DESENVOLVIMENTO DE ÓRTESE DE PUNHO E MÃO POR MANUFATURA ADITIVA PARA PACIENTES ACOMETIDOS COM LER/DORT: UM ESTUDO DE CASO

REGISTRO DOI: 10.5281/zenodo.7913879


Monique Curcio Ferreira1
Bruno de Souza Toledo2
Paulo Henrique Guilherme Reis3


Resumo

Considerando as disfunções que limitam a funcionalidade do membro superior, as doenças causadas pelo esforço repetitivo são as lesões mais comuns quando se trata do complexo anatômico do punho e mão. Essas disfunções causam limitações de funcionalidade que podem ser amenizadas com a utilização de órteses de repouso, como, por exemplo, a órtese de punho e mão. Entretanto, a maioria das órteses de punho e mão tem fabricação artesanal ou são pré-fabricadas, com limitações de processo que provocam desconforto e custo elevado para o paciente. O objetivo deste trabalho é desenvolver um modelo de órtese de punho e mão fabricada por impressão 3D para doenças ocupacionais. A nova órtese desenvolvida foi comparada com a órtese tradicional em termos de resistência, custo de fabricação e peso. Foi observado que a nova órtese fábrica por impressão 3D apresenta deslocamento relativo 20% menor quando submetido às forças de atuação se comparado com a órtese fabricado pelo método tradicional, o que significa resistência mecânica mais expressiva. Também foi observado que, em termos de custo de fabricação, a órtese fabricada por impressão 3D tem custo 63% menor se comparado com a órtese fabricada pelo método tradicional.

Palavras-chave: Indústria 4.0; Manufatura Aditiva; Órtese. Reabilitação.

Abstract 

Considering the dysfunctions that limit the functionality of the upper limb, diseases caused by repetitive strain are the most common injuries when it comes to the anatomical complex of the wrist and hand. These dysfunctions cause functionality limitations that can be alleviated with the use of resting orthoses, such as, for example, the wrist and hand orthosis. However, most wrist and hand orthoses are handmade, with process limitations that cause discomfort and high cost for the patient. The objective of this work is to develop a model of wrist and hand orthosis manufactured by 3D Printing for occupational diseases. The newly developed orthosis was compared with the traditional orthosis in terms of resistance, manufacturing cost and weight. It was observed that the new orthosis manufactured by 3D printing presents a relative displacement 20% smaller when subjected to the actuation forces compared to the orthosis manufactured by the traditional method, which means more expressive mechanical resistance. It was also observed that, in terms of manufacturing cost, the orthosis manufactured by 3D printing has a 63% lower cost compared to the orthosis manufactured by the traditional method.

Keywords : Industry 4.0; Additive Manufacturing; Orthosis.Rehabilitation.

1 INTRODUÇÃO

Disfunções neuromusculares, como a Síndrome do Túnel do Carpo (STC), levam a déficits motores que inibem ou restringem a capacidade do paciente acometido de desempenhar funções motoras e tarefas diárias (STERNBACH, 1999; SUPUTTITADA, 2000). De acordo com pesquisa nacional de saúde realizada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), no Brasil, 3.568.095 pessoas com idade laboral declaram ter recebido diagnóstico de Distúrbios Osteomusculares Relacionadas ao Trabalho (DORT) e Lesões por Esforço Repetitivo (LER) (IBGE, 2013). Nesse sentido, os esforços para desenvolver ferramentas de reabilitação para essas limitações são crescentes.

Dentre essas ferramentas, a tala de repouso é um aparelho ortopédico utilizado para imobilizar punho, dedos e polegar para tratamento de disfunções motoras em programas de reabilitação. Essa tala é projetada para promover a cicatrização, prevenir e corrigir lesões, melhorar a amplitude de movimento articular e promover a função da mão e do membro superior, considerando o aumento da funcionalidade do membro associado ao repouso articular (SHAFTEL e CAPO, 2014; FESS et al., 2005; VON SCHROEDER, 1996).

No entanto, apesar de altamente recomendado pelos profissionais da área, a Organização Mundial da Saúde (OMS) relata que em aproximadamente 35,4% dos casos, os dispositivos de reabilitação da mão são utilizados ​​de forma inconsistente ou rejeitados devido ao desconforto causado durante a utilização ou pela incapacidade do profissional de adaptar o dispositivo ao paciente (OMS, 2011).

Atualmente, as talas de repouso são pré-fabricadas por termoplásticos de alta temperatura, como Polipropileno (PP), ou termoplásticos de baixa temperatura à base de policaprolactona polimérica, como Ezeform®, Aquaplast® e Orfit® (AGNELLI e TOYODA, 2003; RAMACHANDRAN et al., 2017). No entanto, os custos de aquisição são elevados, devido ao preço de importação das órteses pré-fabricadas e devido ao grande volume de material utilizado na fabricação das mesmas (O’BRIEN, 2010). No contexto brasileiro, em muitos casos, o custo de aquisição de uma órtese, como por exemplo a tala de repouso, pode ser um grande obstáculo para o acesso a recursos de reabilitação. (UCHÔA e FREITAS, 2006, 2012; MANENTE et. al, 2001; FERNANDES et al. 2005). Estes fatores fomentam a necessidade de criação de novos produtos e metodologias de planejamento e projeto de produtos específicos que atendam a demanda por dispositivos de reabilitação que melhor se adequem às necessidades dos pacientes.

Nesse contexto, entender a real necessidade dos pacientes consumidores da tala de repouso é fator primordial para o desenvolvimento de projetos eficazes (ROZENFELD, 2005). De acordo com estudo realizado por Safaz et al. (2015), a maior causa de abandono das talas de repouso para pacientes com STC é o desconforto térmico causado pelo dispositivo (61,4% dos pacientes avaliados no estudo). Por sua vez, os estudos de Lau (1998) mostraram que o peso da tala é um fator importante na sua prescrição pelos terapeutas. Outro fator que desestimula o uso é a limitada customização estética, ou seja, a disponibilidade de novos designs de tala de repouso que poderiam ser oferecidos ao usuário (FESS, 2002; TAYLOR et. al., 2003).

Como método de fabricação de novos produtos, as tecnologias de Manufatura Aditiva (MA) são uma solução promissora para os problemas mencionados e associados às talas ortopédicas. As talas fabricadas pela MA podem proporcionar aos pacientes dispositivos de reabilitação personalizados e com otimização de sua superfície, resultando em uma estética mais agradável, menor peso e volume e maior ventilação, impactando positivamente no uso do dispositivo pelo paciente (CALIENDO et al., 2019; O’BRIEN, 2010).

No entanto, para garantir a funcionalidade das órteses produzidas pela MA, testes preliminares devem ser realizados para garantir o melhor aproveitamento dos materiais de fabricação e manter a resistência mecânica requerida.

Nesse contexto, o objetivo deste trabalho é desenvolver um novo modelo de tala de repouso a ser produzida por MA para pacientes acometidos com LER/ DORT. Serão realizadas simulações numéricas por Análise de Elementos Finitos e estudos de redução de material redundante por Otimização de Topologia a fim de desenvolver um dispositivo com potencial de reabilitação adequado associado ao mínimo de fabricação material possível. Para validação, o novo modelo fabricado será comparado nos quesitos de resistência mecânica, custo de fabricação e peso com a tala de repouso tradicional fabricada por polipropileno. Por fim, um estudo piloto será realizado com um paciente acometido por Síndrome do Túnel do Carpo, compressão do nervo mediano, a fim de comparar a variação de temperatura na utilização na nova tala de repouso desenvolvida com a tala tradicional, possibilitando assim a verificação do conforto térmico entre os dois dispositivos.                                      

1.1. OBJETIVOS

1.1.1 Objetivo Geral

Desenvolver e validar, em parâmetros de potencial de reabilitação, um novo modelo de tala de repouso para pacientes com LER/DORT e verificar os efeitos de incremento na resistência, conforto térmico, redução do peso e do custo de fabricação se comparado com o modelo tradicional.

1.1.2 Objetivos Específicos

a) Revisar os principais conceitos de anatomia de punho e mão e patologias neuromotoras relacionadas ao membro superior;

b) Revisar metodologias de planejamento e projeto de produtos inovadores para a área de saúde;

c) Entender as forças atuantes e o alinhamento biomecânico durante a reabilitação durante a utilização da tala de repouso;

d) Projetar a nova tala de repouso e realizar os testes numéricos de análise de viabilidade mecânica;

e) Prototipar a nova tala de repouso e realizar os estudos clínicos de análise termográfica.

2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

2.1 Anatomia do Punho e Mão

Conhecer a arquitetura e a biomecânica do punho e mão é fator fundamental para o projeto e desenvolvimento de novos recursos de reabilitação, com maior assertividade no auxílio ao repouso articular e ao incremento da funcionalidade do membro (SCHIEBER e SANTELLO 2004; BRORSSON, 2008).

O conjunto anatômico composto pelo punho e mão humana, localizado na extremidade distal do membro superior, é uma configuração complexa de ossos, articulações, veias e músculos. A interconexão fisiológica destas partes permite a habilidade de desempenhar movimentos individualizados em dois graus de liberdade para o punho, cinco graus de liberdade para o polegar e quatro graus de liberdade para os demais dedos (KURTZ et al., 2017). A singularidade da mão humana, em comparação aos outros animais, vem do fato de que todos os dedos são independentes uns dos outros e o polegar pode fazer contato com cada dedo separadamente (MALTONI, 2003). Diversas abordagens experimentais, incluindo o desenvolvimento de pesquisas no campo da cinemática dos dedos e mão, registros de atividade cortical e eletromiografia tem elucidado o entendimento do desempenho funcional e da biomecânica da mão, o que impulsiona técnicas de reabilitação em caso de lesões (BARROSO)

2.2. Síndrome do Túnel do Carpo

Em decorrência do crescimento da especialização vertical do trabalho associada a não preocupação com a implementação de métodos ergonômicos em trabalhos repetitivos, a LER/ DORT se tornou em um período de duas décadas a doença ocupacional mais diagnosticada no brasil, com cerca de oitenta por cento do volume per capita do auxílio da previdência pública no Brasil (BRASIL).

Nesse contexto, a STC é a neuropatia periférica mais comum dentre as doenças ocupacionais (STERNBACH, 1999). Causada pela compressão do nervo mediano ao nível do túnel do carpo, esta síndrome impacta significativamente a vida diária das pessoas acometidas. Segundo estudos realizados por Tanaka et al. cerca de 73% dos pacientes acometidos com STC, 21 relatam faltas consecutivas ao trabalhador, devido à dificuldade de exercer movimentos com a mão, 18% relataram necessidade de mudanças na rotina de trabalho e 17% relataram necessidade de mudança de emprego devido à doença (TANAKA, 1999).

A grande maioria de incidência da STC recai sobre indivíduos que exercem atividade laboral prolongada com utilização constantes de movimentos repetitivos dos tendões flexores (ROQUELAURE, 2001; MAHTO e OMAR, 2015).

Como método de tratamento da inflamação resultante da lesão no nervo mediano, foi observado que a compressão do nervo é diretamente proporcional ao movimento flexão de punho. Nesse sentido, a utilização de tala de repouso com posicionamento funcional em 20º de extensão e 15º desvio ulnar de punho, tende a descomprimir o nervo e diminuir a pressão intracanalicular. De acordo com estudos realizados por Stutzmann et al, (1998), 81% dos pacientes relataram alívio da dor com a utilização da tala de posicionamento durante o período de três anos (STUTZMANN et al., 1998). Nesse sentido, a utilização de dispositivos ortopédicos de posicionamento é um método eficaz de tratamento de LER/DORT.

2.3.  Órteses de Membro Superior

As órteses de punho e mão, comumente chamadas de talas, são usadas em associação à outras abordagens terapêuticas como, por exemplo, alongamentos, programas de fortalecimento muscular e treinamento específico de uma tarefa, sendo que o modelo e o tempo de utilização são determinados pelo quadro clínico e pela condição de saúde do usuário (WADSWORTH et al., 1983).

Atualmente, há vários modelos disponíveis de órteses de punho e mão para atender as necessidades individuais dos pacientes, classificadas como órteses dinâmicas, semi-dinâmicas ou estáticas, conforme a funcionalidade que concedem a eles (YOO et al., 2019).

A órtese de punho e mão dinâmica é aquela que apresenta partes móveis, frequentemente prescrita para ganho de força muscular. A órtese de punho e mão semi-dinâmica, também conhecida como órtese funcional estática, é aquela que não apresenta partes móveis, mas que permite a movimentação dos dedos, auxiliando na melhora funcional da mão pelo posicionamento articular do punho. A órtese estática, também nomeada de órtese de posicionamento, é considerada uma órtese de descanso, uma vez que punho, mão e dedos repousam sob a sua superfície, sem permitir qualquer movimentação ou função (LAU, 1998; PATERSON et al., 2015; ASHT, 2020).

3 METODOLOGIA 

Para obter os objetivos descritos nesse trabalho, esse artigo dispõe de quatro passos principais de execução metodológica, sendo: 1- Escaneamento tridimensional do membro; 2-Fabricação do modelo tridimensional da órtese; 3-Execução dos testes de validação mecânica estáticas por estudos de elementos finitos;4- Execução de viabilização de redução de material a partir de otimização de topologia. Essas etapas são descritas no que seguem:

1. Escaneamento tridimensional do membro: Essa etapa consiste no desenvolvimento do modelo virtual, da região anatômica do membro do paciente, a partir de metodologia de digitalização por variação de estrutura de luz branca/infravermelho (LI & TANAKA, 2018). Nessa etapa, o membro do paciente foi posicionado, com o auxílio de um goniômetro,  em posição funcional do punho e mão (20º de extensão de punho, 10º de desvio radial e 30º de flexão das articulações metacarpofalangianas proximal). Após o posicionamento, o membro foi escaneado com scanner 3D Sense da fabricante Estadunidense 3D Systems. A figura 1 apresenta o processo de posicionamento do membro, bem como o processo de escaneamento.

Figura 1 –  Escaneamento tridimensional.

 Fonte: Imagem do autor.

2.Fabricação do modelo tridimensional da órtese: O objetivo desta etapa, foi o desenvolvimento e processamento da malha computacional/nuvem de pontos, do modelo virtual da órtese a partir do modelo anteriormente digitalizado do membro. Para tanto, foi utilizado o Software Meshmixer, para a realização da delimitação e contorno do formato do splint de punho e mão, comumente utilizado na prática da clínica terapêutica. A Figura 02 apresenta o posicionamento do membro no software meshmixer para o início do desenvolvimento da órtese.

Figura 02: Posicionamento virtual do Membro

Fonte: Imagem do autor.

3.Execução dos testes de validação mecânica estáticas por estudos de elementos finitos: O fundamento desta etapa, foi a análise da viabilização da resistência mecânica da órtese, frente aos esforços provocados pelas forças intrínsecas à utilização da órtese no dia a dia. Para o desenvolvimento dessa etapa, foi utilizado o Software Fusion 360 na funcionalidade de simulação virtual de forças estáticas. 

4 RESULTADOS

Escaneamento tridimensional do membro: Com resultados dessa etapa foi obtido um modelo tridimensional do membro do paciente de acordo com o processo de escaneamento realizado. O modelo em questão, em formato. stl, apresentou 26716 vértices, formando 53432 faces, compactado em um arquivo de 14369 KB.O modelo é apresentado na figura 3 abaixo.

Figura 3 – Modelo Tridimensional criado.

           Fonte: Imagem do autor.

Fabricação do modelo tridimensional da órtese: O modelo da órtese foi desenvolvido seguindo a antropometria capturada pelo processo de digitalização virtual. A órtese foi desenvolvida considerando o padrão comumente utilizado na clínica terapêutica pelas órteses de punho semi dinâmicas, considerando a manutenção do posicionamento funcional do membro e imobilização da articulação do punho, região distal da tíbia e ossos do carpo (Figura 4). 

Figura 4 – Fabricação do modelo tridimensional da órtese

Fonte: Imagem do autor.

O modelo foi fabricado virtualmente com operações booleanas de extrusão, união e subtração. Foi realizado deslocamento de superfície de 2 mm a fim de atribuir espessura na órtese.

Fonte: Imagem do autor.

Execução dos testes de validação mecânica estáticas por estudos de elementos finitos: A simulação computacional para o teste de viabilidade foi realizada em dois momentos.  O primeiro momento o teste de viabilidade com a órtese virtual com os parâmetros de resistência mecânica pertinentes ao material comumente utilizado na clínica terapêutica, polipropileno. Para essa etapa, o teste de elementos finitos demonstrou estresse máximo de 17,55 Mpa nas regiões de fixação da órtese ao membro do paciente de deslocamento relativo máximo de 1,52mm na região proximal nas articulações metacarpo falangianas. O modelo não apresentou ruptura ou deformação permanente de material. A figura 6 apresenta o teste de elementos finitos para órtese fabricada em polipropileno.

Figura 6 – Teste de elementos finitos para órtese fabricada em polipropileno.

Fonte: Imagem do autor.

Para o segundo momento foi testado a validação da órtese a ser manufaturada em ABS pelo método de impressão 3D. Os parâmetros utilizados para os testes de elementos finitos foram os mesmos utilizados para a órtese fabricada em polipropileno. Os resultados demonstraram estresse máximo de 17,14 Mpa na região de fixação da órtese e 1,22mm de deslocamento relativo observado na região proximal nas articulações metacarpofalangianas, como pode-se observar na figura 7.

Figura – Teste de elementos finitos para órtese fabricada em abs pelo método de impressão 3D.

Fonte: Imagem do autor.

5 DISCUSSÃO 

O modelo desenvolvido demonstrou viabilidade mecânica e possibilidade de fabricação com os meios corriqueiros de MA no âmbito da fabricação por deposição de material fundido. Com relação às características do objeto, o modelo virtual apresentou dimensões absolutas de 68mm de largura ,80mm de profundidade e 128mm de altura e volume de 19,26mm³.

Com relação ao valor do objeto, a órtese a ser fabricada por impressão 3D apresentou custo médio de R$13,40 reais, 63% menor do que o custo de compra de tala de mão convencional indicada para disfunção do Túnel do carpo, que apresenta valor médio de R$50,00 reais (Tabela 01) (cotação de preços realizada no dia 29/09/2022). 

Tabela 01: Relação de custo, velo e peso entre as órteses analisadas

ParâmetrosTala Impressão 3DTala Convencional
Custo de MaterialR$ 10,15
Custo de FabricaçãoR$ 3,25
Custo TotalR$ 13,40R$ 50,00
Volume26,62 cm³65.42 cm³
Peso32,4 g35 g

Fonte: Elaborado pelo autor.

Com relação a resistência mecânica, os testes de elementos finitos demonstraram que o modelo a ser fabricado por impressão 3D, apresenta estresse máximo 3% menor do que o modelo tradicional. O deslocamento observado no modelo a ser fabricado por impressão 3D apresentou aproximadamente 20% de redução quando comparado ao modelo tradicional, o que demonstra que o modelo a ser fabricado por impressão 3D apresenta maior resistência às forças de movimento na órtese, sendo assim, maior potencial de reabilitação.

CONCLUSÃO

O presente trabalho teve por objetivo realizar o desenvolvimento de um dispositivo ortopédico estático de mão a ser fabricado por MA. O intuito desse dispositivo é a realização do posicionamento em repouso do punho a fim de evitar contraturas musculares e aliviar a tensão dos tendões. Foi realizado simulações estatísticas computacionais por análise de elementos finitos, a fim de verificar a viabilidade de funcionamento do dispositivo fabricado por MA, e comparar a resposta de funcionalidade em contra partida com a órtese tradicional comumente utilizada na clínica terapêutica. 

Foi observado que o dispositivo fabricado por MA apresenta viabilidade mecânica de funcionamento, maior potencial de reabilitação se comparado à órtese tradicional e menor custo de fabricação, o que pode influenciar no aumento da distribuição desses equipamentos ortopédicos para populações de baixa renda. 

É importante salientar que esse trabalho se trata de um estudo preliminar que embarcou definições de fundamentos de viabilidade mecânica de utilização. Trabalhos futuros podem ser realizados para demonstrar conforto e dispersão térmica no dispositivo, além da redução de material redundante a partir de estudos de otimização de topologia. 

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1Graduanda em Engenharia de Produção pelo Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de Minas Gerais. E-mail: moniquecurciof@gmail.com
2Doutor em Sistemas de Informação e Gestão do Conhecimento pela Universidade FUMEC. E-mail:bruno.toledo@ifmg.edu.br
3Doutor em Engenharia de Produção pela Universidade Federal de Minas Gerais. E-mail: paulogsk@gmail.com