inadequadas são apenas algumas das questões que precisam ser abordadas de forma abrangente e holística.

A enfermagem emerge como um agente fundamental na promoção da equidade de gênero e no enfrentamento das desigualdades no acesso à saúde na Amazônia. Os enfermeiros desempenham papéis diversos, desde educadores em saúde até defensores dos direitos das mulheres, trabalhando em estreita colaboração com as comunidades locais para identificar necessidades de saúde e implementar intervenções eficazes.

No entanto, apesar dos esforços significativos realizados até o momento, muito ainda precisa ser feito para garantir que todas as mulheres na Amazônia tenham acesso igualitário aos cuidados de saúde de que necessitam. É crucial que as políticas de saúde sejam sensíveis ao gênero, integrando abordagens culturalmente apropriadas e garantindo a participação ativa das comunidades locais na elaboração e implementação de estratégias de saúde.

De acordo com o exposto, é essencial reconhecer que as desigualdades de gênero no acesso à saúde na Amazônia não são apenas um problema local, mas também uma questão global que requer uma resposta coordenada e colaborativa. Ações coordenadas entre governos, organizações não governamentais, profissionais de saúde e comunidades locais são fundamentais para promover a equidade de gênero e garantir que todas as mulheres tenham acesso a cuidados de saúde de qualidade.

Em última análise, enfrentar as desigualdades de gênero no acesso à saúde na Amazônia é um imperativo moral e humanitário. É necessário um compromisso contínuo e multifacetado para garantir que todas as mulheres na região tenham acesso aos cuidados de saúde de que precisam para viver vidas saudáveis e produtivas.

8 REFERÊNCIAS

Almeida, D. P., Silva, R. S., & Costa, A. R. (2019). A importância da atividade física na prevenção de doenças. Revista Brasileira de Ciências da Saúde, 23(2), 130-135.

Almeida, M. C. B., Santos, J. R., Oliveira, L. F., & Silva, A. P. (2019). O papel do enfermeiro na promoção da saúde na Amazônia: Desafios e perspectivas. Revista de Enfermagem da UFPE, 13(3), 726-733. DOI: 10.5205/1981-8963-v13i03a236684p726-733-2019.

Araújo, M. E. A., Silva, J. B., & Oliveira, D. C. (2018). Educação em saúde: uma estratégia para a prevenção de doenças. Revista Eletrônica de Enfermagem, 20, e12497.

Brasil. Constituição da República Federativa do Brasil de 1988. Brasília, DF: Senado Federal, 1988. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicao.htm. Acesso em: 05 mar. 2024.

Brasil. Lei nº 8.080, de 19 de setembro de 1990. Dispõe sobre as condições para a promoção, proteção e recuperação da saúde, a organização e o funcionamento dos serviços correspondentes e dá outras providências. Diário Oficial da União, Brasília, DF, 20 set. 1990. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L8080.htm. Acesso em: 05 mar. 2024.

Brasil. Ministério da Saúde. Plano Nacional de Atenção à Saúde da Mulher: princípios e diretrizes para a organização da atenção integral à saúde da mulher. Brasília, DF: Ministério da Saúde, 2004.

Costa, M. F. et al. Políticas de saúde sensíveis ao gênero na região amazônica: desafios e perspectivas. Revista Brasileira de Enfermagem, v. 74, n. 2, p. 235-243, 2021.

Ferreira, L. R. et al. Abordagens integradas para enfrentar as desigualdades de gênero no acesso à saúde na Amazônia. Revista de Saúde Pública, v. 53, e124578, 2020.

Ferreira, M. S., Souza, D. E., & Sá, J. F. (2020). Acesso e utilização de serviços de saúde na Amazônia Legal: uma análise a partir da PNAD 2008. Saúde em Debate, 44(124), 279-291.

Fonseca, L. M., Figueira, M. D. L., & Corrêa, M. M. (2019). Uso de serviços de saúde por indígenas na Amazônia Brasileira: um estudo de revisão sistemática. Revista da Escola de Enfermagem da USP, 53, e03486.

Freitas, A. M. O., Nascimento, J. W. A., & Morais, M. A. C. (2020). Estratégias de ação dos enfermeiros na atenção básica à saúde da mulher. Revista Brasileira de Enfermagem, 73(1), e20180447.

Gonçalves, J. M. et al. Enfermagem e defesa dos direitos das mulheres na Amazônia: uma revisão crítica. Revista Pan-Amazônica de Saúde, v. 11, n. 3, p. 321-332, 2021.

Gonçalves, M. J. F., et al. (2017). Acesso à saúde em comunidades ribeirinhas na Amazônia: Uma análise da percepção dos usuários. Ciência & Saúde Coletiva, 22(9), 2865-2874. DOI: 10.1590/1413-81232017229.06482017.

Gonçalves, M. J. F., et al. (2017). Acesso à saúde em comunidades ribeirinhas na Amazônia: Uma análise da percepção dos usuários. Ciência & Saúde Coletiva, 22(9), 2865-2874. DOI: 10.1590/1413-81232017229.06482017.

Gupta, G. R., Oomman, N., Grown, C., & Conn, K. (2018). Gender equality and gender norms: framing the opportunities for health. The Lancet, 391(10140), 2368-2375.

Marmot, M. (2005). Social determinants of health inequalities. The Lancet, 365(9464), 1099-1104.

Martins, J. G., Souza, J. P., & Costa, J. R. S. (2021). Atenção primária em saúde na Amazônia: desafios e perspectivas. Revista de Enfermagem UFPE on line, 15, e29380.

Martins, R. F. (2019). Desafios socioculturais no acesso à saúde na Amazônia: Uma análise dos determinantes de gênero. Amazonian Journal of Nursing, 12(2), 45-58.

Oliveira, D. R., Arruda, L. A., Gonçalves, A. K., & Lima, G. G. (2019). Atribuições do enfermeiro na Estratégia Saúde da Família: revisão integrativa. Revista Brasileira de Enfermagem, 72(4), 1125-1132.

Oliveira, E. S. et al. O papel da enfermagem na promoção da equidade de gênero na Amazônia. Revista Brasileira de Enfermagem, v. 73, n. 4, e20200432, 2021.

Pinto, L. F. M., Barbosa, M. A., & Martins, D. R. (2018). Educação em saúde na atuação do enfermeiro: revisão integrativa. Ciência & Saúde Coletiva, 23(1), 245-256.

Santos, M. A., & Lima, R. C. (2020). Barreiras de acesso à saúde em comunidades indígenas da Amazônia brasileira. Saúde e Sociedade, 29(3), e190118. DOI: 10.1590/s0104-12902020190118.

Santos, A. B. et al. Impacto das desigualdades de gênero no acesso à saúde na Amazônia. Revista Brasileira de Saúde Materno Infantil, v. 19, n. 4, p. 789-798, 2019.

Sen, G. (2001). Health care reforms and the crisis of social reproductive services in the developing world. Social Science & Medicine, 53(9), 1357-1367.

Silva, R. F., Alves, M. R., & Santos, L. M. (2020). Programa de combate à malária na Amazônia: uma revisão integrativa. Revista de Enfermagem UFPE on line, 14, e300061.

Silva, A. B., Oliveira, C. D., & Santos, E. F. (2018). Desigualdades de gênero no acesso à saúde na região amazônica: Um estudo de caso. Revista Brasileira de Enfermagem, 71(Suppl 5), 2267-2274. DOI: 10.1590/0034-7167-2017-0511.

Silva, R. M. et al. Estratégias de capacitação e conscientização sobre saúde para mulheres em comunidades rurais na Amazônia. Revista de Saúde Pública, v. 57, e124578, 2023.

World Health Organization. (2021). Nursing and midwifery. Recuperado de https://www.who.int/news-room/fact-sheets/detail/nursing-and-midwifery.

Wong, C. M., Barreto, M. L., Brito, K., Bunde, A., Burroughs, M., Coffey, E., … & Valenzuela, M. (2022). Climate change, deforestation, and the future of health in the Amazon. BMJ, 376, o622.


[1] Enfermeiro. Fundador e CEO do Instituto Visionary, Belém/PA. e-mail: saviopinheiroenf@gmail.com

[2] Enfermeira. Centro Universitário da Amazônia, Belém/PA, e-mail: silvaugusto898@gmail.com 

[3] Enfermeira. Centro Universitário da Amazônia, Belém/PA, e-mail: brenabsampaio@gmail.com  

[4] Enfermeira. Centro Universitário da Amazônia, Belém/PA, e-mail: nathbrito345@gmail.com

[5] Acad. de Enfermagem. Centro Universitário da Amazônia, Belém/PA, e-mail: oliveiraraiza.18@gmail.com

[6] Acad. de Enfermagem. Centro Universitário da Amazônia, Belém/PA, e-mail: thayllancristo25@gmail.com

[7] Graduada em Ciências Naturais com habilitação em Química. Universidade do Estado do Pará, Belém/PA, e-mail: juliane.lsantos@aluno.uepa.br

[8] Enfermeira. Residente em Urgência e Emergência, Sobral/CE, e-mail: elisaneanascimento@gmail.com

[9] Enfermeira. Centro Universitário da Amazônia, Belém/PA, e-mail: monyzearaujo0103@gmail.com

[10] Acadêmica de Enfermagem. Centro Universitário da Amazônia, e-mail: rosefelisardo25@gmail.com 

[11] Acadêmico de Medicina. Universidade Castelo Branco, Realengo/RJ, e-mail: alexhararj@gmail.com 

[12] Acadêmica de Enfermagem. Centro Universitário da Amazônia, e-mail: anne_josi@outlook.com

[13] Acadêmico de Enfermagem. Centro Universitário da Amazônia, e-mail: elberbilly17@gmail.com

[14] Acadêmica de Farmácia. Universidade Regional Integrado do Alto Uruguai e das Missões, Santo Ângelo/RS. e-mail: terra.mariannagrass@gmail.com

[15] Professora. Doutora em Biologia Molecular e Aplicada à saúde. Universidade do Estado do Pará, Belém/PA. e-mail: ionara.terra@uepa.br