DESENVOLVIMENTO DE BARRA DE CEREAL FUNCIONAL COM  FRUTOS REGIONAIS PARA PACIENTES CELÍACOS E ALÉRGICOS AO LEITE DE VACA 

DEVELOPMENT OF A FUNCTIONAL CEREAL BAR WITH REGIONAL FRUITS FOR CELIAC PATIENTS AND THOSE ALLERGIC TO COW’S MILK 

REGISTRO DOI: 10.69849/revistaft/cs10202411081845


Igor Beijamim Freitas Dos Santos1
Katriny Isabella Lopes Batista1
Nataly Gonçalves Pinto1
Francisca Marta Nascimento de Oliveira Freitas2
Ana Rita Gaia Machado3


RESUMO 

O objetivo dessa pesquisa é descrever a elaboração de uma barra de cereal nutricional para atender  pessoas diagnosticadas com doença celíaca e alergia ao leite de vaca, e que possuem como medidas as dietas restritivas. A sua construção foi dada em laboratório de gastronomia, observando uma posterior  análise físico-química que transmite valores de altos níveis de fibras e proteínas, fundamentais para a  saúde digestiva e essenciais para o alimento ser considerado funcional. Os resultados das análises  microbiológicas constataram a ausência de contaminação por coliformes e patógenos. Além disso, o custo total de produção foi estimado em R$ 22,26, sendo a castanha do Brasil e o cupuaçu os  ingredientes de maior impacto no valor. Por tanto, o trabalho desenvolvido é relevante para. Como  resultados, o trabalho contribui com o avanço de pesquisas que desenvolvem esta classe de  alimentos utilizando matéria-prima regional, o que atende a uma demanda cada vez mais crescente  de consumidores com restrições dietéticas. Por fim, conclui-se que a barra de cereal possui  características adequadas na promoção da saúde e se destaca como uma alternativa de consumo  para pessoas diagnosticadas com as doenças supramencionadas.  

Palavras-chave: Barras de cereais; ingredientes funcionais; diabete tipo 2; características físico químicas. 

ABSTRACT 

The objective of this research is to describe the elaboration of a nutritional cereal bar to serve people  diagnosed with celiac disease and allergy to cow’s milk, and who have restrictive diets as measures.  Its construction was given in a gastronomy laboratory, observing a subsequent physicochemical  analysis that transmits values of high levels of fiber and protein, fundamental for digestive health and  essential for the food to be considered functional. The results of the microbiological analyses found the  absence of contamination by coliforms and pathogens. In addition, the total cost of production was  estimated at R$ 22.25, with Brazil nuts and cupuaçu being the ingredients with the greatest impact on  the value. Therefore, the work developed is relevant to. As a result, the work contributes to the  advancement of research that develops this class of food using regional raw material, which meets an  increasingly growing demand from consumers with dietary restrictions. Finally, it is concluded that the  cereal bar has adequate characteristics in health promotion and stands out as a consumption  alternative for people diagnosed with the aforementioned diseases.  

Keywords: Cereal bars; functional ingredients; type 2 diabetes; physicochemical characteristics.

1. INTRODUÇÃO 

A existência dos alimentos funcionais e suas composições à base de frutas  tropicais da Amazônia gera grande demanda, em decorrência principalmente pela  forma de cultivo e criação desses alimentos. Além disso, as pessoas têm buscado mais conhecimento a respeito da ingestão de alimentos funcionais, que  colaboram com as dietas restritivas, para quem ocasionalmente encontrou-se em um  quadro de alergia ou intolerância alimentar (Melo et al., 2020). 

Nos últimos anos, o avanço da industrialização provocou transformações no  setor alimentício. Observa-se que as diversas mudanças visam atender a demanda  dos consumidores por alimentos que possuem teor funcional e saudável. Isso ocorre  muito por conta do surgimento das alergias e intolerâncias alimentares (Ferrari,  Meira e Soares, 2022). Neste sentido, para Solé (2018) a respeito das alergias  múltiplas, onde as crianças e adolescentes que apresentam a doença encontram-se  em situação de risco nutricional. 

Santos et al. (2018) relatam que a procura por alimentos de qualidade vem  sendo cada vez mais a prioridade de grande parte das pessoas, onde a manutenção  da saúde é um fator primordial e determinante para o consumo de comidas que  possuem maior teor nutricional. Ao elencar estes aspectos, é possível entender o quanto a indústria dá ênfase a esses alimentos, que para além dos nutrientes  adicionados, possuem fórmulas e receitas que agregam funções metabólicas  benéficas. 

Os sintomas gastrointestinais frequentemente associados às intolerâncias  alimentares têm sido objeto de estudos. O método mais recomendado para diagnosticar intolerâncias alimentares continua sendo a exclusão temporária do alimento suspeito, seguida de sua reintrodução na dieta, embora existam outros  testes de diagnósticos em desenvolvimento que ainda carecem de validação (Monte,  2015). 

A intolerância à Lactose encontrada em diagnósticos de pessoas adultas é um tema ainda pouco abordado, e em alguns casos, pouco conhecido pela maioria das pessoas, o que faz com que haja a disseminação do conhecimento inadequado. E  em determinadas circunstâncias, essa morbidade é confundida com a Alergia à Proteína do Leite (Feitosa; Habeck; Santos, 2022). 

Conforme destacado por Resende et al. (2017), a doença celíaca apresenta  uma ampla gama de sintomas clínicos, que estão diretamente relacionados à intensidade, extensão e localização do processo inflamatório. Além disso, outros fatores exercem influência no quadro da doença em questão, como por exemplo:  sensibilidade individual do paciente; quantidade de glúten presente na dieta alimentar; época em que houve sua introdução na rotina diária do indivíduo afetado  pela enfermidade e até mesmo o impacto protetor proporcionado pelo aleitamento  materno. 

Vale ressaltar que as causas de violações nas restrições alimentares podem  estar associadas principalmente à falta dos alimentos mais comuns ao consumo,  além da pouca circulação dessa categoria de alimentos em supermercados e  também quanto aos altos preços comerciais. São fatores que, em se tratando de  população brasileira, normalmente impactam significativamente o acesso normal a  dietas restritivas De acordo com (Galleazzi; Melo; Kuhn, 2021). 

Por outro lado, Ferreira (2018) aborda um aspecto interessante sobre as dietas,  que é o aspecto cognitivo, a restrição alimentar com o passar do tempo impacta  substancialmente os mecanismos do autocontrole, e promove o favorecimento de episódios de descontrole alimentar. Em muitos casos isto ocasiona transtornos como  a compulsão alimentar. 

Tanto a alergia quanto a intolerância alimentar representam respostas  incomuns do organismo em relação aos alimentos. Enquanto a alergia alimentar é  uma reação imunológica exagerada às proteínas alimentares, a intolerância  alimentar resulta de uma resposta não imunológica a determinados alimentos em  quantidades normalmente toleradas (Barros et al., 2023). 

Crucinsky, Damião e Castro (2021) enfatizam que é possível notar que muitas  pessoas tomam conhecimento dos sintomas associados às doenças relacionadas ao  glúten através de fornecimento de informação, isto é, os indivíduos informam-se  sobre os exames corretos necessários para a obtenção do diagnóstico adequado  bem como quais profissionais de saúde orientam. É nesse contexto em que elas  vivenciam uma sensação de pertencimento e identidade podendo encontrar outras  pessoas enfrentando a mesma situação. Este envolvimento resulta na criação de  laços significativos caracterizados pela solidariedade, reciprocidade e amizade entre as partes envolvidas. Neste estudo os participantes reportaram terem se sentido mais fortalecidos emocionalmente, assim como esperançosos. 

Além disso, Franco (2017) enfatiza que devido a existência das dietas  restritivas, consumidores estão cada vez antenados quanto às suas influências na saúde, em geral. A partir daí, as substâncias aditivas como os compostos bioativos,  as fibras alimentares e as vitaminas são ingredientes principais no preparo de alimentos industrializados ou comida caseira. Essas substâncias têm a capacidade  de fornecer vários benefícios nutricionais aos humanos, como a presença de  probióticos e ácidos graxos essenciais para a nutrição. Ademais, esses benefícios  são encarados como uma das opções populares também incorporadas aos produtos processados para aumentar suas propriedades nutritivas em busca do melhoramento  da saúde e bem-estar. 

O mercado consumidor tem se tornado cada vez mais criterioso na busca por  alimentos nutritivos. Nesse contexto, as barras de cereais têm ganhado destaque  significativo como substitutas de outros alimentos de menor valor nutricional (Silva,  2018). Não há evidências científicas que apoiem a ideia de que dietas com qualquer  nível de restrição de glúten são benéficas para indivíduos saudáveis. Isto aplica-se  tanto à perda de peso e à melhoria da saúde em geral. Apesar disso, pode haver  várias razões pelas quais uma pessoa pode decidir não consumir produtos que  contenham glúten; no entanto, os profissionais médicos precisam prestar atenção e  monitorar de perto cada sintoma como diferentes patologias compartilham efeitos  comuns. 

O objetivo deste estudo é desenvolver uma barra de cereal funcional que possa atender pessoas que possuem dieta restritiva para o diagnóstico de doença  celíaca e alergias alimentares como a alergia ao leite de vaca, enfatizando e  descrevendo as suas características nutricionais. 

2. MATERIAIS E MÉTODOS 

2.1 MATÉRIAS-PRIMA 

Conforme ressaltado pela Faculdade Luciano Feijão (2020), o tipo de  pesquisa experimental, refere-se àquela que realiza algum procedimento/experimento, em geral em laboratórios ou ambientes onde o  pesquisador “manipula” variáveis, são as chamadas variáveis dependentes. Além disso, as variáveis que sofrem influência dessa manipulação, são as chamadas  variáveis independentes. 

Neste contexto, os ingredientes utilizados para a elaboração da barra de  cereal foram: aveia, mel, cacau em pó, castanha do Brasil e cupuaçu. Esses ingredientes foram obtidos em diferentes estabelecimentos comerciais da cidade de Manaus/AM, como lojas de produtos a granel e supermercados. 

Com relação à castanha, Cruz e Andrade (2023), demonstraram que a  castanha brasileira é rica em diversos elementos que contribuem para o bom  funcionamento do organismo humano. Dentre os macronutrientes presentes,  destacam-se altas concentrações de lipídios compostos majoritariamente por ácidos  graxos poli-insaturados, proteínas com alto valor biológico, fibras dietéticas e  carboidratos complexos. 

Sancanari et al. (2019) afirmaram que o fato de que inúmeros estudos  buscam evidenciar uma relação entre o consumo de castanha e a queda do nível de  riscos cardiovasculares, se justifica na observação de que a castanha é um alimento  do tipo oleaginoso, e que possui nutrientes benéficos à saúde do coração. Além  disso, em sua composição a castanha apresenta muitos nutrientes, um deles é o LDL, associado a redução de colesterol. Assim, conclui- se que a castanha é um  alimento que deve ser incluído na alimentação com o intuito de oferecer um  complemento na prevenção de algumas doenças e minimizando riscos de outras. 

Guimarães (2021) ressalta que a aveia é um cereal produzido em larga escala  ao redor do mundo, que apresenta muitos benefícios à saúde humana, podendo reduzir riscos de doenças e com a melhoria de quadros clínicos dessas doenças. A composição da aveia conta com antioxidantes, fenólicos, β-glucana, aminoácidos,  fibras e carboidratos. Apesar da sua composição natural, os benefícios encontrados  na aveia também sofrem influência da sua forma de produção e processamento.

Henz, Battistella e Marquez (2021) conseguiram identificar que o cacau  apresenta benefícios excelentes atuando como coadjuvante na prevenção de  doenças crônicas não transmissíveis, incluindo aquelas relacionadas à hipertensão  arterial sistêmica, patologias cardiovasculares e diabetes mellitus. 

Paz et al. (2022) enfatizam como os alimentos funcionais contêm funções  biológicas que proporcionam diversos benefícios para a saúde e atuam na  prevenção do risco de desenvolvimento de doenças. A exemplo disso, o cacau é  uma fruta fonte enorme de flavonoides, que se trata de uma substância  com alto teor de propriedades funcionais. 

Para Pizzinato e Cardoso (2019) considera-se que o cacau é como um alimento riquíssimo em flavonóides, como já mencionado, esta característica se dá  principalmente em sua composição em pó. Pelo fato de ser altamente palatável, o  consumo pode feito em adição a outras formas de prevenção e tratamento de doenças relacionadas à alimentação. 

Lima (2022) considera que a capacidade antioxidante do mel varia com a  origem floral e estando diretamente relacionada a sua cor. No entanto, depende das  concentrações dos compostos fenólicos que ele contém, este composto varia de  acordo com a origem floral que as abelhas visitam. 

De acordo com o estudo realizado por Socha e Pinheiro (2016), pode-se  afirmar que a árvore Cupuaçu, pertencente à Família do cacau, apresenta porte  pequeno a médio podendo chegar até 20 metros de altura. É importante ressaltar  que essa fruta já foi considerada como fonte primária de alimentação na floresta  amazônica tanto para os povos indígenas quanto para os diversos animais  presentes nesta região. 

A elaboração do produto foi realizada dentro da Unidade 5 do Centro  Universitário Fametro, especificamente no laboratório de Gastronomia 3. 

2.2 FORMULAÇÃO DA BARRA DE CEREAL 

Os insumos utilizados na produção da barra de cereal foram adquiridos em  comércio local e empórios. 

Após a separação, e pesagem dos ingredientes, os mesmos foram reunidos:  aveia sem glúten, cacau em pó 100%, castanha do Brasil, polpa desidratada de  cupuaçu, uva passa e mel. Em seguida, foi feita a trituração da uva passa de forma  manual, e do cupuaçu e da castanha no triturador por aproximadamente dois minutos  para obter grãos mais finos. 

Depois de triturados, todos os ingredientes foram colocados em recipiente para a pesagem. O cacau em pó foi peneirado para a redução de possíveis volumes  inconsistentes. A mistura começou com ingredientes secos: aveia, cacau em pó,  castanha do Brasil, cupuaçu desidratado e uva passa. Em seguida, o mel foi  adicionado à mistura cuidadosamente para garantir que atingisse a consistência  desejada. 

Então, a massa foi colocada em uma forma de alumínio e distribuída  uniformemente. A seguir, ela foi levada ao forno a 180 °C e assada por cerca de 15  minutos até ficar levemente dourada. 

Após o processo de assamento, a barra foi retirada do forno e deixada para  esfriar em temperatura ambiente por mais 15 minutos para que sua estrutura se  consolidasse completamente. Então, moldada manualmente e cortada verticalmente em pedaços de aproximadamente 3 cm de largura, cada barra resultante pesava entre  39-41 gramas. 

Por fim, as barras foram cuidadosamente embaladas e armazenadas sob  refrigeração, onde permaneceram até a realização das análises físico-químicas. Os ingredientes utilizados para a formulação da barra de cereal estão descritos  na Tabela 1. 

Tabela 1 – Insumos Utilizados na Formulação da Barra de Cereal 

Legenda: CSP: Colher de Sopa Pequena 
Fonte: Elaborado pelos autores. 

Figura 1 – Etapas do processo de formulação da barra de cereal. 

Fonte: Elaborado pelos autores.

2.3 AVALIAÇÃO DO CUSTO DAS PREPARAÇÕES 

A tabela 2 apresenta e fornece uma análise detalhada dos ingredientes  usados, requisitos e custos envolvidos na composição das barras de cereais. Esta  análise é essencial para compreender a estrutura de custos do produto, bem como  identificar possíveis oportunidades de otimização. 

A barra de cereal apresenta uma composição relativamente simples, composta  por ingredientes como aveia, cacau, castanha-do-Brasil, cupuaçu desidratado, passas  e mel. A aveia e o cacau são ricos em sabor característico e fornecem fibras e  antioxidantes. A adição de castanha-do-Brasil adiciona gorduras e proteínas  saudáveis à mistura, enquanto o cupuaçu hidrata as papilas gustativas com vitaminas  e minerais fornecidos pelas passas secas. O mel atua tanto como um adoçante  natural que também serve para unir esses componentes nutritivos elegantemente  dentro de sua forma compacta. 

O custo total de produção da barra de cereal, considerando a quantidade de  ingredientes utilizados, é de R$ 22,26. O custo primário está relacionado à aquisição  de castanha-do-Brasil, que representa mais de 25% da despesa total. Em seguida,  vem o cupuaçu desidratado, contribuindo com aproximadamente 10% para os custos  gerais. 

Tabela 2 – Ficha Técnica e Custo da Barra de Cereal. 

Fonte: Elaborado pelos autores. 

2.4 ANÁLISES FÍSICO-QUÍMICAS 

No caso da barra de cereal desenvolvida neste estudo, a sua umidade foi determinada por dessecação 105 °C até que fosse possível obter o peso constante.  Além disso, com relação às cinzas e fibras, determinou-se a partir da incineração do  material em mufla a 550-660 °C e digestão ácido-básica, seguido o método de  Weende, respectivamente (Association Of Official Analytical Chemists, 2006).  

Dando continuidade ao processo, o teor dos carboidratos foi estimado pela diferença de cem entre os valores obtidos com a umidade, proteínas, lipídios, fibra  alimentar e cinzas. Esta determinação de valor calórico das barras de cereais considerou os dados de composição centesimal aproximada de 4 kcal/g de proteína,  4 kcal/g de carboidrato e 9 kcal/g de lipídeo, conforme a RDC nº 360 do Ministério da  Saúde (2003),  

2.5 ANÁLISE MICROBIOLÓGICA 

A Instrução Normativa nº 161, de 1º de julho de 2022 da ANVISA – Agência  Nacional de Vigilância Sanitária, estabelece os padrões microbiológicos dos  alimentos. Onde, de acordo com a entidade, esses padrões microbiológicos são os  critérios que determinam se um lote ou processo de produção alimentar é aceitável.  Esses padrões baseiam-se na presença, ausência ou concentração de  microrganismos, toxinas e metabólitos. Os padrões microbiológicos são cruciais para  garantir a saúde dos consumidores e verificar se as práticas de higiene das  empresas são adequadas. 

A tabela 3 apresenta a composição microbiológica da barra de cereal analisada em laboratório: 

Tabela 3 – Composição Microbiológica da Barra de Cereal 

Fonte: Elaborado pelos autores. 

Nesse sentido, a análise microbiológica da barra de cereal revelou a ausência  de indicadores de contaminação fecal, como coliformes fecais e patógenos como  Salmonella sp. Além disso, não foram detectados fungos ou leveduras, indicando  controle adequado das condições de produção. Esses achados confirmam a segurança microbiológica do produto e sua adequação ao consumo humano. 

2.6 ANÁLISE ESTATÍSTICA 

Os resultados foram submetidos à análise de variância com média e desvio  padrão da triplicada das amostras. 

3. RESULTADOS E DISCUSSÃO 

A análise da composição nutricional da barra de cereal revelou um perfil  nutricional promissor, caracterizado por altos níveis de fibras (8,39/100g) e proteínas  (15,22g/100g). Esses nutrientes são cruciais para a função corporal ideal,  promovendo a saciedade, regulando o trânsito intestinal e contribuindo para a  construção e reparação dos tecidos. 

Ao analisar a composição físico-química da barra de cereal, é possível  constatar um perfil nutricional adequado aos objetivos iniciais. Com 8,39g/100g de  fibras presentes no produto, há grande potencial para ajudar na saúde do intestino e  regular o trânsito intestinal enquanto promove saciedade ao consumidor. Além disso,  o conteúdo de carboidratos, por sua vez, indica que o produto é uma fonte de  energia importante para o funcionamento adequado do corpo.  

Esta avaliação faz-se necessária, a fim de averiguar a eficácia do alimento  elaborado para consumo. Conforme apontado por Filho et al. (2022) a substituição do leite de forma inadequada, é passível da origem de quadros de deficiências  nutricionais, ou de sofrerem influência negativa de práticas alimentares, sendo  detectados prejuízos imediatos ou no longo prazo. 

Por outro lado, Ferreira (2018) aborda um aspecto interessante sobre as dietas  restritivas, que é o aspecto cognitivo, a restrição alimentar com o passar do tempo  impacta substancialmente os mecanismos do autocontrole, e promove o  favorecimento de episódios de descontrole alimentar. Em muitos casos isto ocasiona  transtornos como a compulsão alimentar. 

Além disso, com base na análise físico-química da barra de cereal realizada,  o teor de umidade foi determinado por secagem a 105°C até atingir peso constante e  comprovado em 10,76%. Esse valor relativamente baixo é favorável à conservação  do produto, pois uma baixa umidade ajuda a prevenir o crescimento microbiano e  prolonga a vida útil do alimento. Assim, o produto demonstra boa estabilidade em  termos de armazenamento e durabilidade.

A tabela 3 demonstra os resultados da análise físico-química da barra de  cereal feita em laboratório: 

Tabela 4 – Composição Físico-química da Barra de Cereal 

Fonte: Elaborado pelos autores 

O teor de cinzas, obtido através da incineração em mufla, apresentou um  valor de 0,19%. Isso indica que uma barra de cereal contém uma quantidade  modesta de minerais. Esse resultado é esperado para produtos à base de cereais  não enriquecidos. Tal nível pode ser considerado adequado para itens que não têm  o objetivo específico de fortificação mineral e buscam manter o perfil natural dos  ingredientes. 

O teor de proteínas, que foi medido em 15,22%, é um valor significativo e  destaca a barra como uma excelente fonte proteica. Esse aspecto torna o produto  especialmente atraente para consumidores específicos em aumentar sua ingestão  de proteína. Além disso, as proteínas presentes na barra de cereal oferecem a  vantagem adicional de promover maior saciedade, ajudando a controlar a fome por  mais tempo. 

Em relação aos lipídios, o teor encontrado foi de 6,18%. A quantidade  moderada de gorduras é essencial para a função cerebral e cardiovascular, além de  auxiliar na ingestão das vitaminas lipossolúveis. No caso desta barra, as gorduras  provavelmente vêm da castanha-do-Brasil entre outros ingredientes que contribuem  para um perfil nutricional equilibrado e saudável em termos energéticos. 

Por fim, o teor de fibras da barra atingiu 8,39%, um índice bastante elevado  que traz grandes benefícios à saúde digestiva. Para os consumidores que buscam  uma dieta rica em fibras, esse é um ponto positivo que agrega valor ao produto,  tornando-o ideal para quem almeja uma alimentação equilibrada e funcional. 

Em relação à análise de custos, indicou-se que o custo primário associado à  produção de barras de cereais está relacionado à aquisição de castanhas-do-Brasil e cupuaçu desidratados. Embora esses ingredientes contribuem significativamente  para o sabor e valor nutricional do produto, eles representam uma parcela  significativa dos custos totais. 

4. CONCLUSÃO 

Com base no estudo apresentado, busca-se contribuir com o conhecimento  técnico e científico frente à comunidade acadêmica e sociedade em geral, sobre a  importância da prevenção e tratamento de doenças relacionadas à alergias e  intolerância a substâncias presentes em determinados alimentos, como a doença  celíaca e alergia ao leite de vaca.  

A produção da barra de cereal funcional, trouxe uma perspectiva facilitadora a  fim de introduzir não só insumos regionais, mas também desenvolver um produto  destinado principalmente à pessoas que aderem ao tratamento dos estados clínicos  supramencionados com base em dieta restritiva.  

Quanto às propriedades nutricionais foi identificado um valor considerável de  fibras, proteínas, baixos níveis de açúcar, sem adição de glúten, sem nutrientes de  origem láctea. Ademais, durante a produção foram realizados os testes de aceitação  tendo amparo de uma análise descritiva para concluir a qualidade da barra de cereal  e quantidade nutriente disponíveis a cada 100g deste alimento. 

Os resultados obtidos nessa pesquisa indicam que a barra de cereal  desenvolvida apresenta um perfil nutricional atraente e pode servir como uma opção  saudável para consumo, particularmente para os indivíduos com algum diagnóstico  de doença celíaca ou alergia ao leite de vaca.  

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1Graduando (a) do Curso de Bacharelado em Nutrição do Centro Universitário FAMETRO. E-mail:  beijafreitas13i@gmail.com; katrinyisabella2@gmail.com; nataly17goncalvespinto@gmail.com;
2Orientadora do TCC, Doutora em Biotecnologia pela Universidade Federal do Amazonas. Docente do Curso de Bacharelado em Nutrição do Centro Universitário FAMETRO. E-mail: francisca.freitas@fametro.edu.br;
3Co-orientador(a) do TCC, Doutora em Biotecnologia pela Universidade Federal do Amazonas. Docente do Curso de Bacharelado em Nutrição do Centro Universitário FAMETRO. E-mail: ana.machado@fametro.edu.br