DESAFIOS ENFRENTADOS PELOS PROFISSIONAIS DA ATENÇÃO PRIMÁRIA NO ATENDIMENTO DE PESSOAS TRANSEXUAIS EM ITUMBIARA – GO

CHALLENGES FACED BY PRIMARY CARE PROFESSIONALS IN CARE FOR TRANSSEXUAL PEOPLE IN ITUMBIARA – GO

REGISTRO DOI: 10.69849/revistaft/fa10202505311631


Priscila Agustinha Neves de Souza1
Yasmim Lima Prado2
Raíssa Rodrigues de Menezes3
Angelica Cintra de Lima4
Priscila Ribeiro Guimarães Pacheco5
Rogerio Marques6


RESUMO

Introdução: A saúde é um direito universal e acessível, garantido pelo SUS, a todos cidadãos. No entanto não é o que observamos na integralidade do atendimento à população LGBTQAPI+ que sofre constantemente com práticas de discriminação, preconceito e estigmatização mesmo dentro das unidades de saúde. Objetivo: O objetivo do trabalho foi descrever os desafios enfrentados pela equipe profissional da Atenção Primária de Saúde no atendimento de pessoas transexuais do município de Itumbiara-GO. Metodologia: Pesquisa descritiva, qualitativa, com os médicos, enfermeiros e técnicos de enfermagem das 22 Unidades Básicas de Saúde de Itumbiara, utilizando entrevistas estruturadas e questionários, que foram organizados em tabelas no Microsoft Excel e submetidos à análise rigorosa. Resultados: 70% dos profissionais não realizaram nenhum curso de capacitação para o atendimento à população LGBTQAPI+, 50% dos técnicos de enfermagem, 19% dos médicos e 12% dos enfermeiros afirmam não saber empregar as terminologias corretas nos atendimentos. Observou-se uma grande divergência nos tipos e frequência de indicação de exames diagnósticos e de rastreio. Conclusão: É nítido que o conhecimento e a prática dos atendimentos a população LGBTQAPI+ possui déficits e que precisam ser rapidamente corrigidos por meio de criação de protocolos e implementação de cursos de capacitação para esse atendimento.

Palavras-chave: Equipe de saúde; Atenção Básica; População trans; LGBTQAPI+

ABSTRACT

Introduction: Health is a universal and accessible right, guaranteed by the SUS, to all citizens. However, this is not what we observe in the comprehensive care provided to the LGBTQAPI+ population, who constantly suffer from practices of discrimination, prejudice and stigmatization even within health units. Objective: The objective of the work was to describe the challenges faced by the professional team of Primary Health Care in caring for transgender people in the municipality of Itumbiara-GO. Methodology: Descriptive, qualitative research with doctors, nurses and nursing technicians from the 22 Basic Health Units of Itumbiara, using structured interviews and questionnaires, which were organized into tables in Microsoft Excel and subjected to rigorous analysis. Results: 70% of professionals did not take any training course to care for the LGBTQAPI+ population, 50% of nursing technicians, 19% of doctors and 12% of nurses say they do not know how to use the correct terminologies when providing care. There was a great divergence in the types and frequency of indications for diagnostic and screening tests. Conclusion: It is clear that the knowledge and practice of providing care to the LGBTQAPI+ population has deficits that need to be quickly corrected through the creation of protocols and the implementation of training courses for this service.

Keywords: Health team; Basic Care; Trans population; LGBTQAPI+

INTRODUÇÃO

De acordo com a Constituição Federal de 1988, artigo 196 dispõe que “A saúde é direito de todos e dever do Estado, garantido mediante políticas sociais e econômicas que visem à redução do risco de doença e de outros agravos e ao acesso universal e igualitário às ações e serviços para a promoção, proteção e recuperação”¹.  Portanto a saúde é direito de todos incluindo Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis, Transexuais (LGBT+)².

Para garantir e colocar em prática o direito à saúde, em 19 de setembro de 1990, pela Lei 8.080 foi criado o Sistema Único de Saúde (SUS) que estabeleceu princípios básicos para a assistência à saúde, de forma igualitária, sem preconceitos e privilégios³. No entanto devido a conceitos heteronormativos estabelecidos historicamente na população é possível observar a prática constante de discriminação, preconceito e estigmatização dessa população².

Foi instituída então a Política Nacional de Saúde Integral da população Lésbica, Gay, Bissexual, Travesti e Transexual (PNSI-LGBT), criada em 2009 e regulamentada em 2011, para garantir o acesso aos serviços de saúde pelo SUS, a essa população4.

Contudo, apesar dos avanços legislativos é pouco observado práticas integrativas no atendimento à população LGBT nos serviços de saúde, e, ao contrário, o que se vê é a falta de acolhimento, atendimento constrangedor e excludente por parte da equipe ². Como resultado da conduta, observamos a falta da adesão da população LGBTQAPI+ aos serviços de atenção primária à saúde, o que consequentemente obriga essa população a procurar atendimento apenas em estágios graves ou de grande comprometimento à integridade física e/ou psicológica².

Na área da saúde e da educação, o preconceito e a discriminação provocam ausência de direitos, assim, promovem com que a lesbofobia, homofobia ou transfobia concretize-se de maneira violenta, seja física, verbal ou cultural tanto contra pessoas que se relacionam com indivíduos do mesmo sexo quanto na forma de retaliação a heterossexuais, que expressam solidariedade com o grupo LGBTQI+5.

Outro ponto importante, de acordo com Romano (2008)6 é frequente o abandono/desistência de tratamentos, mesmo nos casos de doenças crônicas ou graves como a Aids, devido ao preconceito que sofrem ao buscar atendimento. Segundo Muller et al. (2008)7, “A baixa instrução de grande parte das travestis é um dificultador para que compreendam questões cotidianas”. Ademais, expõem a recusa do estabelecimento de saúde em atender o paciente trans, o desrespeito à identidade de gênero em casos de internação hospitalar, e a resistência de pessoas trans em buscarem serviços de saúde provocada pela discriminação.

Para Lovison et al. (2020)², o atendimento discriminatório e as condutas impróprias estão entre as principais causas das travestis/transexuais se ausentar dos serviços de saúde, de realizar a automedicação e não adotarem cuidados preventivos, o que acarreta o surgimento de vários tipos de agravos à saúde. Sendo assim, a carência dos direitos a população LGBTQI+ nos serviços de saúde pode levar a quadros graves, como a depressão, estados de pânico, estresse e até mesmo suicídio.

Portanto, entendemos que o atendimento que concerne à equipe de saúde primária, é necessário acima de tudo humanização, compreensão, ausência de preconceitos e discriminação à toda e qualquer população. Por isso, a partir da precariedade de estudos publicados em plataformas científicas e visando um atendimento baseado em evidências, a perspectiva desse estudo se caracterizou em mapear, caracterizar e definir estratégias efetivas para um atendimento acolhedor e efetivo à população LGBTQAPI+.

METODOLOGIA

O estudo se desenvolveu na cidade de Itumbiara-GO, com uma população estimada em 105.000 habitantes contemplados por 22 Unidades de Atendimento Primário em Saúde, intituladas Estratégia de Saúde da Família, onde espera-se que aconteça a captação, acolhimento e atendimento à toda população, incluindo a população LGBTQAPI+.

A seleção dos participantes foi realizada de acordo com a função e formação dos profissionais das equipes de saúde das Unidades Básicas de Saúde, compreendendo médicos, enfermeiros e técnicos de enfermagem.

Como critério de inclusão levou-se em conta possuir formação na área de saúde e atuante como médico, enfermeiro ou técnico de enfermagem em alguma das 22 ESFs do município. Não foram aceitos os profissionais não assinaram o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE), ou que não quiseram participar da pesquisa.

Após a aprovação pelo Secretário Municipal de Saúde e concessão da autorização para conduzir a pesquisa via assinatura do TERMO DE ANUÊNCIA, foi feita a apresentação do projeto, dos seus objetivos e contribuições, do direito do participante de se retirar a qualquer momento do estudo em questão, uma vez que a pesquisa não possui nenhum condicionamento. Além da apresentação do termo de anuência autorizando a pesquisa bem como o comprovante de aprovação do projeto emitido pelo Comitê de Ética em Pesquisa. Os participantes que demonstraram interesse foram esclarecidos de que poderiam se retirar da pesquisa a qualquer momento, além da apresentação e coleta das assinaturas do TERMO DE CONSENTIEMNTO LIVRE E ESCLARECIDO (TCLE). Para aqueles que desistissem da participação, seria dado uma cópia do TERMO DE RETIRADA DE CONSENTIMENTO E DE DADOS DE PESQUISA para exclusão da pesquisa.

Os dados foram coletados por meio de entrevista e resposta ao questionário semiestruturado impresso com questões objetivas que foram elaboradas pelos próprios pesquisadores, devido as características do estudo. As respostas coletadas guardaram o devido sigilo e posteriormente foram analisadas e tabuladas por uma equipe pré-determinada e calibrada. Os dados dos questionários obtidos foram compilados com o auxílio do Software Excel® para fins de organização e apresentação, bem como a sua interpretação, por meio da confecção de gráficos.

Os procedimentos éticos foram respeitados e as diretrizes éticas dispostas na Resolução 466/2012 do Comitê de Ética e Pesquisa (CEP) foram devidamente seguidas. Número do parecer 6.869.478.

Os autores declaram não possuíremquaisquer conflitos de interesse relacionados à pesquisa, autoria ou publicação deste artigo. Nenhum apoio financeiro, vínculo institucional, afiliação pessoal, relação comercial ou outra circunstância potencialmente conflitante influenciou direta ou indiretamente a condução do estudo, a análise dos dados, a interpretação dos resultados ou a redação do manuscrito.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Dentro dos dados desta pesquisa, foram entrevistados um total de 47 profissionais da área da saúde, sendo 14 técnicos de enfermagem, 17 enfermeiros e 16 médicos.

A maioria dos profissionais afirmou sentir-se preparada para atender a população trans, especialmente os enfermeiros (82%). No entanto, isso diverge de estudos como os de Rosa et al. (2019)8 e Chagas et al. (2023)9, que apontam fragilidades no conhecimento e preparo dos enfermeiros da APS. Além disso, 25% dos médicos não sabem se estão aptos, corroborando com Kreines et al. (2022)10, que identifica barreiras no atendimento devido à ignorância, desconforto e até negação do cuidado. Mais de 70% dos profissionais nunca realizaram cursos de capacitação sobre a população transgênero, e apenas 19% dos médicos receberam alguma orientação, evidenciando desinteresse e a necessidade de educação continuada. Chagas et al. (2023)9 destacam a importância de um protocolo para atendimento, garantindo acolhimento, equidade e acessibilidade, conforme os princípios do SUS. Além disso, a implementação de disciplinas específicas na formação em saúde é essencial para garantir um atendimento equânime às questões de gênero (Kreines et al., 202210; Radix et al., 202211).

Rosa et al. (2019)8 mencionou o curso “Políticas de Saúde LGBT” oferecido pelo UNA-SUS em 2015 e o livro “Transexualidade e Travestilidade na Saúde” do Ministério da Saúde em 2016, que busca estruturar uma linha de cuidado integral. No entanto, essas medidas ainda são insuficientes para sanar o despreparo dos profissionais no atendimento à população trans.

É importante garantir o uso do Nome Social e das terminologias corretas desde a recepção até o fim do atendimento. Entre os entrevistados, 50% dos técnicos de enfermagem não sabem empregar as terminologias adequadas, assim como 19% dos médicos e 12% dos enfermeiros. Joseph et al. (2017)12 destacou que a familiaridade com esses termos pode reduzir preconceitos e fortalecer o vínculo entre paciente e profissional.

Em frente ao uso do Nome Social, 6% (3) dos profissionais ainda enfrentam problemas em sua utilização e 4% (2) não sabem dizer. Isso nos mostra, mesmo que pouco expressivo, a permanência do preconceito institucional. Apesar de garantido por lei (Constituição Federal, 1988; Decreto nº 8.727/2016)13, o uso do Nome Social ainda enfrenta dificuldades, refletindo a permanência do preconceito institucional.

A ineficiência dos meios de informação e o preconceito afastam a população trans dos exames preventivos (Cerquetani, 202214; Bucis, 202415). Sobre o rastreamento do câncer de mama em homens trans, 85% dos profissionais indicam a mamografia. Ramos et al. (2023)16 explicam que a terapia hormonal influencia o desenvolvimento mamário, justificando o exame. Portanto, a mamografia é indicada para esses pacientes, seguindo o mesmo protocolo preconizado para mulheres cisgênero. No entanto, Quinn et al. (2015)17 argumentam que o risco de câncer de mama em homens trans é semelhante ao dos homens cis, tornando a mamografia desnecessária para mulheres trans, salvo em casos de fatores de risco, como a síndrome de Klinefelter.

Apenas 66% dos profissionais recomendam o rastreamento do câncer cervical, evidenciando um déficit em comparação à população cisgênero. Araújo et al. (2021)18 e Okano et al. (2024)19 apontam que essa baixa adesão ocorre devido ao desconforto com exames ginecológicos, desejo de ignorar o órgão genital, efeitos da terapia androgênica e falta de dados sobre a prevalência da doença.

Kreines et al. (2022)10 confirma em seu estudo que as taxas de rastreamento de câncer cervical na população transgênero são inferiores em relação à população cisgênero. Tal disparidade, segundo o estudo, está relacionada ao estresse e isolamento causados pela discriminação dos profissionais de saúde.

Quanto ao exame de próstata em mulheres trans, apenas 57% dos técnicos de enfermagem o indicam, enquanto 12% dos enfermeiros e 14% dos técnicos não recomendam. Figueiredo et al. (2015)20 destacam que, apesar da atrofia da glândula prostática pelo uso de estrogênio, o risco de câncer de próstata existe e o rastreamento deve ser discutido.

A falta de conhecimento sobre como aconselhar exames de rastreamento em pessoas transgênero é uma realidade presente entre alguns profissionais de saúde. Com isso, a população trans ainda é negligenciada em pesquisas e práticas de rastreamento de câncer (Taylor et al., 2016)21, o que pode levar a diagnósticos tardios.

Sobre exames para ISTs, há divergências entre os profissionais: 50% dos médicos afirmam haver diferenças na frequência desses exames para a população trans, enquanto 38% não sabem dizer. Entre enfermeiros, 35% percebem distinções e 41% não. Já entre técnicos de enfermagem, apenas 7% indicam diferenças, 64% dizem que não e 29% desconhecem.

A saúde mental da população trans também é alarmante. Alvares et al. (2022)22 relatam alta prevalência de depressão, ansiedade, automutilação e baixa autoestima. No atendimento, 72% dos profissionais notaram alterações psicológicas, enquanto 17% não perceberam e 11% não souberam avaliar.

Quanto ao abuso de álcool e drogas, 68% dos profissionais já identificaram sinais durante o atendimento, 21% não e 11% não souberam informar. Em relação ao uso excessivo de medicamentos ou hormônios, 43% dos trabalhadores já constataram o problema, 40% não e 17% desconhecem. Ibrahim et al. (2016)23 destaca que jovens transgêneros apresentam maior consumo de substâncias psicoativas.

A violência contra a população LGBTQAPI+ no Brasil é alarmante, especialmente dentro de suas próprias casas. Profissionais de saúde reconhecem essa vulnerabilidade em diferentes proporções: 76% dos enfermeiros, 64% dos técnicos de enfermagem e 69% dos médicos. Entretanto, parte desses profissionais não percebe essa realidade, com índices variando entre 6% e 21%, enquanto outros não souberam responder.  De acordo Veras et al. (2024)24, estudos indicam que pessoas trans têm 2,2 vezes mais risco de sofrer violência física e 2,5 vezes mais chances de sofrer violência sexual do que pessoas cisgênero. No Brasil, 29% dos homicídios de pessoas trans ocorrem no país, evidenciando a necessidade de maior suporte à comunidade.

Outro estudo na cidade de São Paulo apresentou dados alarmantes, em análise feita com 763 mulheres trans a prevalência de violência física ao longo da vida foi de 62% e 20% de violência sexual (Reis et al., 2021)25. Portanto é indispensável o auxílio e acolhimento dessa população por parte do profissional da saúde, o qual atua nos momentos de maior vulnerabilidade, portanto, cabe dispor de sensibilidade para orientar e tratar esses pacientes.

A participação de profissionais da saúde em atividades voltadas a essa população ainda é limitada: 44% dos médicos não incentivam essas ações, enquanto técnicos de enfermagem (71%) e enfermeiros (65%) são os principais estimuladores. Apenas 23% dos profissionais participaram de campanhas de prevenção a doenças, e 66% nunca incentivaram a presença de pessoas trans em eventos de saúde. No que se refere a fomentar a participação de pessoas transgêneros às convenções de saúde, pode-se observar que a maioria nunca incentivou (66%) e dos que afirmaram já ter estimulado, destacam os enfermeiros como maiores estimuladores.

Segundo Gomes (2020)26, a falta de conhecimento dos profissionais sobre a saúde da população trans compromete sua integração nos serviços de saúde, destacando a importância da inclusão dessa temática na formação acadêmica para garantir atendimento adequado e acolhedor.

No Brasil, diversas políticas públicas foram implementadas para erradicar a discriminação contra a população LGBT, influenciando a formação profissional na saúde e reforçando a importância da produção de conhecimento local para reorientar essas políticas (Gomes, 2020)26.

Entretanto, a formação em saúde ainda apresenta lacunas, especialmente entre os estudantes. Apesar do destaque à enfermagem, a maior parte dos estudantes ainda pertence ao perfil de menor acesso às questões sobre saúde LGBT (Gomes, 2020)26.

A estrutura dos currículos e o aparato corporativo das profissões impactam diretamente a qualidade da formação em saúde, dificultando práticas eficazes de cuidado mesmo após 30 anos de SUS (Machado, et al, 2018)27.

Considerando o local de atendimento, a maior parte dos profissionais (87%) disseram que esse grupo pode ser atendido em qualquer estabelecimento de saúde. Vale destacar que exclusivamente 1 profissional (no caso, médico), 6%, respondeu que devem ser atendidos apenas no serviço de referência (ambulatório transexualizador). Além de 9% que relataram não saber e 2% não responderam à questão.

Concernente à facilidade de acesso aos serviços de saúde, 43% dos profissionais acreditam que o ingresso a rede de saúde é acessível, 38% acham que ela é dificultada e 19% não souberam dizer.

Esses dados, exemplificam a problemática concepção dos papéis e limites da Atenção Básica, visto que enquanto porta de entrada do SUS, devem estar atentas e interligadas com espaços especializados de atendimento como o ambulatório transexualizador, não sendo, porém, o espaço exclusivo de atendimento a determinados grupos.

Sabe-se que a população trans ganhou importância para os sistemas de saúde devido aos altos índices de HIV e ao diagnóstico de transtorno de identidade de gênero levando a concentrar o atendimento em centros de referência para IST’s e em hospitais especializados no processo transexualizador. O desafio atual é ampliar as estratégias de acesso a essa população através do SUS, especialmente na atenção primária (Arán, 2009 28;  Lionço, 2008 29).

A garantia de equidade no acesso à Atenção Primária à Saúde é ainda mais urgente. A equidade no acesso exige não apenas estrutura física, mas também acolhimento e reconhecimento e respeito às diversidades da população atendida (Magalhães, 2018)30.

Barreiras relacionadas à percepção e entendimento do serviço e do processo de saúde-doença pelos usuários afetam negativamente a disposição para buscar cuidado dificultando o acesso à Atenção Primária à Saúde (APS). A recorrente vivência de transfobia por parte desse grupo, experienciada ao longo da vida e em diversos contextos sociais, deixa marcas profundas na subjetividade, levando-os a evitar situações de socialização e exposição como uma forma de proteção (Magalhães, 2018)30.

No âmbito dessa discussão, a implementação do processo transexualizador no SUS representa um avanço significativo na universalização do acesso para a população trans brasileira apesar de ainda enfrentar barreiras não só para a população trans, mas também para gestores e trabalhadores do sistema (Benevides, 2020)31. Sob esse aspecto, foi questionado acerca do conhecimento sobre os pré-requisitos, orientação, riscos e benefícios do processo. Ressalta-se ainda que quase a totalidade dos técnicos de enfermagem afirmaram saber os pré-requisitos, enquanto só 3 (19%) médicos e 5 (29%) enfermeiros asseguraram o mesmo, evidenciando a necessidade de inclusão destes saberes na formação acadêmica.

O Processo Transexualizador é um conjunto de procedimentos assistenciais do Sistema Único de Saúde (SUS), criado para atender transexuais e travestis que desejam modificar suas características corporais para alinhar a aparência física e a função das características sexuais à sua identidade de gênero. Criado em 2008, oferece, quando necessário, terapia hormonal, mesmo na ausência de indicação para cirurgia de redesignação sexual, e garante que o atendimento seja realizado por uma equipe interdisciplinar, com suporte psicológico, hormonioterapia e, quando indicado, procedimentos de redesignação sexual (Andrade, et al., 2017)32.

Apesar da promoção de um modelo humanista e holístico centrado no paciente entre os profissionais de saúde, observa-se que muitos ainda não possuem a formação necessária para fornecer cuidados abrangentes às pessoas transexuais resultando em uma lacuna significativa na prestação de serviços de saúde adequados às suas necessidades e preocupações. Isso se deve, principalmente, à falta de conhecimento teórico, decorrente de uma formação inadequada em questões trans, além da escassez de produção científica e políticas de saúde LGBTQIA+ efetivas (Costa, 2022)33.

A discriminação e a falta de preparo dos profissionais impactam o acesso das pessoas trans aos serviços de saúde. Estratégias como a oferta de profilaxia pós-exposição (PEP), profilaxia pré-exposição (PrEP) são essenciais para reduzir os riscos de ISTs e HIV, mas é necessário enfrentar o estigma associado a esses tratamentos (Souza et al., 2023)34. Deve-se também esclarecer que não há interação entre os hormônios sexuais e a medicação antirretroviral utilizada.

Outro desafio crescente é a gestação trans masculina que questiona e desestabiliza a noção tradicional de que esse processo está necessariamente ligado à feminilidade. Perante o exposto, pode-se afirmar que os profissionais entrevistados ficaram divididos sobre se estão aptos ou não a acompanhar essas gestações, demonstrando a necessidade de um maior preparo dos profissionais e adaptações nos serviços de saúde (Mascarenhas et al., 2024)35.

A desigualdade no acesso às tecnologias reprodutivas também afeta pessoas LGBTQIANP+, devido a barreiras financeiras e estruturais. O ambiente cis-heteronormativo das clínicas dificulta o atendimento, refletindo a negação histórica das identidades trans e reforçando estigmas. A violência, seja sutil ou explícita, causa sofrimento a essa população e cria obstáculos que dificultam o acesso e o cuidado em saúde (Mascarenhas et al., 2024)35. Apesar dos avanços nas políticas de saúde, a homofobia e a transfobia ainda são obstáculos à cidadania e ao acesso equitativo à saúde (Moquedace et al., 2023)36.

O conhecimento sobre os medicamentos usados no Processo Transexualizador é limitado entre os profissionais: 44% dos médicos e 24% dos enfermeiros afirmam ter conhecimento, enquanto os técnicos de enfermagem, em sua totalidade, desconhecem o tema. Além disso, 53% dos profissionais não sabem se os fármacos estão disponíveis no SUS, o que pode levar à automedicação.

A hormonização é essencial para muitas pessoas trans e deve ser realizada com supervisão médica. No entanto, a falta de acesso e informações no SUS leva muitos a recorrerem à automedicação, elevando os riscos à saúde, principalmente para aqueles que já enfrentam doenças preexistentes ou comorbidades (Moquedace et al., 2023)36.

O tratamento hormonal envolve a administração de hormônios exógenos com o objetivo de promover alterações corporais, ajustar os níveis de hormônios sexuais endógenos e alinhar os níveis hormonais com a identidade de gênero da pessoa. A ampliação dos serviços e da disponibilidade de tratamentos hormonais é fundamental para garantir um cuidado abrangente e humanizado (Augusto et al., 2022)37.

O SUS deve avançar na pesquisa e na formulação de diretrizes específicas para garantir segurança, eficácia e acesso adequado aos tratamentos hormonais para pessoas trans e não binárias. Além disso, o SUS deve fornecer orientações terapêuticas apropriadas para pessoas transexuais, travestis e não binárias, garantindo acesso às melhores opções de tratamento. (Augusto et al., 2022)37.

 Os resultados desta pesquisa destacam a complexidade e as lacunas significativas em termos de conhecimento, práticas e atitudes no atendimento à população transgênero, além da inadequação no aconselhamento de exames de rastreio, o que pode comprometer a saúde dessa população. A falta de clareza sobre a frequência e necessidade desses exames reflete a carência de informações e orientações adequadas aos profissionais.

Sugere-se, portanto, a realização de campanhas de sensibilização para toda a equipe de saúde e da população em geral, com o objetivo de combater o preconceito e a discriminação.

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1Autora correspondente: E-mail: souza.pan@outlook.com
https://orcid.org/0000-0001-6318-8512
Faculdade de Medicina de Itumbiara (ZARNS) – Itumbiara (GO), Brasil

2limaprado.yasmim@gmail.com https://orcid.org/0009-0009-8594-5583
Faculdade de Medicina de Itumbiara (ZARNS) – Itumbiara (GO), Brasil

3raissarmz12@outlook.com https://orcid.org/0009-0000-6091-6262
Faculdade de Medicina de Itumbiara (ZARNS) – Itumbiara (GO), Brasil

4angelica.cl73@gmail.com
https://orcid.org/0000-0002-4875-6216
Faculdade de Medicina de Itumbiara (ZARNS) – Itumbiara (GO), Brasil

5priscila.pacheco@faculdadezarns.com.br
https://orcid.org/0000-0001-5201-6109
Faculdade de Medicina de Itumbiara (ZARNS) – Itumbiara (GO), Brasil

6librasrogerio@gmail.com
https://orcid.org/0000-0003-2497-6027
Faculdade de Medicina de Itumbiara (ZARNS) – Itumbiara (GO), Brasil