DESENVOLVIMENTO DE UM PLANO DE CONTINGÊNCIA PARA O CASO DE OCORRÊNCIA DE UM INCÊNDIO EM UMA RESERVA NATURAL

DEVELOPMENT OF A CONTINGENCY PLAN FOR THE EVENT OF A FIRE IN A NATURE RESERVE

REGISTRO DOI:10.5281/zenodo.10202445


Renan Igor Bodevan¹
 Arnaldo José Cambraia Neto²


RESUMO

O desenvolvimento de um plano de contingência em caso de incêndio em uma reserva natural é fundamental para garantir a segurança dos visitantes, proteger a fauna e flora local e minimizar os danos causados pelo fogo. Neste sentido, o presente estudo tem como objetivo desenvolver um plano de contingência básico que pode ser adaptado às necessidades específicas e ser implementado em uma reserva natural. Para alcançar o objetivo proposto, será desenvolvida uma revisão de literatura em materiais de apoio de instituições de meio ambiente, corpo de bombeiros, artigos científicos, livros, dentre outros materiais que apoiam a consulta para o desenvolvimento da pesquisa. Neste plano de contingência é preciso abranger as etapas de avaliação de risco, definição de procedimentos de emergência, treinamento, monitoramento, revisão e atualização. Concluiu-se que, como cada reserva natural é única e apresenta vários e complexos desafios específicos, é importante adaptar o plano de contingência de acordo com as características e necessidades da área protegida em questão, sempre priorizando a segurança das pessoas e a preservação do ambiente natural.

Palavras-chave: Reserva Florestal. Planejamento de Contingência. Queimadas.

ABSTRACT

The development of a contingency plan in the event of a fire in a nature reserve is essential to ensure the safety of visitors, protect local fauna and flora and minimize damage caused by fire. Therefore, the present study aims to develop a basic contingency plan that can be adapted to specific needs and implemented in a natural reserve. A literature review was developed from support materials of environmental institutions, fire departments, scientific articles, books, among other materials that
support consultation for the development of research. This contingency plan must cover the stages of risk assessment, definition of emergency procedures, training, monitoring, review and updating. It was concluded that, as each natural reserve is unique and presents several specific and complex challenges, it is important to adapt the contingency plan according to the characteristics and needs of the protected area in question, always prioritizing the safety of people and the preservation of the environment Natural.

Keywords: Forest Reserve. Contingency Planning. Fires

1 INTRODUÇÃO

Os incêndios florestais e as queimadas são o resultado direto da influência
dos fatores climatológicos, envolvendo desde as condições atmosféricas até o controle e a disseminação do fogo. Portanto, é essencial que o monitoramento desses eventos leve em consideração não apenas a identificação dos focos de calor, mas também a avaliação do período de seca e estiagem (RODRIGUES, 2023).

No Brasil, de acordo com as informações do Instituto Nacional de
Pesquisas Espaciais (INPE) no ano de 2022, a região Oeste registrou o maior número de focos de queimadas, totalizando 5.290 casos (53,9% do total), seguida da região Sudoeste com 2.203 ocorrências (22,4%). A região Norte teve 820 focos (8,4%), enquanto a região Centro-Norte registrou 458 casos (4,7%). No ano de 2023 já foram registrados um total 973 focos ativos detectados pelo satélite de referência (BRASIL,2023).

Para o entendimento desta temática se faz necessário saber que, para que ocorra um incêndio, é necessário sempre e obrigatoriamente a presença de quatro elementos: calor, oxigênio, combustível e reação em cadeia. O calor serve para iniciar, manter e acelerar a propagação do incêndio.

O oxigênio é necessário para a combustão e está presente na atmosfera. O combustível é o elemento que serve como propagação do fogo e pode ser sólido, líquido ou gasoso.

Por fim, a reação em cadeia torna a queima autossustentável. Quando o calor irradiado das chamas atinge o combustível, este é decomposto em partículas menores, que se combinam com o oxigênio e queimam, irradiando novamente calor para o combustível, formando um ciclo constante (GERMANO et al., 2022).

Deste modo, a diferença entre incêndio e queimada está na intenção e no
controle. Um incêndio é um fogo descontrolado e muitas vezes prejudicial, enquanto uma queimada é um fogo planejado e controlado usado para fins específicos, como agricultura ou gestão de terras. Ambos os casos exigem precauções adequadas para evitar impactos negativos, especialmente quando se trata de preservar áreas naturais e ecossistemas (RODRIGUES, 2023).

Segundo OPAS; Brasil e Fundação Oswaldo Cruz (2023) as causas das
queimadas podem ser classificadas em três categorias: naturais, acidentais e criminosas. Causas naturais são aquelas que provocam incêndios sem a intervenção do homem, como vulcões, terremotos, raios, entre outros fenômenos naturais. Causas acidentais são aquelas que ocorrem por acidente, sem intenção, e podem ter diversas origens, como eletricidade, chama exposta, entre outros. Já as causas criminosas são incêndios provocados intencionalmente por indivíduos, por diversos motivos e interesses.

De acordo com Brasil (2017) o plano de contingência é definido como um
planejamento de resposta a desastres e, por isso, deve ser elaborado durante a normalidade, definindo os procedimentos, ações e decisões que devem ser tomadas na ocorrência de um incêndio em uma reserva natural. Durante a fase de resposta, o plano de contingência é operacionalizado, adaptando todo o planejamento feito anteriormente à situação real do acontecido.

O desenvolvimento de um plano de contingência para o caso de
ocorrências de incêndios em reservas naturais é crucial para a finalidade de garantir a segurança dos visitantes, trabalhadores e ao meio ambiente. Com base nestas afirmativas, o presente estudo tem o objetivo geral de desenvolver um plano de contingência que possa ser adaptado de acordo com as necessidades específicas da reserva natural a ser implantado. Pretende-se ainda mostrar as principais etapas de desenvolvimento do projeto; contribuir com possíveis soluções para garantir a segurança dos visitantes, trabalhadores e do meio ambiente em uma reserva natural
e identificar as causas mais comuns de incêndios em reservas naturais.

Dentre as justificativas para o desenvolvimento da pesquisa, pode-se
afirmar que a elaboração da pesquisa bibliográfica é uma etapa fundamental na elaboração de um plano de contingência para o caso de ocorrência de um incêndio em uma reserva natural. É ainda importante desenvolver uma pesquisa bibliográfica sobre o assunto para identificar as melhores práticas de prevenção e combate a incêndios em reservas naturais, as quais podem incluir estratégias para monitorar as condições climáticas, equipamentos de combate a incêndios mais adequados e técnicas de evacuação mais seguras. Também ter uma compreensão dos desafios enfrentados na prevenção e combate a incêndios em reservas naturais, como a falta de recursos e a complexidade do ambiente natural. Se existe a possibilidade de estabelecer procedimentos eficazes para prevenir e combater incêndios em reservas naturais, que incluem a definição de protocolos de segurança, treinamento de equipes de emergência e a atualização constante do plano de contingência, de forma a incorporar novas informações e melhores práticas à medida que se tornam disponíveis.

2 PROCEDIMENTOS DE EMERGÊNCIA E A REALIZAÇÃO DE TREINAMENTOS REGULARES

No que se refere aos procedimentos de emergência e a realização de
treinamentos regulares, se faz necessário e é de fundamental importância que seja feito no desenvolvimento de um plano de contingência para o caso de ocorrência de um incêndio em uma reserva natural, a definição dos procedimentos de emergência e realizar treinamentos que devem ser feitos em períodos regulares. Nos procedimentos de emergência devem incluir sobre os sistemas de alerta, identificação de rotas de evacuação, desenvolvimento de um plano de evacuação detalhado, preparar equipamentos de combate a incêndios, desenvolver um plano de comunicação, realizar ações de prevenção e educação aos visitantes (BRASIL, 2017).

É necessário estabelecer um sistema de alerta que precisa ser eficiente e
claro, para que todas as pessoas envolvidas possam ser avisadas de modo rápido em caso de ocorrência de incêndio na reserva natural (MINISTÉRIO DO MEIO AMBIENTE, 2007).

A identificação das rotas de evacuação de modo adequado para que estas
sejam classificadas como mais seguras para que as pessoas possam deixar a área que está afetada pelo incêndio (BRASIL, 2017).

É necessário que se desenvolva um plano de evacuação detalhado,
identificando quais são rotas consideradas como mais seguras de saída para os visitantes que estejam presentes na reserva natural, bem como evacuar os funcionários em caso de incêndio. Assim, é preciso estabelecer pontos de encontro fora da área afetada para garantir a contagem e segurança de todas as pessoas (MINISTÉRIO PUBLICO DO ESTADO DE SÃO PAULO, 2020).

Os equipamentos de combate a incêndios devem estar em boas condições de uso e a disposição, tais como extintores, bombas d’água e abafadores, e ter a certificação de que todos eles adequados ao uso (COSTA et al., 2020).

É preciso desenvolver um plano de comunicação que inclua os canais de
comunicação internos da reserva, como por exemplo, rádios e telefones, e externos, como telefone celular e redes sociais, com a finalidade de manter todas as pessoas informadas sobre a situação do incêndio e fornecer instruções claras. Complementando, esse plano de comunicação deve ser claro para que as equipes de emergência possam se comunicar entre si e coordenar as ações consideradas como necessárias (BRASIL, 2017).

Não se pode deixar de realizar também as ações voltadas para a questão
de prevenção, como por exemplo, a limpeza de vegetação seca, criação de aceiros (ou seja, faixas sem vegetação) e sinalização adequada de áreas de risco (GERMANO et al., 2022).

De acordo com Brasil (2017) e Costa et al. (2020) se faz necessário ter
ações voltadas para a educação dos visitantes sobre comportamentos seguros, como não fazer fogueiras fora das áreas designadas e não jogar pontas de cigarro no chão, com a finalidade de evitar incêndios acidentais na reserva natural.

Além disso, é importante sempre realizar treinamentos regulares para que
as equipes de emergência possam estar preparadas para agir rapidamente em caso
de ocorrência de incêndio. Esses treinamentos devem sempre incluir as práticas de evacuação, as técnicas de combate a incêndios, o uso de equipamentos de segurança e a comunicação eficiente entre as equipes. A realização desses treinamentos pode ser crucial para minimizar os danos causados pelo incêndio e garantir a segurança das pessoas envolvidas (MINAS GERAIS, 2014).

Cabe destacar que, a formação das brigadas de combate aos incêndios é
um processo crucial para garantir a eficácia e a segurança nas operações de combate a incêndios florestais e rurais. Geralmente, essa formação envolve treinamento intensivo em técnicas de prevenção, detecção e extinção de incêndios, bem como no uso adequado de equipamentos de combate ao fogo (ROSA, 2015).

Os membros das brigadas aprendem a avaliar riscos, trabalhar em equipe,
manter a comunicação eficiente e seguir protocolos de segurança rigorosos. Além disso, eles são treinados para operar em diferentes tipos de terrenos e condições climáticas, visando proteger ecossistemas vulneráveis, propriedades e vidas humanas. A formação contínua e a atualização das habilidades são fundamentais para garantir que as brigadas estejam prontas para responder a situações de emergência com eficácia (UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO, 2016).

2.1 Avaliação de risco

A avaliação de risco é considerada como uma etapa crucial no
desenvolvimento de um plano de contingência para o caso de ocorrer um incêndio em uma reserva natural. Essa avaliação permite identificar e compreender os potenciais riscos e ameaças, bem como auxiliar na elaboração de estratégias eficazes de prevenção e de resposta (BRASIL, 2017). Neste sentido, abaixo são apresentadas algumas considerações para realizar de maneira adequada e resolutiva a avaliação de risco.

Nessa avaliação é preciso identificar as áreas de risco, no qual é preciso
proceder com o mapeamento da reserva natural e identificar as áreas que são consideradas como mais suscetíveis a incêndios. É preciso sempre levar em consideração os fatores como relacionados à vegetação, com o tipo e sua densidade, condições climáticas, topografia, acesso a recursos hídricos e atividades humanas na área (MINAS GERAIS, 2014; GERMANO et al., 2022).

Em continuidade, se faz necessário realizar a análise dos fatores de risco,
visto que é preciso avaliar todos os fatores que podem vir a contribuir para a ocorrência e propagação de incêndios, como por exemplo, vegetação seca, presença de material inflamável, clima quente e seco, ventos fortes, proximidade de áreas urbanas, entre outros (MINISTÉRIO PUBLICO DO ESTADO DE SÃO PAULO, 2020).

Diante destas informações é necessário realizar a avaliação das ameaças
externas, levando em consideração as ameaças externas que possam dar início a um incêndio na reserva, como por exemplo, descargas elétricas durante a ocorrência de tempestades, atividades humanas irresponsáveis, incêndios em áreas vizinhas, etc. (PARANÁ, 2022).

No processo de desenvolvimento de um plano de contingência para o caso de ocorrência de um incêndio em uma reserva natural, deve-se proceder com a fase de identificação de ativos a serem protegidos, como a identificação dos ativos importantes na reserva, como por exemplo, a infraestruturas, as edificações, as espécies vegetais e os animais em risco, as áreas de valor histórico ou cultural, os recursos hídricos, entre outros (MINAS GERAIS, 2014; GERMANO et al., 2022).
Ainda no processo é preciso analisar as vulnerabilidades, ou seja, executar
a identificação das vulnerabilidades específicas da reserva que possam torná-la mais suscetível a incêndios ou dificultar a resposta efetiva, como acesso limitado, falta de equipamentos de combate a incêndios, escassez de água, entre outros (MINAS GERAIS, 2014; GERMANO et al., 2022).

Na avaliação de risco se faz necessário realizar a estimativa dos possíveis
impactos ambientais de um incêndio na reserva, incluindo os danos, a perda de biodiversidade, os impactos econômicos, os riscos à segurança dos visitantes e funcionários, entre outros (BRASIL, 2017; FENG et al., 2021).

Ainda nesta fase, realizar a classificação dos riscos considerando os riscos
identificados de acordo com sua probabilidade de ocorrência e grau de severidade dos impactos. Visto que, isso permitirá priorizar as ações de prevenção e resposta de acordo com a gravidade de cada um (CALDEIRA et al., 2022).

Em síntese, pode se afirmar que, na avaliação de risco é preciso identificar
as áreas consideradas como mais vulneráveis à ocorrência de incêndios e quais são os recursos disponíveis para combater um incêndio. Bem como, identificar as áreas de maior risco de incêndios, levando em consideração fatores como vegetação, clima, topografia e atividades humanas. E determinar os recursos disponíveis para combate a incêndios, como equipamentos, pessoal treinado e acesso a recurso hídrico (BRASIL, 2017).

Com base na avaliação de risco, será possível desenvolver as estratégias
e as ações específicas para prevenção, detecção precoce, combate e evacuação em caso de incêndio na reserva natural. É importante sempre lembrar que a avaliação de risco deve ser revisada e atualizada regularmente, levando em consideração mudanças nas condições e novos riscos identificados (CALDEIRA et al., 2022; PARANÁ, 2022).

2.2 Definição de procedimentos de emergência

A discussão sobre a definição de procedimentos de emergência se inicia
com a criação de um plano de ação detalhado, com algumas informações que são consideradas como indispensáveis, dentre as quais se pode citar, números de telefone de emergência, ponto de encontro, identificação de rotas de evacuação, equipamentos de segurança e responsabilidades (BRASIL, 2017).

Obedecendo a lista elaborada anteriormente se faz necessário ter números de telefone de emergência, organizados em uma lista com os contatos de telefone de emergência da polícia, do corpo de bombeiros, dos hospitais e de outros serviços de emergência locais próximos a reserva natural (MINAS GERAIS, 2005).

É preciso existir um ponto de encontro, ou seja, definir um ponto para ser
adotado como um ponto de encontro seguro para todos os visitantes e trabalhadores, de forma que eles possam ser contabilizados e também mantidos seguros durante a
evacuação (DINIZ, 2020).

Se faz necessário a identificação adequada de rotas de evacuação, as
quais devem escolhidas as melhores e assegurar-se de que todas estão claramente marcadas e sinalizadas para que possam ser seguidas em caso de emergência (BRASIL, 2017; CALDEIRA et al., 2022).

Na definição de procedimentos de emergência, se tem a necessidade de
averiguar todos os equipamentos de segurança, existência de extintores de incêndio, mangueiras, abafadores e outros equipamentos de combate a incêndios disponíveis e em boas condições de funcionamento e que prontamente possam ser utilizados (COSTA et al., 2020).

De acordo com as informações apresentadas por Brasil (2017) e Costa et
al. (2020) é preciso traçar as responsabilidades, ou seja, atribuir responsabilidades específicas para cada pessoa envolvida no plano de contingência para o caso de ocorrência de um incêndio em uma reserva natural, nos quais dever estar incluídos os trabalhadores e os visitantes.

2.3 Treinamento

O treinamento desempenha um papel fundamental no desenvolvimento de um plano de contingência para o caso de ocorrer um incêndio em uma reserva natural.

É importante capacitar a equipe de funcionários, voluntários e equipes de combate a incêndios para que estejam preparados e saibam como agir de forma segura e eficiente durante um incidente (BRASIL, 2017; MINISTÉRIO PUBLICO DO ESTADO DE SÃO PAULO, 2020; CALDEIRA et al., 2022).

Neste sentido é preciso realize treinamentos regulares com funcionários e
voluntários para garantir que todos conheçam seus papéis e responsabilidades durante um incêndio, para garantir que todos os envolvidos no plano de contingência estejam preparados para agir rapidamente e de forma segura em caso de incêndio (BRASIL, 2017).

Para que se possa ter um adequado treinamento dos envolvidos é preciso
realizar periodicamente simulações de incêndio para que possa ser devidamente testada a eficácia do plano de contingência e identificar áreas de melhoria (MINISTÉRIO PUBLICO DO ESTADO DE SÃO PAULO, 2020).

Deve-se fazer as simulações de evacuação para garantir que todos os
envolvidos entendam quais são os seus papéis e suas responsabilidades durante uma emergência (BRASIL, 2017; MINISTÉRIO PUBLICO DO ESTADO DE SÃO PAULO, 2020).

É preciso ainda realizar treinamentos de combate a incêndios para que os
trabalhadores da reserva natural saibam como fazer o uso correto dos equipamentos de combate a incêndios, também e estejam prontos para agir em caso de emergência (CALDEIRA et al., 2022).

Se tem na fase de treinamento a necessidade de identificar e treinar uma
equipe de combate a incêndios, que deve ser composta por funcionários da reserva natural e/ou bombeiros especializados (MINAS GERAIS, 2005; BRASIL, 2017; COSTA et al., 2020).

É preciso providenciar equipamentos de combate a incêndios, como
extintores, abafadores, motobombas e equipamentos de proteção individual (EPI’s), certificando de que todos saibam como operar os equipamentos corretamente e mantenham-nos em boas condições de funcionamento (COSTA et al., 2020; CALDEIRA et al., 2022).

O treinamento deve ser contínuo e adaptado às necessidades específicas
da reserva natural. Neste sentido é sempre necessário certificar de documentar o treinamento realizado e revisar periodicamente os procedimentos e as técnicas ensinadas para garantir a eficácia contínua do plano de contingência traçado (BRASIL, 2017).

2.4 Monitoramento

O procedimento de monitoramento desempenha um papel considerado
como crucial no desenvolvimento de um plano de contingência para o caso de ocorrer um incêndio em uma reserva natural. Ele permite a detecção precoce de incêndios, o acompanhamento da situação em tempo real e a tomada de ações adequadas (COSTA et al., 2020).

É necessário que exista a implementação de sistemas de detecção de
incêndios, como câmeras de vigilância, sensores de fumaça, termovisores e estações meteorológicas. Esses sistemas podem ajudar a identificar rapidamente a ocorrência de um incêndio, permitindo uma resposta mais ágil (MINAS GERAIS, 2014; GERMANO et al., 2022).

Realizar o monitoramento climático, das condições climáticas locais,
incluindo a temperatura, a umidade, a velocidade e a direção do vento. Isso pode ser realizado por meio de estações meteorológicas instaladas na reserva ou por meio de fontes confiáveis de informações meteorológicas locais. O monitoramento climático permite avaliar o risco de incêndio e tomar medidas preventivas com antecedência (COSTA et al., 2020).

Realizar patrulhamentos regulares na reserva para identificar atividades
suspeitas, como fogueiras não autorizadas, descarte inadequado de cigarros ou qualquer outra ação que possa representar um risco de incêndio. Além disso, o patrulhamento pode ajudar a identificar sinais precoces de incêndios em estágio inicial GERMANO et al., 2022).

Proceder com o monitoramento remoto, utilizando as tecnologias, como
drones equipados com câmeras e sensores, para sobrevoar a reserva e identificar incêndios ou áreas suspeitas de fogo. Os drones podem cobrir grandes áreas rapidamente e fornecer informações valiosas para a tomada de decisões (MINISTÉRIO PUBLICO DO ESTADO DE SÃO PAULO, 2020).

Estabelecer comunicação com a comunidade local, por meio de canais de
comunicação, com os moradores próximos da reserva ou funcionários de áreas vizinhas. Essa comunicação pode ajudar a receber informações sobre atividades suspeitas ou incêndios em áreas próximas, permitindo uma resposta mais rápida e efetiva (MINAS GERAIS, 2005)

Se deve coletar e analisar os dados relacionados aos incêndios ocorridos
na reserva, como localização, tamanho, intensidade e impactos. Esses dados podem ser usados para análises posteriores e aprimoramento do plano de contingência (BRASIL, 2017).

Realizar o monitoramento pós-incêndio, ou seja, após a ocorrência de um
incêndio, se deve continuar monitorando a área afetada para identificar possíveis reignições ou novos focos. Isso garantirá que o incêndio seja totalmente extinto e que não haja riscos adicionais (MINAS GERAIS, 2014; MINISTÉRIO PUBLICO DO ESTADO DE SÃO PAULO, 2020).

Em síntese, deve-se manter um monitoramento constante das condições
climáticas e de outras variáveis que possam aumentar o risco de incêndios, em caso de alerta de incêndio, comunicar imediatamente os visitantes e trabalhadores e tomar as medidas necessárias para garantir a segurança de todos, considerar o encerramento da reserva natural em dias com alto risco de incêndio para evitar possíveis incidentes, estabelecer um sistema de monitoramento para detectar precocemente os incêndios, utilizando câmeras de vigilância, torres de observação ou
patrulhamento regular, estabelecer um protocolo de comunicação eficiente para relatar incêndios às autoridades competentes e acionar os recursos de combate, e ainda estabelecer uma parceria com as autoridades locais, como corpo de bombeiros, defesa civil e outros órgãos competentes, para obter apoio e coordenação eficiente em caso de incêndio de grandes proporções (BRASIL, 2017; COSTA et al., 2020).

É importante ter sistemas e recursos adequados para o monitoramento,
além de uma equipe capacitada para interpretar os dados coletados e tomar ações apropriadas com base nessas informações. O monitoramento contínuo ajudará a garantir a eficácia do plano de contingência e a proteção da reserva natural contra incêndios (BRASIL, 2017).

2.5 Revisão e atualização

A revisão e atualização periódica do plano de contingência para o caso de
ocorrer um incêndio em uma reserva natural são fundamentais para garantir sua eficácia contínua. As condições e circunstâncias podem mudar ao longo do tempo, portanto, é importante sempre proceder com a revisão e a atualização do plano regularmente (COSTA et al., 2020).

É preciso proceder com a revisão da avaliação de riscos regularmente,
quanto aos riscos e ameaças na reserva natural, como as as mudanças nas condições ambientais: alterações na vegetação, modificações na topografia, expansão de áreas urbanas próximas, entre outros fatores que possam afetar o risco de incêndios (MINAS GERAIS, 2014; GERMANO et al., 2022).

Revisão dos procedimentos e estratégias do plano de contingência e
verificação se estão alinhados com as melhores práticas atuais. Deve ser considerado a incorporação de novas tecnologias, métodos de combate a incêndios e lições aprendidas com experiências anteriores (MINISTÉRIO PUBLICO DO ESTADO DE SÃO PAULO, 2020).

Atualização e revisão dos contatos de emergência, verificando
regularmente, os quais devem estar incluindo números de telefone de equipes de combate a incêndios, serviços de emergência, autoridades locais e outras partes envolvidas na resposta a incêndios. Se faz necessário certificar de que os contatos estejam atualizados e sejam facilmente acessíveis (BRASIL, 2017; COSTA et al., 2020).

Verificação dos recursos disponíveis para combater incêndios na reserva
natural, o que inclui equipamentos, como extintores, abafadores, mangueiras, veículos de combate a incêndios, bem como a disponibilidade de água e outros recursos essenciais, sempre mantendo atualizada essa lista de recursos conforme necessário (COSTA et al., 2020; CALDEIRA et al., 2022).

Revisão do plano de evacuação, no qual deve ser verificado o plano de
evacuação existente e fazer os ajustes necessários. Atualizar as rotas de evacuação, os pontos de encontro e as estratégias de evacuação com base em mudanças na reserva e na infraestrutura circundante (BRASIL, 2017; MINISTÉRIO PUBLICO DO ESTADO DE SÃO PAULO, 2020).

Treinamento e capacitação regulares para manter a equipe atualizada
sobre os procedimentos e estratégias do plano de contingência. Inclua exercícios de simulação de incêndios para testar a eficácia do plano e identificar possíveis áreas de melhoria (BRASIL, 2017; COSTA et al., 2020).

Coletar e analisar os dados, com a finalidade de monitorar e analisar os
dados de incêndios anteriores na reserva. Isso pode fornecer informações valiosas sobre padrões de incêndio, áreas de maior risco e impactos observados. Utilizar esses dados para aprimorar o plano de contingência e fortalecer a resposta a futuros incêndios (BRASIL, 2017; COSTA et al., 2020).

É importante sempre lembrar de envolver todas as partes interessadas
relevantes na revisão e atualização do plano de contingência, incluindo funcionários, especialistas em incêndios, autoridades locais e comunidade local. A colaboração e o feedback de todos os envolvidos contribuirão para um plano de contingência mais robusto e eficaz (BRASIL, 2017; COSTA et al., 2020).

No processo de revisão e atualização, se faz necessário revisar e atualizar
de maneira regular o plano de contingência para garantir que ele esteja atualizado e pronto para lidar com quaisquer emergências que possam surgir (BRASIL, 2017; COSTA et al., 2020).

Para alavancar e buscar a melhoria contínua, é essencial revisar as ações
e cenários previstos no plano sempre que necessário, ou em caso de alterações nos procedimentos ou ocorrência de eventos não previstos nos cenários (COSTA et al., 2020). A Figura 1 ilustra o ciclo PDCA (Plan -Planejar, Do – Executar, Check – Verificar, Act – Agir), que apresentou as etapas a serem seguidas para a elaboração e melhoria contínua do Plano de Contingência.

3 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Como considerações finais para o desenvolvimento de um plano de
contingência para o caso de ocorrer um incêndio em uma reserva natural, o estudo mostra que é preciso ter capacitação e treinamento contínuo, no qual é preciso certificar que todos os envolvidos, incluindo funcionários da reserva, voluntários e equipes de combate a incêndios, recebam treinamento adequado e regular sobre prevenção e combate a incêndios. Isso inclui também conhecimento sobre técnicas de combate a incêndios, uso adequado de equipamentos e procedimentos de evacuação.

É necessário também estabelecer parcerias e coordenação, com outras
instituições, como órgãos governamentais, Organizações Não Governamentais (ONG’s) locais e comunidades vizinhas. Isso facilitará a cooperação mútua em caso de incêndio, permitindo o compartilhamento de recursos, informações e troca de experiências.

É relevante ter uma comunicação efetiva, ou seja, estabelecer um sistema
de comunicação eficiente para coordenar as operações de combate a incêndios. No qual isso pode incluir a designação de um ponto de comando centralizado, o uso de rádios, telefones ou aplicativos de mensagens para manter a comunicação em tempo real e eficiente entre as diversas equipes envolvidas.

Outro ponto importante é manter a atualização dos mapas da reserva
sempre, indicando os pontos de acesso, as rotas de evacuação, os locais de
abastecimento de água e outras informações relevantes. Isso ajudará a orientar as equipes de combate a incêndios e facilitar a evacuação segura dos visitantes e também dos funcionários.

Não se pode deixar de citar a necessidade de apostar na sensibilização
pública, que deve ter como prioridade a realização de campanhas públicas sobre a importância da prevenção de incêndios em áreas naturais. Investir em programas de educação e conscientização para os visitantes sobre práticas seguras, como o descarte adequado de pontas de cigarro e a proibição de fogueiras fora das áreas
designadas.

Investir na aquisição e manutenção de equipamentos, ou seja, garantir que todos os equipamentos de combate a incêndios, como por exemplo, extintores, mangueiras, motobombas e abafadores, estejam sempre em boas condições de funcionamento. Neste sentido é preciso sempre realizar manutenções regulares e substituição de equipamentos que se encontrem danificados ou obsoletos.

Outro ponto importante, que deve ser realizado é sempre fazer a avaliação
pós-incêndio, deste modo, após a ocorrência de um incêndio, se faz necessário fazer uma avaliação detalhada dos danos e das ações que foram tomadas para combater o fogo. É preciso sempre identificar as áreas que requerem melhorias no plano de contingência e faça ajustes necessários para fortalecer a resposta a futuros incidentes.

Por fim para este estudo é válido esclarecer que cada reserva natural é
única e apresenta vários desafios que são considerados como específicos. Diante dessas informações é importante sempre adaptar o plano de contingência de acordo com as características e necessidades da área protegida em questão, sempre priorizando a segurança das pessoas e a preservação do ambiente natural.

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Requisitos. São Paulo, 2016. Disponível em: http://cipa.iqsc.usp.br/files/2016/05/NBR-
14276-Brigada-de-Inc%C3%AAndio.pdf. Acesso em: 21 ago. 2023.


¹Discente do curso de pós-graduação em Segurança do Trabalho do Instituto Federal de Educação,
Ciência e Tecnologia de Minas Gerais (IFMG) campus Governador Valadares.
²Docente orientador do curso de pós-graduação em Segurança do Trabalho do Instituto Federal de
Educação, Ciência e Tecnologia de Minas Gerais (IFMG) campus Governador Valadares.