DESAFIOS NO ENFRENTAMENTO Á VIOLÊNCIA CONTRA A MULHER IDOSA

CHALLENGES IN ADDRESSING VIOLENCE AGAINST ELDERLY WOMEN

REGISTRO DOI: 10.69849/revistaft/pa10202411300948


Adria Coelho De Jesus1; Beatriz Oliveira da Silva1; Ediomar Oliveira de Souza1; Jacqueline Sousa de Souza1; Sarah da Silva Sá1; Tayanne da Silva caranha1; Adriano dos Santos Oliveira2


Resumo

O enfrentamento à violência contra a mulher idosa enfrenta desafios agravados pelo silêncio das vítimas, muitas vezes por medo ou vergonha, o que contribui para a subnotificação dos casos. O presente artigo tem como objetivo analisar os principais desafios no enfrentamento dessa violência, propondo estratégias de intervenção eficazes que possam minimizar o impacto e promover o bem-estar dessas mulheres. Para embasar a pesquisa, foram utilizados artigos científicos encontrados nas bases de dados: Scientific Electronic Library Online (SCIELO), Literatura Latino-Americana em Ciências da Saúde (LILACS) e Biblioteca Virtual em Saúde (BVS). Os resultados apontam para a necessidade de um fortalecimento das redes de proteção, sensibilização da sociedade e capacitação dos profissionais de saúde para identificar e tratar os casos de violência contra a mulher idosa.

Palavras-chave: Violência, mulher idosa, enfermagem, violência de gênero, atenção primária.

1 INTRODUÇÃO

A violência contra a mulher idosa é uma realidade alarmante que abrange diversas formas de agressão, como violência física, psicológica, financeira e negligência (FRIAS; CARVALHO, 2021).

Essa violência pode ser cometida por familiares, cuidadores ou até mesmo por desconhecidos, tornando-a uma questão complexa em consequência da vulnerabilidade das idosas, agravada por questões de saúde e dependência (OLIVEIRA, 2023).

Além disso, o silêncio em torno dessas agressões, muitas vezes por medo ou vergonha, contribui para a subnotificação dos casos, no Brasil, os índices de violência contra a mulher idosa têm mostrado um crescimento preocupante (MELEIRO, 2021).

A violência doméstica figura como um dos principais tipos de agressão contra mulheres idosas, sendo que a maioria dos agressores são familiares próximos, esse cenário revela a necessidade de políticas públicas mais eficazes e ações preventivas para enfrentar essa problemática (BRITO; GROSSI; GROSSI, 2020).

Portanto, Alarcon (2021) afirma que enfermeiros, especialmente aqueles atuando na atenção primária, são muitas vezes os primeiros a identificar sinais de abuso, por isso, é crucial que esses profissionais estejam capacitados para realizar triagens eficazes, encaminhar as vítimas para serviços de apoio, e prestar cuidados que abordem tanto as feridas físicas quanto as emocionais causadas pela violência.

O presente artigo objetiva analisar os desafios no enfrentamento à violência contra a mulher idosa, propondo estratégias de intervenção eficazes. Dentre os objetivos específicos estão: os principais fatores de risco para a violência contra a mulher idosa; Avaliar o papel dos profissionais de saúde, especialmente da enfermagem, no reconhecimento e enfrentamento desse tipo de violência; 3) Propor medidas preventivas e de intervenção que possam ser aplicadas no contexto brasileiro.

Portanto, esta pesquisa justifica-se pela crescente demanda por estratégias eficazes de combate à violência contra a mulher idosa, um grupo que enfrenta múltiplas vulnerabilidades. O envelhecimento populacional no Brasil torna essa questão ainda mais urgente, demandando ações coordenadas entre diferentes setores da sociedade para garantir a proteção e o bem-estar das idosas (Lima; Carvalho, 2024).

2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

2.1 Conceituação E Tipologias Da Violência Contra A Mulher Idosa

A violência contra a mulher idosa é um problema de saúde pública crescente que afeta profundamente a qualidade de vida e o bem-estar dessa população (OLIVEIRA et al., 2023).

Segundo Lima e Silva (2021), a violência pode ser definida como qualquer ação ou omissão que cause dano físico, psicológico ou social ao idoso, a definição inclui várias formas de abuso e negligência, refletindo a complexidade do problema (SILVA ET al., 2022).

Uma tipologia importante é a violência física, caracterizada por qualquer ato que cause dano ao corpo da vítima, de acordo com Santos e Ferreira (2022) e Oliveira et al. (2023), a violência física pode incluir agressões diretas como socos e chutes, frequentemente perpetradas por familiares ou cuidadores, essa pesquisa confirma que a violência física é uma das formas mais visíveis e documentadas de abuso contra idoso

A violência psicológica é outra forma significativa, englobando comportamentos que afetam a saúde mental da vítima, conforme identificado por Almeida e Costa (2022), essa violência inclui insultos, ameaças e isolamento social, levando a sérios danos emocionais.

Para Ferreira e Lima (2021) destacam que a violência psicológica é insidiosa e frequentemente subestimada, apesar de seu impacto profundo, a violência financeira, que envolve a exploração e controle dos recursos econômicos da mulher idosa, também é preocupante.

Segundo Souza e Martins (2023) e Nascimento et al., (2022), esse tipo de violência se manifesta quando familiares ou cuidadores se apropriam dos recursos financeiros do idoso, comprometendo sua autonomia, confirma que a violência financeira é uma forma crescente de abuso, muitas vezes associada a problemas de dependência econômica.

Segundo Costa e Almeida (2021) e Gomes e Oliveira (2023), a negligência pode resultar em condições de vida inadequadas e no agravamento da saúde do idoso, negligência é uma tipologia que se refere à falta de cuidados básicos necessários para o bem-estar do idoso, os autores acrescentam que a negligência é uma forma de violência frequentemente invisível e negligenciada, apesar de seu impacto significativo.

Para Silva e Ferreira (2021) descrevem que a violência sexual inclui qualquer forma de contato sexual não consensual, e pode resultar em graves consequências físicas e emocionais, o estudo também dirigido por Almeida e Santos (2022) enfatiza a necessidade de maior atenção a essa forma de abuso, especialmente devido à vulnerabilidade aumentada dos idosos.

2.2 Aspectos Contribuinte Para A Violência Contra A Mulher Idosa

A violência contra a mulher idosa é um fenômeno complexo, influenciado por diversos fatores sociais, econômicos e culturais, de acordo com Santos et al., (2022), um dos principais aspectos que contribui para a violência contra a mulher idosa é a vulnerabilidade econômica.

Diante disso, sabe-se que muitas mulheres idosas dependem financeiramente de familiares, o que pode aumentar a exposição a abusos e exploração (SANTOS et al., 2022, p. 45).

Outro fator relevante é o isolamento social, segundo Oliveira e Costa (2023), a falta de suporte social e o isolamento podem levar ao aumento da vulnerabilidade da mulher idosa, tornando-a mais suscetível à violência física e emocional, esse isolamento pode ser exacerbado pela perda de mobilidade e outras limitações físicas (COSTA et al., 2021).

De acordo com Oliveira (2023), a desvalorização dos idosos nas sociedades contemporâneas pode levar ao aumento da violência contra eles, ao desrespeito e à negligência. Os estereótipos negativos frequentemente contribuem para a falta de empatia e compreensão por parte de cuidadores e familiares, a presença de crenças culturais e estereótipos de idade também desempenha um papel crucial (FERREIRA; ALMEIDA, 2022).

Segundo Lima e Silva (2023), muitos idosos são cuidados por familiares ou profissionais que podem adotar comportamentos abusivos devido a fatores como estresse, frustração e falta de formação adequada.

A falta de capacitação para lidar com as necessidades complexas dos idosos pode resultar em tratamento inadequado e abusivo, idosos com condições de saúde debilitadas são frequentemente mais vulneráveis a abusos e negligência, devido à sua maior dependência de cuidadores e familiares (Silva; Costa, 2022, p. 92).

Portanto, a falta de políticas públicas efetivas para proteger os idosos pode agravar a situação, de acordo com Oliveira e Almeida (2023), a insuficiência de políticas de proteção e a falta de fiscalização adequada contribuem para a perpetuação da violência contra os idosos.

A ausência de mecanismos de denúncia eficazes e de suporte institucional pode deixar os idosos sem recursos para enfrentar a violência (ALMEIDA, 2021).

A violência doméstica contra a mulher idosa é um fenômeno alarmante e muitas vezes invisibilizado pela sociedade, causando sérios prejuízos à sua saúde física e mental (SILVA, 2021).

Com o envelhecimento, as mulheres tornam-se mais vulneráveis a agressões, tanto por questões físicas quanto emocionais, o que agrava as consequências da violência (PEREIRA, 2022).

Esse cenário, além de gerar danos imediatos, contribui para um ciclo contínuo de sofrimento e dependência, um dos principais impactos da violência doméstica contra idosas é o comprometimento da sua saúde física (ALMEIDA, 2021).

A fragilidade natural do envelhecimento, somada à violência, aumenta a incidência de lesões, fraturas e complicações de doenças preexistentes (COSTA, 2022).

Muitas vezes, a agressão não é identificada imediatamente pelos profissionais de saúde, o que retarda o tratamento e agrava as condições físicas dessas mulheres (GOMES, 2020).

Além dos danos físicos, a violência doméstica afeta gravemente a saúde mental das mulheres idosas (FERNANDES, 2021). Elas podem desenvolver transtornos como depressão, ansiedade e estresse pós-traumático, muitas vezes intensificados pelo isolamento social e pela falta de apoio familiar (SANTOS, 2023).

A sensação de abandono e a perda de autonomia são frequentes entre as idosas que sofrem violência, o que aprofunda o impacto psicológico (RIBEIRO, 2020). Outro aspecto importante é o impacto da violência na independência e qualidade de vida das mulheres idosas (CARVALHO, 2023).

A violência doméstica muitas vezes priva as idosas de sua autonomia, deixando-as dependentes de seus agressores, que geralmente são familiares próximos (Souza, 2022).

Esse ciclo de dependência pode impedir que a idosa busque ajuda, perpetuando a violência e comprometendo sua capacidade de tomar decisões sobre sua própria vida (MARTINS, 2021).

A violência financeira é outro tipo de abuso frequentemente enfrentado pelas mulheres idosas (MONTEIRO, 2022). Muitas vezes, seus recursos, como aposentadoria ou pensão, são controlados ou desviados pelos agressores, deixando-as em uma situação de vulnerabilidade econômica, isso impede que as idosas tenham acesso a cuidados de saúde, alimentação adequada e outros recursos essenciais para seu bem-estar (PINTO, 2020).

De acordo com Meleiro & Pereira (2023) os desafios enfrentados no combate à violência contra a mulher idosa são numerosos, entre eles, destacam-se a falta de recursos e capacitação para profissionais da saúde e assistência social, a dificuldade de identificação dos casos devido ao silêncio das vítimas, e a escassez de suporte psicológico e jurídico especializado.

O isolamento social é um fator que intensifica os efeitos da violência doméstica sobre as mulheres idosas, muitas idosas já vivem em situações de isolamento, e a violência agrava essa condição, tornando ainda mais difícil o acesso a redes de apoio e serviços de proteção (BARROS, 2023).

A falta de interação social e de apoio externo faz com que as vítimas se sintam cada vez mais desamparadas, levando a um ciclo de silêncio e sofrimento (NASCIMENTO, 2020).

A negligência também é uma forma de violência comum contra a mulher idosa, resultando em desamparo e abandono (TEIXEIRA, 2022). A falta de cuidados básicos, como alimentação, higiene e administração de medicamentos, compromete a saúde e o bem-estar dessas mulheres (MEDEIROS, 2021).

Muitas vezes, a negligência é praticada pelos próprios familiares, que deveriam ser responsáveis por cuidar da idoso, o preconceito relacionado  ao envelhecimento, também conhecido como ageísmo, intensifica a violência contra as mulheres idosas (OLIVEIRA, 2022).

A sociedade muitas vezes desvaloriza as idosas, tratá-las como incapazes ou menos dignas de proteção, o que contribui para a perpetuação de abusos (FERNANDES, 2023).

Esse preconceito reforça a vulnerabilidade dessas mulheres, dificultando que elas encontrem suporte e reconhecimento de seus direitos (XAVIER, 2021).

Outro fator agravante é a falta de políticas públicas específicas voltadas para a proteção das mulheres idosas vítimas de violência (GONÇALVES, 2020).

Embora existam leis que abordem a violência doméstica de forma geral, poucas contemplam as particularidades das idosas, o que limita a eficácia das ações de combate e prevenção (GOMES, 2023).

A criação de programas e serviços especializados é fundamental para garantir que essas mulheres recebam o apoio necessário (CAMPOS, 2022).

2.3 Políticas Públicas e Legislação Brasileira de Proteção ao Idoso

A Constituição Federal de 1988 estabelece o princípio da proteção ao idoso, reconhecendo a importância de assegurar direitos e cuidados especiais para as pessoas com 60 anos ou mais, esse marco constitucional serve como a base para as políticas e leis específicas que se seguiram (SILVA; SOUSA, 2021).

O reconhecimento dos direitos dos idosos no texto constitucional é fundamental para a construção de um sistema robusto de proteção (FERREIRA; ALMEIDA, 2022).

Uma das principais legislações voltadas para a proteção do idoso é o Estatuto do Idoso, instituído pela Lei nº 10.741 de 2003, o Estatuto estabelece uma série de direitos fundamentais para os idosos.

Isso inclue a proteção contra qualquer forma de violência, a garantia de atendimento preferencial em serviços públicos e privados, e o direito a um envelhecimento saudável e com dignidade, essa legislação é um marco importante na luta pelos direitos dos idosos no Brasil (OLIVEIRA; COSTA, 2022).

A Política Nacional do Idoso, instituída em 1994, também desempenha um papel crucial na proteção dos direitos dos idosos, ela estabelece diretrizes e estratégias para promover o envelhecimento saudável, a participação ativa dos idosos na sociedade e a proteção contra abusos e negligência (FERNANDES, 2023).

A política visa integrar os esforços de diferentes setores da sociedade para uma abordagem coordenada na proteção dos direitos dos idosos (PEREIRA; SILVA, 2021). Além dessas leis e políticas, o Brasil conta com o Conselho Nacional dos Direitos do Idoso (CNDI), criado pela Lei nº 10.741/2003, o CNDI é responsável por acompanhar e monitorar a implementação das políticas e leis relacionadas aos direitos dos idosos, além de promover a participação social e o controle social sobre as ações governamentais (BRASIL, 2003).

O conselho desempenha um papel importante na garantia de que as políticas públicas sejam efetivas e atendam às necessidades da população idosa (COSTA; FERREIRA, 2022).

As políticas públicas e a legislação também contemplam a proteção dos idosos em situações de violência, a Lei nº 13.341, de 2016, altera o Estatuto do Idoso para garantir uma resposta mais efetiva às situações de violência contra pessoas idosas.

Essa lei estabelece procedimentos mais claros para o atendimento e proteção das vítimas, além de reforçar as penalidades para os agressores (BRASIL, 2016).

A legislação busca criar um ambiente mais seguro e justo para os idosos, especialmente aqueles que enfrentam violência física, psicológica ou financeira (Silva; OLIVEIRA, 2022).

A implementação muitas vezes esbarra na falta de recursos, na capacitação inadequada dos profissionais e na insuficiência de mecanismos de fiscalização (PEREIRA; ALMEIDA, 2022).

É fundamental que haja investimentos contínuos e melhorias na infraestrutura para garantir que os direitos dos idosos sejam realmente respeitados, além disso, a conscientização e a educação sobre os direitos dos idosos são essenciais para o sucesso das políticas públicas. (FERREIRA; COSTA, 2023, p. 97).

A promoção de campanhas educativas e a disseminação de informações sobre os direitos e recursos disponíveis para os idosos ajudam a empoderar a população idosa e seus familiares (SANTOS; LIMA, 2023, p. 89).

Por fim, a colaboração entre o governo, a sociedade civil e as instituições é crucial para o fortalecimento das políticas públicas e da legislação de proteção ao idoso (FERREIRA; COSTA, 2023).

A criação de redes de apoio e a promoção de uma cultura de respeito e inclusão para os idosos são passos importantes para garantir um envelhecimento digno e seguro (OLIVIERA, 2023).

Diante disso, a contínua revisão e aprimoramento das leis e políticas são necessários para enfrentar os desafios emergentes e assegurar que os direitos dos idosos sejam plenamente respeitados e protegidos (SILVA; SOUSA, 2021).

A importância das leis sobre violência contra a mulher reside, principalmente, na garantia dos direitos fundamentais de segurança e dignidade, protegendo as mulheres de situações de abuso e violência. (PEREIRA; ALMEIDA, 2022).

A Constituição da República Federativa do Brasil de 1988 estabelece como princípio fundamental a dignidade da pessoa humana, o que inclui a proteção contra qualquer tipo de violência física, psicológica, sexual ou patrimonial (FERREIRA; COSTA, 2023).

Dessa forma, as leis têm o papel de reforçar esse compromisso, garantindo que o Estado atue de maneira efetiva na prevenção e repressão à violência de gênero (LIMA et al., 2023).

Uma das principais legislações que visam proteger as mulheres é a Lei Maria da Penha, que entrou em vigor em 2006, essa lei foi um marco no combate à violência doméstica e familiar contra a mulher, pois estabeleceu medidas mais rigorosas para os agressores, além de criar mecanismos de proteção e assistência às vítimas (BRASIL, 2006).

Desde sua implementação, houve um aumento significativo no número de denúncias de violência, o que demonstra um maior empoderamento das mulheres em busca de seus direitos e uma maior conscientização da sociedade sobre o problema (SILVA; OLIVEIRA, 2022).

Além da proteção imediata, as leis também desempenham um papel fundamental na responsabilização dos agressores. A Lei nº 13.641/2018, que alterou a Lei Maria da Penha, tornou crime o descumprimento das medidas protetivas de urgência (OLIVEIRA; COSTA, 2022).

Essa alteração foi necessária para garantir que os agressores sejam devidamente punidos quando não respeitam as restrições impostas, reforçando a necessidade de uma resposta firme do Estado frente às violações dos direitos das mulheres (SILVA et al., 2022).

As legislações também incentivam a criação de políticas públicas voltadas para a prevenção e o combate à violência contra a mulher, a Lei Maria da Penha prevê ações educativas e campanhas de conscientização sobre a violência doméstica, buscando envolver a sociedade no enfrentamento do problema (OLIVEIRA, 2023).

As legislações preveem a criação de serviços de acolhimento e suporte, como centros de atendimento psicossocial e casas-abrigo, que oferecem às mulheres a oportunidade de receber apoio e orientação no momento de ruptura com o ciclo de violência (ROCHA; NASCIMENTO, 2023) Esses serviços são essenciais para garantir a autonomia das vítimas e ajudá-las a retomar suas vidas de forma segura e digna (Silva et al., 2022).

2.4  Papel dos Profissionais de Saúde e da Enfermagem no Enfrentamento da Violência

Os profissionais de saúde, especialmente os enfermeiros, desempenham um papel crucial no enfrentamento da violência, identificando e oferecendo suporte às vítimas (SANTOS; LIMA, 2023, p. 89).

Segundo Silva et al. (2022), a atuação proativa dos profissionais de saúde é fundamental para a detecção precoce de sinais de violência, o que pode melhorar significativamente o tratamento e a proteção das vítimas.

Esses profissionais são frequentemente os primeiros a ter contato com as vítimas e, portanto, possuem uma posição estratégica para identificar situações de violência (SANTOS; OLIVEIRA, 2023).

A formação e a capacitação dos enfermeiros são essenciais para que possam lidar adequadamente com casos de violência, de acordo com Almeida e Costa (2021), a educação continuada sobre o manejo da violência e a sensibilização para as questões de abuso são cruciais para garantir uma resposta eficaz.

Profissionais bem treinados são capazes de reconhecer os sinais sutis de violência e proporcionar o suporte necessário às vítimas (MARTINS; SILVEIRA, 2022).

Além disso, a criação de protocolos e diretrizes específicas para a atuação dos profissionais de saúde em casos de violência é uma prática recomendada (ROCHA; NASCIMENTO, 2023).

A implementação de protocolos de atendimento permite uma abordagem sistemática e padronizada, o que ajuda a garantir que todas as vítimas recebam cuidados apropriados e coerentes (OLIVEIRA, 2023).

O trabalho colaborativo entre os profissionais de saúde e outras instituições é essencial para enfrentar a violência de forma eficaz, a integração com serviços sociais e jurídicos amplia as possibilidades de suporte e proteção para as vítimas (SOUZA et al., 2022).

Os enfermeiros também têm um papel importante na educação e prevenção da violência, promovendo campanhas de conscientização e programas educativos para a comunidade (FERREIRA; ALMEIDA, 2022).

Segundo Oliveira e Lima (2023), essas ações são essenciais para aumentar a conscientização sobre a violência e ajudar na prevenção a educação contínua e as campanhas de prevenção contribuem para a criação de um ambiente mais seguro e informativo para todos.

Com base na literatura existente, é possível identificar uma série de desafios enfrentados pelos profissionais de saúde no atendimento às mulheres vítimas de violência (ALARCÓN et al., 2021)

Diante disso, muitas vezes, as equipes da atenção básica enfrentam dificuldades em reconhecer os sinais de violência devido à falta de formação adequada e à ausência de protocolos específicos para esses casos (OLIVEIRA, 2023).

Esse cenário se torna ainda mais complexo em situações em que a vítima hesita em denunciar o agressor por medo de represálias ou pela dependência emocional e econômica (MARTINS; SILVEIRA, 2022).

Além disso, a negligência no atendimento às vítimas de violência, discutida por Almeida e Costa (2021), também é um problema significativo, profissionais de saúde muitas vezes não conseguem oferecer um atendimento adequado devido à falta de recursos ou à sobrecarga de trabalho.

A negligência, nesse contexto, não se refere apenas à omissão de cuidados, mas também à falha em prestar uma assistência humanizada e integral, levando a uma perpetuação do ciclo de violência (SOUZA et al., 2022).

Outro desafio enfrentado é o estigma e os estereótipos que podem influenciar a percepção dos profissionais de saúde em relação às vítimas (OLIVEIRA, 2023).

Segundo Almeida e Ferreira (2021), esses estereótipos podem levar a um atendimento discriminatório, em que as mulheres são julgadas e responsabilizadas pela situação de violência que enfrentam, essa postura dos profissionais dificulta ainda mais a busca por ajuda e reduz as chances de uma intervenção eficaz.

As políticas públicas de proteção às mulheres vítimas de violência também apresentam lacunas que dificultam a atuação dos profissionais de saúde (MARTINS; SILVEIRA, 2022).

De acordo com Almeida e Oliveira (2022) discutem que a falta de integração entre os serviços de saúde e os órgãos de proteção impede a construção de uma rede de apoio sólida, essencial para o enfrentamento da violência.

A ausência de um fluxo adequado de encaminhamento faz com que muitas mulheres retornem ao ciclo de violência sem receber o suporte necessário (OLIVEIRA, 2023).

Os profissionais de saúde também enfrentam dificuldades relacionadas à violência financeira, que pode limitar a capacidade das mulheres de buscar ajuda (ALMEIDA; FERRREIRA, 2023).

De acordo com Santos e Ferreira (2022) destacam que o controle financeiro imposto pelos agressores dificulta o acesso das mulheres aos serviços de saúde, comprometendo o seu bem-estar e limitando as opções de tratamento.

A falta de políticas eficazes para lidar com essa forma de violência agrava ainda mais a situação, outro aspecto relevante é o impacto psicológico que o atendimento a mulheres vítimas de violência pode ter nos profissionais de saúde (LIMA et al., 2023).

De acordo com Brito et al. (2020), muitos profissionais relatam sentir-se impotentes frente à complexidade dos casos e à falta de apoio institucional, essa situação pode levar ao esgotamento emocional e até mesmo ao desenvolvimento de quadros de estresse e burnout, comprometendo a qualidade do atendimento prestado.

A falta de formação específica sobre a violência contra a mulher também é um desafio significativo, de acordo com Lima e Carvalho (2024) apontam que a formação dos profissionais de saúde ainda é deficiente no que diz respeito ao reconhecimento e manejo dos casos de violência.

Sem o devido preparo, esses profissionais têm dificuldade em identificar os sinais precoces de abuso e em oferecer o suporte adequado às vítimas, a burocracia envolvida nos processos de notificação compulsória também se apresenta como um obstáculo (OLIVEIRA, 2023)

Diante disso, Meleiro e Pereira (2023) destacam que, embora a notificação seja obrigatória, muitos profissionais sentem-se desencorajados a preenchê-la devido à complexidade dos formulários e ao medo de represálias.

Por fim, a sobrecarga de trabalho dos profissionais de saúde, combinada com a falta de recursos, limita a capacidade de oferecer um atendimento adequado às vítimas de violência (LIMA et al., 2022).

De acordo com Alarcón et al. (2021) ressaltam que a alta demanda por serviços de saúde e a escassez de profissionais qualificados dificultam a atenção individualizada e integral às mulheres em situação de violência, comprometendo a efetividade do atendimento.

Dessa forma, para enfrentar os desafios na assistência às mulheres vítimas de violência, é fundamental investir na capacitação dos profissionais de saúde, melhorar a articulação entre os serviços e reduzir a burocracia envolvida nos processos de notificação (OLIVEIRA, 2023).

Somente por meio de uma abordagem integrada e do fortalecimento das redes de apoio será possível oferecer um atendimento mais eficaz e humanizado, promovendo a saúde e a segurança dessas mulheres (LIMA et al., 2023)

3 METODOLOGIA

Estudo do tipo Revisão de literatura, Vosgerau; Romanowski (2014) relata que a pesquisa integrativa consiste em organizar, esclarecer e resumir as principais obras existentes, a partir das citações que constituem parte integrante da revisão de literatura que abrange temas específicos de cada abordagem.

A análise das publicações pode contribuir na reformulação histórica do diálogo acadêmico por apresentar inovações teóricas. Foram utilizados artigos científicos das bases de dados: Scientific Electronic Library Online (SCIELO), Literatura Latino  – Americana em Ciências da Saúde (LILACS). Biblioteca Virtual em Saúde (BVS), utilizando os seguintes descritores: Violência, mulher idosa, enfermagem, violência de gênero, atenção primária.

Foram incluídos nesta pesquisa, periódicos e artigos originais realizados no Brasil, em idioma português, que tenham sido publicados no período de 2020 a 2024 – salvo as legislações – que contenham pelo menos dois descritores, e que constam nos objetivos no estudo.

Foram excluídos estudos com desenhos do tipo coorte, caso-controle, relatos de experiência, estudos de caso, os que foram publicados anterior a 2020 (salvo as legislações) e que não contenham o objetivo dos estudos.

4 RESULTADOS E DISCUSSÕES OU ANÁLISE DOS DADOS

Os resultados do estudo realizado por Lima et al., (2022) revelaram que a prevalência de violência contra a mulher idosa é significativa, com 35% das participantes relatando algum tipo de abuso, sendo a violência psicológica a mais comum, seguida pela física e financeira.

Os estudos realizados por Souza et al., (2022) corroboram esses achados, destacando que a violência psicológica predomina entre os casos reportados por mulheres idosas.

Esse resultado está em linha com as pesquisas de Silva e Almeida (2023), que também encontraram altas taxas de violência psicológica contra mulheres idosas em suas amostras.

Além disso, o estudo identificou que a maioria das vítimas não busca ajuda formal, com apenas 20% dos casos sendo reportados às autoridades competentes (Lima et al., 2022).

Segundo Santos e Oliveira (2021), a falta de denúncia está relacionada ao medo de represálias e à desconfiança no sistema de apoio, o que impede a intervenção precoce e a proteção efetiva das vítimas.

A pesquisa de Ferreira et al. (2022) reforça essa visão, evidenciando que a falta de acesso a serviços de apoio e a estigmatização são barreiras significativas para a busca de ajuda (Oliveira, 2023).

Em relação às características dos agressores, o estudo mostrou que 60% dos abusadores são familiares diretos das vítimas, geralmente cônjuges ou filhos (LIMA et al., 2022).

Este achado é consistente com a literatura de Ramos e Costa (2021), que identificaram uma alta incidência de violência perpetrada por membros da família em casos de violência contra idosos.

A discussão dos resultados indica que a violência contra a mulher idosa é um problema multifacetado que exige uma abordagem integrada e multidisciplinar (SOUZA ET al., 2023)

É destacado que a eficácia das políticas públicas na proteção das vítimas pode ser aprimorada através da integração de serviços sociais, médicos e legais (Souza et al., 2023).

Contudo, as limitações do estudo, como o tamanho da amostra e a representatividade regional, devem ser consideradas, futuras pesquisas poderiam explorar essas limitações e avaliar intervenções específicas para melhorar a resposta às vítimas e prevenir a violência (Oliveira, 2023).

5 CONCLUSÃO/CONSIDERAÇÕES  FINAIS

O enfrentamento da violência contra a mulher idosa representa um desafio complexo que demanda uma abordagem multifacetada e integrada, a análise dos desafios e barreiras encontrados evidencia a necessidade urgente de fortalecer a conscientização sobre os direitos das mulheres idosas e melhorar a formação dos profissionais envolvidos no cuidado e na proteção dessa população.

A invisibilidade do problema, muitas vezes agravada por preconceitos etários e falta de informação, contribui para a perpetuação da violência e a dificuldade em implementar intervenções eficazes.

A criação de políticas públicas específicas, a alocação adequada de recursos e o desenvolvimento de campanhas de conscientização são essenciais para proteger as mulheres idosas e garantir que recebam o apoio necessário.

Além disso, o fortalecimento das redes de apoio e a capacitação contínua dos profissionais de saúde e assistência são indispensáveis para melhorar a identificação e a resposta aos casos de violência.

Ao enfrentar essas barreiras e desafios, é possível criar um ambiente mais seguro e justo para as mulheres idosas, promovendo um envelhecimento com dignidade e respeito, a implementação de estratégias eficazes e a promoção de uma cultura de empatia e apoio são passos cruciais para erradicar a violência e garantir que todas as mulheres, independentemente da idade, possam viver livres de abuso e violência.

REFERÊNCIAS

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