DESFECHO DA UTILIZAÇÃO DO CPAP BOLHA E CPAP CONVENCIONAL NO TRATAMENTO DA SÍNDROME DO DESCONFORTO RESPIRATÓRIO EM NEONATOS PREMATUROS

REGISTRO DOI: 10.5281/zenodo.7772023


Jhenifer Paola Arzamendia Rozas1
Carla Regina Camargo2
Isabel Fernandes3 


RESUMO 

Introdução: A Síndrome do Desconforto Respiratório (SDR) é uma das principais  causas de morbidades em prematuros, devido a imaturidade pulmonar que resulta na  deficiência de surfactante. Um dos tratamentos utilizados para SDR é a Continuous  Positive Airway Pressure – CPAP, um sistema de ventilação não invasiva com pressão  positiva continua nas vias aéreas através de interfaces, podendo ser ofertado através  do ventilador por fluxo variável ou então por fluxo contínuo através do CPAP Bolha

Objetivo: Avaliou o desfecho da utilização da ventilação não invasiva através do  CPAP Convencional (fluxo variável) e CPAP Bolha (fluxo contínuo) em neonatos  internados na Unidade de Terapia Intensiva. Métodos: Pesquisa observacional,  longitudinal, retrospectiva e quantitativa. Avaliou prontuários eletrônicos de pacientes  (PEP) do primeiro semestre do ano de 2022 de um hospital de referência em terapia  intensiva neonatal de Foz do Iguaçu-PR. Resultados: Foram avaliados 69 PEP de  pacientes recém-nascidos prematuros, submetidos ao suporte ventilatório de fluxo  contínuo (46.38%;n=32) e variável (53.62%;n=37). A análise indicou a associação das  variáveis peso (p. 0,0048), tipo de parto (p. 0,0002), histórico de gestações (p. 0,0001),  intercorrências na gravidez (p. 0,0001) e a pressão positiva expiratória final (p. 0,0372)  com a utilização do CPAP Convencional (fluxo variável) e CPAP Bolha (fluxo contínuo). O desfecho identificado foi de 61%(n=42) de sucesso e 39%(n=27) de  insucesso. Conclusão: O tratamento com CPAP Bolha por fluxo contínuo apresentou  resultados mais favoráveis quando comparado ao tratamento com CPAP  Convencional por fluxo variável. 

Palavras-chaves: Prematuridade; Neonato; Ventilação não Invasiva. 

INTRODUÇÃO 

Os recém-nascidos são classificados de acordo com a idade gestacional.  Denominado pós-termo aqueles que nasceram após 42 semanas gestacionais  completas. Os atermos são os nascidos entre 38 a 42 semanas. Por último, os pré termos são os nascidos com idade ≤ 37 semanas18

Os recém-nascidos (RN) prematuros são classificados em prematuros  moderados quando nascem entre 32 semanas e 36 semanas e 6 dias, muito  prematuro quando o parto ocorre antes de completar 28 a 32 semanas e prematuro  extremo para os nascidos com menos de 28 semanas gestacionais21

A prematuridade desencadeia inúmeras disfunções fisiológicas, com fatores  etiológicos, variáveis, associados às condições clínicas que podem trazer alterações  no padrão de crescimento e desenvolvimentos dos prematuros18. Síndrome do  Desconforto Respiratório (SDRA), também conhecido como Síndrome da Membrana  Hialina(SMH) é um exemplo destas disfunções e que implica em hospitalização  neonatal em cerca de 30,3% de recém-nascidos com essa queixa4

A SDRA é uma das principais causas de morbidades em pacientes recém nascidos. Devida à imaturidade pulmonar, resulta a deficiência de surfactante,  substância lipoproteica sintetizada a partir da vigésima semana de gestação. Esta  substância é produzida pelas células pneumocócicos do tipo II, sendo o pico de  produção entre a trigésima quinta semana. É armazenada nos corpos lamelares cuja função é diminuir a tensão superficial dos alvéolos para evitar que ocorra colabamento  na expiração14,22

Um dos tratamentos utilizados para SDR é a Continuous Positive Airway  Pressure (CPAP), um sistema de ventilação não invasiva com pressão positiva  contínua nas vias aéreas através de interfaces como, máscara nasal, máscara facial, cânula orotraqueal e nasotraqueal, pronga nasal única curta, bisnasal curta e  nasofaringea. É ofertada através do ventilador por fluxo variável ou então por fluxo  continuo através do CPAP Bolha também conhecido como CPAP em selo d’água, um  aparelho especifico que consiste em um suporte ventilatório no qual o remo expiratório  é submergido em um selo d’água, responsável por definir a pressão expiratória  positiva final (PEEP)15,32

O CPAP Bolha é uma alternativa de suporte ventilatório não invasivo, que por  sua vez, administra fluxo contínuo nas vias aéreas, aquecendo, umidificando e  gerando PEEP em bolhas de ar através do contato com o selo d’água. Essa frequência  oscilatória promove uma estabilização nos alvéolos, diminuindo o desvio  intrapulmonar e melhorando o metabolismo do surfactante9

O estudo analisou o desfecho da utilização da ventilação não invasiva através  do CPAP Convencional (fluxo variável) e CPAP Bolha (fluxo contínuo) via avaliação de PEP do primeiro semestre do ano de 2022 de um hospital de referência em terapia  intensiva neonatal de Foz do Iguaçu-PR. 

MÉTODOS 

Pesquisa observacional, longitudinal, retrospectiva e quantitativa. Avaliou  prontuários eletrônicos de pacientes do primeiro semestre do ano de 2022 de um  hospital de referência em terapia intensiva neonatal de Foz do Iguaçu-PR. Foram  coletados para o presente estudo, dados clínicos dos recém-nascidos, dados basais  das puérperas, parâmetros do sistema ventilatório utilizado pressão positiva  expiratória final e fração de oxigênio (PEEP e FIO2) respectivo ao tratamento  escolhido, tempo de uso do dispositivo, se o recém-nascido foi surfactado ou não e  qual foi o desfecho final. 

Os critérios aplicados para incluir um PEP na avaliação dos dados dos recém nascido foram: prematuro, acometido pela síndrome do desconforto respiratório,  internado no setor de terapia intensiva neonatal, em tratamento com Ventilação não  invasiva e ter convenio ao Sistema Único de Saúde. Foram excluídos os documentos  de RN com má formação ou outras morbidades e em tratamento com ventilação  mecânica invasiva.

A amostra foi composta por 69 PEP de recém-nascidos, classificados como  pré-termos com diagnóstico SRDA. Entre estes documentos, 32 eram RN em  tratamento com CPAP Bolha de fluxo contínuo e 37 submetidos ao tratamento com  CPAP Convencional de fluxo variável. O desenho da pesquisa está na Figura 1

Figura 1. Fluxograma de seleção da amostra. 

Fonte: Autores, 2022. 

As variáveis qualitativas foram consolidadas com frequência absoluta (fi) e porcentagem equivalente (%). As variáveis foram submetidas ao teste de  independência com a tecnologia de conforto respiratório dos RN. Para esta análise  utilizou-se o Teste G, sendo considerado significativo resultados com P<0,05. O  software utilizando foi o BioEstat, em sua versão 5.0. 

O projeto de pesquisa do presente estudo tramitou no Comitê de Ética em  Pesquisa com Seres Humanos sob o número CAAE: 58865522.2.0000.0107 e foi  aprovado no parecer 5.432.815. 

RESULTADOS 

Quanto às características basais dos pacientes RN, submetidos ao suporte  ventilatório de fluxo contínuo (46.38%;n=32) e variável (53.62%;n=37), foram  identificados as variáveis/categorias mais preponderantes para essas classificações  de desconforto respiratório respectivamente: RN do sexo feminino (23,19%; n-16 /  30,43; n=21); baixo peso (37,68%;n=26 / 27,54%;n=19); prematuro moderado  (33,33%;n=23 / 31,88%;n=22); escala de Apgar 1º minuto com boa adaptação  (30,43%;n=21 / 36,23%;n=25); escala de Apgar 5º minuto também com boa adaptação  (40,58%;n=28 / 47,83%;n=33); e, parto cirúrgico (31,88%;n=22 / 50,72%;n=35). A  análise indicou a associação, estatisticamente significativa, das variáveis peso (p.  0,0048), tipo de parto (p. 0,0002) com a tecnologia de conforto respiratório CPAP  Convencional (fluxo variável) e CPAP Bolha (fluxo contínuo) (tabela 1). 

Tabela 1 – Características basais dos pacientes (variáveis expressas em porcentagem %) 

Foi executado Teste G para duas amostras independentes na comparação dos dados basais dos pacientes entre  o grupo com Fluxo Contínuo e o grupo com Fluxo Variável, sendo os resultados p < 0,005 considerado  estaticamente significativo. 

Para as características basais das puérperas foram identificadas as  variáveis/categorias mais preponderantes na classificação do CPAP Convencional  (fluxo variável) e CPAP Bolha (fluxo contínuo): faixa etária de 25 a 35 anos (15,94%;n=11 / 26,09%;n=18); com histórico ginecológico de 1 a 2 gestações (23,19%;n=16 / 30,43%;n=21); nenhum aborto (33,33%;n=23 / 34,78%;n=21); sem  relato de hábitos sociais (37,68%;n=26 / 44,93%;n=31); com presença de pré-natal  (43,48%;n=30 / 46,38%;n=32 e, nenhuma intercorrências durante a gestação (37,68%;n=26 / 24,64%;n=17). A análise indicou a associação significativa das  variáveis histórico de gestações (p. 0,0001) e intercorrências na gravidez (p. 0,0001)  com o CPAP convencional de fluxo variável e CPAP bolha de fluxo contínuo (tabela 2)

Tabela 2 – Características basais das puérperas (variáveis expressas em porcentagem %) 

Foi executado Teste G para duas amostras independentes na comparação dos dados basais das puérperas  entre o grupo com Fluxo Contínuo e o grupo com Fluxo Variável, sendo os resultados p < 0,05 considerado  estaticamente significativo. 

Vale ressaltar que a tabela 3 resume o tempo de uso e os parâmetros do CPAP,  variáveis de apoio às respostas aos objetivos deste estudo. Então, referente ao tempo  de instalação do CPAP Bolha por fluxo contínuo, mostra que 11,59% (n=8) permaneceram menos de 24 horas sob tratamento, cerca 17,39% (n=12) permaneceram por apenas 1 dias, 15,94% (n=11) permaneceram entre 2 a 5 dias e  apenas 1,45% (n=1) permaneceram por 5 dias ou mais.  

Nos RN com tratamento em CPAP convencional por fluxo variável, mostra que  14,49% (n=10) permaneceram menos de 24 horas sob tratamento, 18,84% (n=13) permaneceram apenas 1 dia, 17,39% (n=12) permaneceram entre 2 a 5 dias e apenas  2,90% (n=2) permaneceram por 5 dias ou mais. 

Os dados relacionados aos parâmetros utilizados de PEEP respectivos à amostra em tratamento com fluxo contínuo, indicam que 1,45% (n=1) utilizava PEEP  4, 11,59% (n=8) utilizava PEEP 5, 31,88% (n=22) usavam PEEP 6 e 1,45% (n=1)  utilizava PEEP 7. 

No tratamento com fluxo variável, os parâmetros encontrados foram PEEP 5  26,09% (n=18) e PEEP 6 27,54% (n=19). 

Os parâmetros de FiO2 em prematuros com fluxo contínuo, 10,14% (n=7) utilizava entre 21% a 25%, 23,19% (n=16) utilizava entre 30% a 35%, 11,59% (n=8))  utilizava entre 40% a 45% e 1,45% (n=1) usavam FiO2 ≥ 50%.

Os parâmetros de FiO2 da amostra submetida ao tratamento por fluxo variável,  mostram que 11,59% (n=8) utilizavam FiO2 entre 21% a 25%, 21,74% (n=15) utilizava FiO2 entre 30% a 35%, 18,84% (n=13) utilizava FiO2 entre 40% a 45% e apenas  1,45% (n=1) utilizava FiO2 ≥ 50%.  

Quanto a utilização do surfactante, apenas 10,14% (n=7) dos RNs em  tratamento com fluxo contínuo foram surfactados, sendo o restante (36,23%;n=25)  não surfactados. Já entre os RNs em tratamento com fluxo variável, um total de 20,29% (n=14) dos RNs foram surfactados enquanto 33,33% (n=23) não precisaram ser surfactados. A tabela 3 resume o tempo de uso e os parâmetros do CPAP. 

Tabela 3 – Tempo de uso e parâmetros utilizados no CPAP (valores expressos em porcentagem %) 

Foi executado Teste G para duas amostras independentes na comparação do tempo de instalação e  parâmetros utilizados entre o grupo com Fluxo Contínuo e o grupo com Fluxo Variável, sendo os resultados p <  0,05 considerado estaticamente significativo. 

O estudo revelou que 61% (n=42) da amostra total obtiveram desfecho  considerado sucesso, evoluindo para ar ambiente sem retorno para o CPAP. Dentre  esse total 33,33% (n=23) estavam submissos ao tratamento com CPAP Bolha por  fluxo contínuo e 27,54% (n=19) submetidos ao tratamento com CPAP Convencional por fluxo variável. Os 39% da amostra total obtiveram desfecho considerado insucesso, sendo 13% (n=9) da amostra em tratamento com fluxo contínuo e 26% (n=18) da amostra com fluxo variável. 

Dentre os 13% que obtiveram desfecho insucesso respectivo a amostra em  tratamento com CPAP Bolha por fluxo contínuo, 4,35% (n=3) migraram para o CPAP  Convencional por fluxo variável, 2,90% (n=2) retornaram após o desmame e 5,80%  (n=4) evoluíram para ventilação mecânica invasiva, não havendo nenhum óbito  registrado dentre esta amostra. Em relação aos 26% da amostra com CPAP  Convencional que obtiveram desfecho considerado insucesso, 2,90% (n=2) migraram  para o CPAP Bolha, cerca de 7,25% (n=5) retornaram após o desmame, 13,04% (n=9)  evoluíram para a ventilação mecânica invasiva e 2,90% (n=2) foram a óbito. O  Gráfico 1 resume o desfecho de ambos tratamentos.  

Gráfico 1. Resumo do desfecho de ambos os tratamentos 

DISCUSSÃO 

Sucesso Insucesso

Segundo a análise do estudo prospectivo de natureza quantitativa de Didier et  al12, realizado no Instituto de Medicina Integral Prof. Fernando Figueira (IMIP) através  de dados coletados em prontuários na UTIN, a amostra investigada foi composta por  50% do sexo feminino e 50% do sexo masculino, não apresentando diferença  significativa referente ao sexo associado ao desconforto respiratório, resultado esses,  similares da presente pesquisa que foi composta por 53,62% dos RN do sexo feminino e 46,38% do sexo masculino. Entretanto, Bernardino et al2, afirma em sua pesquisa que, a SDR é mais comum no sexo masculino, fato esse, associado ao  amadurecimento tardio do pulmão quando comparado ao sexo feminino.  

De acordo com a pesquisa de Bahman-Bijari et al3, realizada em uma unidade  de cuidados neonatais do Hospital Afzalipoor, dentre a amostra analisada, composta  por de 50 prematuros, sendo 25 submetidos ao tratamento por CPAP Bolha e 25  submetidos ao CPAP Convencional, todos os prematuros diagnosticados com  síndrome do desconforto respiratório apresentavam baixo peso. Dados esses  explicado por De Jesus11, que afirma em sua pesquisa que os bebês que se  encontram com baixo peso possuem mais riscos de desenvolver SDR, quando  comparado aos que apresentam peso moderado ou adequado. Os dados coletados  na presente pesquisa, revelam que a maioria dos prematuros com desconforto  respiratório foram classificados como baixo peso, equivalente a 65,22% da amostra,  similares as pesquisas citadas acima.  

Em relação a idade gestacional encontrada na presente pesquisa, 65,22% são  classificados como prematuro moderado, 24,64% muito prematuro e apenas 10,14%  são classificados como prematuro extremo. Segundo a revisão bibliográfica de Lima  et al16, quanto menor a idade gestacional, maior é o risco de desenvolvimento da  Síndrome do desconforto respiratório. Entretanto, Da Silva et al8, explica que a  prematuridade, independente da classificação, quando associada com o baixo peso  aumenta o risco do acometimento da SDR, o que corrobora com a presente pesquisa.  

De acordo com a literatura, a escala de Apgar avalia 5 variáveis, dentre elas,  esforço respiratório, frequência cardíaca, tônus, irritabilidade reflexa e cor, utilizada  para avaliação sistemática do Recém-nascido, sendo o escore menor que 5, indicativo  de sofrimento fetal, tornando necessário submeter o RN a oxigenoterapia17. Segundo  os dados encontrados no estudo de Meier17, realizado no Hospital SOCIMED em  Tubarão Santa Catarina, cujo a amostra é composta por recém-nascidos prematuros,  diante da análise de 90 prontuários observou-se que a maioria dos RNPT apresentava escore maior que 8, sendo apenas 37 dos 90, submetidos ao CPAP. Na pesquisa  atual, onde 100% da amostra se encontrava em tratamento com CPAP, observou-se  que 66,67% da amostra apresentava escore maior que 8 no 1º e 88,41% apresentava  escore maior que 8 no 5º minuto, concluindo assim que a maioria apresentava boa  adaptação no 1º e 5º minuto após o nascimento.

Diante da análise referente ao histórico gestacional das puérperas, revelou-se  que 46,38% já sofreram aborto, dentre esse total, 30,43% tiveram entre 3 a 4 abortos  e 15,94% relatam ter sofrido 5 ou mais abortos. De acordo com os dados encontrados  a respeito dessa temática, o processo de abortamento é um problema de saúde  pública considerado gravíssimo que atinge em média 15,2% das mulheres brasileiras,  com idade entre 18 e 49 anos20. De acordo com a pesquisa documental, retrospectiva,  de abordagem quantitativa desenvolvida por Da Silva10, realizada em um hospital  municipal do interior cearense, diante da análise de 15 prontuários, foi possível  observar que as mulheres em processo de abortamento possuem entre 20 a 39 anos, média de idade semelhante da amostra atual. Da Silva10, também afirma que as  mesmas possuíam baixa escolaridade, sendo elas, estudantes ou trabalhadoras  domésticas, afirmando em sua pesquisa que as variáveis sociodemográfica aumenta  a vulnerabilidade durante o período gestacional, trazendo mais risco de complicações. 

Os dados referentes ao histórico social das maternas do presente estudo,  mostram que 15,94% relataram ser tabagista e 1,45% relata fazer uso de outras  substâncias, enquanto o restante não faz uso de nenhuma substância. Com base na  revisão integrativa da literatura, realizado por Da Silva et al7, através de um  levantamento bibliográfico relacionados aos hábitos de fumar durante a gestação,  evidenciou-se que a prática do tabagismo durante a gestação tem se mostrado  frequente entre as gestantes, o que pode trazer sérias complicações para mãe e  também para o bebê, como por exemplo, baixo peso, desconforto respiratório, má  formação, infecções neonatais, sofrimento fetal entre outras complicações.  

Em relação aos parâmetros (PEEP e FiO2), diante da análise dos parâmetros  iniciais da pesquisa atual, observou-se que a maioria da amostra utilizava PEEP 5 e  6 em ambos os tratamentos, enquanto os parâmetros de FiO2 variava de 21% a 50%,  sendo a maior frequência entre 30% a 45%. Da Silva et al8, afirma com base sua  revisão literária, que a PEEP é utilizada na Síndrome do Desconforto Respiratório para  amenizar os riscos de colapso pulmonar ao final da expiração, sendo mais eficiente  quando a avaliação ocorre de forma decrescente, assim, ajustando a PEEP em cerca  de 3 a 5 cmH2O, enquanto a FiO2 é ajustada ao nível mais baixo, de forma para  manter a saturação entre 90% e 95%.  

Yagui et al23, revela através de um ensaio controlado randomizado no Hospital  Israelita Albert Einstein em São Paulo, que em uma amostra de 19 RNPT em tratamento com fluxo variável e 20 RNPT em tratamento com fluxo contínuo, que  utilizou PEEP 6 cmH2O com FiO2 entre 21% e 30% em ambos os grupos, buscando  manter a saturação arterial de oxigênio entre 88% e 94%, tendo como critério de falha  do CPAP valores de PEEP ≥ 8 cmH2o e FiO2 > 40% de acordo com estudos prévios.  

Em relação ao desfecho da utilização do CPAP, o estudo retrospectivo  transversal de caráter descritivo de Azevedo et al1, realizado através de registros em  prontuários no Hospital Maternidade Unimed Manaus e Pronto Socorro Infantil na  cidade de Manaus, o qual possui uma amostra de 17 recém submetidos ao CPAP 

Convencional, a média frequência do tempo de uso do suporte foram de 7,7 dias, já  em relação ao desfecho, dentre a amostra 77,27% receberam alta, 18,18% foram  transferidos e apenas 1 RN foi a óbito. Já na presente pesquisa, apenas 4,35% da  amostra permaneceu em uso por mais de 5 dias, enquanto 69,57 permaneceu entre  1 a 5 dias e 26,09% permaneceram por menos de 24 horas, enquanto aos desfechos,  60,87% evoluíram para ar ambiente, 18,84% necessitaram de ventilação mecânica  invasiva, 7,25% migraram de suporte, 10,14% retornaram ao uso de suporte em  menos de 3 dias, e apenas 2,90% foram a óbito.  

A Síndrome do Desconforto Respiratório é a doença que mais acomete os  recém-nascidos e tem como principal característica, a deficiência do surfactante, devido a imaturidade pulmonar13. Dentre a amostra da pesquisa atual, apenas 30,43%  precisaram ser surfactados, sendo 10,14% RN submetido ao fluxo contínuo e 20,29%  submetido ao fluxo variável. Já no estudo prospectivo transversal de Fiorenzano et  al14, realizado no Centro Neonatal do Instituto da Criança do Hospital das Clínicas da  Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo, dentre a amostra composta  por 33 recém-nascido pré-termos diagnosticados com SDR e submetidos ao CPAP,  32 RNPT receberam pelo menos uma dose de surfactante, porém, levando em  consideração que o número de doses de surfactante utilizado foi maior entre os recém-nascidos pré-termos que apresentavam alguma disfunção cardíaca, segundo os  parâmetros ecocardiográficos descrito na pesquisa do mesmo.  

De Castro et al5, afirma em seu estudo exploratório, descritivo, qualitativo feito  a partir de revisão de literatura, que cerca de 30% dos RNPT com diagnóstico de SDR precisam de suporte ventilatório (CPAP), que tem como objetivo aumentar o volume  e capacidade residual funcional, além de recrutar e aumentar os alvéolos, de forma  que traz uma melhora da ventilação. O CPAP bolha por sua vez, segundo a revisão integrativa de Da Silva9, resultou a sobrevida em 66% dos recém-nascido até alta,  minimizando as complicações respiratória e necessidade de intubação e diminuindo o  tempo de internação, com complicações relativamente baixa (26%). Na pesquisa atual  dos 46,38% da amostra submetida ao CPAP Bolha, 33,33% tiveram desfecho  considerado sucesso evoluindo para ar ambiente e apenas 13,04% tiveram desfecho  considerado insucesso, 4,35% migrou para o CPAP Convencional, 5,80% regrediram para VMI e 2,90% retornaram, não havendo nenhum óbito. Já o restante da amostra  submetido ao CPAP Convencional responsável por 53,62% da amostra, 27,54%  obtiveram desfecho sucesso e 26,09% obtiveram desfecho insucesso, sendo 2,90%  transferido para o CPAP Bolha, 13,04% regrediram para VMI e 2,90% foram a óbito.  

CONCLUSÃO  

O tratamento com CPAP Bolha por fluxo continuo apresentou resultados mais  favoráveis quando comparado ao tratamento com CPAP Convencional por fluxo  variável, considerando que a amostra submetida ao tratamento com CPAP Bolha teve  o menor índice de retorno e regressão para a ventilação mecânica invasiva, não  havendo nenhum óbito dentre a amostra documentos avaliados.  

O CPAP Bolha, além do custo-benefício ser melhor, minimiza as complicações  respiratórias nos primeiros dias de vida do recém-nascido prematuro e previne a  necessidade da ventilação mecânica invasiva. Assim, aumenta a sobrevida e diminui  ao risco de complicações e mortalidade. Deste modo, para a amostra avaliada, o  CPAP Bolha por fluxo contínuo tem sido mais eficaz mediante o tratamento da  síndrome do desconforto respiratório em recém-nascidos prematuros.  

REFERÊNCIAS 

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1Acadêmica de Fisioterapia no Centro Universitário Uniamérica-Descomplica, Foz do Iguaçu-PR,  Brasil
ORCID: https://orcid.org/0000-0002-4611-181X

2Mestre em Ensino pela Universidade Estadual do Oeste do Paraná – UNIOESTE (2018); Título de  Especialista Profissional em Terapia Intensiva com área de atuação em Neonatologia e Pediatria pela  ASSOBRAFIR (2015); Especialização em morfofisiologia aplicada a reabilitação osteoneuromuscular  pela Universidade Estadual de Maringá – UEM (2002); Graduação em fisioterapia pela Universidade  Paranaense (2000). Fisioterapeuta no Hospital Ministro Costa Cavalcanti desde 2004 e docente no  Centro Universitário Uniamérica-Descomplica desde 2006, Foz do Iguaçu-PR, Brasil
ORCID: https://orcid.org/0000-0002-5465-8815

3Computação. Mestre em Enga. de Software. Doutora em Engenharia da Produção. Professora da  Disciplina de Trabalho de Conclusão de Curso do Centro Universitário União das Américas – Uniamérica-Descomplica, Foz do Iguaçu, Paraná.
ORCID: https://orcid.org/0000-0002-6906-5756