DESENVOLVIMENTO DE FLEXIBILIDADE PARA FIBROMIALGIA

REGISTRO DOI: 10.5281/zenodo.10864079


Rafael Lorencetti dos Santos20


A fibromialgia FM é uma condição clínica que ocorre principalmente devido à presença de dor musculoesquelética difusa e crônica [1]. A esta dor constante, juntam-se frequentemente manifestações múltiplas, entre as quais se destacam fadiga e rigidez generalizadas, disfunção cognitiva [2]. Além disso, a apresentação clínica pode ser complicada por cefaleias e manifestações do sistema nervoso central, tais como ansiedade e depressão [3], alterações do estado do humor e os distúrbios do sono [4,5].

Os pacientes com fibromialgia enfrentam uma redução na capacidade física devido à intensidade da dor, criando um ciclo prejudicial entre a inatividade física e as limitações funcionais [6,7]. Em muitos casos, a dor é tão intensa que impacta no desempenho no trabalho, das atividades diárias e na qualidade de vida [5, 6].

No Brasil, a fibromialgia afeta cerca de 2,5% da população, sendo mais prevalente no sexo feminino, especialmente em indivíduos entre 35 e 44 anos [8, 9]. Embora a fisiopatologia da FM não esteja completamente esclarecida, sabe-se que há uma sensibilização central, resultando na redução das vias de inibição da dor descendente e no favorecimento das vias de transmissão da dor ascendente, levando a uma maior sensibilidade à dor e sua cronicidade devido à persistência generalizada [8, 10].

Estudos indicam uma potencial correlação entre fibromialgia e deficiência de ferro [11] e vitamina D [12]. Essa interação pode ser atribuída à hipersensibilização dos pontos dolorosos, a qual está associada a modificações nos receptores, neurotransmissores, canais iônicos e nas vias de sinalização do sistema nervoso central. 

A fibromialgia impacta negativamente a vida dos pacientes, reduzindo sua capacidade funcional e piorando seu estado de saúde geral, resultando em níveis elevados de dor, limitações funcionais e físicas, além de menor flexibilidade e condicionamento aeróbico, o que dificulta a realização das atividades diárias [13]. Além das terapias convencionais, como tratamentos farmacológicos supervisionados por reumatologistas ou neurologistas, várias abordagens complementares têm sido exploradas para melhorar os sintomas e a qualidade de vida dos pacientes. Essas terapias incluem acupuntura, reflexologia, terapia do sono, aromaterapia e fitoterapia [14].

A fisioterapia desempenha um papel importante no manejo da fibromialgia, incorporando uma gama de modalidades terapêuticas, incluindo exercícios de:

Alongamento – promove relaxamento muscular, melhora a circulação sanguínea e aumenta a flexibilidade articular. 

Hidroterapia – realizada em piscinas aquecidas, proporciona alívio da dor, melhora do sono e aumento da mobilidade articular. 

Massoterapia – utiliza técnicas de massagem terapêutica para aliviar a tensão muscular, reduzir a dor e melhorar a qualidade do sono. 

Eletroterapia – emprega dispositivos como o TENS (estimulação elétrica nervosa transcutânea) ou biofeedback para reduzir a dor e melhorar a função muscular.

A aptidão física, flexibilidade, força muscular e resistência aeróbica são geralmente baixos em pacientes com fibromialgia, o que pode contribuir para a incapacidade funcional. Portanto, o tratamento interdisciplinar e a inclusão de exercícios físicos são fundamentais para melhorar o quadro dos pacientes, conforme observado por Sousa (2022), que destaca os benefícios do exercício na saúde cardiovascular, respiratória, muscular, pressão arterial, ansiedade e depressão [15].

Estudos sobre a influência do exercício físico na flexibilidade de mulheres com fibromialgia revelaram que exercícios aeróbicos, de resistência e de flexibilidade realizados duas vezes por semana, com 10 minutos dedicados à flexibilidade em cada sessão, resultaram em aumento significativo na flexibilidade após 6 meses de intervenção [16]. Isso sugere que o treinamento supervisionado pode ser eficaz na melhoria da flexibilidade, mesmo quando não é o foco principal.

Para aprimorar a flexibilidade de pacientes com fibromialgia, foi recomendado por Ferreira et al. (2013), pelo menos 20 segundos de alongamento estático [17]. No entanto, a eficácia da melhoria da flexibilidade do paciente pode variar de acordo a frequência e intensidade dos exercícios [18]. 

Programas de treinamento que combinam exercícios aeróbicos e de resistência muscular têm sido observados como benéficos para a flexibilidade ao paciente FM. Portanto, a importância de um tratamento interdisciplinar para pacientes com fibromialgia, é evidenciado por melhorias significativas na aptidão física com tratamento interdisciplinar [19].

Embora os tratamentos atuais para a fibromialgia proporcionem um alívio parcial dos sintomas, a busca por uma cura definitiva permanece um desafio, assim como ocorre com muitas outras doenças reumáticas. Apesar dos avanços alcançados no entendimento da fisiopatologia da fibromialgia e nas opções terapêuticas disponíveis, ainda há um longo caminho a percorrer. 

No entanto, adotar uma abordagem interdisciplinar e individualizada, que integre tratamentos farmacológicos, terapias complementares e programas de exercícios supervisionados, pode proporcionar um significativo alívio dos sintomas e melhorar tanto a funcionalidade física quanto emocional dos pacientes com fibromialgia. Nesse sentido, é necessário continuar investindo em pesquisas para aprofundar nosso entendimento dos mecanismos subjacentes à fibromialgia e desenvolver estratégias de tratamento mais eficazes. 

REFERENCIAS 

[1] GENEEN, Louise J. et al. Atividade física e exercício para dor crônica em adultos: uma visão geral das Revisões Cochrane. Cochrane Database of Systematic Reviews, n. 4, 2017.

[2] SORIANO-MALDONADO, Alberto et al. Associação de aptidão física e gordura com função cognitiva em mulheres com fibromialgia. Journal of sports sciences, v. 34, n. 18, p. 1731-1739, 2016.

[3] SORIANO-MALDONADO, Alberto et al. Associação de aptidão física com depressão em mulheres com fibromialgia. Pain Med. 2016;17(8):1542-52.

[4] CLAUW, DJ. Fibromialgia: uma visão geral. Am J Med. 2009;122(12):3-13.

[5] GONÇALVES, Tatiana Rehder et al. Evasão de um programa de tratamento multidisciplinar para mulheres com fibromialgia. Revista Brasileira em Promoção da Saúde, v. 23, n. 1, p. 63-68, 2010.

[6] MATTOS, Rafael da Silva; LUZ, Madel Therezinha. Quando a perda de sentidos no mundo do trabalho implica dor e sofrimento: um estudo de caso sobre fibromialgia. Physis: revista de saúde coletiva, v. 22, n. 4, p. 1459-1484, 2012.

[7] ÁLVAREZ-GALLARDO, IC et al. Padrões de referência de aptidão física na fibromialgia: o projeto al-Ándalus. Scand J Med Sci Sports. 2016. (no prelo).

[8] POLUHA, Rodrigo Lorenzi; GROSSMANN, Eduardo. O pregabalina melhora distúrbios do sono na fibromialgia?. BrJP, v. 1, p. 163-166, 2018.

[9] MAZO, JPS; ESTRADA, MG. Implicações da dor crônica na qualidade de vida de mulheres com fibromialgia. Psicol em Estud. 2018; 23:81–91.

[10] SANCTIS, V et al. A síndrome da fibromialgia juvenil (SFMJ): um transtorno mal definido. Acta Biomed. 2019; 90(1):134–48.

[11] OKAN, S et al. Associação dos níveis de ferritina com depressão, ansiedade, qualidade do sono e funcionamento físico em pacientes com síndrome da fibromialgia: um estudo transversal. Croat Med J. 2019; 60(6):515–20.

[12] KARRAS, S et al. Vitamina D na fibromialgia: uma interação biológica causal ou confundidora? Nutrients. 2016; 8(6).

[13] OLIVEIRA, Roberta Meneses et al. Análise comparativa da capacidade funcional entre mulheres com fibromialgia e dor lombar crônica. Revista Dor, v. 14, p. 39-43, 2013.

[14] PINHEIRO, Marcelle. 4 tratamentos de fisioterapia para fibromialgia. 2020. Tua Saúde.

[15] SOUSA, Mónica Alexandra Godinho de. Efeito de um programa de exercício físico na qualidade de vida em indivíduos diagnosticados com fibromialgia. 2022. Tese de Doutorado.

[16] OLIVEIRA, Leonardo Hernandes de Souza et al. Efeito do exercício físico supervisionado sobre a flexibilidade de pacientes com fibromialgia. Revista Dor, v. 18, p. 145-149, 2017.

[17] FERREIRA, AR et al. Avaliação da flexibilidade através do flexímetro em resposta a três diferentes tempos de permanência de alongamento estático. Rev Amazônia. 2013;1(1):1-14.

[18] CYRINO, ES et al. Comportamento da flexibilidade após 10 semanas de treinamento com pesos. Rev Bras Med Esporte. 2004;10(4):233-7.

[19] SALVAT, I et al. Estado funcional, nível de atividade física e regularidade do exercício em pacientes com fibromialgia após tratamento multidisciplinar: análise retrospectiva de um ensaio controlado randomizado. Rheumatol Int. 2017;37(3):377-87.


20Profissional com 19 anos de experiência multifacetada nas áreas de Educação Física, Compras e Vendas e Gestão de Negócios, Lorencetti dos Santos é reconhecido por sua expertise e comprometimento em cada projeto que empreende. Graduado em Bacharelado e Licenciatura em Educação Física pela Pontifícia Universidade Católica de Campinas (PUC-Campinas) em 2007, Rafael complementou sua formação com uma Pós-Graduação em Fisiologia do Exercício e Prescrição de Treinamento pela Universidade Gama Filho em 2009. Ao longo de sua carreira, Rafael acumulou uma vasta experiência em uma ampla gama de ambientes, desde escolas privadas até academias e entidades sociais. Sua jornada profissional é marcada por uma série de realizações notáveis e contribuições significativas em cada uma das áreas em que atuou. Na área de Educação Física, Rafael destacou-se pela sua capacidade de elaborar aulas práticas e teóricas inovadoras sobre uma variedade de atividades físicas, jogos esportivos e natação. Sua dedicação às crianças em vulnerabilidade social resultou na criação de projetos inclusivos e transformadores. Além disso, sua experiência em treinamento esportivo abrange desde atletas de fisiculturismo até pessoas da terceira idade, demonstrando sua versatilidade e habilidade em adaptar-se a diferentes públicos e necessidades. No campo das Compras & Vendas, Rafael desempenhou um papel fundamental na administração e crescimento de uma rede de franquias de sucesso no segmento de suplementos alimentares. Sua capacidade de identificar as preferências do consumidor, negociar contratos e garantir a satisfação do cliente contribuiu significativamente para o sucesso do empreendimento. Como Gestor de Negócios, Rafael demonstrou sua habilidade em conceber e implementar estratégias eficazes para promover o crescimento e a prosperidade das empresas em que esteve envolvido. Sua experiência em planejamento estratégico, administração de equipes e relacionamento com parceiros e fornecedores foi fundamental para alcançar os objetivos de negócios estabelecidos.