DESAFIOS NO DIAGNÓSTICO PRECOCE DA DOENÇA DE ALZHEIMER: O PAPEL DAS ALTERAÇÕES METABÓLICAS E MARCADORES BIOLÓGICOS

CHALLENGES IN THE EARLY DIAGNOSIS OF ALZHEIMER’S DISEASE: THE ROLE OF METABOLIC CHANGES AND BIOLOGICAL MARKERS

REGISTRO DOI: 10.69849/revistaft/ch10202501150532


Thyago Layron Sampaio de Abreu; Lucas Coelho Veloso; Alessandro Menezes Saldanha Feijó; Tatyane Ferreira Calvão; Lara Sousa Melo; Bianca Portela Garcia; Emerson Alcantara de Sousa Filho; Sandyla Leite de Sousa; Karla Raissa Pires da Silva; Amanda de Vasconcelos Costa; Fernanda Nathália Sousa Santana; Darianne Lopes Rocha; Gabriel Danilo Job Guaraná; Thauanne de Lima Braga; Sasha Thallia Rocha Mendes


Resumo

A Doença de Alzheimer (DA) é uma das principais causas de demência, afetando milhões de pessoas em todo o mundo, especialmente na população idosa. No entanto, o diagnóstico precoce da DA permanece desafiador, pois seus sintomas iniciais, como lapsos de memória e dificuldades cognitivas leves, muitas vezes são confundidos com o envelhecimento normal ou outras condições. O presente artigo tem como objetivo geral analisar os desafios no diagnóstico precoce da Doença de Alzheimer. A pesquisa é fundamentada em uma revisão abrangente da literatura existente, para a coleta dos dados, foi utilizada a base de dados PubMed e Scielo, a pesquisa foi conduzida com os termos “Doença de Alzheimer”, “Biomarcadores”, “Metabolismo”, aplicando o operador booleano “AND”. A partir da revisão da literatura, ficou evidente que o diagnóstico precoce da Doença de Alzheimer (DA) continua sendo um desafio significativo devido à complexidade dos sintomas iniciais e à sobreposição com outras condições neurodegenerativas. No entanto, avanços importantes têm sido feitos no campo dos biomarcadores, tanto no sangue quanto no líquido cefalorraquidiano, e nas alterações metabólicas observadas no cérebro. Embora a pesquisa sobre os biomarcadores ainda apresente desafios, como a falta de padronização e a necessidade de maior validação clínica, os avanços nas técnicas de neuroimagem funcional e as novas abordagens para analisar o metabolismo cerebral oferecem um potencial considerável para a detecção precoce da DA. Em síntese, os estudos revisados sugerem que uma combinação de biomarcadores biológicos, neuroimagem avançada e análise do metabolismo cerebral pode permitir uma identificação mais eficaz da DA em seus estágios iniciais. Contudo, é necessário um esforço contínuo na padronização desses métodos e na validação clínica dos biomarcadores para que possam ser amplamente utilizados na prática clínica. Futuros estudos são essenciais para aprimorar essas ferramentas e possibilitar intervenções mais precoces e eficazes, oferecendo aos pacientes a melhor oportunidade para tratamento e manejo da doença.

Palavras-chave: Doença de Alzheimer. Biomarcadores. Metabolismo.

1. INTRODUÇÃO

A Doença de Alzheimer (DA) é uma das principais causas de demência, afetando milhões de pessoas em todo o mundo, especialmente na população idosa. A natureza progressiva da doença, associada à deterioração das funções cognitivas e comportamentais, torna o diagnóstico precoce uma questão de extrema importância para melhorar os resultados terapêuticos e a qualidade de vida dos pacientes. No entanto, o diagnóstico precoce da DA permanece desafiador, pois seus sintomas iniciais, como lapsos de memória e dificuldades cognitivas leves, muitas vezes são confundidos com o envelhecimento normal ou outras condições. (REIS, MARQUES, MARQUES, 2022).

Nos últimos anos, avanços significativos foram feitos na compreensão dos processos patológicos subjacentes à doença, incluindo o acúmulo de placas de proteína beta-amiloide, tangles de tau e alterações no metabolismo cerebral. Embora esses aspectos patológicos sejam essenciais para o diagnóstico definitivo da DA, a detecção precoce, antes da manifestação clínica grave, continua a ser uma dificuldade. Nesse contexto, as alterações metabólicas e os marcadores biológicos têm ganhado destaque como possíveis ferramentas para melhorar a precisão e a antecipação do diagnóstico, oferecendo um grande potencial para detectar a doença em seus estágios iniciais. (SOARES LEITE et al, 2020).

Pesquisas têm sugerido que, além das tradicionais avaliações clínicas e neuropsicológicas, alterações no metabolismo cerebral e a presença de biomarcadores no sangue e no líquido cefalorraquidiano (LCR) podem fornecer informações cruciais para o diagnóstico precoce da DA. Além disso, há um crescente interesse em identificar marcadores biológicos que possam diferenciar a DA de outras formas de demência, como a demência vascular e a demência frontotemporal, para garantir um diagnóstico mais preciso e personalizado. (BARREIRA FILHO, BARREIRA, 2017).

O objetivo deste artigo é analisar os desafios no diagnóstico precoce da Doença de Alzheimer, com ênfase nas alterações metabólicas e nos marcadores biológicos que têm sido investigados como possíveis ferramentas de diagnóstico. Este estudo visa contribuir para a compreensão dos avanços mais recentes na identificação precoce da doença, discutindo as limitações dos métodos atuais e as perspectivas para futuras abordagens diagnósticas mais eficazes.

2. METODOLOGIA 

A pesquisa adotou uma metodologia que combina análise, descrição e exploração, fundamentada em uma revisão abrangente da literatura existente. O objetivo principal desta revisão é compilar, sintetizar e analisar os achados de estudos anteriores sobre miomas uterinos. Esse método integra informações já publicadas, oferecendo uma visão crítica e estruturada do conhecimento disponível. A abordagem metodológica combina diversas estratégias e tipos de pesquisa, possibilitando a avaliação da qualidade e coerência das evidências e a integração dos resultados (BOTELHO, DE ALMEIDA CUNHA, MACEDO, 2011).

Para a coleta dos dados, foi utilizada a base de dados PubMed e Scielo. Diversos tipos de publicações foram consideradas, incluindo artigos acadêmicos, estudos e periódicos relevantes. A pesquisa foi conduzida com os termos “Doença de Alzheimer”, “Biomarcadores”, “Metabolismo”, aplicando o operador booleano “AND” para refinar os resultados. As estratégias de busca adotadas foram: “Doença de Alzheimer” AND “Biomarcadores”, e “Doença de Alzheimer” AND “Metabolismo”.

Os critérios para inclusão dos artigos foram: publicações originais, revisões sistemáticas, revisões integrativas ou relatos de casos, desde que fossem acessíveis gratuitamente e publicadas entre 2017 e 2024. Não houve restrições quanto à localização geográfica ou ao idioma das publicações. Foram excluídos artigos não científicos, bem como textos incompletos, resumos, monografias, dissertações e teses.

A seleção dos estudos seguiu critérios rigorosos de inclusão e exclusão. Após a definição desses critérios, foram realizadas buscas detalhadas nas bases de dados utilizando os descritores e operadores booleanos estabelecidos. Os estudos selecionados formam a base para os resultados apresentados neste trabalho.

3. RESULTADOS E DISCUSSÕES 

A revisão bibliográfica revelou que o diagnóstico precoce da Doença de Alzheimer (DA) continua sendo um desafio significativo na prática clínica, principalmente devido à sobreposição de seus primeiros sintomas com o envelhecimento normal. Diversos estudos discutem a dificuldade em identificar a DA em seus estágios iniciais, especialmente porque a perda de memória e o comprometimento cognitivo leve podem ser sintomas de outras condições neurodegenerativas ou de processos naturais de envelhecimento. Embora métodos convencionais como avaliações neuropsicológicas e exames de imagem, como a ressonância magnética, sejam úteis, muitos estudos apontam que eles não são suficientemente sensíveis para detectar a DA antes da manifestação de sintomas mais graves. (FERNANDES, ANDRADE, 2017).

Em relação aos marcadores biológicos, a literatura revisada indicou um crescente interesse na utilização do líquido cefalorraquidiano (LCR) como fonte de biomarcadores para a DA. A presença de beta-amiloide e tau fosforilada no LCR tem sido associada a um diagnóstico precoce, com a diminuição dos níveis de beta-amiloide e o aumento de tau sendo características comuns em pacientes com DA. No entanto, esses biomarcadores ainda apresentam limitações em termos de sensibilidade e especificidade, o que pode levar a diagnósticos falsos positivos e negativos. Além disso, a obtenção de LCR é um procedimento invasivo, o que limita seu uso em contextos clínicos de rotina. (SCHILLING et al, 2022).

Por outro lado, os biomarcadores sanguíneos têm sido amplamente investigados como alternativas não invasivas para o diagnóstico precoce da DA. A pesquisa revelou que, embora os biomarcadores sanguíneos, como a proteína tau e o beta-amiloide, mostrem alguma promessa, ainda há desafios significativos na validação destes testes. Muitos estudos indicam que, apesar de serem mais acessíveis e menos invasivos que os biomarcadores do LCR, os biomarcadores sanguíneos têm uma precisão limitada, especialmente em estágios iniciais da DA. Esses biomarcadores ainda carecem de padronização e precisam ser avaliados em uma maior diversidade de populações para melhorar sua eficácia. (LLIBRE-RODRIGUEZ, GUTIÉRREZ HERRERA, GUERRA HERNÁNDEZ, 2022).

Outra abordagem promissora para o diagnóstico precoce da DA envolve a análise das alterações metabólicas no cérebro. Estudos de neuroimagem funcional, como a tomografia por emissão de positrões (PET), mostraram que padrões de metabolismo cerebral, particularmente a diminuição da atividade na região do hipocampo e o aumento da atividade nas áreas corticais associadas ao processamento de memória, podem ser indicativos precoces da DA. A diminuição do metabolismo da glicose nas áreas cerebrais associadas à memória tem sido amplamente reconhecida como um sinal precoce, possivelmente antes dos sintomas clínicos evidentes. (SCHELTENS et al, 2021).

A análise metabólica também inclui o estudo do metabolismo lipídico no cérebro, uma área que tem ganhado atenção nas últimas pesquisas. Alterações no metabolismo de lipídios, incluindo o aumento de lipoproteínas de baixa densidade (LDL) e a diminuição de lipoproteínas de alta densidade (HDL), têm sido associadas à maior propensão à DA. Além disso, disfunções nas vias de sinalização lipídica e o acúmulo de substâncias lipídicas no cérebro podem contribuir para a formação de placas amiloides e neurodegeneração. Esses achados sugerem que o metabolismo lipídico pode ser uma área relevante para biomarcadores e terapias potenciais. (WELLER, BUDSON, 2018).

Além das abordagens metabólicas e biomarcadores clássicos, a atividade inflamatória no cérebro tem sido amplamente discutida na literatura como um possível indicativo precoce da DA. Diversos estudos revelaram que o aumento da neuroinflamação, mediada por células gliais, pode preceder a formação de placas de beta-amiloide e a degeneração neuronal. A presença de citocinas inflamatórias no LCR e no sangue, como TNF-alfa e IL-6, tem sido associada ao desenvolvimento e progressão da DA, sugerindo que a inflamação sistêmica pode ser uma chave para o diagnóstico precoce e para a prevenção de danos cerebrais irreversíveis. (KHAN, BARVE, KUMAR, 2020).

Um dos principais avanços relatados foi a crescente utilização da neuroimagem funcional para detectar mudanças precoces no cérebro, antes mesmo da manifestação dos sintomas clínicos. A combinação de técnicas como PET e ressonância magnética funcional (fMRI) tem mostrado potencial para identificar alterações no fluxo sanguíneo cerebral e no metabolismo da glicose, correlacionando essas alterações com a presença de marcadores patológicos, como as placas de beta-amiloide. Além disso, a análise de imagens estruturais por ressonância magnética tem permitido detectar atrofia cerebral precoce, particularmente no hipocampo, uma região crítica para a memória. (TWAROWSKI, HERBET, 2023).

Em síntese, os estudos revisados evidenciam que, embora o diagnóstico precoce da Doença de Alzheimer continue sendo um desafio, os avanços em técnicas de neuroimagem, biomarcadores sanguíneos, alterações metabólicas e inflamatórias estão abrindo novos caminhos para a detecção antecipada da doença. No entanto, os biomarcadores ainda necessitam de maior padronização e validação clínica para garantir a precisão e confiabilidade dos diagnósticos. Futuros estudos são essenciais para desenvolver métodos mais acessíveis, não invasivos e sensíveis, capazes de identificar a DA nos estágios iniciais, possibilitando intervenções mais eficazes e melhorando a qualidade de vida dos pacientes. (KNAPSKOG et al, 2021).

4. CONCLUSÃO

A partir da revisão da literatura, ficou evidente que o diagnóstico precoce da Doença de Alzheimer (DA) continua sendo um desafio significativo devido à complexidade dos sintomas iniciais e à sobreposição com outras condições neurodegenerativas. No entanto, avanços importantes têm sido feitos no campo dos biomarcadores, tanto no sangue quanto no líquido cefalorraquidiano, e nas alterações metabólicas observadas no cérebro. Embora a pesquisa sobre os biomarcadores ainda apresente desafios, como a falta de padronização e a necessidade de maior validação clínica, os avanços nas técnicas de neuroimagem funcional e as novas abordagens para analisar o metabolismo cerebral oferecem um potencial considerável para a detecção precoce da DA.

Em síntese, os estudos revisados sugerem que uma combinação de biomarcadores biológicos, neuroimagem avançada e análise do metabolismo cerebral pode permitir uma identificação mais eficaz da DA em seus estágios iniciais. Contudo, é necessário um esforço contínuo na padronização desses métodos e na validação clínica dos biomarcadores para que possam ser amplamente utilizados na prática clínica. Futuros estudos são essenciais para aprimorar essas ferramentas e possibilitar intervenções mais precoces e eficazes, oferecendo aos pacientes a melhor oportunidade para tratamento e manejo da doença.

REFERÊNCIAS

BARREIRA FILHO, Ronaldo Pontes; BARREIRA, Idalbenia V. Barbosa P. Doença de Alzheimer: diagnóstico e perspectivas. Gramma, 2017.

BOTELHO, Louise Lira Roedel; DE ALMEIDA CUNHA, Cristiano Castro; MACEDO, Marcelo. O método da revisão integrativa nos estudos organizacionais. Gestão e sociedade, v. 5, n. 11, p. 121-136, 2011.

FERNANDES, Janaína da Silva Gonçalves; ANDRADE, Márcia Siqueira de. Revisão sobre a doença de Alzheimer: diagnóstico, evolução e cuidados. Psicologia, Saúde & Doenças, v. 18, n. 1, p. 131-140, 2017.

KHAN, Sahil; BARVE, Kalyani H.; KUMAR, Maushmi S. Recent advancements in pathogenesis, diagnostics and treatment of Alzheimer’s disease. Current neuropharmacology, v. 18, n. 11, p. 1106-1125, 2020.

KNAPSKOG, Anne-Brita et al. Alzheimer’s disease–diagnosis and treatment. Tidsskrift for den Norske laegeforening: tidsskrift for praktisk medicin, ny raekke, v. 141, n. 7, 2021.

LLIBRE-RODRIGUEZ, Juan de Jesús; GUTIÉRREZ HERRERA, Raúl; GUERRA HERNÁNDEZ, Milagros A. Enfermedad de Alzheimer: actualización en su prevención, diagnóstico y tratamiento. Revista Habanera de Ciencias Médicas, v. 21, n. 3, 2022.

REIS, Sara Pinheiro; MARQUES, Maria Laura Dias Granito; MARQUES, Claudia Cristina Dias Granito. Diagnóstico e tratamento da doença de Alzheimer. Brazilian Journal of Health Review, v. 5, n. 2, p. 5951-5963, 2022.

SCHELTENS, Philip et al. Alzheimer’s disease. The Lancet, v. 397, n. 10284, p. 1577-1590, 2021.

SCHILLING, Lucas Porcello et al. Diagnóstico da doença de Alzheimer: recomendações do Departamento Científico de Neurologia Cognitiva e do Envelhecimento da Academia Brasileira de Neurologia. Dementia & Neuropsychologia, v. 16, n. 3 Suppl 1, p. 25-39, 2022.

SOARES LEITE, MATHEUS et al. DIAGNÓSTICO DO PACIENTE COM DOENÇA DE ALZHEIMER: UMA REVISÃO SISTEMÁTICA DE LITERATURA. Brazilian Journal of Surgery & Clinical Research, v. 30, n. 1, 2020.

TWAROWSKI, Bartosz; HERBET, Mariola. Inflammatory processes in alzheimer’s disease—pathomechanism, diagnosis and treatment: a review. International journal of molecular sciences, v. 24, n. 7, p. 6518, 2023.

WELLER, Jason; BUDSON, Andrew. Current understanding of Alzheimer’s disease diagnosis and treatment. F1000Research, v. 7, 2018.